domingo, 2 de maio de 2010

Moto-contínuo (poema).

MOTO-CONTÍNUO.
Tanusi Cardoso

Tudo que morre
move-se fantasma.
Mesmo um vaso
que se quebra
retine nos olhos sua febre
de barro.

Mesmo um verso:
fênix
nos braços de outro
verso.

Tudo que morre
muda-se em tempo.
Fere os relógios.
Mastiga entre os círios
seus remorsos.

O que morre
não morre:
veste-se memória.

Não é que se resista
em sina
mas finca os dentes
na mais cruel
vindima
e enraíza noutra pele
o que sangrou
em vida.



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