MOTO-CONTÍNUO.
Tanusi Cardoso
Tudo que morre
move-se fantasma.
Mesmo um vaso
que se quebra
retine nos olhos sua febre
de barro.
Mesmo um verso:
fênix
nos braços de outro
verso.
Tudo que morre
muda-se em tempo.
Fere os relógios.
Mastiga entre os círios
seus remorsos.
O que morre
não morre:
veste-se memória.
Não é que se resista
em sina
mas finca os dentes
na mais cruel
vindima
e enraíza noutra pele
o que sangrou
em vida.
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