quinta-feira, 31 de maio de 2012

Este texto do grande jornalista Mauro Santayana dignifica a sua profissão tão ultrajada por sabujos a serviço de causas espúrias e em muitos casos criminosas. O retrato do Gilmar Mendes se desenha aí com clareza meridiana e  revela que ponto o ministro deslustra a nossa Suprema Corte.   

Olhem só:

Gilmar Mendes não é o Supremo.Jornal do Brasil

Mauro Santayana 
Engana-se o senhor Gilmar Mendes, quando denuncia uma articulação conspiratória contra o Supremo Tribunal Federal, nas suspeitas correntes de que ele, Gilmar, se encontra envolvido nas penumbrosas relações do senador Demóstenes Torres com o crime organizado em Goiás.
A articulação conspiratória contra o Supremo partiu de Fernando Henrique Cardoso, quando indicou o seu nome para o mais alto tribunal da República ao Senado Federal, e usou de todo o rolo compressor do Poder Executivo, a fim de obter a aprovação. Registre-se que houve 15 manifestações contrárias, a mais elevada rejeição em votações para o STF nos anais do Senado.
Com todo o respeito pelos títulos acadêmicos que o candidato ostentava — e não eram tão numerosos, nem tão importantes assim — o senhor Gilmar Mendes não trazia, de sua experiência de vida, recomendações maiores. Servira ao senhor Fernando Collor, na Secretaria da Presidência, e talvez não tenha tido tempo, ou interesse, de advertir o presidente das previsíveis dificuldades que viriam do comportamento de auxiliares como PC Farias.
Afastado do Planalto durante o mandato de Itamar, o senhor Gilmar Mendes a ele retornou, como advogado-geral da União de Fernando Henrique Cardoso. Com a aposentadoria do ministro Néri da Silveira, Fernando Henrique o levou ao Supremo. No mesmo dia em que foi sabatinado, o jurista Dalmo Dallari advertiu que, se Gilmar chegasse ao Supremo, estariam “correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Pelo que estamos vendo, Dallari tinha toda a razão.
Gilmar, como advogado-geral da União — e o fato é conhecido — recomendara aos agentes do Poder Executivo não cumprirem determinadas ordens judiciais. Como alguém que não respeita as decisões da justiça pode integrar o mais alto tribunal do país? Basta isso para concluir que Fernando Henrique, ao nomear o senhor Gilmar Mendes, demonstrou o seu desprezo pelo STF. O Supremo, pela maioria de seus membros, deveria ter o poder de veto em casos semelhantes.
Esse comportamento de desrespeito — vale lembrar — ocorreu também quando o senhor Francisco Rezek renunciou ao cargo de ministro do Supremo, a fim de se tornar ministro de Relações Exteriores, e voltou ao alto tribunal, reindicado pelo próprio Collor. O episódio, tal como a posterior indicação de Gilmar, trouxe constrangimento à República. Ressalve-se que os conhecimentos jurídicos de Rezek, na opinião dos especialistas, são muito maiores do que os de Gilmar.
Mas se Rezek não servia como chanceler, por que deveria voltar ao cargo de juiz a que renunciara? São atos como esses, praticados pelo Poder Executivo, que atentam contra a soberania da Justiça, encarnada pelo alto tribunal.
A nação deve ignorar o esperneio do senhor Gilmar Mendes. Ele busca a confusão, talvez com o propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPI. O Congresso não se deve intimidar pela arrogância do ministro, e levar a CPMI às últimas consequências; o STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como Mensalão, como está previsto.
Acima dos três personagens envolvidos na conversa estranha que só o senhor Mendes confirma, lembremos o aviso latino, de que testis unus, testis nullus, está a nação, em sua perenidade. Está o povo, em seus direitos. Está a República, em suas instituições.
O senhor Gilmar Mendes não é o Supremo, ainda que dele faça parte. E se sua presença naquele tribunal for danosa à estabilidade republicana — sempre lembrando a forte advertência de Dallari — cabe ao Tribunal, em sua soberania, agir na defesa clara da Constituição, tomando todas as medidas exigidas. Para lembrar um autor alemão, Carl Schmitt, que Gilmar deve conhecer bem, soberano é aquele que pratica o ato necessário. 
Tags: demóstenes, gilmar mendes, lula, poder, stf

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O sucesso do Partido dos Trabalhadores e a mídia.

O sucesso do Partido dos Trabalhadores e a mídia conservadora.

                  Além da sistemática tentativa de  demonizar líderes do PT, a mídia conservadora (muitas vezes golpista) não se cansa de tentar incompatibilizar o Partido dos Trabalhadores com a opinião pública, embora sem sucesso efetivo.
                   Pouco tem importado aos jornalões e Revistas conservadores a evidência do sucesso objetivo do PT em seus pouco mais de 30 anos de atuação.
                  O Partido dos Trabalhadores vem crescendo continuamente desde a sua fundação e da retomada da Democracia nos anos 80 do século passado. Nascido, de baixo para cima na escala social, não se caracterizou nunca como partido “cúpulas” como soem ser os seus competidores. Criou raízes e militância no meio do povo, ou seja, em todas as classes sociais e principalmente naquelas mais pobres que tomou como prioridade.
                   No espaço de sua atuação conseguiu não só três mandatos para a Presidência da República, com Lula e Dilma, sempre bem avaliados pelo  povo, como alcançou lugar majoritário no Congresso e prestígio disseminado pelo país e no exterior.
                 Apesar disso, a mídia direitista e conservadora  de tudo faz para implicar o partido e seus membros em escândalos não provados, distorcer notícias e omitir as suas realizações.
                  Tendo para os partidos conservadores e seus próceres a maior indulgência em suas transgressões e malfeitos, a mídia tudo faz para implicar o PT e seus dirigentes. Sintomática é sua omissão quanto à Privataria Tucana e, nesses dias, com a tentativa de ocultar a sua própria atuação criminosa em cooperação com o contraventor Carlos Cachoeira e o “impoluto” Senador Demóstenes do DEM., a quem tanto elogiavam.
                        O Partido dos Trabalhadores, apesar disto tudo, continua a crescer junto ao povo brasileiro.
                        Sugestivo nesse sentido é o texto escrito pelo sociólogo Marcos Coimbra no último número da semanal Revista Carta Capital. Citando pesquisas do “Instituto Vox Populi”, o articulista aponta a inequívoca liderança do partido no mundo político/partidário do país, sob o título:

                             "A força da imagem do PT"..

A gente transcreve, abaixo,  uma pequena parte do texto:
                              Olhem só:

Entre os três (se refere aos três maiores partidos), um padrão semelhante. Sozinho o PT representa quase 60% das identidades partidárias, o que faz que todos os demais, incluindo os grandes, se apequenam perante ele. Em resumo 50% dos eleitores brasileiros não têm partido, 30% são petistas e 20% simpatizantes com algum outro – e a metade desses é peemedebista ou tucanos. Do primeiro para o segundo a relação é de quase cinco vezes.

A proeminência do PT é ainda mais acentuada quando se pede ao entrevistado que diga se “simpatiza”, “antipatiza” ou se não tem um outro sentimento em relação ao partido. Entre “muita” e “alguma simpatia”, temos 51%. Outros 37% se dizem indiferentes. Ficam 11% que antipatizam “alguma” coisa ou “muito” com ele.

Essa simpatia está presente mesmo entre os que se identificam com os demais partidos. É simpática ao PT a metade dos que se sentem próximos do PMDB, um terço dos que gostam do PSDB e metade dos que simpatizam com os outros.

Se o partido é visto com bons olhos por proporções tão amplas, não espanta que seja avaliado positivamente pela maioria em diversos quesitos: 74% do total dos entrevistados o consideram um partido “moderno” (ante 14% que o acham ultrapassado). 70% entendem que “tem compromisso com os pobres (ante 14% que dizem que não); 66% afirmam que “busca a atender os interesses da maioria da população” (ante 15% que não acreditam nisso)...

...“Ao se considerar tudo o que aconteceu ao partido e ao se levar em conta o tratamento sistematicamente negativo que recebe da chamada “grande imprensa” – demonstrada em pesquisa acadêmicas realizadas por instituições respeitadas – é um saldo muito bom.

É com essa imagem e a forte aprovação de suas principais lideranças que o PT se prepara para enfrentar os difíceis dias em que o coro da indústria de comunicação usará o julgamento do mensalão para desgastá-lo.            Conseguirá?”
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VHCarmo.



terça-feira, 29 de maio de 2012

Mais uma baixaaria criminosa da VEJA...


                        A baixaria da VEJA não tem limites, a tentativa de atingir o ex-presidente Lula, um dos políticos mais respeitados e queridos não só na nossa pátria como em todo mundo, chega a ser alarmante. Está mais do que evidente que essa ação, sem qualquer fundamento, visou mudar o foco da CPMI dirigido sobre a Revista dos Civitas e seus jornalistas sabujos, envolvidos na ação criminosa, descoberta nas operações da Polícia Federal, em que eles aparecem como agentes do contraventor e criminoso Carlinhos Cachoeira e seu bando.
                           Gilmar que, segundo Jobim, foi quem pediu para estar no encontro previamente marcado por ele Jobim. Depois de publicada a reportagem, o Ministro veio a público dizer que não houve pressão de Lula. Jobim, por sua vez, disse que Lula e Gilmar estiveram sempre com ele durante todo o encontro e não viu e nem ouviu nenhuma pressão.
                          Se até aqui houve na CPIM alguma resistência contra  a oitiva de Roberto Civitas e Policarpo Jr., ficou claro que não se pode deixá-los de fora, tal o comprometimento que revelam, publicando uma matéria sem qualquer fundamento,  mas que, de toda forma, tenta denegrir a figura do ex-presidente e evitar a publicidade das suas ações criminosas que envergonham a nossa imprensa.
                           O Ministro Gilmar tem antecedentes conhecidos, ou seja, a estreita amizade e cooperação com Demóstenes (viajavam juntos e confabulavam); os Hábeas-Corpus suspeitos e ilegais em favor de outro seu amigo, o escroque internacional Daniel Dantas; o grampo sem áudio de suas ligações - logo com quem ? – com o próprio Demóstenes para implicar um Delegado da PF. e tantos outros.
                           Por fim, qual seria o prestígio de Gilmar entre os seu pares para que eles se sentissem pressionados? Aliás, vários ministros citados vieram a público estranhar as declarações do Gilmar, afinal desmentidas pelo próprio. A rigor, depois disso o Ministro – que deslustra o mais alto órgão do poder Judiciário - deveria se julgar suspeito para atuar no julgamento do mensalão. Mesmo sem prova nos autos teria condições morais para absolver os denunciados?
Olhem só a Nota do PT.

Ex-presidente Lula divulga nota sobre matéria na Veja

Publicado em 29-Mai-2012

                                        "NOTA À IMPRENSA".
                               
São Paulo, 28 de maio de 2012.

Sobre a reportagem da revista Veja publicada nesse final de semana, que apresenta uma versão atribuída ao ministro do STF, Gilmar Mendes, sobre um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril, no escritório e na presença do ex-ministro Nelson Jobim, informamos o seguinte:

1. No dia 26 de abril, o ex-presidente Lula visitou o ex-ministro Nelson Jobim em seu escritório, onde também se encontrava o ministro Gilmar Mendes. A reunião existiu, mas a versão da Veja sobre o teor da conversa é inverídica. “Meu sentimento é de indignação”, disse o ex-presidente, sobre a reportagem.

2. Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do Supremo ou da Procuradoria Geral da República em relação a ação penal do chamado Mensalão, ou a qualquer outro assunto da alçada do Judiciário ou do Ministério Público, nos oito anos em que foi presidente da República.
3. “O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado Mensalão ao STF e depois disso foi reconduzido ao cargo. “Eu indiquei oito ministros do Supremo e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja”, afirmou Lula.

4. A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público.
                        Assessoria de Imprensa do Instituto Lula"
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VHCarmo.


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os dias sangrentos de 1912, em Palma ...

                                  Os amigos palmenses e todos aqueles que amam a nossa cidadezinha querida, sabem que o Coronel Firmo de Araújo, figura emblemática da história do povoado, foi assassinado quando se desenrolou uma inopinada invasão da cidade por homens armados numa operação de vingança que jamais foi esquecida pelo seu povo.  
                                    O fato virou mito e várias estórias foram contadas e até livros foram escritos, com poucas divergências, mas muitas vezes envolto em ficção. Aliás, esse escriba produziu um texto sobre o fato, valendo-se de depoimentos de contemporâneos da tragédia, inclusive do seu falecido pai, Oscar Avelino do Carmo que, por sinal, foi jurado no julgamento de alguns dos réus da chacina no Foro de Palma, como informado pelo amigo e escritor,  Beto Metri, sempre atento à história de Palma.          Alguma ficção foi também introduzida naquele texto com o fim de encadear os fatos ocorridos, passado tanto tempo.
                                      No dia 7 de julho de 1912, um Domingo, aconteceu o epílogo sangrento.
                                    Aos que tomam, somente agora, conhecimento daqueles fatos, impõe esclarecer que Palma- em Minas Gerais, estando apenas  8 quilômetros da divisa do Estado do Rio de Janeiro, à época dos fatos servia de rota de fuga, não só de políticos ameaçados, como de meliantes de todo os tipos, sobressaindo os ladroões de gado, tocado de um lado para outro da divisa.
                                    A narrativa que aí vai é a mais detalhada que se conhece e, talvez, a mais autêntica.
     
                                      Olhem só:

Da
História  de, Palma, Cisneiros  e Itapiruçú.

                         A trama da morte de Firmo de Araújo.

Os moradores do centro de Palma foram acordados na madrugada do dia 06 de julho de 1912 pelo barulho de tiros. Ao amanhecer as ruas estavam ocupadas com homens armados e a população não sabia o que estava acontecendo. Horas depois ficou-se sabendo que os tiros foram de um ataque à casa de Olegário de Araújo Pereira, filho do Coronel Firmo de Araújo. Olegário conseguiu fugir pelos fundos da casa juntamente com uma moça.
O juiz, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas ao receber a informação desta movimentação, dirigiu-se à estação ferroviária e telegrafou ao Chefe de Polícia do Estado avisando que a cidade havia sido invadida por um bando de homens armados. O juiz obteve a informação de que as lideranças do grupo estavam na casa do padre Joaquim Cardoso. Indo até lá, conversou com José Barbosa de Castro Júnior e obteve deste uma trégua para que não houvesse mortes.
O Dr. Joaquim Rodrigues Seixas dirigiu-se à fazenda da Serra e comunicou ao Coronel Firmo de Araújo o que estava acontecendo na cidade e pediu-lhe que renunciasse. Firmo aceitou a sugestão e a intermediação do juiz para resolver este impasse.
O juiz voltou à Palma com uma carta do compromisso assumido e a informação que o Coronel Firmo de Araújo renunciaria ainda naquela manhã, ficando na fazenda esperando uma resposta da liderança do grupo. Ao mesmo tempo em que estas negociações aconteciam, uma reunião havia sido marcada na parte da tarde na casa do padre, onde o chefe do grupo, Manoel Laxe explicaria os motivos que o levou a invadir a cidade.
Neste reunião estavam presentes José Barbosa de Castro Júnior, Osório de Castro Barbosa, padre Joaquim Cardoso, Dr. Joaquim Rodrigues Seixas, promotor Nicolau da Costa Mattos, entre outros. O delegado de polícia relutou em aceitar o convite e acabou sendo detido.
Manoel Laxe disse que o motivo que o levou a invadir Palma era para colocar fim ao fato de que muitos criminosos, ladrões de cavalo praticavam os crimes na região e na cidade sentiam-se protegidos pelo Coronel Firmo de Araújo e perguntou aos presentes de que lado ficariam. O promotor Nicolau da Costa Mattos em seguida disse que não podia emitir opinião pelo fato de ter um cargo público.
O Dr. Joaquim Seixas relatou que esteve na fazenda de Firmo de Araújo e que ele estava disposto a renunciar ao cargo e também seus companheiros de partido e não se envolvendo mais na política do município. Manoel Laxe descartou esta hipótese dizendo que os crimes cometidos precisavam de punição.
À noite, o promotor Nicolau da Costa Mattos recebe a visita do juiz, Dr. Seixas que lhe mostra a carta com os termos da renúncia que se daria na manhã do dia seguinte.
Anibal Fernandes e Lucidoro Rodrigues Pereira foram à fazenda da Serra avisar Firmo de Araújo que a proposta de renúncia não havia sido aceita. O grupo queria que toda a família do coronel se retirasse do município.
Domingo de manhã, o Dr. Seixas convoca outra reunião na casa do padre Joaquim Cardoso e apresenta uma carta de Firmo que foi trazida por Aníbal Fernandes e "exigia, como precisas preliminares de honra, um campo neutro, onde, antes das conclusões definitivas se consumasse o acordo". O local seria a fazenda da Praia e exigia a presença de José Barbosa de Castro Júnior, o padre Joaquim Cardoso, promotor Nicolau da Costa Mattos e o Juiz Dr. Seixas.

Quando acontecia esta reunião, chega Jacintho Barros e disse que todos estavam iludidos, na tal conferência o Coronel Firmo de Araújo viria acompanhado com um bando de homens armados e acabaria com aquilo. Contou que como era vizinho de Firmo, este lhe pediu emprestado dias atrás armas e munições.

O juiz, Dr. Seixas tomou a palavra e disse que isto não era verdade, Firmo viria ao local combinado acompanhado apenas de Lucidoro e o Coronel Jeremias. Então solicitou que o grupo nomeasse uma pessoa de confiança para ir com ele até a fazenda para certificar as intenções de Firmo. Nomearam Aníbal Barbosa que foi até lá e voltou à cidade e comunicou a José Barbosa de Castro Júnior que realmente o coronel só estava com as duas testemunhas.
Era uma e meia da tarde e nada de aparecer as pessoas para o encontro, quando aparece João Machado e convida o coronel para ir até Palma para efetivar o acordo.
Firmo de Araújo desce do cavalo e de braços dados com o juiz Dr. Seixas caminha em direção à cidade. Quando passam em frente à Chácara do Mendonça, surge Barroso e pede um particular com o juiz e o puxa pelo braço e neste momento Firmo de Araújo é alvejado por vários tiros que estoura sua cabeça.
A poucos metros dali estavam o coronel José Barbosa de Castro Júnior e o padre Joaquim Cardoso que em seguida é avisado de que a execução partiu de Manoel Laxe. O juiz, Dr. Seixas ficou abalado emocionalmente e teve de ser confortado pelo padre.
Após a execução, Manoel Laxe voltou à cidade e mandou libertar várias pessoas que estavam detidas na casa do padre.
No final do dia começaram o transporte dos cadáveres de José Fraga, Padeirinho, do inglês Guilherme, do francês Simoneaux que foram executados pela manhã, próximo da fazenda Monte Belo, todos estes capangas de Firmo de Araújo.
Depois do assassinato de Firmo de Araújo as desavenças políticas em Palma eram resolvidas com violência. Em toda região ficou conhecida aquela luta sanguinária e de muitas perseguições. O capitão João Rodrigues Soares Justo era genro do coronel Firmo de Araújo, fugiu para Juiz de Fora com toda sua família, temendo ser também assasinado. Nunca mais voltou ao município.
O dia 07 de julho de 1912, um domingo, foi dia mais negro na história de Palma.
A paz viria somente em 1929 pela liderança do coronel Antonino Barbosa, pessoa idônea e muito respeitado em Palma e, primo de José Barbosa de Castro Júnior.


Postado por Joaquim Ricardo Machado.
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VHCarmo.




quarta-feira, 23 de maio de 2012

Um momento de poesia (é algo mais)..

Nenhum poeta brasileiro foi mais parnasiano que Olavo Bilac, embora herdeiro do ultra-romantismo, então agonizante ao fim do século XIX,  Bilac se internou naquilo que  mais foi característico do parnasianismo: o cunho pessoal e subjetivista dos versos, a busca da perfeição formal e a delicada  textura entre o drama íntimo e a natureza.   A expressão maior da poesia de Olavo Bilac foi o soneto.    Este escriba tem uma particular preferência por este soneto do mestre que aí vai transcrito.

NEL MEZZO DEL CAMIN...

Cheguei... Chegaste...Vinhas fatigada
e triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
e a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada 
da vida: longos anos presa à minha
a tua mão, a vista deslumbrada
tive da luz que teu olhar continha.

Hoje segues de novo...Na partida
nem o pranto os teus olhos umedece,
nem te comove a dor da despedida.


E eu, solitário, volto a face e tremo,
vendo o teu vulto que desaparece
na extrema curva do caminho extremo.

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                    Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac - Rio de Janeiro (1865/1918).
VHCarmo. 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Transporte público; "apagão geral". Reflexão,,,

                                Este escriba não reside em São Paulo (capital), mas tem naquela importante cidade brasileira vários parentes e amigos que, por serem livres para opinar são insuspeitos. Todos revelam uma rara unanimidade quando comentam sobre os transportes públicos  na cidade e na periferia. Não há discordância: -“O sistema é caótico”, dizem.
                     O Estadão e a Folha,  apoiadores  irrestritos dos governos do PSDB, manifestam uma grande tolerância para com o caos do sistema. Vivem a desculpá-lo.
                           Nesse texto, que aí vai abaixo, o José Dirceu, no seu blog,  aduz argumentos e números irrespondíveis sobre a irresponsabilidade dos governos tucanos que provocaram esse caos e demonstra a “ginástica” verbal e mental que os jornalões imprimem para desculpar o indesculpável.

Olhem só:

Apagão nos transportes públicos tucanos é uma triste realidade.
Publicado em 21-Mai-2012
                        Se o Estadão briga com os fatos ao levantar a tese do Lulodependência, ou Lulopetismo, a Folha de S.Paulo vai na mesma linha quando contesta, como o fez no fim de semana (domingo) o apagão nos transportes públicos na capital e associa as análises, críticas e soluções que o PT apresenta como decorrentes do período eleitoral.
O apagão nos transportes públicos em São Paulo vem de muito tempo, já que os governos do PSDB não tem os sistemas de transportes de massa como prioridade. Nunca tiveram e eles governam o Estado há quase 30 anos - a contar desde a 1ª administração tucana, de Franco Montoro (1983-1986) e a capital há oito, na parceria que mantém com o prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD). Só Geraldo Alckmin já é governador pela terceira vez.
É um apagão confirmado, também, pelos levantamentos recentes feitos e divulgados pela própria mídia, segundo os quais, só neste ano, o metrô já entrou em pane 86 vezes e o sistema de subúrbio da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) outras 52 vezes, passando a circular com lentidão ou, até mesmo paralisando a circulação.
Sistemas metrô/CPTM entram em pane quase todos os dias.
em apagão juntos, no mesmoEm cinco meses de 2012, isso dá uma média de quase uma pane por dia, sem contar o fato de que as vezes os dois sistemas entram  dia. Então, não é o candidato do PT a prefeito este ano, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad que, como diz a Folha, passou a repisar, dias "a fio a expressão "apagão dos transportes".
Não é, absolutamente gratuito, que Haddad "acusa o PSDB de ter sucateado a infraestrutura da capital", nem que destacou no dia do acidente, na 4ª feira passada, entre dois trens do metrô que deixou mais de 100 feridos que o caso não era um fato "isolado" e relembrou a cratera que se abriu na obra do metrô em Pinheiros, em 2007, que deixou sete mortos.
É a realidade que se impõe e vocês todos que vivem e acompanham a vida da cidade sabem disso. Números (de panes) não mentem. Por isso, também, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não responde ao centro da questão quando afirma que o candidato do PT e o partido "só tem críticas e aleivosias como essa (apagão)" ao sistema de transportes públicos paulistano.

Governo federal investiu mais em transportes do que os tucanos.
Da mesma forma é balela quando o governador Alckmin e o candidato tucano a prefeito este ano, José Serra, enchem a boca com a história de que o governo federal "não investiu um centavo" nos sistemas de transportes públicos da capital e Grande São Paulo (metrô e CPTM).
O PT à frente do Governo Federal emprestou e autorizou empréstimos em volume 226% superior ao autorizado pelos dois governos tucanos de FHC para obras de expansão do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Os governos Lula e Dilma autorizaram cerca de R$ 15 bi para a rede metroferroviária junto ao BNDES, Caixa Econômica Federal (CEF), Banco Japonês para Cooperação Internacional (JBIC), Banco Mundial (BIRD) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Em comparação, FHC autorizou em oito anos pouco mais de R$ 4 bi.

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Reflexão deste blogueiro:
A solução para o caos e o apagão do sistema de transportes públicos da cidade de São Paulo que se propõe é de cunho político, no seu sentido mais elevado.
                         Os jornalões pretendem mudar o foco.
O povo paulistano tem que acordar para o problema e buscar a solução numa nova política, voltada para a solução dos problemas do povão, ou seja,  daquele que produz a riqueza dessa grande e bela cidade e permanece desamparado. O apagão do transporte público acaba atingindo também  a classe média e até os mais bem posicionados na escala da sociedade paulistana que levam horas preciosa de seus dias presos nos gigantescos engarrafamentos que a cada dia batem seu próprio recorde.
                           Esperar que esses governos tucanos que se sucedem por cerca de trinta anos venham a mudar?  É “um sonho de uma noite de verão”. É esperar demais. Esta na hora de mudar.

VHCarmo.

domingo, 20 de maio de 2012

As duas mulheres e neoliberalismo....




As declarações das duas mais importantes mulheres que governam na América do Sul, Dilma  e Cristina,  revelam os novos tempos em que Brasil e Argentina vivem.  Adeus ao  FMI e ao alinhamento aos interesses do “deus” mercado.
 A grave crise que assola a Europa mostra   que o caminho do neoliberalismo produz pobreza e miséria.  Em boa hora o Brasil de Lula e Dilma se apartaram daquelas lições que pregavam o Estado Mínimo e o mercado desregulado.  

Olhem só:

*DILMA ROUSSEFF: "Não admitimos mais a possibilidade de construir um país forte e rico dissociado de melhorias nas condições de vida de nossa população, tampouco acreditamos mais na delegação do nosso crescimento exclusivamente às forças autorreguláveis  do mercado - crença, aliás, que Maria da Conceição Tavares sempre criticou corretamente. Ainda temos alguns entraves a romper e a nossa querida Maria da Conceição Tavares sempre nos recorda magistralmente, para mim pelo menos, quais são esses entraves e como é urgente rompê-los"  (discurso em homenagem a Maria da Conceição Tavares; 17-05)

CRISTINA KIRCHNER: "É possível um outro modelo de acumulação, distinto da renda financeira. É o [trabalho] humano que cria a riqueza nacional, não os bancos que acumulam cifras que só existem nos registros contábeis dos computadores; [nos anos 90] quiseram nos convencer de que o Estado não servia para nada e que o mercado resolvia tudo; não foi bem assim"      ( discurso em visita oficial a Angola; 18-05).
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Vivemos outros  tempos e estamos conseguindo vencer as forças do conservadorismo neoliberal que tem como última fronteira o PIG (o partido da imprensa golpista  como o chama o Jornalista Paulo Henrique Amorim  no blog "Conversa afiada"). 

VHCarmo. 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O SERRA CONTINUA BLINDADO PELA MÍDIA...

                        Os malfeitos, os desvios  de recursos, a lavagem de dinheiro público e a formação de quadrilha que têm como autor o José Serra são mantidos por uma espécie de ocultação silenciosa e  protetora, pela imprensa. 
                       A mídia parece que tem um respeito reverencial ao Serra, nunca bem explicado. Os seus escândalos que são filtrados pela mídia benevolente, são logo minimizados pela própria mídia que se apressa a contestá-los e, muitas vezes, a atacar aqueles que noticiaram as ações suspeitas do político paulista.
                        A Privataria Tucana (como mostra o livro do Amauri Ribeiro Jr.) que Serra chefiou, não só foi ignorada como  o livro foi atacado pela imprensa conservadora, principalmente pelos jornalões e as Revistas da Editora Abril (os Civitas) e da Globo (os Marinhos).
                        A  Privataria Tucana foi a atuação mais deletéria do José Serra, pois até hoje se contabilizam os prejuízos do país e o enriquecimento dos agentes da privatização e os donatários das benesses, financiadas até pelo BNDES, para o que foram abertas, por decreto, as portas do banco até  para empresas estrangeiras.
                         Foi feita desse modo a privatização dos bens públicos a estrangeiros com dinheiro do povo brasileiro. O Serra estava nesta.      O FHC, em entrevista à imprensa, gravada em vídeio,  o culpa por tudo aquilo; ele era o Ministro e quem comandava os leilões, alegou  o  ex-presidente.
                         Alem do mais, nada atinge o Serra: nem a sua participação evidente no escândalo da “Compra das Ambulâncias” ( há até foto publicada dele com os criminosos); nem a sua participação como governador nas compras dos trens do Metrô na Alston com processo na França pelas propinas distribuídas. Nem na falta de fiscalização “no buraco do Metrô” que tragou vidas.

 
                Agora já tentam livrar a  cara dele em outra suspeição.

Olhem só:
                           Foi ele quem nomeou o Hussein Aref que geriu durante o governo dele na Prefeitura e até a pouco no governo do seu apaniguado Kassab.           Aref que Serra agora afirma que mal conhece e nega tê-lo contratado é aquele que em posto chave para autorizar construções de edifícios e casas na capital, adquiriu nada menos do que 140 imóveis (ele afirma que perdeu até a conta) com o pequeno salário de seu cargo. Não é suspeito? Como sempre o Serra não sabe de nada e a mídia aceita.
                Olhem só o que o Luiz Nassif escreve no seu blog a respeito:

“Como tal prática (do Aref) não pode ser registrada, abre-se uma margem de manobra para que cada qual trate de roubar também para si.

Quando o departamento atua conforme as normas, há uma barreira natural à ação dos predadores. Não se pode fugir das normas. Quando o chefe maior permite os abusos – para fins eleitorais – cessam todos os controles. Um subordinado não terá como saber se aquela jogada perpetrada pelo Aref tem a aprovação dos chefes maiores, ou é uma operação individual.

Por tudo isso, dada a extensão do golpe, seria impossível que não houvesse uma ação principal – a de arrecadação de recursos ilícitos – da qual o operador tirou uma casquinha.

Aref foi apanhado da maneira mais complexa possível. Não foi pelos abusos internos cometidos – facilmente identificáveis pela mera análise dos processos aprovados. Mas pelos sinais exteriores de riqueza”.

Observação final:
                      O que se admira é que sendo um povo bem informado e do Estado mais rico e poderoso do país, continue acreditando no Serra. As pesquisas, embora prematuras, o dizem favorito. É de pasmar!
                       Seus governos, todos sem exceção, no Estado e na Prefeitura, foram medíocres e não deixaram sequer lembranças. O Estado e a Prefeitura cujo governo Serra não completou caminham, por sua causa, em descompasso com o resto do país.
                         Por outro lado, o Serra tem um estranho  domínio sobre o PSDB que vem desestruturando o partido e o faz perder metade de seus filiados e, segundo o TSE foi dos partidos o que mais perdeu. Registre-se: o partido perdeu também o seu foco ideológico e vive tristemente pautado pela mídia conservadora e seus métodos muitas vezes criminosos.
                         O grande aliado do Serra nessa eleição em que ele se impôs como candidato  ao partido é o PSD do Kassab cujo governo é muito mal avaliado pelos paulistanos.
                          Como a sua rejeição é grande há uma esperança de que o povão rejeite o Serra, impedindo que continue sua trajetória danosa ao povo paulista.
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VHCarmo.

JOSÉ AGRIPINO MAIA: outro Demóstenes?.

                   O Senador José Agripino Maia é o sucedâneo do confrade Demóstenes Torres. O impávido (o colosso!), presidente do DEM/ex PFL/Arena - quem diria? - também mantém conexões com uma gang criminosa: o Consórcio Inspar.
                      O conceituado jornalista Leandro Fortes, na Revista Carta Capital desta semana (n.697), conta a sua história. O homem teria embolsado uma propina de R$ 1.000,00 (um milhão de reais), encabeçando a ação do grupo, chefiado pelo lobista Alcides Fernandes Barbosa, em Natal no Rio Grande do Norte. Tudo foi apurado pelo Ministério Público do Estado.
                      O lobista, Barbosa foi preso pela polícia do RN na Operação Sinal Fechado. Ao todo 34 componentes de quadrilha foram presos. A coisa parou quando surgiu o nome do impoluto (sem jaça), Senador José Agripino, que tem foro privilegiado no STF.
                      Mas o Barbosa, mediante delação premiada, tinha aberto o jogo. Quem tiver tempo e interesse deve ler a reportagem da Carta Capital (pg. 30), ali se verá a atuação do nosso Senador contada em detalhes pelo Barbosa e revelada pelo jornalista. 
                        Pasmem! A investigação foi remetida ao Protelador Geral, noticiando as “virtudes" do nobre Senador da República, Agripino Maia.  Se alguém souber se algo foi feito na PGR para "homenagear" o Maia que comunique a esse blogueiro. Sintomático: ambos os Senadores pertenciam ao mesmo partido: DEM, ex-PFL/Arena.
                         Com mais essa descoberta coloca-se em cheque, mais uma vez,  a “moralidade” que pregam esses herdeiros do undenismo com o agravante de se tornarem alvo de investigações policiais.
                           Quem via o Senador José Agripino subir à Tribuna frequentemente para achincalhar a moral dos seus pares, de políticos adversários e do governo federal, há de perceber que ele anda ausente.    Sim, num momento desses em que o Senado se agita com a CPIM do Cachoeira, onde anda o inefável José Agripino Maia?  Aquele que procurava a mídia para aparecer?
                            É bom que essas verdades apareçam agora para que aqueles que ainda acreditam ou acreditavam nesses falsos moralistas se convençam que o importante é colocar a polícia atrás deles e não se pautar pelas sua fabricação de escândalos.
                           Há outros políticos, inclusive no Senado, cuja atuação “moralista”  escondem crimes e criminosos. A batata deles está assando.

               A Polícia Federal (Republicana) anda atrás deles.

VHCarmo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Um momento de poesia (é algo mais)....



Mais um soneto, mais versos de uma poetisa. Talvez seja essa forma de poema  aquela que  enseja às mulheres extravasar emoções inconfessáveis, arroubos de amor escondidos nos recônditos da alma.   Este soneto, que aí vai, até no seu título revela a explosão da fêmea  que rompe convenções.
(Cinira do Carmo Bordini Cardoso - Rio de Janeiro-RJ -1905/1933).
               
                    DESASSOMBRAMENTO.
                        Carmen Cinira.
Que me aguarde, por pena, o mais triste dos fados,
e clamores hostis me sigam pela vida,
que floresçam vulcões nos montes sossegados
e trema de revolta a Terra adormecida...

Que se ergam contra mim os seres indignados
como um quadre dantesco em fúria desmedida,
e que, na própria altura, os astros deslocados
rolem numa sinistra e tremenda descida...

Hei de ser tua um dia e ofertar-te, sem pejo,
vibrante, ébria de amor, à chama do teu beijo,
esta alma virginal que a tanto assim de espera...

E então hei de sentir vaidosa, intensamente,
desabrochar em mim, num delírio crescente,
o instinto de mulher em ânsia de pantera.

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VHCarmo. 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dois tópicos: Veja-Gurgel...


Duas questões no contexto do caso Cachoeira/Demóstenes (ou vice-versa), se evidenciam. A primeira é a que se refere à mídia. Evidenciou-se pelo que veio a público até agora o comprometimento da Revista Veja que, a pretexto de produzir um jornalismo investigativo se aliou ao crime organizado, tornando-se o seu veículo, indispensável,  para alcançar os desígnios de ambos.
  As ações criminosas o grupo Demóstenes/Cachoeira não teriam sido eficazes se não fora o vínculo promovido pela Revista, usando o serviço/sujo do jornalista Policarpo Jr. , aliás, fartamente elogiado pelo grupo criminoso nos seus mais de 200 telefonemas. A Revista tornou a ação efetiva.
Demais disto, se fora de fato, investigativa a  ação  jornalística  da Veja é de se indagar por que a revista não denunciou os crimes do Cachoeira e Demóstenes  cujo conhecimento agora não pode negar?.   Para o Senador a Revista projetava a imagem do grande moralista, daquele que cobrava no Senado castigo aos corruptos e invectivava até contra a própria instituição que dizia estar contaminada pelos corruptos.
Quando gente se refere à mídia em geral e não somente à revista do ítalo-argentino Roberto Civita é devido a "solidariedade" e defesa manifestadas pelos jornalões e, especialmente, pelo jornal O Globo e seus sistema.   Como a defesa se mostra difícil face a evidência da atuação criminosa da VEJA,  o discurso chega a ser ridículo, como fez ver o jornalista Mino Carta em editorial da Carta Capital desse semana.
Como são fracos e inverossímeis seus argumentos Veja apela para o ataque, visando atemorizar  os divergentes.   Como sempre o alvo principal de seu ódio é o PT.  Absurdamente, o Globo afirma que o partido é que agita a questão (pelos radicais), e que o nosso Civita não é Murdoch.  Ora, não foi o Partido dos Trabalhadores que desvendou  o conluio entre a Veja (Policarpo Jr), Demóstenes e  Cachoeira;  quem trouxe tudo ao  público foi a Polícia Federal e, particularmente, o Delegado, Raul Alexandre Marques Souza, encarregado da operação ao depor na CPIM. Assim age a mídia solidária.

Pode também ocorrer uma manobra preventiva do jornalão e seu sistema, pois vislumbra-se algo com a sua participação na repercussão sistemática  que promovia das denúncias criminosas vindas do complexo Veja/Demóstenes/Cachoeira.
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A segunda questão, já foi abordada aqui, é do Procurador-Geral. Ele apressou-se a usar em sua defesa os mesmos argumentos da mídia. Foi muito pouco imaginativo: atribui a sua grave omissão de sentar-se, com sua mulher, sobre as investigações da operação Vegas, atribuindo tudo aos parlamentares e aos "radicais do PT" , misturando o original argumento de que eles estão "morrendo de medo do mensalão". Estranhamente foi esta  a alegação  da Revista Veja, sendo até capa de uma sua edição. A repetição se tornou evidente.
Ora, quem na CPI insiste em seu depoimento é um senador do PSOL -Randolfo Rodrigues , acompanhado da maioria dos membros da Comissão.
Olhem só isto:
"É preciso listar três evidências que desmontam o raciocínio de Gurgel, que teme de ser acusado de prevaricação:
1)   Não foi Gurgel, mas Antônio de Souza, procurador-geral à época, quem apresentou a denúncia contra os réus do mensalão. Primeiro ponto para mostrar que a personificação  não cabe nesse caso.
2)    A denúncia foi acolhida pelo STF, onde o processo agora tramita. Não ha nenhum risco à continuidade da ação penal e seu julgamento.
3)     Caso se veja impedido de fazer a sustentação oral pelo Ministério Público no julgamento do mensalão, há vários subprocuradores capaz de conduzi-la de forma brilhante.
Portanto , Gurgel tenta se confundir com a instituição de maneira tosca e ciente do apoio da mídia, interessadas em misturar os casos"   (CPI - Cynara Menezes - Carta Capital desta semana).
           Não ha necessidade de acrescentar mais nada, apenas que se configura um estranho conluio entre uma parte da mídia e "o protelador geral".
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VHCarmo.
                 

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Um momento de poesia (2)

                   Este escriba não se considera um poeta que para ser teria a sua alma vindo pronta dos recônditos do seu DNA e não veio. Mas canhestros seus versos surgem de uma emoção singular, extrapolando formas convencionais.
                    Este modesto poema fala da Cinelândia - praça a que se liga com muito amor - onde tombou morto, sob suas vistas, talvez a primeira vítima da violência do golpe militar de 1964, homem que dormitava inocente seu sonho alcoólico, estendido em um banco, a frente do Clube armado.

Olhem só:



A cinelândia.
VHCarmo.

Ouvi falar na praça da felicidade,
da angústia do povo sofrido
ouvi,

da ânsia de chegar ao topo do mundo.
senti.
Rodeado do lupem
respiro o odor acre da pobreza,
verbero uma praxis incerta,
incompreensível dialética.

Na praça os rostos são duros,
os sonhos voláteis
e há alguém que teoriza o amor às rosas.

 
Não sei
se plantadas no asfalto florescem idéias.
 
Creio na seiva do povo da praça,
nas calçadas de  pedra,
nos desvãos com cheiro de mijo.
nos trapos dos meninos famintos,
nos abrigos frios do “aterro”.

Amo essa turba feia,
com o fedor de suas feridas
com os sonhos de sua negritude
com o azedo de seu cotidiano
eu canto o meu hino de fé
ouvem-no os surdos das sarjetas,
as putas sem nome
e riem dele os mendigos desdentados.
 
Meio a idéias e revoltas,
a revoluções e reformas,
a gente falava e esbravejava
outro  canto de esperança.

Ali  pariu história.
Na praça tombou morto
um homem  
do alto de seu sono alcoólico.

Era o início de “longa e violenta noite”.

Na  mesma a praça raiou luminoso o dia
no grito da gente.

Era a liberdade,
“ainda que tardia”.
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VHCarmo.


VHCarmo. – Julho de 1985.









UM MOMENTO DE POESIA (é algo mais).


O poeta  João Cabral de Melo Neto  se inclui entre aqueles que na poesia pátria se notabilizou pelo esmero do verso, pela mistura delicada entre a busca  estética que embeleza, no cânone brasileiro,  e a realidade do tempo e da natureza.   O poema que aí vai transita entre a perfeição formal e a narrativa poética do existir e do tempo.
Olhem só:
TECENDO A MANHÃ
João Cabral de Melo Neto.

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisa sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe outro grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã),  que plana livre de armação.
A manhã, toldo de  um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
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 VHCARMO.