quarta-feira, 30 de outubro de 2013

E agora? Como cessar a violência ?

A gente já tinha alertado nesse humilde  bloguinho que a violência desencadeada por grupos mascarados que vinham se aproveitando das passeatas e das manifestações para depredar e saquear iria acabar por atemorizar as pessoas de bem e afasta-las das ruas.  Não deu outra. 


O Miguel do Rosário, no seu prestigiado blog , alinha a opinião do Nassif e do Zé Dirceu ( abaixo )  que, chegaram à mesma conclusão, observando, ainda, que certos setores da mídia conservadora tentaram usar a atuação daqueles grupos na tentativa frustrada de direciona-la contra o governo e o PT.   Não deu certo.

 

 Só fizeram agravar a situação, cuja saída ficou difícil.   Se o poder público reprime acusa-se a polícia de usar a violência, se admite a ação dos grupos (como direito de expressão) o patrimônio público e particular é violentado e depredado. O que fazer?

 

Olhem só:

 

O debate sobre os black blocs.

Enviado por Miguel do Rosário on 29/10/2013 – 8:41 pm10 comentários
Extraído do blog do Nassif.
Por Diogo Costa
Mídia oligopólica adorou Black Blocs, não os adora mais. E agora o círculo vicioso se completa. A ‘tática’ afasta as massas, sectariza os Blacs e a população começa a intensificar o repúdio contra as práticas da ‘tática’ anarcoprimitivista. Resumindo, os Blacks foram usados como bucha de canhão contra o PT (a orquestração da direita sempre foi neste sentido). Se não mais servirem para isto, na visão da direita, serão penalizados pelos que ontem os aplaudiam. Previsível.
Do blog do Zé Dirceu
Por Zé Dirceu
Uma pesquisa Datafolha sobre a atuação dos black blocs revela que 95% dos paulistanos desaprovam os seus métodos e 76% julgam que as manifestações tornaram-se mais violentas do que deveriam ser.
Vejam que foi preciso uma pesquisa de opinião pública sobre os black blocks e seus métodos para que alguns colunistas, articulistas e grande parte da mídia os condenassem agora, de uma forma um tanto covarde, já que há algumas semanas os endeusavam e os rodeavam de glamour e romantismo.
É bom lembrar que grande parte da mídia os incensou, estimulou e defendeu, quando ainda sonhavam que os black blocks seriam uma tropa de choque contra a esquerda e o PT, e contra os nossos governos.
O grave nas ações dos black blocs é que apoio às manifestações vem despencando: os 89% de apoio obtidos em junho caiu para 74% em setembro, e chegou agora a 66%. E pior: em São Paulo, o apoio da população à ação das PMs aumentou e empatou com a condenação dos métodos violentos de repressão utilizados.
Segundo o Datafolha, 42% dos entrevistados acreditam que a polícia se excedeu, ante os 42% que consideram o grau deviolência policial adequado e os 13% que acreditam que a polícia deveria ser mais violenta.
A pesquisa também revela que os apoiadores das manifestações estão entre os mais ricos: 80% dos que têm renda familiar mensal acima de 5 a 10 salários mínimos afirmam apoiá-las. O mesmo índice – 80% – aparece entre os que ganham mais de 10 salários mínimos. Entre os que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos, o índice de apoio cai para 54%.
Em suma, os riquinhos adoram as manifestações e as apóiam, desde, é claro, que não sejam contra eles, nem contra seus privilégios, sua riqueza, propriedades e modo de vida… Sinal dos tempos.

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-          VHCarmo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Breves reflexões sobre a greve dos professores.

                                                                                                 
A greve de funcionários públicos tem suas características especiais.  A parede desse grupo social implica no envolvimento de mais outras duas partes -- o Estado, por suas instâncias políticas e orçamentária e os usuários dos serviços públicos atingidos pela paralisação -- diferentemente da greve de categorias profissionais dos setores produtivos e de serviços privados, na economia capitalista.

Enquanto os operários ligados à produção e aos serviços vendem a sua força de trabalho ao empregador (patrão) para o qual produzem mais valia, mediante a paga de salário, os funcionários do Estado (funcionários públicos), são executores de serviços sociais direcionados ao público consumidor em vários setores das atividades.

Do exposto resulta que as greves promovidas por funcionários públicos, se distinguem de modo substancial das demais, inclusive no seu processo de execução, visto que – principalmente no caso de serviços essenciais – o envolvimento do usuário (o terceiro) o torna alvo passivo dos naturais danos provocados pela parede.

De exemplificar-se com as categorias de profissionais do ensino e os do setor da saúde pública. A interrupção total, ou parcial, desses serviços atinge muito menos os gestores das instâncias políticas do que o enorme contingente de usuários, ou seja, os alunos e os pacientes.

Por outro lado, o atendimento de reivindicações - como as recentes dos professores da Prefeitura e do Estado do Rio de Janeiro – está sujeito ao exame dos poderes legislativos respectivos e às suas divergências internas de política que impedem uma solução rápida e que dificilmente atendem integralmente tais reivindicações.

A Intransigência prolonga uma greve pública sem vislumbre real de uma solução, com prejuízos cada vez maiores dos usuários, principalmente quando a pressão se faz sobre o coletivo da instância legislativa constrangendo-a.

Diferentemente das greves de funcionários públicos, as paredes do setor privado, contam com a existência da Instância Judicial Trabalhista - as Varas do Trabalho, os TRT e o TST – especializada na solução de conflitos que se circunscrevem geralmente a categorias profissionais de empregados e empregadores regidos pela CLT. -Consolidação das Leis do Trabalho e leis especiais.

As greves operárias (tanto do setor produtivo como do setor de serviços), além de envolverem interesses sob riscos de perdas e danos recíprocos, têm um retrospecto histórico de seus sindicatos.  Esses Sindicatos são calejados nas lutas de classe, na arte de conciliar, discutir e se submeter às decisões judiciais.

 Os operários aprenderam historicamente, e  a duras penas, qual a oportunidade de iniciar e de terminar um movimento grevista e o fazem quase sempre com um ganho, maior ou menor, essencial para o prosseguimento de suas lutas e conquistas.

A recente greve dos professores careceu de uma direção mais experiente e com maior conhecimento das condições especiais das paredes de funcionários públicos.    Ao serem atendidos, em parte, por uma lei votada em um processo complicado no legislativo, os professores tentaram modifica-la em manobra praticamente inviável, ou seja, apelando para a Justiça, visando a sua revogação para ensejar a votação de outra que atendesse integralmente suas reivindicações.  Contavam naturalmente continuar a pressionar os legisladores (incentivados por políticos derrotados na votação).

Ao obter uma liminar no Juízo singular que suspendeu a vigência da lei votada, a categoria se viu sem os seus benefícios (incluídos reajustes salariais).   O posterior restabelecimento da lei pela Instância Superior sanou o problema.        Os professores se viram então em situação difícil, pois sem uma firme direção sindical continuaram apostando na greve e conflitando, àquela altura, com a opinião pública que a vinha apoiando, até então.

Deu-se o impasse e somente uma intervenção do Supremo Tribunal Federal, cuja competência é discutível para o caso, logrou convencer os grevistas, mantendo, no entanto, a lei votada que a categoria pleiteava substituir.

Conclui-se, portanto, que faltou à categoria líderes sindicais que a guiassem e que tivessem desde a sua estratégia inicial uma visão para o eventual término do movimento com ganhos possíveis em prazo razoável com perspectivas de avanços futuros, saindo da greve por consenso, sem este tipo de harmonização um tanto compulsória do STF.

Da forma como o movimento terminou, no entanto,  deixou um evidente gosto amargo de recuo para a categoria.  Que este recuo venha a servir como lição para movimentos futuros nos quais a Categoria seja capaz de transigir, conciliar, conseguir o possível, saber terminar uma greve e avançar, sem recuos.  A luta é sempre um aprendizado.

VHCarmo.




quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A DISTRIBUIÇÃO SOCIAL DA RENDA PETROLEIRA.

Há textos, como esse abaixo, que não há como comentar, ou seja, acrescentar algo. É bom que permaneça neste espaço como testemuho da opinião deste humilde blogueiro. 
 De fato, as considerações de Saul Leblon são irretocáveis.
 
Olhem só: 
 
23/10/2013 
A redistribuição social da renda petroleira.

Se o modelo de partilha na exploração do pré-sal tiver êxito abre-se um precedente de enorme impacto simbólico na vida política nacional.

por: Saul Leblon

Na crítica conservadora ao modelo adotado para a exploração do pré-sal, avulta o esférico plano secundário a que ficou relegado o debate que deveria ser o principal: a redistribuição social da renda petroleira.

Em linha com o ambiente regressivo do capitalismo em nosso tempo, o conservadorismo nativo abraça a agenda dos mercados e queima as caravelas de qualquer retorno à finalidade social do processo econômico.

Discute-se a ‘desconfiança’ dos mercados, a ‘incerteza’ das petroleiras, a ‘insatisfação’ da república dos acionistas, o ‘intervencionismo’ do governo Dilma. Ponto.

Do círculo vicioso descendente não escapa nem quem se avoca uma fina sintonia com as ruas.

Entrevistada do programa Roda Viva na 2ª feira, ainda no calor do leilão, coube à ex-senadora Marina Silva condensar a desconcertante fragmentação entre meios e fins.

Marina declarou-se avessa à participação da China no leilão do pré-sal. “Vi com preocupação a China fazer parte do leilão”. Por que, senadora? “Porque nesse caso não é uma empresa, é o Estado".

Fosse Esso ou a Chevron, de densos princípios democráticos e ambientais, estaria de bom tamanho para a criadora do não-partido Rede?

Talvez não tenha sido essa a intenção da frase, mas oferecer-se ao desfrute da fuzilaria midiática contra a ‘natureza intervencionista’ do modelo brasileiro de partilha.

De novo aqui, dane-se a questão principal subjacente ao debate ‘técnico’ .
Tergiversa-se para camuflar aquilo que verdadeiramente importa à sorte da economia e a o destino da sociedade.

A exemplo de Marina, também Campos, Aécio, Serra e os veículos nos quais se ancoram, giram em falso.

Ora se diz que a partilha é ineficiente e deve ser substituída por regras mais flexíveis aos mercados, “que levem a uma maior concorrência nos leilões”, reclama o sempre antenado Eduardo Campos ; ora se diz que é a mesma coisa do modelo tucano, uma privatização envergonhada.

A verdade é que o modelo adotado pelo Brasil, sem ser o ideal, busca acomodar três imperativos que formam quase um trilema: urgência, soberania e escassez de capital.

Uma sociedade em desenvolvimento, mergulhada em assimetrias sociais e econômicas do calibre das enfrentadas pelo Brasil precisa, no prazo mais curto possível, ativar a gigantesca poupança que a natureza lhe reservou no fundo do oceano, cujo valor se conta em múltiplos de bilhões de barris e trilhões de reais.

Por razões implícitas, a massa de recursos capaz de mover a chave do cofre é indisponível.

O modelo de partilha emerge assim como aquele que afronta o apetite exclusivista da matilha, ainda que sem excluí-la de sentar-se à mesa.

O capital estrangeiro é convidado, desde que se atenha ao prato e a sua porção.

O comando do negócio tampouco lhe cabe, nem terá o direito de ficar com a parte do leão.

O governo assegura que com esse arranjo cerca de 80% da renda de Libra ficará com o Estado brasileiro.

Contabilizada da seguinte forma: R$ 15 bilhões de bônus de assinatura; R$ 270 bilhões de royalties; R$ 736 bilhões de excedente em óleo (a partilha, propriamente dita); 34% de imposto sobre o lucro das empresas, ademais de 40% da fatia das empresas, corresponde à parcela da Petrobrás.

Em cadeia nacional na noite de 2ª feira, a Presidenta Dilma Rousseff detalhou o cardápio que o discurso conservador se recusa a por na mesa, talvez porque o prato que tem a oferecer seja raso e ralo.

Disse a Presidenta:

“Por força da lei que aprovamos no Congresso Nacional, todo o dinheiro dos royalties e metade do excedente em óleo que integra o Fundo Social, no valor de R$ 736 bilhões, serão investidos, exclusivamente, 75% em educação e 25% em saúde (...) o restante dos rendimentos do Fundo Social, no valor de R$ 368 bilhões, será aplicado, obrigatoriamente, no combate à pobreza e em projetos de desenvolvimento da cultura, do esporte, da ciência e tecnologia, do meio ambiente, e da mitigação e adaptação às mudanças climáticas...”

Se tudo correr exatamente assim, o ciclo do pré-sal deixará, ademais, uma lição política de inestimável valor ao povo brasileiro.

Para que fosse feita uma efetiva distribuição social da renda petroleira, as grandes decisões sobre a exploração, a produção e a pesquisa do pré-sal foram centralizadas nas mãos do planejamento público e democrático.

Do contrário haveria concentração da renda petrolífera e não distribuição.

O conservadorismo sabe o quanto lhe custará esse discernimento.

Não sem razão, uma dos alvos da fuzilaria mercadista foi a participação chinesa no certame (que junto com a Petrobrás passará a formar um núcleo estatal com 60% de poder no consórcio).

Outro foco da insatisfação conservadora concentra-se na Petróleo Pré-Sal SA (PPSA).

À empresa gestora do pré-sal –uma espécie de representante dos interesses da sociedade no ciclo do pré-sal--- caberá assegurar o cumprimento das normas que vão garantir a destinação social emancipadora dessa riqueza.

Cabe-lhe assegurar os encadeamentos industrializantes do processo e a defesa do interesse soberano da nação no ritmo da exploração.

A PPSA é a negação da ideologia dos mercados autorregulados, que subsiste na base da crítica ao intervencionismo do modelo adotado pelo governo.

Tudo será feito para que fracasse.

Se o modelo de partilha tiver êxito, supervisionado pela PPSA, que tem 50% dos votos e poder de veto no comitê gestor do consórcio, abre-se um precedente de enorme impacto simbólico na vida política nacional.

Mantida e explorada sob regime de planejamento estatal, sob o cerco do conservadorismo, uma riqueza finita foi capaz de destinar recursos bilionários às políticas públicas de saúde e educação, a ponto de se constituir na redenção da cidadania brasileira no século XXI.

Impedir que esse futuro se consolide implica, entre outras coisas, em desqualificar , desacreditar e apagar as fronteiras políticas e institucionais que separam as opções em disputa nesse pontapé do pré-sal.

Será uma luta sem trégua.

Não são apenas modelos de engenharia de petróleo.

O nome do jogo talvez seja o Brasil que queremos para os nossos filhos. Para os filhos dos nossos filhos. E os netos que um dia eles terão.
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VHCarmo.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Entrevista de Marina Silva( um enigma)...


Este humilde blogueiro fez questão de gravar e assistiu na manhã de ontem (16/10), na TV,  a entrevista da noite anterior de Marina Silva com o Jô Soares.  O que aconteceu ali não foi propriamente uma entrevista, seria mais correto chamar aquilo de “promoção” de uma certa candidata à presidência da República.

De fato, em nenhum momento foram formuladas perguntas que seriam imprescindíveis para provocar respostas esclarecedoras a respeito de sua nova ideologia e de suas pretensões políticas atuais e futuras.

Sequer lhe foi solicitado esclarecer aquilo que se deve entender como “desenvolvimento sustentável”que ela apregoa, ou seja, qual a sua forma de execução prática e os limites impostos pela “sustentabilidade” ao incremento de tal tipo de  “desenvolvimento”.  

Naquele quase monólogo, com a presença de  sua claque e de seus generosos aplausos, a entrevista tratou mais de amenidades e curiosidades da vida particular da ex-senadora do que daquilo que interessa ao grande público.   

Por mais que o espectador tenha estado atento ao discurso da ex-senadora pelo PT, um tanto empolado, ele foi – a bem da verdade - um amontoado de afirmações contraditórias que pouco deu para entender-se.

Ficou evidente, no entanto, que o principal objetivo do seu discurso foi a tentativa de deslindar para o público a questão relativa à sua verdadeira pretensão dentro do PSB, que, por fim,  não foi devidamente esclarecida.

 Ela em nenhum momento Marina afirmou claramente que admite ser vice do Eduardo Campos.   Tergiversou ao afirmar – como vem fazendo - que “a candidatura do Eduardo está posta”, mas prosseguiu acenando para um futuro e indefinível “acerto programático”.   Uma incongruência, no mínimo, estranha.

Ao atacar o PT e a Presidente Dilma, Marina parece pretender esquecer-se de seu passado político e – é de pasmar - ela valoriza o  governo neoliberal de Fernando Henrique, colocando-os no mesmo nível daquele que ajudou a construir com Lula e do qual foi Ministra. 

De incoerência em incoerência, em palavrório confuso e sem conclusões objetivas Marina acabou não dizendo ao que veio e, parece, afinal, que anda empolgada com a mesma mídia que no passado petista– por sinal – não a tratava tão bem como ora o faz.

Perguntas que, afinal, Marina deixou sem resposta: será candidata à presidência?  se sujeitará a ser vice do Eduardo Campos?  nenhuma coisa e nem outra? o que significa aliança programática?

A fragilidade argumentativa da ex-senadora e a imprecisão de seu discurso foi o que mais impressionou em seu quase monólogo.
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VHCarmo.  

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um momento de poesia (necessário): é "o algo mais",,,

À esta  altura, este humilde blogueiro exausto da violência  dos grupos neonazistas que continuam a depredar a "maravilhosa" cidade do Rio de Janeiro, volta à poesia e ao seu "algo mais".

 Como é de sua predileção, o soneto pontua.  Demais, são versos métricos  e e ritmados, expressão poética que transcende à atualidade e se eterniza no sentimento de quem ama a poesia.

Quem ainda não ouviu falar de Emílio de Menezes, o poeta do soneto, por excelência? por certo muitos poucos. É dele,  curitibano ilustre do fim do século IXX e início século XX (1867/1918) o belíssimo:

NOITE DE INSÔNIA

Este leito que é o meu, que é o teu, que é o nosso leito,
onde esse grande amor floriu, sincero e justo,
e unimos, ambos nós, o peito contra o peito,
ambos cheios de anelos e ambos cheios de susto,

este leito que aí está revolto assim, desfeito,
onde humilde beijei teus pés, as mãos, o busto,
na ausência do teu corpo a que ele estava afeito,
mudou-se, para mim, num  leito de Procusto!...

Louco e só!  Desvairado! - A noite vai sem termo
e estendendo, lá fora, as sombras augurais,
envolve a Natureza e  penetra o meu ermo.

E mal julgas talvez, quando, acaso, te vais,
quanto me punge e corta o coração enfermo
este horrível temor de que não voltes mais.
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VHCarmo.  

sábado, 12 de outubro de 2013

Virada ideológica e partidária (Eduardo-Marina).

Há certas posições ideológicas que se constituem base do pensamento programático de um partido político.

Pode-se alegar - é verdade -  que o Partido dos Trabalhadores promoveu alianças e o fez para viabilizar os seus projetos de governo e para a consecução de seus objetivos maiores. Isto foi feito e se chama pragmatismo político.

As alianças partidárias supõem ações comuns que visem ao projeto dos aliados como um todo sendo produto de concessões recíprocas, ressalvadas as divergências, superáveis - às vezes não - mediante discussão internas.  Isto faz parte da Democracia onde se exclui a unanimidade mas se visa a consecução de um  plano maior que a aliança busca em consenso.

Há  objetivos programáticos - para usar o termo de Marina - que dizem respeito à ideologia e ao programa de determinado partido e de sua substância que são inegociáveis, pois, se admitido desfigurariam uma aliança pragmática por incompatibilidade.

A reflexão produzida no texto, abaixo transcrito,  publicado, hoje 13.10,  em seu blog por  Zé Dirceu, adiciona  irrefutáveis argumentos no sentido apontado  em relação à discutida aliança, de certa forma, suprapartidária de Marina-Eduardo  (Rede e PSB).

Ao abandonar a ideologia que vinham adotando em sua pregressa vida política partidária, encontram-se em clara colisão, tanto um como outro - Eduardo e Marina - cuja soma jamais poderá ser  legitimamente programática. Por outro lado, ambos mudam e repudiam as posições ideológicas e partidárias diferentes  que vinham sustentando ao buscar agora uma sustentação eleitoral conservadora.

A virada para a direita do espectro político, de ambos, onde se enquadra?

Olhem só:


11 out 2013/2 Comentáriosdestaque /Por Zé Dirceu
Marina e Campos
Pela primeira vez desde que anunciaram a aliança PSB-Rede Sustentabilidade sábado pp., a dupla parceira Eduardo Campos-Marina Silva esteve junta em São Paulo. Os dois almoçaram – nos Jardins -, visitaram o governador tucano Geraldo Alckmin, concederam entrevistas e reiteraram que só vão definir candidatura ao Planalto em 2014.

Agora, apertados pelos jornalistas, afinaram os discursos, responderam de forma idêntica e evitaram adiantar qual dos dois disputará o pleito no ano que vem. Reiteraram que estão em busca de “nova política”. Não é a primeira e nem a última vez que Eduardo Campos e Marina Silva afirmam que a aliança deles é programática.

Nesta semana de vigência do pacto deles, só houve um momento em que Marina se traiu: foi quando anunciou sábado passado, em Brasília, o acerto entre os dois, como uma “aliança pragmática”, para corrigir-se em seguida dizendo que é uma “aliança programática”.

Se o dizem, deve ser mesmo aliança programática…

Programática começando pela Código Florestal, alma e coração da Rede Sustentabilidade de Marina e dos ambientalistas, no qual o PSB de Eduardo Campos votou com a bancada ruralista do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), da senadora Kátia Abreu (ex-PSD, agora PMDB-TO); e o PT, com os ambientalistas. Eles podem, Eduardo, Marina, e seus partidos, evidentemente mudar e se associar em torno de um programa básico.
Isso é possível. Todos nós evoluímos e mudamos. Basta ver o governador e mesmo a ex-senadora com suas alianças esdrúxulas, agora com um discurso de nova política, contra o fisiologismo e as raposas da política. Só que, na prática, estão repetindo tudo o que condenam. O que eles não podem é dizer que as alianças dos outros não eram e não são programáticas.
Então o PSB, que até menos de um mês atrás estava no governo – onde ficou anos e anos -, não participou da construção do programa da Frente Brasil Popular em 1989? Seus dirigentes, que participaram daquela construção, eram clones e/ou fantasmas? O PSB não participou da construção do programa de governo do presidente Lula em 2006 e do da presidenta Dilma Rousseff em 2010?

Eduardo e Marina, ministros da administração Lula, sim…

Então, estes dois novos parceiros não governaram e participaram como ministros dos governos Lula, ele como titular do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, ela como ministra do Meio Ambiente? Então, Marina Silva esteve no PT durante 25 anos (filiada e cumprindo mandatos pelo partido) com base em programas publicamente construídos com sua participação e da sociedade organizada?
Claro que participaram. Eduardo e Marina, ministros da administração Lula, sim… Suas atuais declarações simplesmente só comprovam como estão agindo no vale tudo da política, que chancelam com um comportamento um tanto hipócrita e cínico.

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VHCarmo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Os neonazistas atacam

    OS NEONAZISTAS ATACAM AS MANIFESTAÇÕES.

As últimas passeatas chamadas de manifestações ou protesto, de caráter político geral e movidos por categorias profissionais em campanha salarial e em greve, vêm assumindo características diferentes daquelas que o país estava acostumado a ver.
Impulsionados pelos apelos e convites das Redes Sociais na Internet,  os recentes protestos se tornaram movimentos sem uma reivindicação determinada, ou seja, tornaram-se portadores de reivindicações difusas, embora invocados inicialmente por objetivos determinados que, no entanto, se dispersaram através de várias bandeiras empunhadas.
Os movimentos iniciais de junho e julho deste ano surpreenderam por sua magnitude e, embora tenham sido convocados pleiteando a melhoria do transporte urbano, passou a encampar as mais diversas reivindicações, de caráter político.
Passado o impacto inicial e amplamente positivo, o movimento daqueles meses serviu de estímulo para os que se seguiram, embora estes últimos não tenham alcançado o vulto e a importância daqueles.
Aconteceu que a repetição sistemática das “passeatas”, de certa forma lhes foram tirando o caráter de novidade e exigindo um apelo maior das Redes Sociais e assumindo  caráter de desafio.
Aquelas manifestações iniciais e suas diversas pletoras passaram a ser objeto de consenso na opinião pública e forçaram os poderes políticos a coloca-las na pauta no Executivo e, principalmente, no Congresso, foro maior e competente para viabilizar a maior parte daquelas reivindicações.
Acontece que desde o princípio as manifestações foram contaminadas por grupos neofascistas, vestidos de preto, a caráter, mascarados e praticando atos de vandalismo e violência contra o patrimônio particular e público, tornando os manifestantes reféns de suas ações que provocaram e vem provocando a reação policial, aumentando o nível de violência geral.
Verificou-se, então, que toda a manifestação ou protesto por sua natureza legítimos vêm involuntariamente trazendo à sua ilharga a violência dos grupos fascistas. Como a Polícia é naturalmente repressora e, em nosso país, a sua intervenção assume um alto grau de violência e, a cada “passeata” assiste-se – geralmente ao seu final – a atuação violenta dos vândalos fascistas e a resposta policial também violenta. Forma-se um espetáculo chocante de atos de destruição, ataques e depredações.
Vão-se tornando consideráveis os danos que estes pequenos grupos da extrema direita provocam ao  patrimônio público e privado, causando a deturpação dos objetivos dos protestos ou manifestações. A violência obriga a adoção de sistemas de prevenção, obrigando o comércio em geral a erguer verdadeiras barricadas para se defender.  A nossa bela cidade do Rio de Janeiro se vê encoberta de paliçadas, madeirames e portas semi abertas.
 As pessoas  que desfilam nos protestos se sentem acuados pelos grupos fascistas que acabam por dissolver as “passeatas” fazendo com que aqueles se afastem para se acautelar da violência que se propaga.
Impõe refletir sobre este fato. Seria razoável esses grupos fascistas continuar se aproveitando das manifestações para depredar bens e mobiliário públicos; bens particulares: bancos e lojas comerciais? A violência de tais grupos, que contam com tolerância discreta da mídia, deve continuar a impedir as manifestações políticas e as reivindicações legítimas de categorias profissionais em luta?
A experiência recente, desta segunda-feira 7 de Outubro, de retirar policiamento da rua no Rio, acoimado de causador da violência, resultou ineficaz, posto que, terminada a manifestação, noite a dentro, os grupos fascistas prosseguiram na sua ação violenta até serem  dispersados pela polícia que foi então acionada. Assim, vive-se um dilema: será preciso fortalecer a ação policial ou deixar que esses grupos continuem a sua faina de vândalos?
Talvez tenhamos que nos mirar nos exemplos do EEUU e da Europa, ou seja extirpar esses neonazistas mediante ações de “inteligência” para caracterizar e puni-los a partir de seus núcleos, ou seja, de suas origens políticas.

Este movimento fascista não é espontâneo e nem conta com apoio do povo. Suas ações criminosas, terão que ser combatidas na sua origem, repita-se, sob pena de toda a nossa sociedade se ver refém desses extremistas praticantes de crimes puníveis pela lei penal vigente.  Nossa Constituição proíbe o anonimato ( das máscaras) nas manifestações políticas.
VHCarmo.


sábado, 5 de outubro de 2013

Breves reflexões sobre Marina e sua Rede....


A ex-senadora Marina Silva no episódio da negativa do TSE à legalização de seu partido, a Rede da Sustentabilidade, se portou de uma forma estranha.  Deixou claro, em sua crítica à decisão, que pretendia um privilégio, ou seja, que o Tribunal estabelecesse uma exceção em seu favor como se as regras estabelecidas em lei pudessem, a rigor, serem superadas pela vontade dos julgadores em homenagem à sua personalidade de líder de nova facção.

Ela revelou, então, uma imensa vaidade e muito pouca acuidade, posto que sendo política experiente deveria saber que não poderia pleitear o rompimento da legalidade para satisfazer seu sonho presidencial.

Ela pretendeu criar um partido com objetivo imediato  e definido de  ser candidata à Presidência da Republica,  não cuidando estabelecer ligações sócio-políticas  e ideológicas e, não por acaso e com isso, deixou de obter o apoio do número  exigível  de eleitores para legalizar a legenda.

 Bem afirmou o   órgão do Ministério Público Eleitoral, dizendo que o fim pretendido – a candidatura -  colidiu com os princípios fundadores de qualquer legenda.  A candidatura deveria ser estabelecida apenas em decorrência da formação de um partido e não o seu objetivo imediato, afirmou.   Marina quis fundar um partido para se candidatar.  Foi um projeto pessoal, evidente megalomania como definiu um  Sarkis, seu partidário.

Tem-se afirmado na Imprensa – e com razão -  que a ex-senadora acreditou que seriam considerados no julgamento o seu prestígio pessoal  e o séquito de seus admiradores para ultrapassar a exigência legal.   Embora, haja precedentes de decisões judiciais comprometidas por interesses políticos - e isto é público e notório - Marina superestimou os seus trunfos e pretendeu  algo mais do que seria razoável, tanto que obteve apenas um pálido voto do Coletivo.

 Ela que tem passado todo o seu tempo a invectivar todos os partidos existentes, atribuindo-lhes com ênfase desvios éticos, teve séria dificuldade de  encontrar - à última hora - uma legenda sem se contradizer formalmente;  ou, então, lhe caberá agora retirar a acusação genérica para excetuar o PSB, partido que escolheu e ao qual se filiou para, segundo afirma,  se opor ao Partido dos Trabalhadores e apenas  como vice de Eduardo Campos.

O objetivo declarado da ex-senadora é algo  sem grandeza política, posto que o Partido dos Trabalhadores a tem distinguido com todas homenagens devidas a uma  ex-militante,  partido no qual, afinal, construiu o sua carreira política.  O ex-Presidente Lula se pronunciou - recentemente  - de forma elogiosa a seu respeito, dizendo-a um excepcional quadro político.  

Mais injusto ainda, em seu discurso de adesão ao PSB, foi falar em "Chavismo" do PT em claro tom pejorativo,  revelando um desrespeito com aquele que foi amigo do nosso país e presidente da Venezuela, país com o qual o Brasil tem  relacionamento  diplomático amistoso e é nosso parceiro no Mercosul.      Como se vê:

               começa mal a candidata  a vice-presidência do Brasil.

Estima-se, afinal, que Marina não tenha o mesmo destino de uma esquecida política alagoana, ou seja,  que caminhe para o ostracismo  político, jogando suas cartas na incerteza de uma disputa eleitoral como VICE. 
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VHCarmo.