CAPITALISMO E DEMOCRACIA
Há uma análise que se
mostra evidente e tão atual, em relação ao momento político e econômico do
capitalismo mundial que, se não prevalecessem aqui no Brasil os interesses
partidários e midiáticos que as omitem e as censuram, o nosso grande público as
entenderiam e se posicionariam de modo positivo no âmbito interno.
Os nossos partidos da
esquerda, principalmente os da estrema esquerda são absorvidos pelo discurso
ético sobrepondo-o ao essencial pragmatismo na atuação política, fato do qual se
aproveitam os setores organizados da direita para os manter aos seus serviços principalmente quando
sobrestimam a corrupção, entre outros fatores, usando-a de forma
contraditória, contra as forças que promovem o seu combate.
Em termos reais, a corrupção
- como inevitável no capitalismo - constitui-se,
na condução da política democrática, fator
importante a ser combatido, mas não decisivo a se tornar fim em si mesmo. Demais, cumpre ao Estado democrático criar os
meios de combate-la e exercitá-los.
O discurso central do momento se situa no tema
Capitalismo ou Democracia, permeado
pelo crescimento. A discussão se
particulariza pelo confronto entre o Capital
liberalizado (sem regulação) que quer perpetuar-se e o Estado democrático, com a sua missão de manter os programas de
distribuição da renda, o atendimento dos programas sociais e a permanente
promoção dos interesses coletivos, na infraestrutura, sempre no seu interesse maior, visando a diminuição
da desigualdade. O Capital liberal desregulado, ao maximizar
seus lucros, tende a gerar a desigualdade pela acumulação da renda e a impedir
o crescimento.
A manutenção e
continuidade da atuação democrática do Estado se baseia nos meios financeiros (sobretudo
os impostos) que lhe são atribuídos e supostamente cobrados da sociedade e de todos os
contribuintes de maneira proporcional e democrática. A função do Estado democrático
dependente de sua atuação política e tendo como base de
seus recursos na sua quantificação e atribuição, à atuação parlamentar e à
composição político/partidária de sua
representação.
No Brasil, como de resto nos principais países
capitalistas os Estados vêm-se tornando Estados Devedores, cujos recursos são
insuficientes não só para o atendimento de sua governabilidade democrática como
também para a sustentação das dívidas que são obrigados a assumir, obrigando-se
a endividar-se cada vez mais. E o setor
do Capital financeiro se nutre dos títulos públicos da dívida soberana,
mantendo a crise que parece não ter solução à vista.
O dispêndio de energia dos
partidos ditos da esquerda ao se ligarem a temas marginais e estéreis – e à
mútuas agressões verbais – tem como efeito indireto apoiar a atuação do Capital
liberalizado. O endividamento e a
impossibilidade de o Estado taxar
devidamente as grandes fortunas e o ganho do Capital, operam de maneira a perpetuar
a desigualdade e gerar a pobreza.
Esse quadro, atualíssimo na nossa política,
não vem sendo bem focado nos setores da esquerda democrática – repita-se – posto
que estão mais interessados em discutir
a excelência do seu discurso teórico
estéril, sublimando a questão ética em termos subjetivos restritos,
divorciada da política. As ações visando
a manutenção da atuação democrática na promoção dos interesses populares (do
Estado Democrático) passam a ser esquecidos ou minimizados por esses setores.
A mídia na sua atuação política, vem exercendo
uma verdadeira censura ao não abordar a questão
por seu lado autêntico, dando munição às querelas entre aqueles setores
da esquerda, desviando-os de seu próprio interesse partidário.
VHCarmo.