sábado, 27 de dezembro de 2014

EEUU e CUBA - SIGNIFICADO GEOPOLÍTICO..



É notável a análise, que este escriba  abaixo transcreve, sobre o real significado da aproximação dos EE.UU com Cuba, assim um tanto inesperada, cuja importância, no entanto, ainda não foi bem avaliada. José Luiz Fiori vai ao âmago das suas razões geopolíticas. Ressalta a necessidade de o Brasil se inserir de modo eficiente no novo panorama que se  apresenta à América do Sul e ao Caribe para sustentar sua pretensão de liderança mundial e  hegemonia condizentes com seu tamanho e expressão cultural. 

Olhem só:


 José Luís Fiori, extraído da Carta Maior:

Geografia e estratégia 


A reaproximação entre Cuba e os EUA contém um paradoxo e uma lição geopolítica, sobretudo para os países que se propõem subir na escada internacional do poder.

“O Brasil terá que  descobrir um novo caminho de afirmação da sua liderança e do seu poder internacional, dentro e fora de sua zona de influência imediata. Um caminho  que não siga o mesmo roteiro das grandes potências do passado, e que não utilize a mesma arrogância e a mesma  violência que utilizaram os europeus e os norte-americanos para conquistar suas colônias e protetorados” 


J.L.Fiori, “História, Estratégia e Desenvolvimento. Para uma Geopolítica do Capitalismo”, Editora Boitempo, SP, 2014, p: 279.

A geografia teve um papel decisivo na formação e no desenvolvimento político e econômico da América do Sul.  Por um lado, ela permitiu e estimulou a formação de um região geopolítica e geoeconômica plana, homogênea, de alta fertilidade e de crescimento econômico quase contínuo na Bacia do Prata; mas, ao mesmo tempo, ela  impediu que os países e a economia do Prata – incluindo o Brasil – se expandissem na direção da Amazônia, do Caribe e do Pacífico.

No caso do Brasil, em particular, a topografia do seu território atrasou a sua própria interiorização demográfica e econômica, e enviesou os seus processos de urbanização, crescimento e internacionalização, na direção do Atlântico. A  Floresta Amazônica, com suas planícies tropicas de baixa fertilidade e alto custo de exploração, dificultou a sua própria ocupação, e bloqueou o caminho do Brasil  na direção da Venezuela, Guiana, Suriname, e Mar do Caribe. O Pantanal e o Chaco boliviano, com suas montanhas e florestas  tropicais limitaram a presença do Brasil nos territórios entre a  Guiana e a Bolívia; e  a Cordilheira dos Andes, com seus 8 mil km de extensão e 6.900 metros de altitude, obstruiu o acesso do Brasil ao Chile e ao Peru, e o que é ainda mais importante, ao Oceano Pacífico com todas as suas  conexões asiáticas.

Esta geografia extremamente difícil explica a existência de enormes espaços vazios dentro do território brasileiro e nas suas zonas fronteiriças, e sua escassa relação econômica com seus vizinhos, durante quase todo o século XX, quando o Brasil não conseguiu – nem mesmo – estabelecer um sistema eficiente de comunicação e integração bioceânica, como aconteceu com os Estados Unidos, já na segunda metade do século XIX, depois da sua conquista da Califórnia e do Oregon, que se transformou num passo decisivo do seu desenvolvimento econômico, e da projeção do poder global dos Estados Unidos.

Todas estas barreiras e dificuldades geográficas, entretanto, adquiriram uma nova dimensão e gravidade, no início do século XXI, graças:  i)  a transformação da China, do sudeste asiático, e da Bacia do Pacífico,  no espaço mais dinâmico da economia mundial; ii) sua transformação simultânea, e no tabuleiro geopolítico mais relevante para o futuro do sistema mundial no transcurso do século XXI; iii) a consequente, “chegada’  econômica da China ao continente sul-americano, e ao Caribe e América Central, sobretudo depois do anúncio da construção do novo Canal Interoceânico da Nicarágua, financiado e construído pelos chineses,  a um custo previsto de 40 bilhões de dólares; iv) a consequente revalorização geopolítica e geoeconômica do Caribe e da  América do Sul, como tabuleiros relevantes  da competição global entre os Estados Unidos e a China, e da competição regional destes dois países, com o Brasil.

Esta nova situação obriga o Brasil a redefinir ´inevitavelmente  -  sua estratégia, e o cálculo de custos do seu próprio projeto de integração regional, incluindo a ocupação dos “espaços vazios” da América do Sul, e da “conquista” do seu acesso ao Oceano Pacífico e ao Mar do Caribe. Este tem que ser o ponto de partida do debate sobre a Unasul e o Mercosul, e sobre o fortalecimento da soberania política e econômica do continente, incluindo, como é óbvio, os países sul-americanos da Aliança do Pacífico. Mas este ponto  é esquecido em geral pelos analistas, e é substituído por uma discussão sem fim sobre a “lucratividade” comercial ou financeira, do projeto e do processo da integração continental. Estes analistas não entendem ou não querem aceitar que se trata de um objetivo e de um processo que não pode ser avaliado apenas pelos seus resultados econômicos, porque envolve um jogo geopolítico e geoeconômico muito mais complexo e global.

Desta perspectiva, o recente reatamento das relações diplomáticas dos EUA com Cuba, explicita e aprofunda esta disputa pela supremacia regional. Foi uma vitória política indiscutível de Cuba e da América Latina, e também, do “internacionalismo liberal” de Barack Obama, que luta para sobreviver ao seu atropelamento pelo ultraconservadorismo dos republicanos, e de muitos dos seus próprios partidários democratas. Mas ao mesmo tempo, esta reaproximação é inseparável da expansão econômica chinesa no Caribe e na América Central, e do anúncio do novo “Canal da Nicarágua”, com 278 km de extensão, bem maior e mais complexo do que o Canal do Panamá, e com a obra programada para começar em dezembro de 2104. Uma disputa que começa no Mar do Caribe, mas se projeta e prolonga na luta pela liderança política, econômica e estratégica da América do Sul.

Neste sentido, a reaproximação entre Cuba e os EUA contém um paradoxo e uma lição geopolítica, sobretudo para os países que se propõem subir na escada internacional do poder e da riqueza:  uma vitória parcial, em qualquer tabuleiro do sistema provoca sempre o aparecimento de um novo desafio estratégico ainda mais complexo do que o anterior. Neste caso, foi uma vitória dos “povos latinos” e de certa maneira, da própria política externa brasileira, mas esta mesma vitória aumenta a urgência do Brasil abrir seus canais de comunicação e transporte com o Mar do Caribe e com  a Bacia do Pacífico, a qualquer preço, e por mais criticada que seja a rentabilidade econômica imediata do projeto.

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VHCarmo.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

DILMA - RESPOSTA AOS PESSIMISTAS...


Ao ler este extrato do discurso da Presidenta Dilma, em Itaguai, (abaixo) na inauguração do prédio principal do Estaleiro de Construção de Submarinos da Marinha do Brasil,  a gente pode compreender, ainda que indiretamente, a importância da sua reeleição para o país.

Assistimos durante o período eleitoral o discurso pessimista da oposição, baseado em afirmações sem conteúdo, ou seja, em veiculação de notícias de que o país estaria em crise e a nossa economia à beira do colapso.  Recurso espúrio para tentar impedir a reeleição de Dilma.

Embora aquele discurso não se baseasse  na realidade,  foi uma tentativa de instalar no país uma espécie de medo, induzido inclusive pela mídia golpista  que chegou ao terror de publicações catastróficas e criminosas que culminaram com a edição e capa da Revista Veja distribuída ao público na véspera do segundo turno das eleições ( a chamada bala de prata da Direita).

Este discurso, para o bom entendedor, chega ser uma resposta clara aos pessimistas, pois aponta para grandeza do nosso país e o futuro que nos reserva, afastada essa ameaça neoliberal da oposição.

Olhem só:

Há 21 meses atrás eu estive aqui para inaugurar a Ufem, a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas. Eu volto hoje aqui para celebrar a conclusão das obras do prédio principal do estaleiro de construção de submarinos. Essa unidade principal do prédio… que constitui a unidade principal, o prédio principal desse complexo de estaleiro de construção de submarinos, ela se constitui em mais um passo, mais um passo para fazer aqui o complexo naval de Itaguaí, um verdadeiro polo tecnológico, um polo industrial de imensa relevância para o nosso desenvolvimento, para o desenvolvimento do nosso país. Aqui neste estaleiro, como nós vimos pela apresentação daquele elemento, serão unidos as sessões cilíndricas dos submarinos construídas na Unidade de Fabricação de Estrutura Metálicas. Uma parte extremamente complexa da construção de submarinos terá origem justamente aqui, onde nós estamos. Porque aqui serão integrados os sistemas, e aqui será dado acabamento dos nossos submarinos com todos seus componentes: será instalado o reator, serão instalados os equipamentos de propulsão e isso será um elemento central desse processo. A grandiosidade deste prédio e deste equipamento, ela pode ser resumida em um único dado: nele será possível construir dois submarinos simultaneamente.


Nós chegamos aqui graças à dedicação e à competência da Marinha do Brasil na execução célere do Programa de Desenvolvimento dos Submarinos, na dedicação dos nossos trabalhadores, na expertise das empresas que produzem esses equipamentos no Brasil e na transferência de tecnologia que nós construímos nesta relação que desenvolvemos com a república francesa.


Em um futuro cada vez mais próximo, a força naval brasileira poderá escrever mais um feito na sua história: ter contribuído decisivamente para que a nossa nação, para que o nosso país integre o seleto grupo de cinco países integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas que dominam a tecnologia de construção de submarinos com propulsão nuclear.


Um projeto dessa envergadura exige recursos expressivos e tenho certeza que cada um centavo dos mais de R$ 28 bilhões que estamos investindo no Programa de Desenvolvimento de Submarinos valerá a pena. Aproveito para reafirmar a continuidade do meu apoio nos próximos quatro anos a esse esforço estratégico da Marinha do Brasil, que resultará, estou certa, em mais um passo na construção da prosperidade do nosso país.

(…)


Nossas fronteiras terrestres estão sendo consolidadas cada vez mais. Vivemos em paz e em cooperação com os nossos vizinhos há quase um século e meio. Isso demonstra um diferencial muito grande do Brasil. Somos uma das poucas regiões do mundo em que nós vivemos há mais de 150 anos em paz com os nossos vizinhos. Nossas relações com o mundo são pautadas pela defesa da paz como valor essencial entre as nações. Nós colaboramos sempre que demandados em forças internacionais de manutenção da paz sob a égide de organismos internacionais. O Brasil é, pois, um país pacífico e assim continuará. Isso, no entanto, não significa descuidar de nossa defesa ou abdicar da nossa capacidade dissuasória. Ao contrário, nossa capacidade de manter a paz será tanto maior, quanto mais bem equipadas estiverem nossas Forças Armadas e mais forte for nossa indústria de Defesa. Temos um patrimônio muito valioso a proteger e parte dele está em nossas águas jurisdicionais. A imensidão da Amazônia Azul guarda recursos decisivos para o desenvolvimento de nosso país como, por exemplo, as riquezas do pré-sal. É imprescindível, por isso, contar com uma Marinha moderna, bem equipada e com efetivos bem preparados para exercer seu papel constitucional de garantir a soberania de nosso país. Essa base naval, assim como os novos submarinos que serão construídos aqui na próxima década, fazem parte deste necessário e estratégico processo que significa a modernização de nossa Força Naval juntamente com as demais Forças Armadas. Há um segundo objetivo estratégico para os investimentos que estamos realizando aqui: fazer de nossa indústria da defesa um vetor de inovação, de incorporação tecnológica e de expansão da indústria do nosso país.


Nós aprendemos com os países desenvolvidos que o poder de compra do Estado e os projetos de modernização e reequipagem das Forças Armadas podem e devem ser instrumentos em favor do desenvolvimento industrial do nosso país. Aqui em Itaguaí, tendo a Marinha como ator decisivo deste processo, nós estamos fazendo exatamente isso. Nossa parceria estratégica com a França nos garante transferência de tecnologia e formação de profissionais qualificados. Nossos próprios esforços deverão assegurar a sustentabilidade desse processo. A exigência que colocamos de nacionalização crescente do processo produtivo fortalece nossas plantas industriais e eleva seu patamar tecnológico. A partir de uma demanda concreta de fortalecimento da capacidade de nossa Marinha, estamos produzindo mais tecnologia, mais inovação, mais desenvolvimento industrial e, sobretudo, mais empregos no Brasil. Porque produzir mais empregos no Brasil é um compromisso que devemos ter com a nossa população e com o nosso povo. Empregos de qualidade, empregos que nós queremos que cada vez mais contemplem a população brasileira. Dispomos, para isso também, de uma nova legislação, ou melhor dizendo, de novas legislações como a que garante o regime de tributação diferenciado para as indústrias de defesa, acessível às empresas estratégicas credenciadas junto ao Ministério de Defesa. Dispomos também de programas de estímulo à inovação e à parceria entre instituições de pesquisa e empresas, como é o caso do Inova Empresa e das plataformas de conhecimento. Ambos têm como prioridade, também, as indústrias de defesa. Estruturamos uma política que está nos permitindo ampliar os impactos dos investimentos em nossas Forças Armadas, a base naval de Itaguaí, a Ufem, a dinamização, a revitalização da nossa Nuclep, esse estaleiro e os submarinos são parte intrínseca da estratégia de desenvolvimento de nosso país.

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VHCarmo.

 

 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

AINDA O TERCEIRO TURNO DA MÍDIA,,,

 
A mídia faz tudo para desinformar e criar um ambiente contrário ao governo, agora  com levantamento de inexistentes irregularidades  no financiamento do campanha eleitoral da Presidente Dilma.  O partido dos Trabalhadores veio a público  rechaçar as insinuações numa nota (abaixo)  que deixa claro o que efetivamente ocorreu na eleição. 
É mais uma etapa do "terceiro turno" odioso comandado pela triste figura do Aécio Neves, cuja irregularidade do financiamento eleitoral evidentemente não interessa investigar àqueles que não se conformam com a derrota eleitoral e disseminam o ódio ao PT.  
 
Olhem só:
 
 
Nota à imprensa:

Em relação à divulgação do parecer da Assessoria Técnica do TSE que opina pela desaprovação das contas de campanha do PT, esclarece-se:
1) até o presente momento, não tivemos acesso ao parecer técnico elaborado pelo TSE;
2) os aspectos questionados são de natureza formal. Em nada questionam a lisura da arrecadação e das despesas. A campanha Dilma Rousseff seguiu rigorosamente a legislação vigente, os princípios éticos e a mais absoluta transparência, seja na arrecadação como na ordenação de despesas;
3) toda a arrecadação e gastos de campanha foram rigorosamente informados à Justiça Eleitoral, não havendo questionamento que subsista a uma verificação atenta dos 245 volumes de documentos apresentados. Grande parte dos questionamentos encontram suas respostas nos documentos apresentados ao próprio TSE;
4) as questões apontadas no parecer para justificar a desaprovação, conforme divulgadas pela imprensa, são meramente formais e estão relacionadas exclusivamente às datas de lançamento das prestações de contas parciais – gastos realizados em julho informados em agosto; gastos realizados em agosto informados na prestação de contas final – ou seja, questões que não comprometem a verificação integral das contas. Importante ressaltar que a prestação de contas seguiu rigorosamente a legislação em vigor;
5) deve-se salientar ainda que o rigor da Assessoria Técnica em relação às questões formais apontadas não encontra amparo legal nem na própria jurisprudência do TSE;
6) por fim, espera o Partido dos Trabalhadores e a Coligação “Com a força do povo” que o Tribunal Superior Eleitoral, em nome da segurança jurídica, não altere deliberada e casuisticamente sua orientação anteriormente firmada.
Coordenação Financeira da Campanha Dilma Rousseff”
Da Redação da Agência PT de Notícia  

 

VHCarmo.




terça-feira, 25 de novembro de 2014

GOLPE NUNCA MAIS....!


No momento em que alguns irresponsáveis e outros  inocentes úteis vão para ruas pedir golpe de Estado  é bom lembrar do regime militar de 1964 que infelicitou o nosso país, por cerca de 20 anos, deixando um rastro de destruição, torturas  e mortes.  É necessário combater essa gente , inclusive  enquadrando-os na lei e na Constituição que define como crime atentar  contra o regime democrático.

Olhem só: 

Ideli Salvatti: “O povo brasileiro jamais aceitará outro golpe de Estado”

publicado em 25 de novembro de 2014 às 15:04
Jango: a Exumação da História

Ideli Salvatti (*)

Em seu compromisso com a Democracia, o Brasil vem implementando medidas para garantir e promover os Direitos Humanos. Um dos principais eixos dessas ações é o resgate da memória e da verdade histórica do país, desvendando as graves violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura civil-militar iniciada com o Golpe de 1964.

É um desafio. Após meio século, a verdade histórica com frequência se encontra sepultada sob anos de desinformação e esquecimento forçado. É preciso exumá-la – literalmente, retirá-la do húmus, desenterrá-la, trazê-la à luz, como somente um regime democrático, marcado por sistemas de freios e contrapesos e ampla participação social em assuntos públicos, pode fazer.

Com esse objetivo, foram retomados neste ano os trabalhos de identificação das ossadas encontradas na Vala Clandestina de Perus e será divulgado o relatório final da Comissão Nacional da Verdade. São medidas fundamentais para que o povo brasileiro possa conhecer sua História – impedindo que regimes de exceção e arbítrio voltem a impor sua vontade sobre a dos cidadãos e cidadãs.

Também com o objetivo de trazer a história à luz foram exumados, em 2013, os restos mortais de João Goulart – deputado, ministro e Presidente da República deposto pelo Golpe de 1964. Além da necessidade de resgatar a verdade histórica, a exumação de Jango – único Chefe de Estado brasileiro a morrer no exílio – respondeu a pedido da família e a suspeitas que ele possa não ter morrido de causas naturais.

Para garantir a transparência e a independência das investigações, a perícia contou com a participação de renomados especialistas internacionais, além do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que tem larga experiência na área. E, para garantir o compromisso do Brasil com a preservação e o fortalecimento do Estado Democrático de Direito, o Congresso Nacional simbolicamente restituiu o mandato presidencial de Jango em dezembro passado.

Sempre soubemos das dificuldades técnicas de exumar e periciar os restos mortais de Jango, enterrado há 37 anos. Mas o resultado será anunciado nas próximas semanas e, seja qual for a conclusão, uma coisa é certa: após quase quatro décadas, a família Goulart e a sociedade brasileira terão uma resposta transparente e embasada sobre as circunstâncias da morte do ex-Presidente. Além de aplacar o sofrimento de quem até hoje não sabe como Jango se foi, tal resposta cumpre o dever do Estado Brasileiro de esclarecer a verdade sobre as sistemáticas violações que ocorreram no período de exceção.

A perícia sobre os restos de Jango poderá confirmar a tese da morte natural, indicar que o presidente foi assassinado ou mesmo ter resultado inconclusivo. Seja qual for o resultado imediato da investigação, entretanto, o resultado final do processo é certo: o fortalecimento da democracia e a reafirmação do direito que todo brasileiro e toda brasileira tem de conhecer sua própria história e a história de seu país.

Desta forma, o próprio processo investigatório sobre a morte de João Goulart, independentemente do resultado, resgata um capítulo da História do Brasil intencionalmente silenciado pela mordaça ditatorial. A esse capítulo se somam provas testemunhais e documentais de que ele foi monitorado enquanto vivia no exílio. E, enquanto os restos mortais do ex-Presidente podem ser reinumados, a verdade exumada permanecerá pública para sempre.

Essa é a vantagem e a força da democracia: permitir a aprendizagem e o constante aperfeiçoamento de instituições. Por isso, o povo brasileiro jamais aceitará outra ditadura. Por isso, o povo brasileiro jamais aceitará outro golpe de Estado.
 
(*) Ideli Salvatti é ministra dos Direitos Humanos

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A VITÓRIA ELEITORAL EM QUESTÃO....


                                                        A VITÓRIA ELEITORAL EM QUESTÃO


O significado da reeleição da Presidente Dilma, transcende à simples vitória eleitoral, uma vez que se travou no pleito uma   luta que tem, por um lado, a prevalência do capitalismo democrático do governo  e do outro a tentativa da reinstalação do capitalismo de mercado desregulado.

 Do primeiro lado, o do  governo, tem por base a inclusão social do povo pobre, as liberdades democráticas, a aceleração das obras de infraestrutura do país e a permanência das instituições populares democráticas,  mantidas na economia e na busca da diminuição constante da desigualdade.

O candidato da oposição sustentou e tinha como base de seu discurso a desregulação do Mercado e a exclusão dos mecanismos da intervenção regulatória na economia. Isso implicaria, como ele mesmo deixou claro, montar o Estado mínimo liberal, desnacionalizado com a reimplantação do neoliberalismo de FHC  de triste memória.

Aécio Neves trazia à sua ilharga ninguém menos do que o  economista Armínio Fraga, para futuro Ministro, que foi o antigo agente de Soros,  o maior especulador do mercado mundial.  Fraga foi o mesmo economista que no governo de Fernando Henrique presidia o Banco Central e a Fazenda  quando, por três vezes, o Brasil quebrou, atingiu os recordes de 45% dos juros Selic. e o maior índice de desemprego da nossa história moderna. Foi em sua gestão que o país rendeu-se ao FMI ao qual se socorria para fechar suas contas e que mantinha escritório em Brasília para monitorar a economia do país, cuja dívida externa orçava pelos 30 bilhões de dólares e cuja dívida interna de mais de 80% do PIB era dolarizada. As dívidas comprometiam a nossa soberania, cerceando nossa capacidade de decidir sobre a economia do país.

Os métodos usados para tentar mudar o rumo do nosso capitalismo democrático e social e de nossa economia, através do processo eleitoral ora findo, revestiu-se de ações criminosas com a ajuda da mídia golpista. O que fizeram não há necessidade de descrever aqui, as pessoas, de boa-fé e minimante informadas observaram a atuação dos Jornalões, das Revistas (com a Veja à frente) das televisões e seus noticiários. Foi um triste espetáculo desenvolvido sem a mais mínima ética e com estranhas manifestações de ódio partidário e discursos repassados de mentiras  e omissões.

O que pretendem os neoliberais?   Pretendem impor ao nosso país a “austeridade” para maximizar os lucros do Mercado com o sacrifício das classes mais pobres, dos operários e da classe média com o desemprego e o congelamento dos salários e pensões.  Isso foi feito na Europa e o Velho Mundo atravessa talvez a maior crise da sua história.  Os Estados Europeus mediterrâneos e os do Leste registram o maior desemprego e pobreza nos tempos modernos, os demais estagnaram-se.  Tudo para resgatar os bancos falidos e fazer lucrar o Mercado desregulado.  

Pergunta-se:  é isto que a gente quer?    Ou, o  que a gente queria?  Foi um pleito difícil, mas uma vitória muito importante, decisiva para o nosso futuro a  médio e longo prazo, bem como  a forma mais democrática de enfrentar a crise que assola o mundo capitalista, preservando a nossa democracia, implementando medidas de distribuição de renda, inclusão social e eliminação das desigualdades, mantendo o nível elevado do emprego..

A oposição, após a derrota, se aproxima perigosamente do jogo do  golpismo da mídia, num terceiro-turno antidemocrático que o país já não mais suporta.    Por aí se vê como agem os próceres dessa oposição (sempre com o FHC à frente), sem a menor grandeza política e ética, mergulhados num  mar de ódio antipopular  e  impatriótico.     Não lhes repugna lembrar dos negros tempos da ditadura militar e  parece deseja-los.

 É  importante refletir sobre tudo isto quando a mídia se esmera em pregar e incentivar a ruptura da legalidade, pois o que verdadeiramente  pretende é recolocar no comando do país os neoliberais e o Mercado desregulado, sem avaliar a perda da liberdade e da democracia.

VHCarmo.    

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

UMA TRISTE FIGURA - 2.

O  Aécio Neves, como este blogueiro escreveu - e não se arrepende de tê-lo feito - é uma triste figura.
 O neto do Tancredo não compreendeu o que representava  candidatar-se a Presidente do nosso  país  e contentou-se em ser emissário de ódio, da destruição de conceitos, da tentativa quase ingênua - se não fora odiosa - de destruir a contendora e, por fim, aliar-se a um dos maiores farsantes de nossa política, o FHC, desastrado "principe dos sociólogos", ajudante precioso para enterrar a seriedade do discurso da sua figura inexpressiva, incompatipilizando-o com o povão do nordeste. 
 Aécio teve muitos votos? teve, mas os votos, a rigor, não foram dele, mas da mídia  golpista que, ao mesmo tempo, ditou a sua incapacidade de veicular um discurso digno de pretendente a governar o nosso país.
A mídia perdeu por usar um mau autor e subestimar  os eleitores.   Talvez Aécio  fosse ouvido se revelasse estatura moral e política de pretendente ao cargo, senão com votos para vencer a eleição, mas com aqueles que lhe projetassem a figura de político à altura do cargo.        
 
Aécio Neves, triste figura,  ficou no ódio ao PT que  foi sua cruzada principal da qual se mostrou  portador  e nada mais o importou então  e ainda  parece que lhe guiam os passos após a derrota.  
Triste figura  volta ao Senado acompanhado de seu séquito, mesclado de claques bajulatórias   e golpistas, sem despir-se do ódio e da impressionante vontade de demolir o PT o que parece lhe obsecar.
 
Olhem só:
Um texto muito lúcido  sobre o  Aécio Neves,colhido no Blog do Luiz Nassif, transcrito abaixo:

 
 
Atualizado em 12/11/2014 - 13:09
Por Sérgio Saraiva
“E agora, José?”, inescapáveis os versos de Drummond, do mineiro Drummond. Como Shakespeare, universais, pois falam do homem que chegou a uma situação limite e tem, agora, de repensar sua vida. Inescapável relacioná-los com o momento atual de Aécio Neves.
E agora, José?
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, e agora, José?
Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho. Já não pode beber, já não pode fumar.
A noite esfriou, o dia não veio, não veio a utopia, e agora, José?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta. Quer morrer no mar, mas o mar secou. Quer ir para Minas, Minas não há mais.
José, e agora?
Aécio é um político nascido em Minas Gerais. É neto de Tancredo Neves que era um político mineiro. Nada os une, no entanto, enquanto políticos.
Lembro-me de memória algumas frases de Tancredo:
“Um louco não é um problema. Em Minas, há muitos loucos. Nascem loucos, são meninos louquinhos, crescem, casam, têm filhos e morrem. Sempre loucos. Um louco não é um problema. Um louco só é problema quando assume o poder."
“Um político, quando assume o Executivo, deve pensar duas vezes em tudo que faz. Até para descer da calçada deve ter cuidado. Pode escorregar e bater a cabeça, morrer e colocar o governo em uma situação de crise." Tristemente profético.
Esse era Tancredo, que, acima de mineiro, soube-se fazer um político brasileiro. Seus contrapontos, Brizola e Ulisses eram apaixonados. Quando o país esteve em crise institucional, soube ser a resposta institucional à crise. A solução ponderada. Seja com Jango, seja ao final da Ditadura. Sempre apresentou à nação ideias, uma alternativa, quando não um sonho, como solução aos impasses. O parlamentarismo e a “Nova República”, jamais buscou o confronto. A ideia, a solução ou o sonho eram seus argumentos.
Mas Aécio não foi formado para ser Tancredo. Sua carreira de político não passou pela forja da adversidade, da necessidade de sobreviver e manter a coerência e a integridade ideológica frente a um poder adversário maior e ameaçador. Desde o começo protegido pelo sobrenome, o que construiu, construiu em Minas. Fora de Minas, seu sobrenome não lhe bastou. Parecia ser um conciliador como o avô, seria apenas fraco. Quando não, indolente como os herdeiros da fortuna costumam ser.
Seu desafio não foi os dois mandatos de governador. Estava em Minas. Seu desafio foi o mandato de senador. O de se fazer uma liderança no Congresso. O pensamento conservador estava órfão em 2010. Hoje, têm muitos pais de caras feias e cinta na mão.
Era, então, ter voltado aos livros de economia, às bases do liberalismo americano, aos clássicos do pensamento econômico inglês. Era então, ter ouvido nossos conservadores. Eles estão aí, de Delfim a Bresser-Pereira, passando por Lembo. Era, então, ter formatado uma proposta alternativa a socialdemocracia encampada pelo PT. Haveria muito espaço e aceitação popular para a centro-direita em um país que passa, já há alguns anos, por viés conservador, inclusive nos costumes. Onde estão os fios-dentais das garotas de Ipanema? Só nos restou a deselegância discreta das meninas de Sampa.
Mas não, passou quatro anos exercendo a política do “besouro rola-bosta”. Nenhuma proposta, só acusações ao partido no poder. Falou dos outros, não falou de si. Tornou-se o anti-PT e não o pró-Aécio.
Na campanha, propriamente dita, cometeu o erro que nem Serra, nem Alckmin cometeram. Permitiu colar sua imagem a imagem de FHC. Trouxe imediatamente para a discussão a comparação dos governos Lula X FHC. Sua adversária era Dilma.
FHC é um buraco negro na política, uma enorme gravidade no centro do PSDB, suga toda a energia que está ao seu redor e não emite nenhuma luz.
A partir desse “pecado original”, não mais conduziu sua campanha. Foi conduzido, paradoxalmente, pelo PT. Aécio deve ao PT ter chegado ao 2º turno das eleições de 2014. Marina Silva foi destroçada pelo PT. O PT o escolheu, Aécio, como adversário.
No pós-eleição, cometeu seu “pecado capital” – a ira. Aliou-se aos loucos problemáticos. Permitiu sua imagem ser associada ao que não se curva a vontade das urnas, ao antidemocrático – ao golpismo.
Cuspindo na biografia do avô, recusou-se ao diálogo. Sua última esperança. Dilma fez-lhe passar o cavalo encilhado à porta. Ele não montou. Onde a prudência de quem desce da calçada cuidadosamente?
A noite esfriou, o dia não veio, não veio a utopia, e agora, José?
Agora? Agora a roda rodou e é Alckmin outra vez. Alckmin é o delfim da plutocracia paulista, é a sua cara.
Dezembro está logo aí, as festa de fim de ano, janeiro em férias de verão, o carnaval em fevereiro e a nova legislatura em 2015, a partir de março. O velho Senado com outros nomes.
E se Anastasia, agora, tão senador quanto Aécio, mas com fama de bom administrador e com uma trajetória vencedora, em seu primeiro discurso no plenário, trouxer uma proposta viável e independente? O que fazer com ele? Despacha-lo para BH?
O que ser agora, ser o Aloysio Nunes, fazer o serviço sujo? Já há Aloysio Nunes. E ser o que então, após o leviano dedo em riste?
Fora isso, Aécio é um problema pra a candidatura Alckmin. Será bombardeado pela grande imprensa sediada em São Paulo. Não poderá dar as costas a José Serra – seu escorpião desde sempre e agora no mesmo Senado que Aécio.
Quer ir para Minas, Minas não há mais.
Ser ele o candidato a prefeito em 2016, tentar o governo mineiro em 2018, conformar-se com o Senado? Viver a maldição do eterno retorno de Nietzsche? Um samba de Vanzolini para dar a volta por cima ou a única coisa a fazer é tocar um tango argentino de Manuel Bandeira?
Entre Tancredo e FHC. Na encruzilhada da vida, Aécio fez a escolha errada.
E agora, José?
Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?
Sozinho no escuro, qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José!
José, pra onde?

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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Aécio Neves: triste figura.


                       A triste figura de Aécio Neves.

Esperava-se de Aécio Neves uma postura de estadista em razão do posto que pretendera ao se candidatar à Presidência do Brasil.  No entanto o que se viu, no seu regresso ao Senado, foi uma triste figura, bradando um discurso,  além de medíocre, repassado de intolerância e mágoa disfarçada.

 Ao dizer-se, com ênfase exagerada e extemporânea, que cumprirá nova agenda de oposição, simplesmente deixa entender que vai partir para renovados ataques ao Governo,  como se oposição não fora a sua missão de chefe partidário e sabedor das regras da ética política.   Será que pretende mais do que lhe cabe neste posto?  Até que ponto?  Teria dado ouvidos ao discurso golpista de sua comitiva?

Ao se pronunciar sobre a proposta de diálogo da Presidente Dilma, o Senador gritou que imporá condições para isto.  Ora, diálogo sob condições que previamente se exige é algo incompreensível ou, então, não é diálogo o que pretende  o neto de Tancredo Neves. 

O que se esperava de um candidato derrotado era a exaltação do regime democrático, o reconhecimento da vitória da adversária e uma manifestação de respeito aos que nela votaram.  Não, aos microfones Aécio veiculou ameaças e, sem pejo,  declarou que sua derrota valia mais do que a vitória de Dilma que, segundo suas palavras: ela “ganhou perdendo”, enquanto ele “perdeu ganhando”.

Aécio se diminuiu.  Seu avô Tancredo, embora conservador, primava pela sua compostura ética e ocupou altos cargos na República com dignidade.   Onde estiver o velho Tancredo deve estar perplexo com a postura de seu neto.  Aliás, não só o avô, como uma galeria de políticos mineiros, vivos ou mortos entre eles JK, devem estar incomodados com a mediocridade do Candidato que fez aquelas declarações antiéticas e despropositadas num momento próprio para celebração política. 

Há outro aspecto que diminui também o Senador Aécio e pretenso estadista é ter utilizado e endossado, sem escrúpulos, as ações criminosas de uma certa mídia, encabeçada pela Revista Veja e a Rede Globo para tentar a vitória eleitoral.  Aécio usou até falsa pesquisa em seu último programa político para o mesmo objetivo.

Evidentemente estas atitudes o marcarão em outras disputas eleitorais, pois ele demonstrou ser um contendor sem princípios éticos.   Aliás, as declarações odiosos do Senador  não têm precedentes em ocasião como esta.

Espera-se que Aécio sendo ainda relativamente jovem possa se redimir como político e obter, quem sabe,  o reconhecimento do glorioso Estado de Minas Gerais que tantos políticos éticos promoveu na nossa República.

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VHCarmo.  

terça-feira, 4 de novembro de 2014

ENEM UMA CONQUISTA DOS JOVENS....


 O Enem é algo que representou uma grande e importante vitória no nosso sistema educacional, pois além de ser um caminho que conduz à valorização do curso médio, permitiu o acesso privilegiado as instâncias superiores da maioria de nossos jovens, provindos do ensino público e beneficiados pelos sistemas do mérito e das  cotas raciais. A adesão das universidades públicas (SISU) e privadas (ProUni) e dos cursos profissionalizantes (Promatec), financiamento (FIES) e  Ciência sem Fronteiras  é   de suma importância não só para a realização pessoal do jovem como  contribuição para a especialização profissional, essencial ao desenvolvimento do país.
De lembrar que a oposição encabeçada pelo PSDB  e seus próceres se posicionaram contra o programa que, apesar de tudo e contra a mídia, é hoje vitorioso.
Do Blog do Planauto – Olhem só:  

Quinta-feira, 30 de outubro de 2014 às 17:36


O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) registrou novo recorde no número de participantes. Em 2014, 8,7 milhões de estudantes se inscreveram, o que representa um aumento de 21,6% de em relação ao ano anterior. Desde 2009, ano em que foi reformulado e passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para ingresso no ensino superior, o número de participantes mais que dobrou. Naquele ano, foram 4,1 milhões de inscritos.

A região Norte foi a que teve maior aumento no número de inscritos, 27,36%, atingindo total de 950.245 participantes. Em seguida veio Centro-Oeste, com aumento de 24,49%, 772.658 participantes; e Nordeste, com 22,01% de aumento, 2.877.673 participantes.

O estado que mais cresceu em número de inscritos foi o Amapá. O crescimento foi de 48,64%, alcançando o total de 62.304 participantes. O segundo maior crescimento foi alcançado no Distrito Federal, 40,20% com total de 160.910 participantes; o terceiro, Goiás, com 37,25% e total de 268.856 participantes.

Mais de 70% são isentos da taxa de inscrição
Uma análise do perfil quanto a pagamento/isenção, revela que 57,17% (4,9 milhões) dos participantes neste ano são estudantes isentos da taxa de inscrição por motivo de carência comprovada. Outros 16,33% (1,4 milhão) receberam a isenção por terem cursado o ensino médio em escola pública. Os demais 26,48% (2,3 milhões) são pagantes.

Os estudantes que se autodeclararam negros são a maioria dos inscritos, cerca de 5 milhões, parcela de 57,91% do total. Os que se autodeclaram brancos são quase 3,3 milhões, parcela de 37,70% do total.

Na análise por gênero, estudantes do sexo feminino são a maioria, 5 milhões, o que representa 58,11% do total de inscritos. Os do sexo masculino são 3,6 milhões, participação de 41,88%.

Participação abre portas
O Enem foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica e, a partir disso, contribuir para a melhoria da qualidade do ensino.

Com a reformulação em 2009, o exame passou a contribuir ainda mais para a democratização das oportunidades de acesso às vagas oferecidas por Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas. Hoje, o Enem é requisito para seleção de alunos em 115 universidades federais, estaduais e institutos de tecnologia por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

A nota do candidato participante também abre portas para outros programas do governo federal, como o ProUni, que oferece bolsas de estudo parciais e integrais em IFES privadas. Uma boa média final pode garantir o acesso ao programa Ciência sem Fronteiras.

Além disso, o exame é pré-requisito para firmar contratos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Também serve como certificação de conclusão do Ensino Médio em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA). __________

VHCarmo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A recomendável parceria

Seja ou não candidato do PT para 2018, convém que Lula esteja mais presente na retaguarda da presidenta reeleita
por Mino Cartapublicado31/10/2014 10:47
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Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Lula e Dilma
A estreita parceria Dilma-Lula nos próximos quatro anos será garantia de êxito, a despeito das dificuldades previsíveis
Ao entrevistar a presidenta Dilma no domingo 19 de outubro, eu a percebi serena e firme, solitária, contudo, como que perdida naquele imenso Alvorada. Confesso que Brasília me assusta com seus cenários stalinistas-mussolinianos, fruto de uma arquitetura que repele o ser humano, de sorte a isolar cada um em perfeita solidão, mesmo sem dar-se conta deste triste destino.
Reencontrei a presidenta no vídeo, na noite do domingo seguinte, 26, a celebrar a vitória recém-conquistada. Desapareceu a impressão de uma semana antes. Firme, serena, e algo mais, decisivo: a consciência da liderança. E ouvi um discurso de estadista. Não pratico a retórica, apenas a sinceridade.

Muito me tocaram as duas referências emocionadas que do palco Dilma fez a Lula, cujo desempenho na fase final da campanha foi determinante. Creio que a estreita parceria Dilma-Lula nos próximos quatro anos será garantia de êxito, a despeito das dificuldades previsíveis, ao menos na primeira metade do segundo mandato. Geradas tanto pela crise internacional quanto pela situação interna.
Desde a eleição de 2010 até hoje, a discrição do criador em relação à criatura ficou patente aos olhos de todos. Como se o antecessor quisesse deixar a ribalta toda para a sucessora. Não é por acaso que, a partir de 2011, Lula não comparece às festas anuais de CartaCapital, bem como de muitos outros eventos nos quais Dilma surge como personagem principal.
Neste segundo mandato da presidenta, tendo a imaginar que as coisas mudem, a permitir que o extraordinário talento político do ex-presidente aproveite ao previsível empenho na recuperação dos esquecidos e ainda atuais ideais petistas e, em geral, na prática do diálogo proposto por Dilma. Abertura em todas as direções, em busca de um consenso o mais amplo possível.
Minhas dúvidas dizem respeito ao fanatismo do Apocalipse que se estabeleceu nos mais diversos recantos oposicionistas com o apoio frenético da mídia nativa, entregue, até o último instante, à manobra golpista. Esta animosidade feroz conspirou contra a razão, com o nítido resultado de precipitar um tsunami de mentiras e sandices já bem antes do início da campanha eleitoral.
Nunca imaginei que lá pelas tantas recordaria o professor Alexandre Correia. Da boca dele ouvi o ditame intransponível do direito da sua especialidade, o romano: in dubio pro reo. Não há acusação alguma de todas as formuladas pela oposição contra o governo, amparada em provas, inclusive aquelas surgidas das delações premiadas. Trata-se de um processo em andamento com desfecho previsível a médio ou longo prazo. O professor Alexandre, bianco per antico pelo, como diria Dante, ficaria pasmo. E este é apenas um dos exemplos da delirante precipitação oposicionista, alimentada, sobretudo, pelo ódio de classe.

Temo aqui um possível complicador para a ação de um governo que propõe não somente o diálogo, mas também a participação popular por vias diretas. Tudo quanto favorece a democracia apavora a casa-grande. De todo modo, é também por sua capacidade de mediação que Lula é importante na busca da aproximação aos habitantes da área do privilégio. O ex-presidente tem uma tradição como conciliador de interesses aparentemente díspares que vai desde a presidência do sindicato até a Presidência da República.
Não sei se Lula, ao contrário do que divulga impávido um jornalão, pretende ser candidato em 2018. Soa hoje como solução natural e ideal para o PT. Resta ver se ele quer, e como decorrerão os próximos quatro anos. Seria este, em todo caso, um excelente motivo para que Lula estivesse mais presente na retaguarda da presidenta reeleita.
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