A
começar pelo número de participantes das manifestações, transformadas pela mídia
em “protesto contra o governo” e “protesto contra Dilma’’, instalou-se uma
dúvida: haveria mesmo mais de um milhão de pessoas na manifestação em São Paulo
– capital? A Folha, através de sua
agência, afirmou ser de 210 mil os manifestantes. A diferença, por mais que se a conteste,
estabelece esta diferença a ser oposta ao exagerado da publicação dos jornalões
não só no dia seguinte como ao fim do tal protesto. Mas o que ficou evidente na pesquisa feita
pela Data-folha foi a presença em maioria daqueles que votaram em Aécio Neves.
Por outro lado, leve-se em conta que a agência pesquisadora, em se tratando de matéria que envolve o governo,
não merece toda a credibilidade.
Os
segundo e terceiro colégios eleitorais dos Estados de Minas e Rio de
Janeiro, tiveram uma presença pouco relevantes e sequer se mencionou nos
noticiários o seu tamanho, inchado ou não, sendo significativo que nesses
Estados a Presidente Dilma venceu as
eleições. No restante do país não houve também uma presença fora da normalidade
dessas manifestações.
A
mídia, encabeçada pela Globo, chegou
a 2 milhões de pessoas e fez a
manifestação comparar-se, marotamente, as Direta Já.
Mas, ainda, o Data-folha colheu no desfile uma
maioria absoluta que dizia manifestar-se contra a corrupção, sobrando uma
minoria em torno de 23% que protestavam contra Dilma. Eram, pois, os
inconformados com a derrota eleitoral. O
sonhado terceiro-turno que se vai impossibilitando.
O
impedimento de Dilma, ou seja, o Fora Dilma, não foi o reclamo maior dos
participantes.
A
questão que transparece é que a mídia incentiva e continua incentivando,
criminosamente, uma ruptura da legalidade
democrática, repetindo o seu passado golpista.
Há
alguns significados que ressurgiram das manifestações. O primeiro deles é a informação veiculada sem
nenhuma base probante, sobre a existência de uma crise no país e de caráter
grave. A veiculação da existência da
crise lhes dispensa qualquer análise. Ela existe e pronto, provar o quê? A mídia se
escusa de explicar.
Ora, o Brasil, ao contrário, da generalidade dos
países mais importantes do capitalismo, é, sem dúvida, dos que ostentam atualmente a maior estabilidade
de seus fundamentos econômicos, cujo governo mantém o
controle.
A
começar pelo emprego e a renda o país convive com índices absolutamente estáveis,
principalmente no nível do emprego. A renda do trabalho em termos médios vem
aumentando e a dívida interna do país nos níveis mais baixos da nossa história
está próxima a 35% do PIB sem a sua dolarização, fator essencial para o controle
do câmbio e dos juros. É sabido que o
nível da dívida interna em moeda local, enseja o exercício da
soberania.
Demais, a situação privilegiada das reservas do
Tesouro, em cerca de 380 bilhões de dólares, acrescida de mais 18 bilhões em
empréstimo ao FMI formam um colchão a garantir políticas econômicas tanto no
nível interno como no comércio externo. É de lembrar que sequer se falava em
crise no passado quando não tínhamos reservas sequer para financiar as
exportações, financiamento mediante escorchantes empréstimos ao FMI. A mídia escondia tudo em prol da política
neoliberal seguida pelo governo de então. Recusado um destes empréstimos pelo
FMI o Brasil foi humilhantemente socorrido pelo de tesouro americano. Foram três
quebras
Note-se que o noticiário atual acena falsamente para um quadro tenebroso de crise
que, a rigor, não vem se cumprindo no Brasil. Data de mais de dois anos de
previsões catastróficas que cada vez mais se exagera e não chega nunca.
Os países
europeus e os EEUU, centro do capitalismo, debatem-se em grave crise desde os
fins do ano de 2007 e ainda não encontraram um caminho para sair dela. A crise desses países se abatem sobre as
populações mais pobres e sobre os trabalhadores e imigrantes. Tudo é do
conhecimento geral, mas a nossa mídia, não mostra e não comenta, como forma de
manter o seu discurso interno de terror contra o governo e o país.
É
claro que aqui não se banha em mar de rosas, não. Mas, alguns ajustes há que se fazer para
manter os fundamentos da economia sob controle, sem sacrifício dos programas sociais e do
nível de emprego, sujeito contudo a sazonalidade, mas com a manutenção de
índices baixos. Por outro lado, há que
se manter também a valorização do salário mínimo (a legislação foi mantida pelo
Congresso) e a do salário médio do trabalhador que vem gradativamente subindo.
A
mídia tem-se encarregado de produzir terror e medo com uma análise distorcida
dos fatos. É claro que na nossa cultura a mídia tem uma enorme força de
convencimento, principalmente, nos extratos superiores de nossa classe média, fator que produz uma
insatisfação generalizada nesse meio mesmo que a situação pessoal demonstre o
contrário. É inegável que esses
setores, talvez em maior parte, têm sido
os mais beneficiados , direta ou indiretamente, dos programas sociais, elevando a níveis apreciáveis o seu consumo conspícuo, propiciando um turismo
nacional e internacional. Ora, são
esses extratos os que se manifestam contra a situação e embarcam no discurso da
crise e, tudo, de uma maneira difusa, sem comando de instituições que os
promova.
Uma singela olhada nos vídeos das manifestações do
dia 15 de março e lá se verá a sua cara, as suas vestes, a sofisticação de seus
reclamos. Comparados aos vídeos das
manifestações do 13, das quais a mídia pouco noticiou e que apoiavam o
governo e não o Fora Dilma, lá se encontrava o povão, vindos dos
movimentos sociais, das favelas, do sindicatos, de universitários (UNE),
incluídos setores de advogados (OAB) e artistas populares,
multicoloridos.
Por fim, vê-se que a nossa mídia, perdidas as
eleições, faz um perigoso jogo do “tudo ou nada” para desestabilizar o país,
incendiar a classe média, apontando o caminho para desestabilização criminosa e
para o suicídio político...
VHCarmo.
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