sexta-feira, 29 de julho de 2011

As ferrovias...

        O nosso problema crônico de transportes, desde que se removeram os trilhos das estradaas de ferro que cruzavam, mal ou bem o país, pouco ou nada se fazia nesse setor.  É entusiasmante o que vem sendo feito. Este escriba reproduz o texto abaixo, retirado do Blog do Zé.   É bom tomar conhecimento:





                                       Trens a todo vapor

                                   Publicado em 28-Jul-2011
Produção nacional acelera-se para suprir demanda das cidades...
O Brasil está mudando. A necessidade crescente das médias e grandes cidades por soluções que melhorem a mobilidade urbana está mobilizando a indústria ferroviária no Brasil. Nos últimos dez anos, a produção de locomotivas cresceu significativamente. Segundo estatísticas da entidade que representa o setor, a ABIFER, enquanto em 2000, a produção nacional limitou-se a uma unidade, em 2010, a indústria nacional fabricou 68 locomotivas – volume que não se via desde o final da década de 70.
Também, a produção de vagões acompanhou o forte ritmo de crescimento. Saiu de 1.238 unidades há uma década para 3.261. No caso dos vagões de passageiros, a evolução foi de 62 para 430 (confira mais dados aqui). A ABIFER estima, ainda, que as indústrias devam investir, no mínimo, R$ 240 milhões até 2013, incluindo novas fábricas e tecnologias.
De acordo com seu presidente, Vicente Abate, em Sete Lagoas (MG), a Progress Rail Services (subsidiária da Caterpillar) construirá uma fábrica de locomotivas diesel-elétricas. Ela poderá gerar 600 empregos na região. Em Araraquara (SP), outra fábrica de trens está programada e se dará a partir de uma joint venture entre a japonesa Hitachi e a brasileira Iesa (grupo Inepar).

Novas fábricas.

Outra empresa que também construiu sua fábrica de trens no Brasil é a espanhola Construções e Auxiliar de Ferrovias (CAF). O empreendimento localiza-se Hortolândia (SP) e já foram investidos cerca de R$ 200 milhões na unidade. Além disso, a espanhola teria acabado de assinar um contrato com o Metrô de São Paulo, de R$ 615 milhões, para a fabricação de 26 trens da Linha 5 Lilás.

Os investimentos em transportes de massa não se dão apenas por conta da Copa do Mundo ou das Olimpíadas. Eles atendem, sobretudo, à saturação da atual estrutura de transporte no país - ainda apoiada nos ônibus. Estão previstos novos trens, veículos leves sobre trilhos (VLTs) e ampliação de metrôs.

Poesia (sutil).

Jogos florais.

Cacaso

I

Minha terra tem palmeiras

onde canta o tico-tico.

Enquanto isso o sabiá

vive comendo o meu fubá.



Ficou moderno o Brasil

ficou moderno o milagre:

a água já não vira vinho

vira direto vinagre.

II

Minha terra tem Palmares

memória cala-te já.

Peço licença poética

Belém capital  Pará.



Bem, meus prezados senhores

dado ao avançado da hora

errata e efeitos do vinho

o poeta sai de fininho.


(será mesmo com dois esses
que se escreve paçarinho?).

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                          Estes versos, de uma forma sutil, driblaram a censura naqueles  tempos tenebrosos.
VHCarmo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Um resumo da entrevista da Presidente Dilma (para quem não leu),

                           Para quem não teve a oportunidade de ler a entrevista da nossa Presidente, este escriba transcreve, abaixo, um resumo. O pronunciamento é ilustrativo e revela a intensa atividade governamental e a lucidez da nossa mandatária na análise dos problemas que enfrenta seu governo e as suas realizações; fatos e notícias que, às vezes, não chegam ao cidadão comum. A entrevista foi muito esclarecedora.
                                                   Vejamos:



Presidenta Dilma: Não queremos inflação sob controle com crescimento zero.

                                Em conversa que durou 1:30 h com repórteres de cinco grandes jornais brasileiros a presidenta Dilma Rousseff explicou as políticas de seu governo, as razões e a estratégia que a levaram a manter o crescimento e convergir a inflação para o centro da meta ate 2012. "Estamos criando um quadro para a inflação sob controle", assinalou, demonstrando, também, sua determinação de manter "a economia crescendo de forma consistente".

                                   Seguem abaixo os principais pontos da entrevista conforme publicado em O Globo no sábado dia 23/07:

■ Controle da inflação:
“Uma política de curto prazo (para derrubar a inflação) teria um efeito desastroso. O de derrubar a economia. Não queremos inflação sob controle com crescimento zero. Esse seria o pior dos mundos. O que já ocorreu no passado.Espero chegar ao centro da meta o mais rápido possível. Estamos fazendo o chamado pouso suave. Combatemos a inflação, mas com taxa de emprego adequadas ao país.”
“O superávit primário, nós cumprimos acima da meta. Até maio, a administração centralizada fez um superávit de 45,5% para uma meta de 81,7%. Fizemos mais da metade em cinco meses.”
■ Crise Mundial

“Monitoramos todas as hipóteses (de desdobramentos da crise européia e da situação americana). Quando percebermos quaisquer ameaças ao país, nós tomaremos medidas duras.”
“Você acha que podemos fazer alguma coisa? Não dá. Pois não sabemos se de fato eles estão brincando à beira do abismo ou se eles já conseguiram criar uma rede de proteção. Veja, por exemplo, os Estados Unidos e o debate sobre o teto do endividamento americano. Nunca se sabe até que ponto vai a irracionalidade política. O momento é de muito pouca clareza no mundo.”

■ O calote “organizado” da Grécia.

“Tem que ser feito. Não tem jeito.”

■ Crise do Ministério dos Transportes

“Sairão todos os diretores do Dnit e da Valec. Estamos fazendo uma renovação. Todos sairão. Mas não tem nenhuma análise de valor sobre eles (os demitidos).
“Não sei em que  baseadas; em que elemento as pessoas fazem esta avaliação (a de que a presidente está queimando a gordura que lhe foi deixada pelo ex-presidente Lula).”
“Não vejo como mediadas necessárias na administração (prejudiquem a relação do governo com a base). É uma tentativa de criar uma crise onde não existe.”
“Não podemos demonizar a política. O deputado tem direito a lutar para que recursos sejam investidos na sua base eleitoral. Essa relação é democrática, não tem nada de errado.”
“Cansei de receber juntos governadores de estados mais pobres acompanhados das bancadas de oposição e situação, unidos em defesa de recursos para determinados projetos. Eu não posso olhar e demonizar essa relação. Mas tem relação que não é correta. Mas tem relação que não é correta. De qualquer forma temos que ter cuidado, porque tem gente inocente. No caso do Ministério dos Transportes, optamos por uma modificação geral.”

■As mudanças no DNIT

“A renovação é oportuna. Só posso mandar os nomes dos futuros diretores em agosto, quando o Senado volta a funcionar, porque ele tem que aprovar os novos dirigentes. Pretendo fazer isso nos primeiros dias de agosto, porque eu preciso. Porque o órgão não pode parar. Preciso tocar (as obras).”

■ Lei de acesso aos documentos oficiais secretos

“Os Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores estão de acordo com a proposta que foi aprovada na Câmara e está para ser votada no Senado. Eles amadureceram para essa posição. Queremos que as pessoas que não têm essa compreensão passem a ter. As duas pastas estão com a tarefa de conversar com os senadores Fernando Collor e José Sarney (PMDB-AP) (ambos têm restrição à regra de que os documentos serão secretos por 25 anos com uma prorrogação de mais 25). As questões relacionadas aos direitos humanos não terão qualquer sigilo. As que se referem à proteção ao conhecimento tecnológico não são objeto desta legislação.”

■ Documentos secretos

“Na Casa Civil enviei oficio para todos os arquivos do governo pedindo informações sobre o período da ditadura. Recebi muita coisa. Mas fui informada também, por muitos órgãos, que os documentos tinham sido queimados. Então pedi a prova. O auto de infração, onde dizia quem deu a ordem, quem executou e em que data. Os documentos não eram sigilosos e foram queimados todos. Fiquei cinco anos atrás desses documentos. Minha impressão é a de que eles não foram destruídos agora (no Governo Lula) nem no do presidente FHC. Foram destruídos antes.


■ Política industrial

“Vamos lançar um Programa de Inovação do Brasil, o PIB. No dia 2 de agosto anunciaremos medidas de incentivo à exportação de manufaturados; e, no dia 9, de melhorias na legislação do Super Simples. (...) A desoneração da folha (de pagamento das empresas) vai na seqüência. Temos que ver se há espaço fiscal.”

■ Bolsas de estudo

“ Gostaria de chamar a atenção de vocês. Dentro do Pronatec há o Brasil Sem Fronteiras. Vamos oferecer 75 mil bolsas de estudo nas 30 melhores universidades do mundo. Elas serão para graduados, pós-graduados e pós-doutores nas áreas de Engenharia, Matemática, Biologia, Física, Química e de Ciências Médicas. Nós temos um “gap” entre o que nós somos e que o mundo é. (...) na semana que vem, quando reunirmos o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o CDES, vou propor aos empresários que eles financiem mais 25 mil bolsas de estudo no exterior. Se der certo, vamos estar formando cem mil no exterior. (...) Além disso, temos hoje uma realidade em que estão sobrando cérebros desempregados nos Estados Unidos e na Europa. O neurocirurgião Miguel Nicolelis me contou que há quase quatro mil engenheiros da NASA desempregados nos Estados Unidos. Já conversei com o Ministro Haddad (Educação) que temos que oferecer uma careira nas universidades para esses profissionais. Não vamos tirar vaga de nenhum professor universitário. Vamos oferecer a eles um contrato temporário de cinco anos, renovável por mais cinco anos. Estamso formatando este programa, que poderá significar um investimento entre R$2 e R$3 bilhões”.

■ Bolsa Verde

“Nas áreas de proteção ambiental, não tem outra saída. Vamos ter que pagar para os proprietários de terra, que têm como única fonte a derrubada da mata, proteger as árvores. Estamos pensando pagar algo entre R$200 e R$545.”
“Temos que proteger a água também. Vamos criar o Água para Todos. Será um espécie de Luz para Todos do governo Lula, voltado para o semiárido. Trabalhamos com uma estimativa de 750 mil proprietários.”


■ Trem Bala

“Estamos preocupados em garantir competitividade nas licitações. Vocês conhecem o trem-bala que liga Tóquio a Osaka, no Japão? Este transporte é o ideal para ligar grandes populações, por um trajeto entre 500Km a 800Km, como as de São Paulo e do Rio. É nossa obrigação. É inviável o transporte de passageiros por avião entre essas duas cidades. O trem-bala vai promover a desconcentração populacional dessas duas megacidades. E vai criar uma valorização imobiliária ao longo de seu trajeto.
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 VHCarmo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Crise nos EEU e Europa: como fica o Brasil?

               Essa curta entrevista do Secretário de Política Econômica, Marcio Holland no Estadão,  que vai transcrita abaixo, esclarece de modo singelo e sem complicações do economês, as implicações da crise dos paises centrais do capitalismo - EEUU e Europa - e a economia brasileira bem como a condução do problema por nosso governo.
                 Trata-se, como se vê, de análise baseada em fatos e ressalta aquilo que a gente sabe e que alguns comentaristas não consideram ao analisar a conjuntura de crise e o Brasil, tais como o investimento no crescimento, particularmente na infraestrtura, e o que representa o consumo interno.

                   É bom ler e refletir:

                                       ' 'Mercado interno dá segurança ao Brasil''


Fernando Dantas - O Estado de S.Paulo (domingo, 24 de julho)

                          Brasil está pronto para lidar com um eventual agravamento da situação econômica internacional, garante Márcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Ele diz que o Brasil está bem preparado para crescer a partir do mercado doméstico, não só de consumo, mas também de investimento, com diversos empreendimentos, em diferentes setores "esparramados" pelo País. Confiante de que a taxa de investimentos sairá dos atuais 19% do PIB para 23% em 2015, Holland nota que o governo tem políticas para expandir o investimento público, estimular o privado e alongar o mercado de financiamento privado. A seguir, a entrevista:

Como o sr. vê o agravamento do quadro internacional?

O quadro pós grande crise financeira é o previsto nos chamados modelos de crises financeiras centrais. Não me surpreende a fragilidade de recuperação das economias centrais, dada a gravidade da crise.

Mas o risco de não elevação do teto do endividamento americano não é uma grande ameaça?

A nossa visão sobre esse problema é a que não dá para visualizar um cenário em que o Congresso não aprove o deslocamento do teto. A probabilidade de uma suspensão de pagamentos pelos Estados Unidos tende a zero, e alguém até disse que nem deveria existir essa probabilidade, considerando que o dólar é a moeda central e reserva de valor, e os EUA são a principal economia do mundo.

E qual a sua opinião sobre a crise na Europa?

Estou mais preocupado com a Europa do que com os Estados Unidos. Na Europa, há uma combinação de fatores complicados: estado de bem-estar que está sendo removido, sistema previdenciário extremamente generoso sendo colocado em dúvida, população envelhecida. Com países como a Grécia, que deve estar a caminho de um default (suspensão de pagamentos), é mais complexo, pois se trata de uma área monetária. Os países têm limites para fazer política fiscal, perderam a política monetária local e não têm política cambial, o que os Estados Unidos têm. A margem para sair da situação é menor.

O Brasil está preparado para lidar com uma conjuntura internacional pior?

O Brasil sobreviveu muito bem ao olho do furacão da crise financeira internacional em 2008. De lá para cá, o País descobriu uma capacidade de crescer pelo mercado doméstico e, eu vou enfatizar, não é só mercado de consumo de massa, é mercado de investimento produtivo. Isso sustenta muito a capacidade de o Brasil continuar crescendo e gerar emprego no futuro próximo até essa equação internacional se resolver. Hoje nós temos um mercado doméstico para investimento e para consumo muito amplo, muito diversificado e muito esparramado pelo País. Tem projetos de energia, desde os hidrelétricos até os de petróleo, projetos de investimento em construção civil, de bens de capital, entre outros, esparramados por todo o Brasil, e isso deve dar um fôlego muito grande para a economia brasileira se sair muito bem nessa travessia.

Os investimentos no Brasil ainda não são muito baixos?

Hoje a taxa de investimento está em 19% do PIB e nossa projeção é chegar a 23,2% em 2015. Não só acreditamos nisso, como o governo está fazendo um conjunto de esforços para que isso aconteça, com foco na expansão das taxas de investimento público, no estímulo ao investimento privado e ao mercado de crédito privado de longo prazo, e políticas de competitividade. Em 2005, o governo colocou em pauta, com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), uma agenda de crescimento e começamos a deslocar a taxa de crescimento do Brasil de 2,5%, de 1990 a 2002, para 3,5%, no primeiro ano do governo Lula, e 4,5% no segundo. O Brasil aumentou a formalização do mercado de trabalho, criou 15 milhões de novos empregos. Gosto de usar a expressão do Delfim Neto, de que isso é um movimento civilizatório.

O sr. poderia detalhar as medidas de estímulo ao investimento?

Não vou fazer comentários sobre o que não foi divulgado. Do que já saiu, há, por exemplo, a medida provisória 517, que dá incentivo à expansão do mercado de debêntures no Brasil. Tem as Letras Financeiras, que estão se desenvolvendo muito bem. E há um conjunto de medidas para incentivar o mercado privado de longo prazo. O Brasil se saiu muito bem, gerando excepcional mercado de crédito para consumo. E tem a capacidade de fazer o mesmo para o investimento.

E a inflação, preocupa?

Há o preço de commodities, uma pressão mundial, mas, na verdade, a inflação global tem várias causas. Uma delas, inclusive, é o que chamo de efeito China reverso. Nos anos 90, a inflação caiu muito no mundo, em parte por conta do efeito positivo vindo da China. A China se tornava a principal fábrica do mundo com mão de obra muito barata. Em 2011, a China é a fábrica do mundo com uma mão de obra bem mais cara do que nos anos 90. O mercado de trabalho e de consumo já pressionam e fazem a China ter inflação relativamente alta, rodando a 5,5%, ou algo nessa faixa. Os países emergentes e em desenvolvimento estão rodando 2011 com a taxa de inflação média de 6,87%, comparado a 5,86% em 2005. Se você tirasse essa inflação mundial, provavelmente a inflação brasileira estaria correndo dentro do centro da meta. Então é preciso ter tranquilidade.

E a previsão de que a taxa de juro real cairia para 2% ao fim do mandato de Dilma Rousseff?

Um dos desafios que nós temos certamente ainda é a persistente e elevada taxa real de juros. E que certamente tem efeitos sobre a economia, um custo fiscal alto, e atrai fluxos de capitais. Mas a taxa real de juros no Brasil estava em clara tendência de convergência. Mesmo antes de vir para o governo, em artigos acadêmicos, eu já afirmava isso. Essa alta da taxa de juros agora, para mim, é meramente transitória. O Brasil vai caminhar novamente rumo à tendência de convergência, provavelmente a partir de 2012. Agora, não vou falar num número, porque não existe meta de taxa de juros.

O câmbio valorizado é outro problema apontado frequentemente.

A taxa de câmbio é uma variável que engana todos nós economistas. Todo mundo acha que o câmbio está fora do lugar, mas ninguém sabe onde deve estar. É extremamente complexo. Mas estamos vivendo um contexto internacional de curto ou médio prazo. Tão logo se normalizem os juros americanos, tão logo se ajustem as economias europeias, essa pressão de fluxos de capital para o Brasil vai cair um pouco, e com ela a pressão sobre o câmbio. E a taxa de juros no Brasil vai recomeçar a convergir.
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VHCarmo.






quinta-feira, 21 de julho de 2011

Uma poema e a vida...

CASAMENTO 
Adélia Prado


Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez enquando os cotovelos se esbarram.
ele fala coisas como "este foi dificil
prateou no ar dando rabanadas"
e   faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
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VHCarmo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Brasil e sua projeção internacional ...

                          A análise contida nesse texto,  que este escriba transcreve aí abaixo, mostra significativamente o que é importante saber em relação ao novo tempo que vive o nosso país em suas relações internacionais.
                            Quando a velha Europa e o império americano estão mergulhados numa crise que é sistêmica e com reflexos sobre a sua liderança no mundo, o Brasil, com a gestão do Partido dos Trabalhadores, vem a ocupar um lugar de destaque, sem dúvida, por força do seu crescimento econômico e pela clara visão de que, aos poucos, nos vamos livrando do neoliberalismo interno, em que pese às forças contrárias.
                            
                             É sem dúvida um texto sério e uma análise bem fundamentada e informativa; vejamos:

                       

Publicado em 18/07/2011

Por Virginia Toledo
Fonte Rede Brasil Atual, em 17/7/2011 [2]

                            São Paulo - Cadeira no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas (ONU), protagonismo nas resoluções de assuntos internacionais, barreiras protecionistas e liberdade comercial estão entre os assuntos que envolvem o Brasil nos meios acadêmicos dos EUA. O envolvimento vem com certa dose de preocupação dos americanos, por estarem convencidos do avanço do Brasil como potência global.
                             "O Brasil construiu uma política externa do tamanho do país, o que não era feito antes de 2002. A política externa brasileira adequou o país à sua capacidade de projeção internacional. Tanto do ponto de vista econômico, quanto o político", defende André Reis da Silva, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
                              A sinalização de que o Brasil vem ascendendo no cenário mundial, mesmo que por muitas vezes em meio a atritos com o próprio Estados Unidos, foi sustentada após a publicação de um estudo cujo título afirmava que os americanos devem desenvolver uma parceria mais madura e forte com o Brasil. Trinta especialistas assinaram o texto na publicação "Council on Foreign Relations (CFR)".
                            O texto destacou, entre outros pontos da política bilateral entre os dois países, a necessidade de reconhecer o Brasil como um ator internacional cuja influência nas questões mundiais só deve aumentar. Evidenciou, também, a recomendação ao presidente Barack Obama em apoiar a candidatura do Brasil a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e o peso de decisões brasileiras em conflitos internacionais, principalmente os relacionados aos direitos humanos.
                          Cristina Soreanu Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), considera o documento importante, sob a ótica do governo dos Estados Unidos. Apesar de não poder ser entendido como posição consensual dentro da lógica da política externa americana, a publicação é, de fato, relevante para a Casa Branca e para o Departamento de Estado americano.
                            "Dentro do governo americano, têm-se grupos que são mais simpatizantes ao reconhecimento do poder do Brasil, como também aqueles que não veem com bons olhos essa questão da multipolaridade. Ou seja, essa posição existe, porém com intensidade diferente entre alguns setores", destaca a professora.

Conselho de Segurança

                          Assim como foi levantado no texto da publicação Council on Foreing Relations (CFR), o apoio ao Brasil por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU recebe crescente apoio, mas ainda enfrenta resistências dentro do território americano.
                         Para André Reis da Silva, não há possibilidade de se fazer uma reforma do conselho sem o Brasil estar entre os novos países-membros. Os possíveis candidatos são: Alemanha, Japão, Índia e Brasil.
                            "Se entrar o Japão, já há uma representatividade asiática por ter a China. Se entrar a Alemanha, já há representação europeia com França e Inglaterra. E com esses países no conselho, não resolveria o problema da representatividade dos países em desenvolvimento e dos novos poderes globais. Portanto, teria que olhar para África e América Latina. E os Estados Unidos sabem disso", ressalta.
                         A posição de Cristina Pecequilo, no entanto, desenha um caminho mais prudente sobre o tema. Segundo ela, a questão da ampliação do Conselho de Segurança não envolve somente os Estados Unidos, mas também decisões de diversas outras nações.
                        Ela entende que, no geral, o Brasil tem o apoio implícito e explícito de outros membros do conselho, porém, se os Estados Unidos - que ainda não apoiaram formalmente a candidatura do Brasil - entenderem que com outro país americano no conselho, o poder possivelmente seria dividido, eles não declarariam mais apoio "por mais que eles reconheçam o estado daquela potência", pontua.
                       Atualmente o Conselho de Segurança da ONU mantém estrutura que segue o modelo que existia no mundo depois da Segunda Guerra Mundial. Ocupam as vagas permanentes no órgão os Estados Unidos, a Rússia, a China, a França e a Inglaterra. Há ainda os assentos provisórios, que são ocupados pelo Brasil, Japão, México, Líbano, Gabão, Turquia, Bósnia-Herzegovina, Nigéria, Áustria e Uganda.
                       As autoridades brasileiras defendem a ampliação do número de cadeiras no conselho de 15 – cinco permanentes e dez provisórias – para 25, entre as quais o Brasil se coloca como candidato a titular. A discussão ainda é mantida em debate, mas esbarra em restrições por parte de alguns países por questões de divergências regionais.

Destaque brasileiro

                          Sobre o estreitamento das relações políticas e econômicas do Brasil com os Estados Unidos, nos últimos oito anos, entre muitos acadêmicos e políticos discutia-se que, com Lula à frente do governo brasileiro e George W. Bush na Casa Branca, a relação entre os países acabaria se distanciando. No entanto, segundo o professor André, houve uma espécie de acomodação estratégica, pelo fato de os americanos estarem tomados pelas questões do Oriente Médio, que acabaram deixando a América Latina mais solta. Foi a vez de a política externa do Brasil entrar em ação e garantir o início de sua concretização e fortalecimento.
                         "Foi uma espécie de acordo tácito que, basicamente, dizia o seguinte: era para o governo brasileiro dar uma segurada e servir de contrapeso ao radicalismo na América do Sul, ou seja, contrapeso à aliança bolivariana. O Brasil era para os EUA um elemento de estabilidade", pontua Reis da Silva.
                          Para Cristina Pecequilo, se o Brasil não tivesse exercido uma política de fortalecimento e de unidade do poder nacional, sem subordinação, as constatações sobre o papel do Brasil seriam, provavelmente, diferentes nos dias de hoje.

Conflitos e direitos

                      Episódios como o que ocorreu contra o Irã, em que foram votadas sanções ao país por sua política de enriquecimento de urânio, em que somente Brasil e Turquia se posicionaram contra as sanções, tornaram-se emblemáticos do ponto de vista do protagonismo internacional. Desde então, o Brasil, por muitas vezes acabou intensificando seu poder de diálogo em conflitos internacionais.
                      À época, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, chegou a afirmar que a atitude brasileira era “ingênua” e que Lula enfrentaria uma “montanha a ser escalada”. Mas ela não contava que a partir disso o governo brasileiro conseguiria uma saída diplomática, ampliando ainda mais sua influência.
                    "O Brasil aparece agora como um negociador, um mediador que não vem marcado com posições definidas. Este é um ponto que, inevitavelmente, incomoda os Estados Unidos", destaca Reis da Silva.  Segundo o professor da UFRGS, o governo Dilma, com Antonio Patriota à frente do Itamaraty, tenta apaziguar um pouco os ânimos americanos em alguns pontos, como a ordem internacional, sobre o qual todos parecem concordar. Mas ainda assim vai incomodar em temas como direitos humanos, o qual os dois países têm posições claramente distintas.
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                        Ao ler o texto acima, somos  tentados a cogitar sobre a necessidade de que esses fatos deveriam ser levados ao conhecimento do nosso povo, trabalho que caberia a nossa imprensa e à mídia em geral.  É lamentável que análises como estas permaneçam, no entanto,  limitadas à publicação nos blogs e nas revistas não comprometidas cuja circulação é limitada, naturalmente.


VHCarmo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A mídia continua omitindo ....

                           Apesar da "torcida-contra" dos neoliberais de plantão e dos seus economistas agregados, a economia brasileira vai muito bem. Claro que há problemas, porém esses problemas estão sendo encarados pelo governo com uma gestão altamente positiva. 
                         A avaliação, ou mesmo o conhecimento, daquilo que está sendo feito pelo governo, ficam às vezes ignorados por sua pouca ou nenhuma divulgação nos meios de comunicação, controlados pelos núcleos reacionários e conservadores do país.  
                          O economista Delfim Netto lembra, no seu texto na Revista Carta Capital desta semana, a pouca divulgação que a mídia dá a certas realizações importantes no país. Diz ele:

                            “Um exemplo disso foi a divulgação extremamente modesta (o economista se mostra generoso com a mídia) do desvio do curso do Rio Madeira, onde se constrói a hidroelétrica de Santo Antônio, uma obra de grande envergadura e de fundamental importância para o desenvolvimento da Amazônia e, portanto, para o crescimento da economia brasileira. Apesar de contar com a presença da Presidenta Dilma, numa demonstração  da importância do empreendimento e de sua disposição de promover o aumento da oferta de energia, a divulgação foi apenas rotineira, perdendo-se a oportunidade de satisfazer o interesse dos brasileiros de todas as demais regiões sobre o que se realiza nesse imenso território nacional para acelerar o desenvolvimento”. 
                                  Em apoio ao que a gente sustenta, é notável assinalar-se a omissão, ou a pouca divulgação, do último boletim do IBGE, sobre o emprego. Os números apresentados indicam um “pleno emprego” e o crescimento constante do rendimento médio dos trabalhadores. Vale a pena reproduzir:  
                             "Em junho, desocupação foi de 6,2%. 
"A taxa de desocupação foi estimada em 6,2%, a menor para o mês de junho desde o início da série (março de 2002), e não variou significativamente em relação ao resultado obtido em maio (6,4%). Na comparação com junho de 2010 (7,0%), recuou 0,8 ponto percentual. A população desocupada (1,5 milhão de pessoas) ficou estável em relação ao mês anterior. Frente a junho do ano passado, apresentou queda de 10,4% (menos 172 mil pessoas a procura de trabalho). A população ocupada (22,4 milhões) não variou frente a maio. No confronto com junho de 2010, ocorreu elevação de 2,3% nessa estimativa, representando um adicional de 512 mil ocupados. O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado (10,8 milhões) não apresentou variação significativa frente a maio. Na comparação anual, houve uma elevação de 6,2%, representando um adicional de 634 mil postos de trabalho com carteira assinada. 
                      O rendimento médio real habitual dos ocupados (R$ 1.578,50, o valor mais alto para o mês de junho desde 2002) apresentou alta de 0,5% na comparação mensal e de 4,0% frente a junho do ano passado. A massa de rendimento real habitual (R$ 35,6 bilhões) ficou estável frente a registrada em maio e cresceu 6,2% em relação a junho do ano passado. A massa de rendimento real efetivo dos ocupados (R$ 35,3 bilhões) estimada em maio de 2011 ficou estável no mês e subiu 6,6% no ano.(…)".

                            Para concluir:  deve-se lamentar que além de omitir tais êxitos a mídia enceta uma campanha de denuncismo tipo udenista que dispensa a verdade dos fatos, priorizando as interpretações e intenções escusas, visando a atingir o núcleo do governo, portando-se como força auxiliar da combalida oposição. 
                            Bom lembrar que as irregularidades, se havidas, foram trazidas a público pelos órgãos de fiscalização do Estado e da Polícia Federal, envolvendo agentes dos Estados e Municípios. À falta de substância das denúncias, a oposição pressiona os indiciados para que delatem ministros e outros membros do governo e, quando eles não o fazem, são constrangidos e ameaçados. Foi este o caso do ex-chefe do Dnit, Pagot, que se negou a ser induzido pelos oposicionistas a inculpar ministros. 
                          Corrupção se combate pelos órgãos encarregados da transparência dos negócios públicos e, eventualmente, pela Polícia e não pode ser objetivo prioritário de qualquer governo. É ação continuada e incisiva.  
                          No caso do Ministério dos Transportes, tão badalado pela mídia golpista,  não se divulga e omite-se o norme vulto das obras viárias  que estão sendo desenvolvidas pelo país inteiro, ou seja, a redenção de nossas estradas abandonadas no governo FHC e a construção das Ferrovias Norte-Sul e Transnordestina, entre outras. 
                           A nação precisa de um governo que promova o bem estar de seu povo e a faça lograr o desenvolvimento  econômico e social. O resto são contingências da ação humana, nem sempre a salvo de deslises.
VHCarmo.

sábado, 16 de julho de 2011

Uma reflexão sobre o teto do endividamento americano....


                             Kalr Marx já, no século XIX, ensinava que a desvinculação da moeda do processo produtivo que cria originalmente e concretamente o valor, a levaria àquilo que ele chamou de fetiche monetário. É o que hoje, na crise que vive o centro do capitalismo, se convencionou chamar de “bolha” financeira.
                            O lucro fácil dos especuladores, lastreados pelos títulos extraídos de hipotecas infladas, lançadas e lastreadas por valores irreais e créditos sem as devidas cautelas, percorreu caminhos tortuosos de negociação interbancária  se distanciando de suas origens. Os órgãos fiscalizadores das operações ou foram ignorados ou, também, entraram na negociata fácil. A inadimplência em massa, esvaziou o valor dos títulos e os créditos se esfumaçaram, instalando a maior crise, até aqui, do sistema financeiro mundial desregulado, por contaminação, principalmente nos paises da UE  cujos bancos  acolheram as bolhas.
                           Wall Street, de onde se alimentou a onda, espalhada mundialmente pelos bancos, tratou de se livrar dos ônus pesados dos títulos, mediante cobertura do Tesouro, ou seja, socializando as perdas e preservando ganhos especulativos e de seus executivos.
                        A crise, porém, atingiu o cerne do sistema e o EEUU, a maior potência econômica, passou a enfrentar uma colossal dívida que deverá ultrapassar os limites autorizados pelo poder legislativo, para o seu teto, atualmente em 14,3 trilhões de dólares. O governo pretende a elastecer pelos menos em 2,5 trilhões.
                           Trava-se uma negociação arrastada entre Obama e o Congresso para permitir a elevação do teto do endividamento que, como sempre, os partidos recusam com o prertendido recurso de aumentar com impostos sobre os mais ricos.
                         Cedendo aos partidos, o Presidente Obma, ao que acena, lançará programas visando a subtrair recursos da área social, agravando ainda mais a penúria dos mais pobres que alcança cerca de 40% da população. A alternativa inimaginável, até aqui, seria o calote da dívida, algo inédito na maior economia do planeta com as óbvias repercussões mundiais.
                          A China, quem diria, pressiona os EEUU, com veladas ameaças e o drama americano deve se resolver, ou não, nos próximos dias. De lembrar que o país asiático é o principal alimentador do consumismo yanque e tem créditos enormes com aquele país.
                       A economia americana tem se baseado na doutrina de expansão geopolítica de seu sistema “democrático”, até aqui com a tentativa de imposição pela força bélica. As últimas guerras imperiais, implicaram em derrotas militares e graves prejuízos ao seu sistema cujos investimentos em armamentos se constitui num peso financeiro incalculável . Tudo, até aqui,  sem efeito prático.
                       Há hoje, inclusive nos meios militares europeus, uma convicção que está esgotada historicamente a via armada para a expansão ideológica do sistema ocidental. Os paises que os ajudaram e os próprios americanos, já cuidam de retirar os seus soldados dos paises invadidos, encarando mais derrotas.
                    Demais, a economia dos paises emergentes e do BRIC, particularmente, encabeçados pela China cujo regime não é tido como “democrático”, lideram o desenvolvimento social e o crescimento econômico no mundo, passando a ocupar um lugar de destaque nos órgãos financeiros e de política internacional.
                    Como fica o nosso país nesse contexto?      As bases do nosso crescimento econômico, com fortes investimentos na infraestrutura e  remoção da pobreza, juntamente, com as vantagens comparativas da fronteira agrícola, das fontes energéticas limpas, água  e matérias primas, apontam para um futuro próximo de potência mundial.
                    Não é um caminho fácil, posto que a mentalidade de uma certa camada do povo – principalmente da nossa elite e classe média alta – apresenta um forte componente colonialista. Vale dizer : adotam comportamentos e ações alienados e pretendem um caminho de subserviência ao falido sistema econômico e financeiro, desse mesmo ocidente em crise. Essas camadas que, atualmente, não encontram um veículo partidário para se afirmar, têm na mídia golpista a sua principal força que tenta obstruir o caminho do crescimento e do avanço social.
                         É nesse campo que se vai desenrolar a luta pelo progresso e desenvolvimento do nosso país e vai requerer cada vez mais a participação do povo na sua construção.
VHCarmo.



































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quinta-feira, 14 de julho de 2011

UE - a coisa tá feia...

Amigos,
                   Olhem este texto publicado ontem, dia 13, no periódico Carta Maior!. Se o texto deste humilde blogueiro, também de ontem, é meio alarmante, em relação à União Européia, este é terrificante.  Cuidei de aspectos sociais e  humanos, Beluzzo se estende  na sua  ciência: a economia.   A perspectiva é aí, também,  dramática sobretudo nos seus efeitos para  as camdas média e pobre do povo europeu.

                                                         Transcrevo:

                          MERCADOS TOCAM O TERROR NA ZONA DO EURO.

                   BELLUZZO: "A COISA ESTÁ MAIS PARA URUBÚ DO QUE PARA COLIBRI".

                                 Testemunha ocular da zorra do euro, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo assiste, de Paris, ao tratoramento das instituições pelos mercados financeiros desregulados. Suas palavras:

                      "Os ministros da Fazenda só conseguem fazer genuflexão para os mercados. A cada gesto de submissão os ditos mercados apertam as cravelhas. A última sugestão dos banqueiros: o Fundo Europeu de Estabilização deve comprar a dívida grega pelo valor de face". (Ou seja, os credores tiram o seu capital limpinho e integral e o setor público afunda num mar de títulos podres). E a farra não cessa. Nesta 3º feira de trégua para a Itália e a Espanha, que registraram perdas brutais no dia anterior com a fuga de investidores e exigências de spreads maiores, os mercados decidiram exercitar a mira em um novo alvo: a cambaleante Irlanda. A Moody's, agencia de classificação de risco, anunciou que os títulos da dívida irlandesa decairam à categoria junker --'lixo'. Na semana passada, a mesma Moody's já havia jogado os papéis de Portugal no mesmo limbo, que elimina a chance de financiamento a mercado e afasta investidores como o diabo da cruz. A desordem financeira mundial cobra um preço alto e desmoralizante das autoridades da UE. Sem freios institucionais nem disposição ideológica para enquadrar as criaturas dos mercados desregulados, elas literalmente dançam na zona do euro, à reboque dos impulsos destrutivos das manadas especulativas. Os próximos dias prometem: depois de meses de hesitação, idas e vindas, a Comissão Européia anuncia uma cúpula de emergencia para sexta-feira. A intenção, até onde se sabe, é sancionar o calote de parte da dívida da Grécia, encalacrada entre a resistência dos credores privados --como observa Belluzzo, em realizarem perdas-- e a exigência da Alemanha, de que os beneficiário da festa grega ajudem a pagar a conta, depois de quebrados os pratos. Na mesma sexta-feira, ao final da tarde, será divulgado o diagnóstico sobre a saúde financeira da banca européia ('o teste de stresse'). Saberemos então a capacidade que tem o sistema privado de suportar um calote em sua carteira -- grego, por exemplo. A velha Europa range e ruge do assoalho econômico ao telhado político. Não é só o imbróglio financeiro, confirma Belluzzo: "...Além da crise dívida soberana, os europeus estão aparvalhados com o episódio do 'News of the World, o semanário do meliante Rupert Murdoch,que grampeou políticos, jogadores de futebol. O Guardian, o Independent e o próprio New York Times estão fazendo um cobertura digna do melhor jornalismo. No Brasil, os donos da imprensa estão escondendo o affair..." A razão é simples: tudo soa familiar, demasiado familiar...

(Carta Maior; 4º feira 13/07/ 2011)
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VHCarmo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma reflexão sobre a crise na União Europeia...

                            É claro que uma simples viagem turística não autoriza um completo entendimento – nos detalhes - do que se passa atualmente na velha Europa em crise, mas a é inegável que se pode sentir que há algo grave que está longe de se extinguir.
                         Está havendo uma contaminação da situação crítica da economia dos paises periféricos da União Europeia para o sistema financeiro de todo o grupo de nações.  Quando se diz que estão, ou permanecem, imunes a Alemanha e a França, não há como afastar o fato de que ali se iniciou a derrocada com o Deustch Bank e bancos franceses, socorridos pelos governos respectivos, respaldados pelo Banco Central Europeu.
                           Demais disto, impõe lembrar que a crise financeira que se alastrou pelo mundo capitalista teve sua origem em Wall Street e a bolha financeira criada pelos títulos sem lastro, atingiram em cheio a economia dos paises da UE.

                  O economista Joseph E. Stiglitz, diz com toda a razão ao se referir aos Bancos:
                    “A consciência de que não podiam quebrar se tornou um incentivo para a tomada de ricos excessivos. No final das contas, os bancos caíram nas suas próprias armadilhas. Os instrumentos financeiros usados para explorar os pobres se voltaram contra os mercados financeiros e os derrubaram. Quando a bolha estourou, a maior parte dos bancos acabou ficando com uma quantidade de papeis de riscos suficiente para ameaçar a sua própria sobrevivência”. (do livro “O Mundo em queda livre”).
                     A situação mais grave atingiu o sistema da UE na sua periferia, levando a Islândia, Grécia e Portugal a se tornarem paises falidos, ou seja, incapazes de honrar suas dívidas e seus títulos se tornaram meros papeis podres, sem valor.    A Espanha e a Itália seguem o mesmo caminho, com dívidas muito maiores do que a sua capacidade de pagamento e de seu PIB e em crise fiscal sem paralelo na sua história..
                    A essa altura lançam-se as âncoras do sistema capitalista, encabeçadas pelo Fundo Monetário Internacional    e, no caso da UE, em conjunto com o Banco Central Europeu. Os remédios salvadores não só são amargos, mas insuficientes para debelar no médio prazo a situação caótica das economias. Como sempre o maior peso das medidas restritivas atinge as camadas mais pobres daqueles paises dos quais se exige o sacrifício do desemprego, congelamentos salariais, invalidação de contratos coletivos de trabalho diminuição do valor das aposentadorias, drástico corte das despesas sociais dos governos e como sempre a exigência das privatizações das empresas públicas. Nós já  tivemos essa triste experiência.
                                Hoje, até sem que seja preciso uma fina percepção, vêem-se nas ruas das velhas e cultas cidades da Europa o empobrecimento da classe média – a restringir o consumo - e a miséria da larga faixa ocupada pelos imigrantes, muitas vezes de uma segunda geração  já nascidos naqueles paises. Sarkozy já cogitou expulsá-los da França.
                                   Em recente estatística do IPEA, em relação às nossas crises domésticas anteriores, verifica-se que as medidas aqui tomadas pelos governos Sarney, Collor e FHC, ao comando do FMI, iguais àquelas, levaram o nosso país a graves períodos de recessão em que a curva das despesas sociais declinaram juntamente com PIB. Contrariamente, nesta crise atual, o nosso país, emergiu da crise e a curva das despesas sociais ao invés de declinar subiu, mantendo a tendência do crescimento do PIB e os postos de trabalho.
                              Essa observação, aparentemente não relacionada às medidas contracionistas que estão sendo aplicadas na Europa, tem tudo a ver no entanto, pois a tendência histórica de tais medidas de nítido caráter neoliberal, tendem – como se vê – a levar os paises a recessão e mesmo à falência.
                            Diga-se, afinal, que o sistema monetário do Euro passa por sua maior crise, havendo mesmo manifestações populares nos paises mais atingidos, pleiteando a saída do sistema, como na Grécia e em Portugal.
                         Esse escriba teve a oportunidade de ver na Espanha, em Barcelona, uma das maiores manifestações populares que teve oportunidade de assistir nos últimos tempos, encabeçada pelos chamados “Indignados”, organização de setores populares e de classe média, de diversas matizes ideológicas, que continuam mobilizados nas ruas . Milhares de pessoas: jovens, adultos, velhos e até crianças nas praças e ruas, clamando contra o chamado “pacto com o FMI”, a um passo de ser firmado pelo governo. Na Praça da Catalunha, na bela Barcelona, permanecem centenas de pessoas acampadas desde 15 de maio último, até dormindo em camas montadas sobre os galhos das árvores.
                          Esses paises em crise, aos poucos, vão cedendo ao comando neoliberal e as consequências sociais se tornam cada vez mais drásticas. A cúpula da União Europeia, por incrível que pareça, já admite o calote e a revalorização de títulos podres dos paises a beira da recessão. De certa forma isto representa uma injeção de ânimo nas veias gastas do sistema financeiro que não lhe pode salvar da doença.
                      O desemprego é, talvez, a maior tragédia provocada pelas medidas contracionistas neoliberais, jogando na pobreza milhões de cidadãos sem esperança e famílias destruídas pela falta de perspectiva. Os índices de desemprego atingem números inimaginados.
                       A lição a extrair desses fatos deixa evidente que o sistema capitalista, como um todo, está sujeito a crises cíclicas que se repetem, nesse tempo histórico, com mais freqüência. O que, no entanto, traz mais preocupação é que, no nível da cúpula do sistema, não se visualiza uma solução duradoura e o sacrifício das populações mais pobres se agrava. As medidas tomadas são sempre as mesmas.
                      “Os Bancos são grandes demais para os deixar falir”, segundo Obama e os recursos retirados dos programas sociais são entregues ao sistema financeiro para manter o funcionamento das instituições que, numa segunda, etapa vão fabricar outra bolha e outro processo recessivo.
                     A gente pode avaliar, agora com muita clareza, o perigo que representa para o nosso país o ressurgimento das idéias neoliberais, que sempre são apoiadas pela mídia, ligada ao golpismo. Com o enfraquecimento das oposições a mídia tem ocupado o seu espaço, tornando-se quase um quarto poder. E aí mora o perigo.
VHCarmo.

terça-feira, 12 de julho de 2011

A maldade da mídia é algo inacreditável...

                              Quando se colocam interesses politicos espúrios a mídia é cruel e pouco se importa com a ética que deveria prevalecer na comunicação social. O que se faz com Zé Dirceu é de uma maldade impensável para um país civilizado.  Vejam o que ele diz em sua defesa e que os jornalões não publicam:

                                 Mídia quer transformar trâmites do processo em julgamento definitivo


Publicado em 11-Jul-2011.
Depois da divulgação das alegações finais do Procurador-Geral da República - no que me diz respeito, uma mera repetição da denúncia que seu antecessor fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) - uma parte da mídia transformou as alegações do Procurador-Geral em julgamento definitivo.

O acolhimento da denúncia pelo STF - repito o que tantas vezes já fui levado a dizer - não significa culpabilidade comprovada. Por exigência constitucional, esta só pode ser apurada no devido processo legal. Apesar disso, e do sagrado direito de todo e qualquer cidadão à presunção da inocência, dois jornais (Folha e O Globo) em editoriais neste domingo transformaram as alegações da PGR em julgamento definitivo.

Como, aliás, já tinham feito quando do acolhimento da denúncia pelo STF, desconhecendo que quem julga é a Suprema Corte e não a PGR. O Procurador-Geral acusa e deve apresentar fatos, provas e indícios. Estes, no meu caso, tanto nas alegações de agora quanto na denúncia, não existem, por mais que os editorais e o discurso político da mídia e da oposição digam o contrário.
Não há uma única prova sobre minha participação.

Certos articulistas, inclusive, passaram a divulgar como última palavra sobre meu julgamento as alegações finais da PGR que não acrescentou nada à denúncia, já que durante os quatro anos de instrução do processo, de oitivas das testemunhas, de juntada de provas, e de perícias realizadas, nada, absolutamente nada mesmo foi acrescentado sobre minha participação.

Por isso, desafio os jornais e articulistas - que em seus editoriais e artigos afirmaram que há fatos, provas e indícios de minha participação nos fatos denunciados e investigados - a apontar, seja na alegação final da Procuradoria Geral da República, seja na instrução processual, uma prova e um indício que seja de minha participação ou culpabilidade.
Sou inocente e, portanto, obrigado e me defender de público. Vou fazê-lo para evitar a tentativa ilegal e ilegítima de transformar meu julgamento num juízo político, o que nossa Constituição e Estado de Direito não permitem em hipótese alguma. Mais do que isso, repudiam até em seus fundamentos democráticos.
Objetivo é atingir o PT, o governo e as transformações sociais.

Não custa recordar que tive o meu mandato de deputado federal cassado sem provas pela Câmara e que nesses seis anos sofri um verdadeiro linchamento público. Fui pré-julgado e condenado sem direito à defesa e ao devido processo legal pela maior parte da mídia.
Daí, minha indignação a esta violência que cometem contra as nossas leis e Constituição, contra os direitos individuais e a liberdade de expressão. Adotam um comportamento que é, na prática, uma traição aos princípios constitucionais que regem nossa democracia. Seu objetivo já é mais do que conhecido: buscam de forma canhestra pressionar o STF a fazer um julgamento político, o que temos certeza absoluta que não acontecerá.
                                Sem contar o outro e inarredável propósito com que tratam dessa forma a questão: atingir a imagem do Partido dos Trabalhadores e tentar inviabilizar o projeto de transformação social do país, em implantação pelos governos liderados pelo meu partido.
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VHCarmo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A idade média e algo mais...

                     Retomo esse humilde bloguinho, depois de uma passagem pela Espanha e França em busca do encantador medievalismo. Volto, como sempre encantado, com a arte da idade média. Desta vez em Barcelona, Carcassone, Avignon, Aix en-Provance, Annecy, Lyon e Paris.
                       Porejam pelos muros e salões da idade média, poesias, pinturas e cânticos somente ocultos e inaudíveis a desatentos.  Erguem-se as catedrais e  os castelos extraídos da história, vergastando  a chamada  noite dos tempos como injúria.  O medievo é simplesmente a estética da humanidade em seu cunho mais heróico.
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                      Em Paris ocorreu-me a enorme contradição entre a civilização e a miséria humanas. Entre os que se situam na sociedade como verdadeiros cidadãos e aqueles vindos da "banlieue" esquecida.
                                                        Um pouco de poesia os lembra.                      

          LA CITÉ (um sonho).

Envolto em lençóis encardidos
com uma princesa etíope,
em hotel de terceira do “Quartier latin”,
me escorre entre os dedos
a água suja do Sena.

Ombro a ombro fujo com negros imigrantes,
pelas beiradas empedradas do “Quai”,
arrastando suor e bugigangas.

Salto o fosso dos Inválidos
abraço Luiz XIV, o sol.
Saqueando as armas dos porões dos esquecidos
  pelo que lhes falta:

liberdade,
igualdade,
fraternidade.

                                                                               VHCarmo. – Paris -05.07.2011;