REFLEXÃO NECESSÁRIA - 6
Primeiramente a
gente deve analisar o significado dos debates televisivos. A
primeira coisa que neles ressalta é a pouca valia de uma reunião
de candidatos a dispor de poucos minutos – o máximo de dois - para responder
perguntas formuladas ainda em tempo menor aleatoriamente por um
deles, mais reduzidas réplicas e comentário de um terceiro. Revela-se um enorme esforço de todos para superar os limites e sensibilizar o eleitor.
Por outro lado, as
perguntas dos jornalistas dirigidas aos candidatos revelam a opinião do grupo a que pertencem o que lhes veta
a imparcialidade e lhes restringe a liberdade quanto a matéria a suscitar que seriam necessárias num “debate” sério. Ao invés disso
procuram armadilhas a colher contradições, mais das vezes sem qualquer sentido,
sobre opiniões já largamente sustentadas e conhecidas pelos eleitores e pelos candidatos, sempre a serviço daqueles grupos midiáticos.
Tais procedimentos conduzem a uma verdadeira confusão, tanto maior quanto grande o
número de candidatos, induzindo a prevalência
de um contra todos e todos contra um e animosidades
pessoais e ideológicas insuperáveis no exíguo do tempo
disponível, afastando a discussão daquilo que se convencinou chamar "propostas dos candidaos".
Em resumo este tipo
de debate pouco vale para alimentar democraticamente o processo
eleitoral. Se há algum verdadeiro proveito este seria o da
igualização de conceitos, de opiniões de uma maioria em confronto
com uma minoria. Sobretudo presta-se a servir à
mídia e a seus específicos interesses eleitorais nem sempre muito sadios do ponto de vista democrático.
Este escriba já
salientou aqui a sua perplexidade quanto ao verdadeiro objetivo da mídia
após a tragédia que ceifou a vida do Eduardo Campos e promoveu o aparecimento da
ex-Ministra Marina Silva no cenário eleitoral. Para onde a mídia conservadora caminhará?
O debate de terça-feira
na Band, antecipado estrategicamente pela publicação de pesquisa do IBOPE
(encomendada pela TV Globo) lançou ainda maiores especulações quanto ao
procedimento do mundo midiático conservador cujo objetivo maior seria eleger o candidato
Aécio Neves, ou ao menos leva-lo ao segundo turno. Abandonar este objetivo e passar a apoiar Marina envolveriam dois riscos, ou seja,
leva-la ao segundo turno e abandonar o objetivo de
reconduzir ao governo o projeto neoliberal com Aécio ou à improvável, mas não impossível,
eleição de Marina repetindo, guardadas
as naturais diferenças de tempo político, a um governo tipo Collor sustentado
inicialmente por um pequeno partido ainda em projeto ( A Rede de Sutentabilidade) e sem qualquer base, cujo resultado seria
imprevisível. Esta segunda opção teria
para a mídia o objetivo único de derrotar o PT e seu projeto
político, ou seja, uma vitória, de certa forma, incompleta.
Marina apenas começa a se expor ao natural desgaste da campanha. Em sua entrevista ontem no JN já se denotou alguma dificuldade da candidata com a exposição das contradições de seu discurso.
A mídia consevadora passará a apoiá-la ou a atacá-la? A dúvida ainda persiste.
QUEM VIVER VERÁ. -
VHCarmo.
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