segunda-feira, 30 de abril de 2012

GILMAR MENDES. E DEMÓSTENES....




                          Não só as querelas, ofensas pessoais com insinuações de irregularidades nos julgamentos entre ministros tem tornado o Supremo Tribunal Federal vulnerável a críticas e  uma verdadeira casa de desentendimentos.  
                                O Ministro  Gilmar Mendes é aquele cuja atuação  tem  sido motivo de desprestígio do Tribunal Federal. Foi Gilmar quem  criou uma instância especial para julgar o  escroque internacional Daniel Dantas ao salvá-lo da prisão com dois hábeas-corpus “inovadores”.  Um deles já fora ajuizado no STJ e estava pendente de julgamento; para o outro o Ministro “criou” uma instância especial no Supremo, cujo pedido sequer fora formalizado na Corte.   
                             Aliás, quando preso, o banqueiro Dantas escarneceu do Juiz que decretara a sua prisão e da Polícia Federal  que o prendera, dizendo que “lá em cima, a gente resolve tudo”.  Lá em cima estava e está  o Ministro Gilmar Mendes que pelas madrugadas salvou o banqueiro mafioso.  
                            Gilmar  é o mesmo Ministro que inventou um “grampo sem áudio” de um telefonema dele com ninguém menos do que o “honestíssimo” Senador da República Demóstenes Torres, porta-voz da moralidade no Senado.
                              A ligação do Ministro com Demóstenes e Carlos Cachoeira veio a ser descoberta pela Polícia Federal. 
                     O Ministro Gilmar é o Demóstenes do Supremo Tribunal Federal.
Olhem só:

Publicado em 28/04/2012  no Jornalão “Estado de São Paulo”.



Em uma conversa entre o senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, gravada pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, o parlamentar afirma a Cachoeira que ter trabalhado junto com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para evar à máxima corte do país uma ação bilionária envolvendo a Companhia Energética de Goiás (Celg). No diálogo, que durou pouco menos de quatro minutos e ocorreu no dia 16 de agosto de 2011, Demóstenes demonstra intimidade com o ministro ao tratá-lo apenas como “Gilmar”.

“Conseguimos puxar para o Supremo uma ação da Celg aí, viu? O Gilmar mandou buscar. Deu repercussão geral pro trem aí”, contou o senador, referindo-se a um instrumento processual que permite aos ministros escolherem os recursos que vão julgar de acordo com a relevância jurídica, política, econômica ou social.T

Considerada por muitos políticos goianos má “caixa preta” do governo do Estado, a Celg estava imersa em dívidas que somavam cerca de R$ 6 bilhões. Demóstenes avaliou a Cachoeira que Gilmar Mendes conseguiria abater cerca de metade do valor com uma decisão judicial. “Dependendo da decisão dele, pode ser que essa Celg… essa Celg se salva (sic), viu?”, disse. “Eu acho que esse trem pode dar certo, viu?ele que consegue tirar uns dois… três bilhões das costas da Celg. Aí dá uma levantada, viu?”

Ao que Cachoeira responde: “Nossa senhora! Bom pra caceta, hein?”

Demóstenes e Gilmar Mendes foram motivo de polêmica quando, em 2008, a revista Veja publicou uma reportagem com uma suposta conversa entre ambos que teria sido grampeada ilegalmente. Os dois confirmaram a existência da conversa, mas a revista nunca publicou o áudio do diálogo.

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VHCarmo. 

domingo, 29 de abril de 2012

Um momento de poesia...


Olhem aí um pequeno imenso poema do jovem Ricardo do Carmo, poeta urbano cuja poética permeia a convivência humana, no que ela tem de mais real e instigante.
                                       
                                     G U E R R A. 


Meus vizinhos
cumprimentam-se de manhã
disputam durante todo o dia
sem saber que disputam.

À noite
vitoriosos e derrotados
jogam cartas juntos
sem saber por
que se odeiam.

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VHCarmo.

A foto do blog.

A foto do blog é do escriba na China, às margens do Rio Amarelo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

PROCURADOR GERAL ENCACHOEIRADO...


                      Até que ponto o Procurador Geral Roberto Gurgel pecou por omissão?
                       O que teria sido evitado, desde 2009, quando a Polícia Federal, na Operação Vega, já detectara  as ligações do Carlinhos Cachoeira com Demóstenes e solicitara ao Procurador a investigação, perante o STF, das ações criminosos comandadas pelo Senador ?
                       O Procurador Geral tão diligente, agora, em abrir investigação contra o Governador de Brasília e poupar o de Goiás, sentou-se, em 2009, sobre os relatórios que lhe foram endereçados pela Polícia Federal naquela operação, e sobre a solicitação da mesma PF para autorizar a investigação no STF da ligação do Senador Demóstenes  com o Cachoeira. O Procurador permaneceu sentado até vazar a cachoeira.
                       Foi uma grave omissão que ora se tornou evidente, pois teria sido levada ao conhecimento do público e até do Congresso, a descoberta, já àquela época, da ligação criminosa do Senador Demóstenes com Cachoeira e, consequentemente, abertas as portas para o que veio a ser, no seu desdobramento, a atual operação Monte Carlo e a CPI.
                     O que não se pode admitir que este claro comprometimento (proteção) do procurador Roberto Gurgel com Demóstenes permaneça “esquecido” e que se lhe permita continuar participando no “Processo Cachoeira” promovendo investigações.
                       Teria ele legitimidade para continuar, depois do que fez?
                        O Procurador não está acima da lei e o seu delito de omissão em prejuízo da administração da Justiça deve ser no mínimo investigado, pois evidencia uma ligação com Demóstenes e seu manancial encachoeirado.
                        De lembrar o rigor e a pressa do Procurador nos casos dos Ministros Palocci, Orlando Silva, Pimentel e outros (vítimas das denúncias da Revista VEJA, porta-voz do Carlos Cachoeira) que, por sinal, não tinham a mesma gravidade. Aliás, o STF acabou por inviabilizar quase todas.
                        O insuspeito jornal Folha de São Paulo, de hoje 27/04, sem descer a maiores comentários traz em manchete na página A8, em letras grrafais:

“PF apontou elo de Demóstenes com Cachoeira em 2009”.
             O procurador Roberto Gurgel que tomou conhecimento e engavetou, revela-se o “engavetador geral” às avessas: ele blinda os crimes da oposição e da mídia.
              Seria pertinente à CPI do Cachoeira ouvir esse Procurador tão zeloso, para pedir-lhe as explicações sobre a sua grave omissão e considerar até que ponto ela não foi dolosa.
                A venda da JUSTIÇA deveria ser transferida para cobrir os olhos do Procurador.

VHCarmo.







terça-feira, 24 de abril de 2012

Até onde vai o jornalismo "investigativo" da Revista Veja?

                      A CPI do Cachoeira, para ser verdadeira, deveria ser a CPI da mídia e dos jornalistas. Sobretudo a Revista Veja teria de explicar a ligação do seu redator–chefe em Brasília com o mega contraventor e criminoso Carlinhos Cachoeira. Foram mais de 200 ligações telefônicas gravadas pela PF; de patrão bandido para empregado jornalista; daquele que dá ordem e daquele que recebe: do Cachoeira para o Policarpo Jr., para, enfim, à Revista Veja editar e estampar no seu giro “udeno moralista”.

                       A produção de falsos escândalos, de vídeos armados e de vítimas criadas para nutrir as ações criminosas: tudo se desvenda agora e a Revista dos ítalo-argentinos Civita se esmera para mudar o foco da investigação.

                        O chamado “jornalismo investigativo” tem se caracterizado pela bandidagem e o recurso a ações criminosas. A atuação da Revista Veja ao repercutir as ações articuladas pelo Carlos Cachoeira, sem qualquer escrúpulo, se constitui um crime contra a liberdade de informação ao desacreditá-la com seus métodos para produção de notícias.

Transcrevo palavras do jornalista e mestre Leandro Fortes:

“A consideração a que quero chegar é fruto de minha observação profissional, sobretudo ao longo da última década, período em que a imprensa tornou-se, no Brasil, um bloco quase monolítico de oposição não somente ao governo federal, a partir da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, mas a tudo e a todos vinculados a agendas da esquerda progressista, aí incluídos, principalmente, os movimentos sociais, os grupos de apoio das minorias e os defensores das cotas raciais. Em todos esses casos, a velha mídia nacional age com atuação estrutural de um partido, empenhada em fazer um discurso conservador quase sempre descolado da realidade, escoltado por um discurso moralista disperso em núcleos de noticiários solidificados, aqui e ali, em matérias, reportagens e editoriais de indignação seletiva”.

Continuando:

"Contra a Comissão se levantaram os suspeitos de sempre, agora mais do que nunca, prontos a sacara da algibeira o argumento surrado e cafajeste dos atentados às liberdades de imprensa e expressão. A alcova de onde brota essa confusão deliberada entre dois conceitos distintos está prestes a tomar a função antes tão cara a certo patriotismo: o de ser o último refúgio dos canalhas”.

Foi Cachoeira que deu a Veja, a Policarpo Jr., a fita na qual o ex-diretor dos Correios recebe propina, O material foi produzido pela quadrilha do Cachoeira e serviu para criar o escândalo do mensalão”. (...) “Veremos como irão se comportar, desta feita, os arautos da moralidade da velha mídia, os mesmos que tinham no senador Demóstenes Torres o espelho de suas vontades”.

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VHCarmo.

Momento de poesia (é algo mais).

O último quarto do século passado cuja crueza se revela, principalmente nesta "pátria amada", trouxe à  poesia  canto novo sem dissonâncias como enfeite, sem voos emotivos já se moda. Ligando-os à  terra, despindo-os de adornos, nem por isso os versos deixaram de vergastar o tempo e a vida, buscando a "bruta mina onde o cascalho vela".
Olhem só        
                                                 O JANGADEIRO
Adriano Espínola.

Jangadas  amarelas, azuis, brancas,
logo invadem o verde do mar bravio,
o mesmo que Iracema, em arrepio
sentiu banhar de sonho as suas ancas.
Que importa a  lenda, ao longe, na história,
se elas cruzam, ligeiras, nesse instante,
o horizonte esticado da memória,
tornando o que se vê mito incessante?
As velas vão e voltam, incontidas,
sobre as ondas (do tempo). O jangadeiro
repete antigos gestos de outras  vidas
feitas de sal e sonho verdadeiro.
Qual  Ulisses, buscando, repentino,
a sua ilha, o seu rosto e o seu destino.
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VHCarmo.
   

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O STF fica devendo...


  
Aquilo que o jornalão “O Globo” intitulou como “Tribunal Conflagrado”, ao  publicar uma entrevista do Ministro Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal, leva a gente a fazer uma reflexão sobre o que representa a atual composição do Supremo  e a  sua atuação. 
Há um certo consenso de que a composição atual dos seus membros  é das mais medíocres e sem brilho de toda a história do Tribunal.
Talvez o STF tenha sido superado pelas tempestuosas mudanças dos costumes políticos e  ideológicos  que vêm ocorrendo no país e no mundo. O nosso Supremo ainda não conseguiu acertar o passo com os fatos e vive num evidente descompasso com a realidade atual e tenta repetir o passado como guardião do conservadorismo
É evidente que o Supremo Tribunal se enveredou pelo caminho perigoso de legislar, fugindo de sua finalidade constitucional, passando a   editar normas e preceitos que seriam exclusivos do poder legislativo, a pretexto de julgar sua constitucionalidade. Essa grave distorção propicia a discussão reiterada sobre a constitucionalidade de leis sem qualquer fundamento, mais das vezes usada como instrumento de luta política  e para a satisfação daqueles que se julgam prejudicados pela norma.    O Tribunal tem se deixado usar.  
 Ao se tornar corriqueiro, o procedimento acaba dando dada a  última palavra ao Supremo, transformando-o virtualmente em legislador final ou um  carimbador de legitimidade.
 O Tribunal, por seu lado, tem aceitado este mister, sobrepondo-se ao poder legislativo. Há milhares de ações especiais, sobre os mais variados problemas e leis, aguardando no Supremo sua validação, o seu carimbo.
A  superexposição  dos Ministros do STF é algo recente no Brasil e, sem dúvida, isto se deve à atuação da mídia como força de pressão, principalmente quando se envolvem matérias políticas, econômica e de seu interesse patrimonial.
  Como a pauta política da grande imprensa é partidária, os membros do STF são fortemente pressionados através do que se alardeia como sendo “a opinião pública” o que é agitado pela mídia.
O vedetismo instalado no Supremo, tem transformado cada Ministro num ator, provocando internamente divergências pessoais e uma disputa de vaidades e egos inflados,  que é levada ao  grande público num triste espetáculo, muitas vezes transmitidos ao vivo.
 No passado  o STF era integrado por  grandes nomes do Direito e por figuras que deixaram seus nomes nos anais da República, primando pela discrição e  por seus  votos eruditos  e as súmulas emanadas então se tornavam guias seguros da jurisprudência.  
Examinando-se a  citada entrevista do Ministro Joaquim Barbosa, embora tenha sido provocada por  provocações pessoais do Ministro Peluso na Revista Eletrônica Consultor Jurídico que o teriam desagradado, revela uma lamentável falta de compostura que se espera de Ministros da  mais alta corte. Vir a tona brigas envolvendo vaidades pessoais e queixas estranhas ao ambiente jurisdicional, de qualquer forma diminui o respeito que deve ser observado à Corte.
A entrevista do Ministro   Joaquim Barbosa, prestada à jornalista, Carolina Brígido, sem que se penetre no mérito,  primam por um certa descompostura, uma certa vulgarização da  importância do seu cargo, e, sobretudo, um exaltação do seu currículo sem que nem porquê.
Sendo o único Ministro da raça negra no Supremo parece que quer, na entrevista, fazer ressaltar as sua múltipla formação intelectual, como se lhe fora contestada, deixando de lado a cor da sua pele.
 A sua negritude que deveria ser justamente exaltada por ele, parece envergonhá-lo ao reagir “com resposta dura” à qualquer insinuação. E é ele mesmo quem afirma isto ao ser indagado sobre  se “sofre preconceito?”.
É exemplar,  comparando a atitude  do Ministro, com a do metalúrgico Lula da Silva  que, chamado de analfabeto, ignorante e “nordestino” e sendo vítima de todos os preconceitos,  jamais deixou de perseguir seus ideais políticos e, no seu caminho, jamais atritou com aqueles que o infamaram, caluniaram e manifestaram preconceito.  Lula chegou onde chegou sem máguas.
O Ministro Joaquim Barbosa parece querer afastar, ou minimizar,  a evidência de que ele é o primeiro Ministro negro  do STF em nosso país onde o racismo contra os negros predomina e, principalmente, no poder judiciário.     Isto devia orgulhá-lo e não constrange-lo.  
O Ministro será sempre o Ministro negro e tal distinção, em nosso país, deve ser levada a crédito da luta contra o racismo, ponderando ainda que foi o Presidente Lula, vítima de todos os racismos, que o indicou, naturalmente considerando não só o seu saber jurídico incontestável mas,  também,  a sua cor e raça.  
O Ministro Joaquim Barbosa tem um compromisso moral com a raça negra e com suas pletoras que estão inseridas no texto constitucional e muito desrespeitadas,  mais do que qualquer outro ministro.             Aí reside a diferença que pode o dignificar. 
VHCarmo.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Repsol..no que dá a privatização!


                   A renacionalização da das ações da YPF, ato de soberania da Argentina,  coloca a nu, as consequências  desastrosas das  privatizações da época de Carlos Menen, ao comando das ideias neoliberais que dominaram o mundo, principalmente, a América do Sul, em obediência  ao comando do chamado "Consenso de Washington".   Lá com Menen, como cá, com FHC, talvez lá mais do que aqui, as empresas públicas foram privatizadas, inclusive os serviços públicos.  Claro está que os adquirentes  não tinham, e não têm, qualquer outro interesse senão auferir lucros, com um mínimo de despesas e investimentos.  Os lucros são remetidos regularmente para suas matrizes fora do país, no caso de empresas estrangeiras.   As empresas alienadas para grupos internos, sem compromisso social, minimizaram seus investimentos, maximizaram seus lucros, gerando desemprego estrutural.
                    O caso da Repsol  é  exemplar, detendo 57% das ações da YPF, adquiridas nos suspeitos leilões de privatização, a empresa cuidou de produzir lucro com um mínimo de investimento.  Com o aumento do consumo de petróleo e gás e a queda do investimento e da exploração, a Argentina que fora auto-suficiente, passou gradativamente de exportadora a grande importadora de petróleo e gás.  A Repsol cessou a abertura de novos poços e "sentou-se" sobre as imensas reservas, principalmente do gás  de xisto, uma grande riqueza do subsolo argentino.  A oferta chegou a cair 12%, enquanto o consumo de petróleo  e gás aumentou, respectivamente, e 38%  e 25%. Somente em 2010 a empresa lucrou 1,4 bilhão de euros  e a produção recuou 5,5%.
                     É deveras estranho que uma parte da mídia conservadora da Argentina, encabeçada pelo diário Clarin e a maioria dos jornalões e revistas no Brasil, se colocam em posição contrária à reestatização, veiculam opiniões de "especialistas"  e apóiam a Espanha, vaticinando consequências ameaçadoras para  os argentinos e para o nosso país, tentando intrigar o Brasil com a Argentina, passando, estranhamente, a defender a Petrobrás  à qual sempre atacaram.   Durma-se com um barulho desses. 

                     Impõe-se,  com esse caso da Repsol, recuar aos tempos em que o Brasil entrou no mesmo caminho trilhado por Menen.   O livro do Amaury Ribeiro Jr. ( Privataria Tucana) revela o que foram aqueles tristes tempos.  Além da deslavada corrupção e manobras espúrias dos leilões, com lavagem de dinheiro e outros crimes, o país perdeu várias empresas estratégicas, viu serem alienados os bancos públicos estaduais ( que ora fazem tanta falta), entregarem-se valiosas subsidiárias da Petrobrás e anulou-se o seu monopólio.  A resistência democrática impediu a alienação do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal (embora esvaziados)  e manteve a Petrobrás que já  se pretendia, transformando-a em Petroex, também alienar.  Brasil e Argetina lideram o Mercosul e a presidenta Cristina Kirchner já enviou emissário ao Brasil  para informar a decisão e "tranqulizar" os  falsamente apreensivos. 
                   Imagine-se o que seria do nosso país se a Privataria Tucana continuasse e atingisse o que , afinal, pretendia?  Adeus auto-suficiência energética; adeus Pré-sal; adeus benditas intervenções dos bancos públicos na regulação do sistema financeiro, além das consequências contrárias à nossa soberania.   O Brasil teria se curvado a um destino de  subalternidade (que era e é a confnessada ideologia tucana), renunciando sua vocação natural de grande potência econômica e social.
VHCarmo.





quarta-feira, 18 de abril de 2012

Este escriba foi solicitado por generosos  amigos e frequentadores deste humilde bloguinho a postar, outra vez, o conto "O celibato do padre João".

 Por que não dizê-lo, ele ficou envaidecido por terem gostado da ficção que, como se vê, não se distancia muito da realidade de um tempo em que os costumes religiosos tendiam se misturar com os sentimentos humanos mais animalaços.

O celibato católico, ainda hoje, agita as mentes, questionada a sua permanência em um mundo agitado por questões mais sérias de combate à pobreza e de afirmação de ideias universalistas em que o voto do celibatário se restringe a um contexto mais estreito e personalíssimo de um credo.

Não a toa, que poucos confiam na obediência ao voto de castidade, via de regra imposto ao religioso quando ainda não amadurecido o seu entendimento sobre o difícil comprometimento.   Seria o voto natural ou antinatural?  Justifica-se a desobediência do votante?

Olhem só:

                                         O CELIBATO DO PADRE JOÃO.
                              Desde menino João Antônio apresentava inclinação à instabilidade de comportamento. Então, com 10 anos, se mostrava ligado às coisas do espírito, aí entendidas como uma precoce tendência à religiosidade, talvez provocada pelo ambiente familiar. Como caçula de 5 irmãos, sendo três outros homens, uma irmã e, com a mãe, eram todos ligados à religião católica como membros atuantes das Irmandades do Coração de Jesus e de Maria, exibindo nas missas e demais prédicas religiosas a suas fitas vermelhas, azul e as medalhas.
A Vila de São Felix, no Estado do Rio, interiorana e conservadora onde viviam, induzia à religiosidade, sobretudo como uma forma de inserção no meio social que ocorre nas pequenas comunidades e como uma forma de posicionamento de classe. O pai um pequeno sitiante se dividia entre a roça e a vila..
Aos doze anos João já insistia em fazer a “primeira comunhão” e estranhamente exibia atitudes piedosas, extremando-se em decorar e proferir orações, até complexas, ao levantar pela manhã, nas refeições e ao deitar. À vezes, de joelhos e em voz alta, proferia suas orações, comovendo, por sua precocidade, a mãe devota, dona Djanira. O pai, seu Fortunato, que não era lá muito religioso, embora respeitasse a prática da mulher e dos filhos, achava aquelas atitudes do menino um tanto extemporâneas. A mãe viu logo no adolescente a vocação sacerdotal, Era melhor esperar um pouco que o filho manifestasse sua vontade livremente, opinava o pai.
Prevaleceu a influência materna. O menino, talvez, mais induzido pela mãe do que por seu desejo, passou a manifestar-se como vocacionado ao sacerdócio. Iria ser padre e mirava, como exemplo, o pároco, padre Bendito, com sua figura elegante, esguia, cabelos a esvoaçar, desfilando na vizinha Vila do Capivara, às margens do ribeirão, montado no seu cavalo baio e, mais ainda, ao celebrar os sacramentos, no altar, com as belas vestimentas douradas e de variadas cores da liturgia.
O pai Fortunato, precavido, tentou demover o adolescente da pretensão. Achava que ele estaria movido pelos estímulos da mãe e não pesara devidamente o que representava a carreira eclesiástica. Foi capaz de chamar-lhe a atenção para aquilo que reputava uma questão importante a ser considerada pelo rapazinho. Disse-lhe:
- Olha filho, padre não pode se casar e constituir família.
Não quis falar, diretamente, em voto de celibato, pois o jovem logo se informaria disso e julgou então não ser oportuno.
Não houve quem removesse do adolescente aquilo que a mãe achava ser vocação à vida religiosa.
Para encurtar a narrativa, cumpre dizer que o João Antônio foi para o Seminário, quando completou treze anos.
Com passar dos anos começaram a afluir, naturalmente, no rapaz, os hormônios e, como é comum, nessa época ele sentia, já no Seminário, os apelos masculinos. Sabia que deveria sublimá-los e, no “noviciado”, até um tanto hesitante, firmou, perante, os seus superiores eclesiásticos, com as solenidades costumeiras, os chamados “votos de religiosos”, inclusive o de castidade. Seria um celibatário dali para frente, ele que até então não tinha provado o sabor do sexo.
João Antônio Mendonça se ordenou padre católico aos 22 anos. Era, então, um jovem belo e saudável. Com sua tez morena, alto e forte, olhos cor de mel e cabelos castanhos lisos e fartos, estava pronto para o amor carnal que renunciara.
Padre tão cedo, foi nomeado pároco para a Vila do Capivara em Minas Gerais, na divisa do Rio, bem perto da sua São Felix.
Exposto ao contato diuturno ao sexo oposto, o jovem padre haveria de enfrentar uma dura luta para manter-se fiel aos “votos de castidade”.
Além do questionamento em sua mente confusa, João Antônio via-se cercado, como era natural, pelo assédio das mulheres, principalmente das mocinhas que, entre elas, lamentavam aquilo que achavam “um verdadeiro desperdício”. Um belo rapaz como ele não podia ficar fora do namorico, do amor e de um casamento.
Nelsa Bertolini era uma daquelas mocinhas, nem tão mocinha, pois já ia pelos 20 anos, amadurecendo um belo tipo de mulher feita, morena e, sobretudo, com um rosto formoso, olhos claros e um corpo sensual, delineado por um belo busto e a delicadeza da cintura milimetricamente proporcional à bunda e às pernas bem torneadas. Filha única dos italianos Giulia e Humberto Bertolini, este leiteiro na Vila. A moça era mesmo uma graça, mas, até então, rejeitara vários pretendentes.
Quando padre João Antônio chegou à vila, Nelsa pôs-se a admirar o jovem padre e não soube esconder a sua atração por ele, brotando logo no seu coração uma sensação nova nunca antes sentida. Mostrava-se a ele faceira como sabia fazer com a sua delicada natureza feminina.
Padre João logo que viu Nelsa e sua faceirice sentiu, também, algo estranho: uma sensação que, bem depressa, invadiu a sua mente, o seu coração e fez afluir os seus hormônios masculinos de uma forma nova. Já não dormia sossegado, tinha abluções noturnas e, às vezes, com relutância se punha a masturbar e ver fluir o sêmen inútil, estimulado pelo pensamento voltado para Nelsa.
O questionamento sobre o celibato passou a tomar a mente do jovem padre. Passou a considerar a impropriedade do voto de castidade em si; a ilegitimidade de sua imposição e, mesmo, a sua validade. Considerou que tinha aceitado fazer o voto sem saber, então, de seu verdadeiro alcance e agora passara a considerá-lo, confrontando-o com sua evolução física e a atração que passou a sentir pelas fêmeas. Assim achou questionável a sua submissão ao juramento. Obedecer ou não, foi a questão que passou à sua cogitação.
O voto de castidade não tinha volta, mas o que custaria a ele, João Antônio, a desobediência? se interrogava. Pesava-lhe, por outro lado, considerar a origem divina do voto, fato que logo descartou pois passou a duvidar daqueles padres superiores que o receberam e o testemunharam. Teriam eles legitimidade para impingi-lo e de onde provinha essa legitimidade? se indagava. A resposta a essa indagação, sugeriu que o voto seria imposto pela Igreja de Cristo. Ora, pensou o padre João: a qual a entidade teria conferido à Igreja esse poder de imposição? Andou pesquisando os livros santos; no velho e no novo testamento nada encontrou que a autorizasse. Concluiu, com um certo alívio, que o voto que proferira nada valia, pois, além do mais, não tinha nem origem divina. Lembrou, como definitivo em suas elucubrações, que todos, ou quase todos, os discípulos e apóstolos de Cristo foram casados. Por fim concluiu aliviado que a privação do sexo era antinatural.
Padre João Antônio, livre de questionamentos pessoais, depois desse longo raciocínio, deixou dominar-se pela paixão por Nelsa. Entregou-se sem reserva. Ela, com seu apurado instinto feminino, percebeu e ambos passaram a um mútuo encantamento. Nada é mais forte que o amor de dois jovens, nem mesmo um voto de castidade.
Embora os encontros daqueles jovens fossem inicialmente bem disfarçados e às escondidas, a imprudência filha dileta daqueles que amam e irmã gêmea da vontade de se exibir, revelaram-se aos olhos curiosos, principalmente das beatas da Vila do Capivara. Com a revelação veio a maledicência e o exagero. Ele mirava-se no exemplo do padre Benedito, antigo pároco da vila que, segundo as mesmas beatas, teria mulher e filha, vivendo na bairro do Mato Dentro, local no qual viviam “as meninas da vida livre” e “as amantes”, nem tanto ocultas, de ricos fazendeiros da região.
Nelsa, filha de Humberto que era ateu e que viera de Florença com fama de anarquista, não valorizava um possível impedimento do padre; nem cogitava da questão. A família dele não frequentava a Matriz.

Nelsa e João se atiraram à paixão mútua sem condicionamentos.

Padre João Antônio era um pároco zeloso e não descuidava de seus deveres. A paróquia prosperava e com a assistência social, promovendo contato com as pessoas mais pobres, sustentava o prestígio do padre. Apesar de tudo, o rapaz tinha um alto sentido de amor ao próximo e respeito a Deus. Celebrava com compulsão os ofícios religiosos e era muito simpático a todos paroquianos.
A convivência entre o divino e o profano – se amor fosse de fato profano – não poderia sobreviver tranqüilamente. O amor do jovem padre começou a incomodar à reinante hipocrisia da Vila do Capivara.

Domingo de Páscoa, festa da ressurreição de Cristo e a Vila do Capivara estava em festa. No Sábado de Aleluia correra tudo na forma prescrita nos livros santos, presidida pelo pároco. A missa de páscoa estava programada para as 10 horas da manhã, na Matriz e, meia hora antes, o templo regurgitava de gente vinda de todos os cantos da pequena cidade e da sua zona rural.
O padre João Antônio era esperado com a natural ansiedade do público para iniciar a missa. O pároco tardava. Quase onze horas e não chegara nem à sacristia onde o aguardava o sacristão, seu Justino.
Quem apareceu no templo, causando uma certa estranheza, foi o leiteiro Humberto Bertolini. Foi penetrando pelo interior da nave e, em frente ao altar, pedindo a atenção dos fiéis, sacou um papel e pediu licença para lê-lo e o fez em voz alta, tentando atingir a todos os presentes:
                          “Meu pai, eu e o João Antônio estamos indo embora juntos. O amor que nos liga é mais forte do que tudo. Daremos notícias oportunamente. Nelsa”.
O leiteiro que leu o bilhete, com o seu forte sotaque italiano, guardou-o no bolso e se retirou, visivelmente emocionado.
A cerimônia da Páscoa daquele ano restou sem missa na vila. Depois de orações comandadas por um prócer da Liga Católica, o povo, perplexo e aos poucos, abandonou o templo.
Aquele Domingo de Páscoa é sempre lembrado na Vila do Capivara, embora passados mais de 30 anos.

Soube-se, mais tarde, por parentes de Nelsa, que o casal estava na Bahia, em Salvador. João Antônio se tornara pai-de-santo de um Terreiro de Candomblé e ela médium-vidente de um Centro Espírita. Tiveram 3 filhos e, como num conto da Carochinha, viviam felizes...para sempre.

VHCarmo. (Dezembro de 2009).
Victor Hugo do Carmo

terça-feira, 17 de abril de 2012

A presença policial que envergonha a cultura...

                             Há uma conexão evidente entre as políticas em curso e o ressurgimento, em São Paulo, do autoritarismo, da intolerância e da violência com que se reprimem os movimentos sociais.   
                               Os professores seguidamente são violentados nas ruas da capital em seus movimentos reivindicatórios e, inclusive naqueles de natureza mais ampla do que pletoras simplesmente econômicas; ou seja, contra o caos no ensino.
                           As autoridades do Estado e da Capital e o seu núcleo neoliberal jamais se dignam a dialogar com qualquer categoria profissional quando em movimentos pacíficos.   O diálogo pretendido é recusado e a sua contenção fica a cargo da polícia militar que é particularmente brutal.
                         A desocupação forçada do Pinheirinho e a expulsão dos pobres doentes da cracolândia se constituíram em atos de suma violência que rivalizam com aqueles do tempo da ditadura militar. Atos que a mídia tolera e que passam a ser logo esquecidos, perigosamente.
                       Nos níveis do Estado e na maior cidade do país, as camadas mais pobres da população são submetidas a um clima de violência repressiva e seguidos de estranhos incêndios de seu habitat.
                      Desenvolvem-se paralelamente o racismo e os movimentos contra os homosexuais e os nordestinos que afloram de maneira mais evidente nos períodos de campanha eleitoral.
                  A admissão, como sendo um fato natural, a ocupação policial/militar da maior universidade do Brasil, a USP, causa uma profunda preocupação em todos aqueles que amam a liberdade de pensamento e da pesquisa que não se coadunam com a presença militar, sombreando os intelectos e dando vazão a uma espécie de neofascismo.
                       Apoiada pela mídia, a repressão aos movimentos sociais e a ocupação militar da universidade são assimiladas perigosamente por certas camadas do povo paulista e paulistano que não raro procuram justificá-las sob o argumento de que seriam  medidas de segurança.
                         O policiamento armado na USP é manifestamente dirigido contra os alunos e professores e a segurança é um mero pretexto. 
                          Fato inédito que também somente ocorre na USP é a sistemática expulsão e eliminação de alunos; repetição lamentável da época da ditadura.
                                O “campus” da universidade com a presença policial fortemente armada, se transformou num local de intimidação, visando, naturalmente, a inibir qualquer manifestação contra a violência permanente emanada da reitoria. O próprio reitor, que se autodenomina “rei” e que manifesta um estranho saudosismo em relação àquilo que ele chama “de revolução de 31 de março” é o articulador da violência instalada no campus e que confunde exercício da liberdade do pensamento com rebeldia a ser combatida.
                            Seria este o exemplo a ser passado e imitado nos demais centros universitários do país?     Somente na USP os alunos se tornaram uma ameaça?    Já passou pela cabeça de qualquer pessoa ver instalada a polícia militar armada nas grandes universidade no mundo?
                           A presença militar na USP e a arrogância do Reitor envergonham a nossa cultura e a universidade brasileira.
                                  De lembrar que o Rei é egresso da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco de onde, como Diretor, foi expurgado como “persona non grata”, por unanimidade dos seus pares e dos alunos.
                                    Até quando durará a vexaminosa ocupação militar intimidatória e fascista do campus da nossa maior e prestigiosa universidade?
Que o digam o Governador, o Rei, Grandino Rodas (por sinal escolhido pelo Serra e repudiado pelos seus pares) e as demais autoridades?
________________
Este escriba sugere aos amigos a leitura sobre este assunto produzido por Cynara Menezes na Revista Carta Capital desta semana em que ela detalha a violência que ocorre na USP.  

sábado, 14 de abril de 2012

O soneto...um momento de poesia.

Este escriba tem manifestado o seu gosto pelo SONETO que propicia falar de amor,  sentimento e jamais envelhece.  Nas rodadas de poesia, nas noites de enlevo, lá vem o soneto de amor e paixão. Os versos contidos na forma, abrigam em síntese a emoção e a poética que se expande.  Não se faz mais sonetos. Os tempos atuais, tão apressados,  não os comportam.  É pena.   
                   Olhem só este que aí vai e fala melhor de si mesmo.
                                                                       
 SONETO XX
Sílvio Valente

Amo o soneto porque é molde antigo
para dizer as coisas sempre novas;
porque depois de não sei quantas provas
um pudor virginal guarda consigo.

O soneto é mais puro do que as trovas.
Sim, Bem-Amado, eu não sei apenas digo
tudo que é nobre em mim, tudo que aprovas
e é meu prêmio de vida, e meu castigo.

É fino e breve, e tem segredo de arte;
uma pureza em fim, tão cintilante
que, quando um dia desejei cantar-te,

os teus encantos rútilos, diversos,
pus em soneto; desde aquele instante
só sei rimar-te com quatorze versos.
_______________________________________ 
VHCarmo.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

REFLEXÃO SOBRE A ELEIÇÃO MUNICIPAL NO RIO DE JANEIRO...

                        Enquanto na campanha da eleição à Prefeitura da cidade de São Paulo se trava uma batalha importante no cenário político brasileiro com a candidatura de José Serra, tornada tábua de salvação da proposta neoliberal agonizante, no Rio de Janeiro desenha-se uma solução de consenso com a permanência do atual Prefeito Eduardo Paes, líder absoluto das pesquisas com a confortável percentual de 64% dos pesquisados, apoiado por ampla aliança de partidos.
                       Há, contudo, a repetição de uma situação muito comum, envolvendo os partidos de esquerda na Cidade Maravilhosa.   A unidade da esquerda nas eleições do município têm sido apenas um sonho sonhado e nunca alcançado.
                      Desde os ataques sofridos pelo Partido dos Trabalhadores, no episódio do chamado “mensalão” e a demonização de alguns de seus líderes pela mídia, formou-se com os precipitados retirantes da sigla uma corrente política tendente a posicionamentos de extrema esquerda, apoiada, principalmente, no PSOL, partido que se alicerça sobre parte da classe média intelectualizada e elitista e em outras siglas de menor expressão, inclusive o velho e esvaziado PCB.
                         A maior parte desses partidos são hoje constituídos de emigrados do PT, vindos naquela oportunidade do ataque ao Presidente Lula.
                        A definição de "utopia" de Eduardo Galeano é apropriada a essa situação, esses partidos pregam e defendem idéia utópica que, “como o horizonte, fica sempre distante embora se caminhe em sua direção”. É, também, conhecido o jargão que se lhe aplica com certa dose de acerto: “essa esquerda é a que a direita gosta”, por não ameaçar a sua hegemonia.
                         As duas últimas candidaturas presidenciais do PSOL o demonstram, pois, evidentemente, não visavam à conquista do poder, mas o seu discurso era contra a esquerda pragmática que, afinal, alcançou a presidência, usando a práxis política encabeçada pelo PT com seus aliados.
                          Marcelo Freixo, deputado estadual do PSOL e candidato do partido à prefeitura do Rio, ex-PT, desde logo afirma, sintomaticamente, que sua candidatura é lançada “contra a mesmice”.  Significa que ele não encara o pleito como uma disputa séria pelo poder municipal. Seria, para ele, um mero jogo ou, talvez, pretenda com essa afirmação ocultar a sua real e misteriosa intenção. Aliás, ele convocou um músico, artista sem antecedentes políticos, para ser seu vice e não consegue explicar mais e o porquê.
                O que fica absolutamente claro é que essa candidatura do PSOL, que teria teoricamente uma posição de esquerda, se coloca como um apoio às forças da direita na sua pretensão de levar o pleito para um segundo turno no qual ele, Freixo, obviamente, não estaria.  Aliás, parece uma tarefa muito difícil, diga-se de passagem.
                Outra afirmação veiculada pelo candidato, no mesmo sentido, é a de que não aceita o que ele chama de “coligações tradicionais” - sem explicar o que isto significa - e pretende uma “ligação direta com a sociedade”. Além de ser este um objetivo dificilmente alcançável por qualquer político, as pesquisas apontam uma possível ligação direta em outra direção?.
                    A sociedade - na democracia representativa – se mostra e atua, politicamente, através de seus representantes eleitos pelo povo e através dos partidos. Esta é a regra do jogo democrático.
                      Na hipótese, dificilmente realizável, ou seja, de Marcelo Freixo vir a se eleito, indaga-se:  como ele governaria sem alianças e sem partidos políticos?
                        Nos novos tempos em que vive o país, o povo vem mostrando a sua cara e não aceita mais projetos mirabolantes e utópicos, sustentados por discurso moralista em que apontam sempre para o tal horizonte distante inalcançável. O povo quer aqui e agora aquilo que busca.
                       O Partido dos Trabalhadores pretende unir-se em alianças partidárias e galgar o poder executivo, por si ou aliado, para aí participar e exercer em nome de seus eleitores e do povo do Rio um governo cujos ideais são claros, ou seja, no âmbito municipal, contribuir para a solução dos problemas e governar em favor dos mais pobres “unindo forças” com o Estado e a União.
                      O resto é um perigoso sonho utópico de conseqüências imprevisíveis; o passado o comprova.

VHCarmo.







quarta-feira, 11 de abril de 2012

"A minha terra é a mais humilde e a mais querida ..."

                   AO REMOVER A IMAGEM DA ESTAÇÃO DE PALMA DO BLOGUINHO.

                                  Já foi a singela “Povoação de Santa Rita de Cássia da Meia Pataca”, depois foi “Vila do Capivara”, a beira do Ribeirão que lhe deu o nome.  Ao  fim o do século XVIII  era local de aguada das tropas com homens e mulas que, subindo a Serra do Mar, vindas dos Campos dos Goitacás demandavam os Campos dos Cataguá nos "'Caminhos de Minas Gerais".  Terra dos Puris, cafusos expulsos das montanhas que cercavam o povoado, tangidos por invasores do sul mineiro, ali chegados navegando pelo Rio Pomba.
                              Depois foi Palma, em 1891,  que ainda é, nem se sabe bem porque, mas caiu-lhe bem esse nome. Pode até não ser a imagem de uma planta. Diz-se até que lá não havia sequer uma palmeira.
                              Quem sabe o seu nome sugira uma palma de mão aberta, servindo amor, ternura e bravura. O padroeiro São Francisco de Assis cuidou de amainar os ânimos, afastando coronéis e jagunços. 
                              Este escriba jamais, em sua longa vida, se esqueceu da infância e da adolescência vivida em Palma e  ela é para sempre : a minha terra!. Propriedade, enraizada no seu peito, ninguém dele a arrebata.
                                Os versos  que aí vão foram escritos em 1988 por esse palmense.

                           Vejam só:



PALMA.

Palma sem palma.
Palma da mão
Palmatória da mestra
Das noites de festa
No alto da Igreja.

Palma sem alma
Das antigas fazendas.
Palma com alma
Das noites na rua
Dos versos pra lua

Madrugadas de bares
De ladeiras e cantares.

Mão em palma
Prazer da puberdade
Vivendo a liberdade
Da alma sem trauma.

Da mãe e do pai
Que a lembrança se esvai.

Palma violentada
De sicários cercada
Na noite
Da morte arrastada.

Palma de minha saudade
Nunca saciada.
Dos bandos ciganos
Dos doces filósofos
Das tardes encantadas
Mentiras: de casas assombradas
De almas penadas.

Palma,
Oh minha terra!
quando a vejo
sonho e desejo
no seu solo deitar
no meu sono eternal,
jamais acordar.
_______________________________________________
VHCarmo -  junho -1988

Junho de 1988.

terça-feira, 10 de abril de 2012

A tentativa de promover o "esquecimento" do caso Demóstenes...

                  Na mesma linha do que já comentou este escriba, o dirigente do Partido dos Trabalhadores, Elói Pietá, produz, no texto abaixo transcrito, uma análise mais profunda do caso Demóstenes e enfatiza a necessidade de se impedir o “esquecimento” de ocorrências tão graves.

Olhem só:

"Os poucos editoriais dos grandes jornais vão na linha de isentar o DEM das ações de sua maior estrela, e até elogiam o partido".

Elói Pietá, titular da Secretaria Geral Nacional do Partido dos Trabalhadores.

O PT e as forças progressistas precisam agir de imediato, pois está em curso uma tentativa de acabar logo com o caso Demóstenes & Cachoeira. Para muitos é incômodo discuti-lo. Vai atingir bastante gente por comissão ou omissão. Faz três anos que a Polícia Federal apresentou provas consistentes à Procuradoria Geral da República, agora reforçadas. Não dá para acreditar, num país em que vaza tudo o que é sigiloso, que era segredo a relação entre Demóstenes e o chefe de uma organização criminosa. Além disso, era notória no meio político de Goiás, a antiga amizade do senador com o bicheiro e as estreitas relações que este mantinha com o suplente de Demóstenes no Senado e principal financiador legal de sua campanha eleitoral. Deste círculo participavam deputados, secretários de Estado, prefeitos, delegados da polícia federal e estadual, oficiais da polícia militar, juízes, a chefe de gabinete do governador Marconi Perillo, e o próprio governador, de quem adquirira a casa em que morava quando foi preso.
Talvez a Procuradoria Geral da República e os governistas inibiram-se com as vacinas que a oposição e a grande mídia vieram sistematicamente injetando na sociedade contra a investigação de atividades ilícitas de membros da oposição, taxando-a de produção de dossiês e de perseguição política.
Logo que veio a público a existência, na mesma pessoa, de outro Demóstenes, aliado do crime organizado e da corrupção sistemática, o DEM quis logo ver-se livre de seu líder, por longos anos alçado a herói da luta contra a corrupção, cogitado para ser candidato a presidente da República ou vice da candidatura do PSDB.         Os outros partidos de oposição mostraram-se perplexos e cautelosos, também porque tem políticos seus envolvidos no mesmo esquema.
Os poucos editoriais dos grandes jornais vão na linha de isentar o DEM das ações de sua maior estrela, e até elogiam o partido. O Estadão chegou a misturar Demóstenes com Pimentel e Palocci, como se os casos fossem iguais. A Veja, cujo diretor da sucursal de Brasília falou por telefone cerca de 200 vezes com Cachoeira, preferiu priorizar na capa uma polêmica de dois mil anos sobre o santo sudário. Um importante jornalista de O Globo ensaiou a hipótese de problemas mentais no personagem. A mídia não abriu neste caso uma campanha, como fez no governo Dilma as campanhas pela queda de ministros. Como fez várias no governo Lula, a primeira quando o mesmo Cachoeira filmou um pedido de propina de Waldomiro Diniz, antes deste ir para o governo federal. A mídia até chegou a lançar uma contracampanha, colocando em igual destaque o caso de uma contribuição legal ao PT de Santa Catarina feita por uma empresa fornecedora do Ministério da Pesca.
Cabe a nós do PT e a nossos aliados abrir uma campanha de esclarecimento e dela tirar todas as consequências para a luta contra a corrupção e para a reforma necessária da política brasileira. O que levou o ex-procurador geral de Justiça de Goiás, ex-secretário de Segurança Pública, senador reeleito de brilhante carreira, envolver-se com o crime organizado, e enganar uma nação? Foi o financiamento de suas campanhas, de sua atividade política, de suas ambições políticas? Quem foi beneficiado, quem participou? Quem colaborou no ocultamento de tantas evidências por tanto tempo? E muitas outras perguntas que exigem resposta.
Não será fácil levar esta empreitada adiante porque Demóstenes era um dos principais líderes do projeto conservador de país que se opõe ao projeto reformista em curso. Tem muita gente apoiando seu imediato sumiço da cena. A dupla personalidade política agora revelada, e por ele levada ao extremo, lembra a linha da velha escola udenista, que tem muita força ainda no Parlamento, no Judiciário, na mídia. O udenismo, quando fazia campanha contra a corrupção, escondia, sob a máscara desta campanha, seu objetivo real: assumir o poder para impor uma política elitista no lugar de uma política popular distributiva de direitos, e para substituir o nacionalismo por um alinhamento incondicional aos Estados Unidos. O ‘varre-varre vassourinha’ de Jânio, que veio em sequência na mesma tradição, ao assumir o poder quis dar um golpe na democracia para objetivos similares ao que se assistiu depois de 1964. A ‘caça aos marajás’, que mais tarde elegeu Collor presidente, quando no governo, confiscou as poupanças e quebrou boa parte da indústria com as primeiras medidas neoliberais.
Às forças conservadoras e à oposição que delas faz parte não interessa esclarecer este caso. As forças que defendem com o PT o mesmo projeto de país mais igualitário, mais democrático, e mais soberano tem que se mobilizar para desvelar a extensão desta farsa. Temos uma grande oportunidade para tornar mais clara a política brasileira. Não podemos perdê-la.
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Observação do blog: ´Éé tumular o silêncio da VEJA".

VHCarmo.


Um momento de poesia...

  Os poetas brasileiros dos anos 60 do século passado revelam, sobretudo, a repulsa ao formalismo e se prendem a um contexto libertário no sentido de busca da palavra corrente e dos dramas pessoais. Pretende produzir um choque ao desprezar os cânones que tornavam hermética a linguagem poética.  Roberto Piva é exemplar da poesia daquele tempo que, de toda a forma, não se rendera, ainda, ao concretismo que vulgarizado se tornou efêmero. 
Olhem só:

A PIEDADE.
Roberto Piva.

Eu errava nos poliedros da Justiça meu momento 
 (abatido na extrema
paliçada
os professores falavam  da vontade de dominar e das
( luta pela vida
as senhoras católicas são piedosas
os comunistas são piedosos
só eu não sou piedoso
se eu fosse piedoso meu sexo seria dócil e só se ergueria
aos sábados à noite
eu seria um bom filho meus colegas me chamariam
(cu-de-ferro e me
fariam perguntas por que navio bóia por 
que prego afunda?
eu deixaria proliferar uma úlcera e admiraria as
 (estátuas de
fortes dentaduras
iria a baile onde eu não poderia levar meus amigos
(pederastas ou barbudos
eu me universalizaria  no senso comum e eles diriam
(que tenho
todas as virtudes
eu não sou piedoso
eu nunca poderei ser piedoso
meus olhos retinem e tingem-se de verde
os arranha-céus de carniça se decompõem nos 
(pavimentos
os adolescentes nas escolas bufam como cadelas
(asfixiadas
arcanjos de enxofre bombardeiam o horizonte através
(dos meus sonhos
___________________________________________________ 
VHCarmo. 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sempre a Revista Veja: agora é o silêncio comprometedor...

                         
                         O comprometimento da Revista Veja com o caso Demóstenes revela a atuação dos Civitas e seus métodos, não só aqui no Brasil, como na América do Sul.   
                         De lembrar que foi na sua  redação em Caracas o local em que se arquitetou o golpe que derrubou o Presidente Chaves por 48 horas.  Chaves havia sido eleito por 64%  dos votos do povo venezuelano em eleições monitoradas pela OEA sob a chefia  do ex-presidente Cliton.
                       A reação imediata do povo, dos patriotas e a firme  ação dos militares fiéis ao presidente  impediu a continuação  do golpe, ou seja, a instalação de uma ditadura que nas primeiras 24 horas  já havia fechado o Congresso e os Tribunais, tudo sob os auspícios dos EEUU  que logo reconheceram o  “novo governo” e dos dirigentes da Revista dos Civitas.                              Afinal, fracassado o golpe, estes últimos foram obrigados a fugir às pressas da Venezuela.
          Recentemente o governo argentino ordenou que  eles fossem banidos da imprensa do país, onde tramavam, mesmo sendo ítalo/argentinos.
                Uma entrevista na  TV da Rede Recorde , ontem dia 08/04, desnudou a participação da Veja no caso Demóstenes. Um jornalista sabujo fazia a ponte entre a Revista, Cachoeira, Demóstenes e o Governador Perillo.
              O jornalismo da VEJA é o chamado jornalismo bandido que denigre o prestígio da imprensa e da comunicação no Brasil, como sempre servida pelos  “policarpos” com P. minúsculo.
              A atuação criminosa, em conluio,  do Senador Demóstenes com a gang Cachoeira  e a  VEJA é sumamente grave, pois usa e atinge o cerne da comunicação social para promover crimes e escondê-los quando praticados por seus comparsas e promover escândalos, denúncias falsas e ataques ao governo na sua opção conservadora. 
“Ora, ora. Por que a mídia silencia a respeito de um ponto importante das passagens conhecidas do Relatório da Polícia Federal ?   Aludo  ao relacionamento entre o bicheiro Cachoeira e o chefe da sucursal da  revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior.  E por que com tanto atraso se refere ao envolvimento do governador Marconi Pirillo.   E por que se fecha em copas diante do seqüestro  sofrido por Carta Capital em Goiânia no dia da chegada às bancas de sua última edição ? Lembrei-me dos tempos da ditadura em que a Veja dirigida por mim era apreendida pela PM”.   
 Estas palavras, aí transcritas  são do experiente e prestigioso jornalista Mino Carta no edital da Revista Carta Capital desta semana.
  "Consta (da investigação) que Cachoeira e sua turma de arapongas trocaram mais de 200 telefonemas com Policarpo Jr., diretor da sucursal da revista VEJA". ( palavras do jornalista Leandro Fortes no texto: "Pirillo e Cachoeira"-id.). 
                           A Veja repete, assim,  ação criminosa com fins políticos sempre em favor da direita extremada. É de se lembrar a tentativa criminosa de penetrar o domicílio do político José Dirceu, em Brasília, usando um outro jornalista sabujo, para furtar documentos e colocar outros no recinto; para fins inconfessáveis. Usada na ação câmeras especiais e tentativa de iludir uma camareira,  para ingressar, sendo impedido. A revista e o jornalista estão sendo processados. 
                           Em resumo verifica-se que a mídia vem blindando o governador Perillo, do PSDB,  que cuidou de se livrar de antiga secretária de seu gabinete pessoal, "amiguinha" do Cachoeira.
                          Assim agem aqueles que comandam  o moralismo "udenista"  e golpista que não desiste.
VHCarmo.