domingo, 31 de março de 2013

A BALELA DOS JUROS ....


“Não há nenhuma razão para imaginar que a elevação do juro real, hoje, vai produzir  alguma modificação importante  na taxa de inflação ou na sua expectativa.  O que existe é um estado de excitação provocado pelos  “ vendedores do vento”, intermediários da pura especulação financeira, ora espremidos pela baixa do juro e desesperadamente necessitados de uma lata a Selic”.

Estas palavras iniciam um texto do economista Delfim Neto, na revista Carta Capital, a quem não se pode atribuir partidarismos e negar o grande conhecimento da ciência econômica.

O que se pode facilmente deduzir de sua afirmação acima é que as sucessivas notas da imprensa conservadora, clamando por uma alta da Selic, representa simplesmente a pretensão dos especuladores que nada produzem e, no dizer do economista vivem de “vender o vento”.

Os jornalões e as revistas vêm insistentemente acenando com o fantasma da inflação, aceno falso como se vê. O que pretendem é sustentar os interesses especulativos e criar uma expectativa negativa para o governo federal, sustentando também o discurso da oposição à qual pauta.
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VHCarmo.

 

 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Entrevista de Lula ao "Valor" - E considerações...


É sempre gratificante ouvir a palavra do ex-presidente Lula. Com a simplicidade, que não desmente as suas origens, ele tem uma incrível capacidade de análise  e a grandeza de compreender o jogo político disputado dentro das regras do respeito, sem a invasão da privacidade dos adversários. Como se vê do extrato de sua entrevista ao jornal Valor (abaixo), enquanto alguns adversários seguidamente querem agredir o seu patrimônio de político popular, partindo para acusações que visam eliminá-lo desse jogo, ele consegue colocá-los à distância e continua a reinar no coração do povo brasileiro, especialmente do mais pobres.
Olhem só:

Lula: o principal é reeleger a Dilma.
FHC ? Sinto pena !
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A seguir, alguns trechos da entrevista:

O Brasil nunca esteve em tão boas mãos como agora. Nunca esse país teve uma pessoa que chegou na Presidência tão preparada como a Dilma. Tudo estava na cabeça dela, diferentemente de quando eu cheguei, de quando chegou Fernando Henrique Cardoso. Você conhece as coisas muito mais teóricas do que práticas. E ela conhecia por dentro. Por isso que estou muito otimista com o sucesso da Dilma e ela está sendo aquilo que eu esperava dela. Foi um grande acerto. Tinha obsessão de fazer o sucessor. Eu achava que o governante que não faz a sucessão é incompetente.

(Leia-se FHC – PHA)

O Brasil está recebendo US$ 65 bilhões de investimento direto. Então não dá para se ter qualquer descrença no Brasil nesse momento. Nunca os empresários brasileiros tiveram tanto acesso a crédito com um juro tão baixo.

(…) ela não perde suas convicções ideológicas, mas não perde o senso prático para governar o país. Ela não vai governar o país com ideologia. Se alguém ainda aposta no fracasso da Dilma, pode começar a quebrar a cara. Ela tem convicção do que quer. Esses dias liguei para ela e disse para tomar cuidado para não passar dos 100%. Porque há espaço para ela crescer. Vai acontecer muito mais coisa nesse país ainda. Não adianta torcer para não ter sucesso. Não há hipótese de o Brasil não dar certo.


(Leia “Eduardo foi ao cassino e aposta no vermelho 36: a Dilma fracassar” – PHA)

Minha relação de amizade com Eduardo Campos e com a família dele, que passa pela mãe, pelo avô e pelos filhos, é inabalável, independentemente de qualquer problema eleitoral. Eu não misturo minha relação de amizade com as divergências políticas. Segundo, acho muito cedo pra falar da candidatura Eduardo. Ele é um jovem de 40 e poucos anos. Termina seu mandato no governo de Pernambuco muito bem avaliado. Me parece que não tem vontade de ser senador da República nem deputado. O que é que ele vai ser? Possivelmente esteja pensando em ser candidato para ocupar espaço na política brasileira, tão necessitada de novas lideranças. Se tirar o Eduardo, tem a Marina que não tem nem partido político, tem o Aécio que me parece com mais dificuldades de decolar. Então é normal que ele se apresente e viaje pelo Brasil e debata. Ainda pretendo conversar com ele.

Até agora não tem nada que me faça enxergá-lo de maneira diferente da que enxergava um ano atrás. Se ele for candidato vamos ter que saber como tratar essa candidatura. O Brasil comporta tantos candidatos. Já tive o PSB fazendo campanha contra mim. O Garotinho foi candidato contra mim. O Ciro também. E nem por isso tive qualquer problema de amizade com eles. Candidaturas como a do Eduardo e da Marina só engrandecem o processo democrático brasileiro. O que é importante é que não estou vendo ninguém de direita na disputa.


(Mas, também, ele não deixa espaço pra ninguém na esquerda. Por isso, Eduardo teve que ir para a direita. PHA)

Eu não pedirei para não ser candidato nem para ele nem para ninguém. A Marina conviveu comigo 30 anos no PT, foi minha ministra o tempo que ela quis, saiu porque quis e várias pessoas pediram para eu falar com ela para não ser candidata e eu disse: “Não falo”. Acho bom para a democracia. E precisamos de mais lideranças. O que acho grave é que os tucanos estão sem liderança. Acho que Serra se desgastou. Poderia não ter sido candidato em 2012. Eu avisei: não seja candidato a prefeito que não vai dar certo. Poderia estar preservado para mais uma. Mas Serra quer ser candidato a tudo, até síndico do prédio acho que ele está concorrendo agora. E o Aécio não tem a performance que as pessoas esperavam dele.


(Só quem acredita no Aécio é o FHC. O Aécio é o papagaio de pirata da “herança’ do FHC – PHA )

Não tem adversário fácil.

Eu quero palanque.

Vou lá em Garanhuns
(que fica em Pernambuco – PHA), vou ao Rio, São Paulo, Roraima.

(…) a primeira coisa é a eleição da Dilma. Não podemos permitir que a eleição da Dilma corra qualquer risco. Não podemos truncar nossa aliança com o PMDB. Na minha cabeça o projeto principal é garantir a reeleição de Dilma. É isso que vai mudar o Brasil.

Para nós a manutenção da aliança com o PMDB aqui em São Paulo é importante.

(…) Nós nunca tivemos tanta chance de ganhar a eleição em São Paulo como agora. A minha tese é a mesma da eleição de Fernando Haddad. Ou seja, alguém que se apresente com capacidade de fazer uma aliança política além dos limites do PT, além dos limites da esquerda. Como é cedo ainda, temos um ano para ver isso. Eu fico olhando as pessoas, vendo o que cada um está fazendo. E pretendo, se o partido quiser me ouvir, dar um palpite.

Valor: Desde que deixou a Presidência, o senhor tem sido até mais alvejado que a presidente. Foi acusado de tentar manter a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. Agora foi acusado de ter suas viagens financiadas por empreiteiras. Como o senhor recebe essas críticas e como as responde?


Lula: Quando as coisas são feitas de muito baixo nível, quando parecem mais um jogo rasteiro, eu não me dou nem ao luxo de ler nem de responder. Porque tudo o que o Maquiavel quer é que ele plante uma sacanagem e você morda a sacanagem. É que nem apelido: se eu coloco um apelido na pessoa e a pessoa fica nervosa e começa a xingar, pegou o apelido. Se ela não liga, não pegou o apelido. Tenho 67 anos de idade. Já fiz tudo o que um ser humano poderia fazer nesse país. O que faz um presidente da República? Como é que viaja um Clinton? A serviço de quem? Pago por quem? Fernando Henrique Cardoso? Ou você acha que alguém viaja de graça para fazer palestra para empresários lá fora? Algumas pessoas são mais bem remuneradas do que outras. E eu falo sinceramente: nunca pensei que eu fosse tão bem remunerado para fazer palestra. Sou um debatedor caro. E tem pouca gente com autoridade de ganhar dinheiro como eu, em função do governo bem-sucedido que fiz neste país. Contam-se nos dedos quantos presidentes podem falar das boas experiências administrativas como eu. Quando era presidente, fazia questão de viajar para qualquer país do mundo e levar empresários, porque achava que o presidente pode fazer protocolos, assinar acordo de intenções, mas quem executa a concretude daquilo são os empresários. Viajo para vender confiança. Adoro fazer debate para mostrar que o Brasil vai dar certo. Compre no Brasil porque o país pode fazer as coisas. Esse é o meu lema. Se alguém tiver um produto brasileiro e tiver vergonha de vender, me dê que eu vendo. Não tenho nenhuma vergonha de continuar fazendo isso. Se for preciso vender carne, linguiça, carvão, faço com maior prazer. Só não me peça para falar mal do Brasil que eu não faço isso. Esse é o papel de um político que tem credibilidade. Foi assim que ganhei a Olimpíada, a Copa do Mundo. Quando Bush veio para cá e fomos a Guarulhos, disse a ele que era para tirarmos fotografia enchendo um carro de etanol. Tinham dois carros, um da Ford e um da GM, e ele falou: “Eu não posso fazer merchandising”. Eu disse: “Pois eu faço das duas”. Da Ford e da GM. E o Bush tirou foto com chapéu da Petrobras. Sem querer ele fez merchandising da Petrobras. Você sabe que eu fico com pena de ver uma figura de 82 anos como o Fernando Henrique Cardoso viajar falando que o Brasil não vai dar certo. Fico com pena.

Valor: O senhor voltará à política em 2018?

Lula: Não volto porque não saí.

Valor: Voltará a se candidatar?

Lula: Não. Estarei com 72 anos. Está na hora de ficar quieto, contando experiência. Mas meu medo é falar isso e ler na manchete. Não sei das circunstâncias políticas. Vai saber o que vai acontecer nesse país, vai que de repente eles precisam de um velhinho para fazer as coisas. Não é da minha vontade. Acho que já dei minha contribuição. Mas em política a gente não descarta nada.

Valor: Que análise o senhor faz do julgamento do mensalão?

Lula: Não vou falar por uma questão de respeito ao Poder Judiciário. O partido fez uma nota que eu concordo. Vou esperar os embargos infringentes. Quando tiver a decisão final vou dar minha opinião como cidadão. Por enquanto vou aguardar o tribunal. Não é correto, não é prudente que um ex-presidente fique dizendo “Ah, gostei de tal votação”, “Tal juiz é bom”. Não vou fazer juízo de valor das pessoas. Quando terminar a votação, quando não tiver mais recursos vou dizer para você o que é que eu penso do mensalão.
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VHCarmo.






quinta-feira, 21 de março de 2013

O ESTADÃO JÁ SE TOCOU...



O texto publicado hoje no Estadão (abaixo transcrito) coloca em evidência o destempero e o despreparo do Ministro Joaquim Barbosa para o exercício do alto cargo a que foi conduzido.

A perigosa generalização de críticas contra as instituições do Estado de Direito Democrático, como assinalado no texto, se reveste de suma gravidade e cria um indesejável clima de antagonismos entre os poderes da República. Haja à vista a reação despertada ao seu pronunciamento por seus pares e pelos advogados acusados genericamente de  celebrarem conluios.

É inegável que a principal  causa das seguidas e improprias  declarações do Ministro - na sua maior parte também inconvenientes - foi a sua excessiva exposição  por ocasião do julgamento da Ação Penal 470  que a mídia usou para fins nitidamente políticos contra o Partido dos Trabalhadores e o governo.   

Assim, inflado pela mídia e mordido pela “mosca azul”, J. Barbosa passou a acreditar piamente numa importância política que ele não tem efetivamente e uma popularidade duvidosa com  que a própria mídia lhe acena.

Quando os jornalões acenaram para o Ministro com a possibilidade de ele se candidatar a Presidência da República  - seriamente ou por interesses outros -   isto lhe   serviu como uma senha que lhe permitiu ultrapassar perigosamente os limites da legalidade e da Constituição Federal em suas aparições nos palcos em que se tornaram os  nossos Tribunais.

Agora ficou difícil de controla-lo.

A análise do texto  transcrito deixa perceber que o Estadão já toma as suas precauções.

Olhem só: 

Juízes e advogados se unem em crítica a presidente do STF

Em reação à cobrança do presidente do CNJ, AMB, OAB e Ajufe dizem que generalizações atacam a Justiça inteira

21 de março de 2013 | 2h 05

VANNILDO MENDES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo.

Acusados de "conluio" nas relações em torno dos processos judiciais, juízes e advogados se uniram ontem na sede da Ordem dos Advogados do Brasil para um repúdio conjunto às declarações feitas no dia anterior pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. Em entrevista coletiva, integrantes das entidades alertaram que as declarações de Barbosa afetam a credibilidade do Judiciário e o Estado de Direito democrático e remetem o País ao tempo da barbárie.
A Associação de Magistrados do Brasil (AMB), a Associação de Juízes Federais e a OAB informaram que vão pedir audiência a Barbosa para alertá-lo de que suas generalizações são um desserviço à Justiça e uma ameaça à própria democracia. "Não podemos jamais fazer um discurso que possa retomar uma época de ditadura no nosso país, em que não havia respeito às garantias do magistrado, à liberdade de imprensa ou à liberdade profissional do advogado", disse o presidente do conselho federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado.
Ele estendeu sua crítica aos rompantes temperamentais de Barbosa, que tem investido não só contra desvios de colegas mas também tem atacado a imprensa e a classe política. Recentemente ele mandou um repórter do Estado ir "chafurdar no lixo". Furtado chamou a atenção, sobretudo, para o dano coletivo que o descrédito da Justiça pode causar. "As pessoas necessitam do Estado julgador para resolver os litígios, senão iremos voltar à barbárie, a um tempo antigo em que não havia Justiça", disse.
Para o presidente da Associação dos Juízes Federais, Nino Toldo, o pior da crítica de Barbosa é a generalização que ele faz quando insinua que o conluio entre juízes e advogados é rotina.
Durante sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), anteontem, o ministro disse que há muitos juízes a serem punidos com expulsão e que o conluio com advogados é "o que há de mais pernicioso". Disse mais: "Nós sabemos que há decisões graciosas, condescendentes, absolutamente fora das regras."
Indignada. "A magistratura está bastante indignada com atitudes assim, que não são muito sensatas, vindas de um presidente do STF", criticou o vice-presidente da AMB, Raduan Miguel Filho. Ele disse que há problemas na Justiça, mas os casos pontuais devem ser levados às corregedorias e ao CNJ. "Mas não concordamos com colocações que põem em dúvida a lisura da magistratura, a idoneidade e a dignidade de todos os magistrados, de uma forma em que se generaliza assunto tão delicado."
O presidente da OAB de São Paulo, Marcos da Costa, destacou que "advogados e magistrados têm o dever de urbanidade e de convívio baseado na cordialidade e no respeito mútuo". Ele anotou que "há instrumentos processuais que têm por fim impedir influências indevidas sobre o convencimento do magistrado, incluindo impedimentos e suspeições, além do controle que a própria parte faz, por meio de recursos de decisões que entender equivocadas".
O Movimento de Defesa da Advocacia (MDA) divulgou nota pública em que classifica de "inadequadas" as afirmações de Barbosa. A entidade, que atua pela valorização da profissão dos advogados, manifestou "séria preocupação com a repercussão que tais termos possam repercutir perante a sociedade brasileira".
"Os atos ilegais devem, após a devida investigação, ser rigorosamente punidos", afirma a nota. "Entretanto, não se pode silenciosamente aceitar como corretas manifestações generalistas." / COLABOROU FAUSTO MACEDO
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VHCarmo. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

EDUARDO CAMPOS e um dilema.




Este escriba, aqui neste humilde bloguinho (abaixo), já especulou sobre as intenções e posições que sustentam a ambição política do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que se atira com tudo, na prematura campanha eleitoral de 2014, lançada pelo  ex Presidente Fernando Henrique Cardoso ao indicar solenemente o candidato Aécio Neves (o neto de Tancredo).

Repete-se a indagação recorrente: o neto de Miguel Arraes se lançaria como candidato da situação ou da oposição?    Ou,  como de uma terceira-via ?   

Ressalvadas as considerações de que ele possa estar sendo usado como uma nova Marina Silva, com a finalidade de levar a eleição presidencial para um hipotético segundo turno, desenha-se no espectro político uma situação estranha posto que o seus discursos iniciais indicam uma invasão no terreno da nova  sustentação do candidato do PSDB, Aécio Neves.

Presumindo-se – ao que parece pelas manobras recentes – os tucanos pretendem abandonar a tática ineficaz até aqui de ataques éticos e apelos religiosos contra o governo e passar a promover a figura e os feitos do FHC (seu patrono), com isto configurar-se-ia uma possibilidade real de colisão dos discursos do PSB com os da área ocupada pela oposição tucana.

O neto do saudoso ex-governador Miguel Arraes, de logo, se lançou em busca de apoio dos empresários em São Paulo (núcleo tucano) e saiu à porta da reunião a dar entrevista aos jornalões prometendo aperfeiçoar a gestão do país, repetindo o novo slogan programático  do PSDB (do Aécio). 

Como observa bem o sociólogo Marcos Coimbra no texto transcrito abaixo (publicado na Revista Carta Capital desta semana), na equação proposta pelos promotores da candidatura, neto de Miguel Arraes, não consta o dado principal, ou seja, a hipótese da reeleição da Presidente Dilma que, se apresenta até aqui imbatível se considerados os números de todas as pesquisas.    

Em resumo, isso torna instigante a pergunta: - o Governador de Pernambuco quer ser uma alternativa à reeleição de Dilma, apropriando-se do discurso que vinha sustentando até aqui como aliado dela, ou rompe com ela e se atira aos braços da oposição já ocupada por Aécio?

A alternativa da terceira-via seria repetir Marina Silva e tornar-se-ia linha auxiliar dos tucanos, apoiado pela Direita conservadora. Seria esta última a opção preferencial do jovem neto de Miguel Arraes?   

Olhem só as judiciosas observações de Marcos Coimbra.   
 
  POLÍTICA

As Especulações sobre a Próxima Eleição

Marcos Coimbra, Carta Capital
As eleições de 2014 ainda estão, para a vasta maioria da população, a uma distância colossal. Nas pesquisas, é só depois de algum esforço que as pessoas se recordam que elas ocorrem daqui a um ano e meio. Enquanto isso, nos meios políticos e na “grande imprensa”, é como se fossem acontecer amanhã.
Será nossa terceira eleição nacional em que o presidente em exercício é candidato. Antes de Dilma, Fernando Henrique, em 1998, e Lula, em 2006, passaram pela experiência. Ambos tiveram sucesso, mas de maneiras diferentes.
A que temos no horizonte se assemelha à do tucano. Nada indica que Dilma terá que lidar com turbulências tão fortes quanto as que atingiram Lula, seu governo e o PT em 2005 e 2006. Nem o mais exaltado oposicionista imagina que ela venha a enfrentar situação análoga à que seu antecessor viveu no meses de auge das denúncias contra o “mensalão”.
Como FHC, Dilma deve disputar seu novo mandato em momento mais marcado pela normalidade que pela excepcionalidade: sem crises agudas na economia, na política ou no cotidiano da sociedade. Não que o País estivesse no melhor dos mundos em 1998, como vimos imediatamente após as eleições, mas nada que impedisse a vitória relativamente tranquila do então presidente.
Apesar dessa semelhança, é grande o contraste entre o ambiente de opinião que vivíamos em 1997 e o de agora.
A partir de junho daquele ano, quando foi promulgada a emenda que permitiu a Fernando Henrique concorrer a um novo mandato, entramos em período de calmaria. O escândalo da compra de votos para aprovar a mudança constitucional havia amainado, a tropa de choque governista impedira a constituição de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito e a Procuradoria-Geral da União, dirigida por alguém escalado para tudo engavetar, mantinha-se inerte. Os ministros da Suprema Corte preferiam se entreter com outras coisas.
Nesse clima de tranquilidade, ninguém se pôs a especular a respeito de nomes e cenários. Dir-se-ia que, uma vez estabelecido que FHC seria candidato - independentemente dos meios utilizados -, os comentaristas e analistas ficaram satisfeitos com a perspectiva de que ele viesse a vencer as eleições seguintes. É como se achassem que não era somente natural, mas desejável que o peessedebista permanecesse no Planalto por mais quatro anos.
Bom sintoma dessa pasmaceira é que sequer se fizeram pesquisas sobre a eleição até o final de 1997, pelo menos que fossem divulgadas. Apenas uma foi publicada, já em novembro. Ninguém se mostrava ansioso a respeito de quem tinha condições de ganhá-la.O jogo havia sido jogado e o PSDB parecia imbatível.
A vantagem de FHC sobre seus oponentes era, no entanto, muito menor que a de Dilma hoje. Naquela pesquisa de novembro de 1997, realizada pelo Ibope, obtinha 41%, seguido por Lula com 16% e Sarney com 9%.
Sua liderança permaneceu modesta nos primeiros meses de 1998: em março, segundo o Datafolha, repetiu os 41% (com Lula alcançando 25% e sem Sarney). Caiu a pouco mais de 30% entre abril e junho, e voltou aos 40% daí em diante. Na véspera da eleição, atingiu o pico, com 49%.
Nas muitas pesquisas sobre a próxima eleição feitas ao longo de 2012, Dilma nunca obteve menos que 55% e muitas vezes chegou aos 60%. Mesmo quando se colocaram na lista nomes apenas para fazer barulho, como o de Joaquim Barbosa.
Quem achou, em 1997, que FHC iria ganhar com seus 40%, não errou. Um presidente bem avaliado, em um momento em que o País vai bem (ou parece andar bem), tem tudo para vencer.De onde, então, tiram os analistas da “grande imprensa” seu ceticismo em relação às chances de reeleição de Dilma? De onde vem seu afã em identificar os “formidáveis adversários” que poderiam derrotá-la?



quinta-feira, 14 de março de 2013

EDUARDO CAMPOS ( e o Canto de Sereia).


                                           O CANTO DE SEREIA!
Pinçada na Revista Carta Maior pelo famoso blog “Conversa Afiada” do jornalista Paulo Henrique Amorim, a gente transcreve, abaixo, o texto de Saul Leblon, que deixa claramente consignado um alerta ao Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que pode, por sua juventude e açodamento, ser induzido a cair numa esparrela armada pela mídia e setores da Direita.   
A Direita neoliberal pretende, usando de todas as formas possíveis, voltar ao poder. Tem usado com o auxílio da mídia - até com uma certa sabedoria mas sem escrúpulos -   a vaidade humana e a ansiedade de postulantes à presidência da República para abrir o seu caminho: até aqui sem sucesso.
A mais recente tentativa foi o lançamento da então Senadora Marina Silva de longa militância petista.  Antes, a Direita midiática havia usado uma outra senadora por Alagoas que, afinal, veio a ser uma simples e quase desconhecida  vereadora em Maceió.
Marina Silva, foi usada pela Direita através da sigla do Partido Verde, partido transversal – que  na afirmação de U. Bobbio vai, em sua militância internacional,  de um ao outro extremo ideológico -  e tornou-se ao fim do pleito eleitoral, um verdadeiro “bagaço de laranja” chupada e jogado fora,  sem partido.
Seu sonho de grandeza a afastou gradativamente de seus antigos seguidores e companheiros que ela agora tenta reunir em um novo partido sob a sua direção.  Parece que o seu desejo é ser um  símbolo; ser a dona de uma "rede".      
De Senadora e Ministra, que foi, passou a criadora de uma estranha “Rede”, sigla de uma “nova ideologia (que ela afirma não  ser  nem de esquerda, nem de direita, nem de  centro)”.
Como tudo indica e bem lembra o jornalista Saul Leblon, qual seria o destino da promissora carreira do neto do saudoso Governador Miguel Arraes caso ele ouvisse o canto de sereia da mídia, dos jornalões e das Revistas que, até bem pouco, o ignoravam e até o combatiam?   
É de se indagar ainda: o Governador Eduardo Campos vai acreditar que a mídia conservadora e golpista pretende mesmo leva-lo ao Planalto?    Ou usa-lo, para os seus fins inconfessáveis, e depois descarta-lo?      
Seria lamentável, no entanto, a sua deserção do campo progressista e popular que lhe abriu amplas perspectivas na sua promissora carreira.  Um passo em falso poderá comprometer seu  futuro político.  Seu avô, onde estiver, vai lamentar!
Será que Eduardo Campos vai seguir o triste exemplo da Heloisa Helena e da Marina Silva?   Se esquecerá dos exemplos dignos de Arraes e Furtado?
                                              Quem viver verá! 
Olhem só:
O artigo  de Saul Leblon, extraído da Carta Maior:


Imediatamente após o golpe 1964, os militares tentaram cooptar grandes nomes da política brasileira, cuja credibilidade pudesse mitigar a violência cometida contra a democracia.
Ao então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, avô do atual ocupante do cargo, Eduardo Campos, foi dada a opção seca: adesão com renúncia ‘espontânea’, ou prisão.
Cercado no Palácio das Princesas, o sertanejo Miguel Arraes honrou a fibra que lhe dera fama.
‘Não vou trair a vontade dos que me elegeram’, mandou dizer aos emissários do Exército.
Foi preso imediatamente. Sobral Pinto, famoso jurista da época, conseguiu-lhe um habeas corpus, cujo relator foi Evandro Lins e Silva.

Em 1965, Arraes exilou-se na Argélia. Em 1967 foi condenado à revelia a 23 anos de prisão.

Voltou ao país com a abertura, em 1979. A coerência que o transformara em legenda, impulsionou a retomada da carreira política.
Arraes elegeu-se governador mais duas vezes em Pernabuco, em 1986 e 1994.


Outro exemplo de retidão sertaneja foi o paraibano de Pombal, Celso Furtado.
Decano dos economistas brasileiros, Furtado dirigia a Sudene, em Recife.
No dia do golpe, esvaziava gavetas quando sua sala foi invadida por um grupo de oficiais de alta patente.
A exemplo de Arraes, foi chantageado pelos que buscavam aliados vistosos.

Sua resposta não foi menos enfática:

‘Sou um servidor da República, não me peçam para trair minha pátria’, disparou sobre seus interlocutores.

Cassado, Furtado exilou-se na França.

O governador Eduardo Campos conhece essas histórias, conviveu com seus personagens.

O governador tem recebido emissários frequentes das mesmas forças e interesses que em 1964 acossaram seu avô e perseguiram reservas morais da Nação, a exemplo de Furtado.

O governador deve em boa parte a sua carreira política aos que souberam dizer não aos emissários da traição e do golpismo.

A ver.


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VHCarmo.

quarta-feira, 13 de março de 2013

AÉCIO E A CRISE INVENTADA...


                         A mídia golpista leva a oposição por caminhos tortuosos.  De tanto tentar encobrir e minimizar os inegáveis avanços do país produzidos na gestão do PT no governo federal,  acaba por induzir os lideres da oposição a se posicionarem de maneira negativa perante os eleitores. 
              Quem é que neste país gosta de ver alguém falar mal da  Petrobrás,  empresa que orgulha a todos  e se constitui na afirmação de nossa capacidade de realizar? Uns poucos, naturalmente por interesses econômicos e outros como seus promotores e  agentes vendidos.     
              O Aécio Neves, lançado a candidato a presidente pelo PSDB, o mesmo partido que esteve no poder e tentou alienar a Petrobrás às empresas estrangeiras - tentando até mudar o seu nome para PETROBRAX,  para facilitar -  já mostrou as suas garras.
                     Pretende salvar a Petrobrás de uma crise que existe, apenas, nas páginas dos jornalões e revistas entreguistas. 
                  
                      Aécio, quem diria?,  encarnou plenamente a ideologia que produziu a Privataria Tucana chefiada pelo Serra.    Em sua fala aos jornais, esta semana, ao estímulo da mídia, passou a atacar a empresa estatal.  
                      Por seu discurso restou bastante claro que ele defende, embora tente disfarçar, que a solução para crise inventada é a entrega da empresa ao que chama de agentes competentes.  Ou seja, para traduzir o eufemismo, que  seja  entregue às empresas estrangeiras.
                   A atitude do Senador lembra a estória que o falecido líder político Leonel Brizola, gostava de repetir sobre certos políticos:-  
"É como  o escorpião que pediu ao sapo para atravessar o rio às costas dele, pois não sabia nadar,  prometendo ficar bonzinho; o sapo acreditou e na outra margem o escorpião picou o sáurio, matando-o. Na sua agonia o pobre do sapo se lamentou e o escorpião retrucou: desculpe companheiro eu não posso negar a  minha natureza". 
A ideologia entreguista é da natureza dos tucanos, acaba se manifestando.  
                O candidato não fez mais do que mostrar a  "natureza" do seu partido. 
                                Aécio que se cuide, a mídia vem perdendo eleições seguidas, pois o povo (eleitores) já está vacinado contra o seu discurso, principalmente contra a Petrobrás.          
                          
 Olhem só: 

Não há crise na Petrobras!”, afirma Maria das Graças Foster, presidente da empresa em declaração exclusiva para o site da Liderança do PT na Câmara:

“Não há crise na Petrobras. Temos, como sempre tivemos, em 60 anos de história, grandes desafios a superar, que são também enormes oportunidades de crescimento para a Companhia.
No pré-sal, muito ao contrário do que se diz, as metas estão sendo cumpridas e os resultados são os melhores possíveis. No final de fevereiro, atingimos a marca de 300 mil barris de petróleo produzidos por dia no pré-sal. Isso, apenas sete anos depois da primeira descoberta de petróleo naquela camada, ocorrida em 2006. 
No Golfo do México, por exemplo, foram necessários 17 anos para se alcançar a produção de 300 mil barris de petróleo por dia. E conseguimos isso no pré-sal com apenas 17 poços produtores, o que mostra a elevada produtividade dos campos já descobertos no pré-sal.
Repito: a Petrobras não passa por qualquer dificuldade financeira. Nossos investimentos em 2012 chegaram a 84,1 bilhões de reais, a maior realização na história da Petrobras.”
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VHCarmo 

MOMENTO DE POESIA (é algo mais no blog).


              Após a ruptura provocada  pelo    "Modernismo" e entrados os anos 60 do século XX, houve como que uma exaustão daquela fase inegavelmente brilhante da poesia pátria.  Resurge então a velha e nunca esquecida poesia de forte conteúdo amoroso, emotiva, sentimental - evocando sofrimento, nostalgia de um passado idealizado e a angústia da finitude humana, retornando, por vezes, às abandonadas rima e métrica.
              Poetas daquela fase ficaram na história de nossa literatura, muitas vezes enriquecendo a música popular e que replicaram o lirismo de remotas origens lusitanas.

                Daquela época, olhem só!,  o belo poema ( não por acaso um Soneto) do consagrado Mário de Andrade.
 

SONETO

Aceitarás o amor como eu  o encaro?...
...Azul bem leve, um nimbo suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente. 

Tudo que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente. 

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas. 

Que grandeza...A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações  serenas.
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VHCarmo.

 

sexta-feira, 8 de março de 2013

A "DOENÇA" DO MINISTRO ....


(1)
Este escriba não desejaria se exceder em falar sobre o Ministro Joaquim Barbosa, porém não pode se furtar em considerar que ele vem manifestando evidentes sintomas de estar "doente" e contaminado pelo ódio de um vingador vulgar.

O presidente do STF tem se revelado, sem dúvida, como portador de uma missão purificadora dos costumes e que, para cumpri-la como um “modernoso Dom Quixote”, sai por aí a tentar consertar o Brasil e seus seculares problemas com a lança da vingança, sempre na companhia do “Sancho Pança” da mídia, fazendo pouco da obediência que deve à lei e à Constituição do país.

O perigo, no entanto, é que ele parece não perceber que a grande mídia conservadora, notando a sua “doença”, o vem o usando para dar curso aos mais suspeitos interesses políticos dela.

Ele, dando curso à sua “doença”, andou maltratando um emissário da mídia e mereceu alguma crítica do Estadão. O jornal pede que ele  modere os seus rompantes para,  evidentemente não atrapalhar a sua “nobre missão”.
O editorial do jornalão foi claro!

O Ministro Lewandoski em um dos entreveros provocados pela intolerância do J. Barbosa, ao alegar no julgamento da Ação Penal 470, que o revisor, no seu voto, defendia um determinado réu, lembrou-lhe duas coisas: uma, de que ele Joaquim deveria proceder como juiz e não como promotor (MP), defendendo a denúncia; outra: que o julgamento se dava no Brasil e sob as leis brasileiras que deveriam ser respeitadas e aplicadas  por ele como juiz da Suprema Corte deste país.    

Explica-se este último ponto: em várias oportunidades, em plenário, o Ministro Presidente se referia à imprensa americana e se preocupava com a repercussão do julgamento nos EEUU. Chegou a manifestar, naquela ocasião, que sentia certa vergonha  por ter lido  uma opinião depreciativa de um jornal americano contra  o nosso Tribunal.    É assim que ele funciona.

(2)__________________
Na negativa de permitir ao ex-ministro José Dirceu ir à Venezuela prestar homenagem ao seu amigo, o falecido Presidente Hugo Chávez, o Ministro revela, certamente, o mesquinho sentimento de sua “doença” e da vingança de que está possuído.    Ele afirmou que negava o pedido porque o acusado estava condenado em “última e única instância”.     Meia verdade, porém, pois a condenação de José Dirceu pende do seu “transito em julgado”, ou seja, da publicação do Acórdão, da interposição e eventual procedência de  recursos que podem modificar o julgado, no todo ou em parte.

Mas o aspecto humano da questão é relevante.  O Ministro deixa transparecer neste caso um ódio pessoal contra o ex-ministro, coisa que jamais escondeu no curso do julgamento. José Dirceu era, pare ele,  o “chefe da quadrilha”, embora não houvesse  nos autos do famoso “fatiamento” do julgamento, qualquer prova contra o ex-ministro e da existência de uma quadrilha.  

Ora, se fosse permitida ao réu a viagem, oferecer-se-ia a ele a hipotética oportunidade de não regressar ao país e se isto ocorresse, engrandeceria a justificaria a cautela e as razões do Ministro.      Mas não, ele preferiu ignorar questões de sentimento.  Ele anseia por ver o acusado trancafiado e já manifestou isto de várias formas, parece mesmo uma “doença”.    

O Presidente do STF, J. Barbosa, não respeita a pessoa dos acusados, externando, fora do contexto, palavras injuriosas contra eles, contrariando o velho jargão jurídico: “réus res sacra”, ou seja, o réu é um ser sagrado embora, em tese, possa eventualmente  ter  transgredido a lei.

 Nas sociedades civilizadas o caráter da privação de liberdade aplicável a qualquer condenado tem a finalidade de recuperá-lo e não de puni-lo.  A sociedade civilizada não adota a vingança contra o réu.   Talvez o nosso Sultão tenha se esquecido disto. Afinal, ele tem se esquecido de tantas normas legais e constitucionais!      Não é mesmo?
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VHCarmo.
Foto do blog. Corte de Apelação, em Aix - Provence - FR.

quarta-feira, 6 de março de 2013

ATÉ QUANDO? ...


        
Até aonde o Presidente do STF levará a sua prepotência adquirida por pressão midiática no julgamento da Ação Penal 470?  Ao destempero, à má educação e ao desprezo das regras mínimas de civilidade? 

Justificar-se-ia que o seu sossego não pudesse ser perturbado por um “reles” jornalista, mesmo sendo do Estadão, jornalão que o vem promovendo?.

O que causa espanto, no entanto, é que o jornal  Estado de São Paulo  que se proclama tão cioso daquilo que ele chama liberdade de expressão e de livre curso de notícias e informação, ao invés de partir para a defesa do seu humilhado jornalista, para desagravá-lo, declara, através de seu Diretor de Redação (Ricardo Gandour) simplesmente que:
         
             “É um fato público e não vai comentar”.
Como ? 
Ora, alguém que tenha o mínimo de senso crítico há de pensar: se fora outro homem público envolvido, principalmente se fosse dos quadros do Partido dos Trabalhadores que fizesse algo parecido contra um repórter do Estadão mereceria comentário tão sucinto e em tom tão ameno como esse?
                         Foi quase um pedido de desculpas  ao distinto público. 

Certamente o fato estaria nas manchetes de primeira página - até nos  outros jornalões - como tendo sido um ataque ao jornal e um atentado contra a liberdade de expressão e informação.

Imagine-se mais: qual seria o tom da reprovação pelo gesto mal educado e por aquele grito sonoro "...Vá chafurdar no lixo como vocâ faz sempre" e depois do elevador bradar: “palhaço!”, lançados pelo Ministro ao rosto do jornalista Felipe Recondo?.     

O Estadão tentou passar uma certidão de que todas pessoas são tolas ou ingênuas e que acreditam demais na sua habilidade de  omitir, distorcer informações e fazer comentários sobre fatos de acordo com suas intenções políticas.   
Onde ficou a  alardeada isenção do Estadão para não protestar contra a afronta e  deixar de defender seu funcionário que, provavelmente como mandatário, tinha intenção de promover ainda mais o Ministro?

 A  verdade é que a mídia inflou de tal modo a vaidade do J. Barbosa, que agora  tem que se ver em situação incômoda como esta do Estadão.   Até quando suportará?  O Ministro se mostrou imprevisível.

Finalmente, a nota de desculpas do Gabinete Ministerial não desculpa nada.  Foi um ato tão arrogante e ofensivo do Ministro contra o repórter, cometido com inopinado rompante – como se viu do vídeo exibido na TV – que, no mínimo, mereceria uma retratação atual, pessoal perante o ofendido e perante as mesmas câmeras televisivas que o exibiram para o país.  A nota insípida não repara a grave humilhação (Chafurdar-se no lixo... palhaço!).

Impõe afinal, manifestar a preocupação que ocorre a todas as pessoas comuns do povo: a Democracia brasileira corre perigo e precisa se defender contra a atuação do Ministro, pois além de suas manifestações de prepotência, como essa, ele vem desrespeitando a Constituição Federal, atacando  os outros poderes da República, seus membros e a própria Justiça, inclusive perante a imprensa estrangeira, usando a sua já conhecida incontinência verbal, provocando evidente instabilidade institucional.
A grande mídia conservadora aplaude, mas até quando a “sociedade” vai suportar isto? 
                       O Senado precisa ficar atento!. 

VHCarmo.

segunda-feira, 4 de março de 2013

A MEGALOMANIA DO MINISTRO ...


  
O Ministro Joaquim Barbosa extrapolou na sua megalomania.  Sua vaidade doentia chegou até aos foros internacionais, ou seja, deixou claro que ele – a seu próprio juízo – paira sobre todos os poderes da República.    A entrevista que deu às Agências Internacionais de Notícias torna evidente que o Ministro  do Supremo Tribunal Federal perdeu, de vez,  a  mais mínima noção da compostura que seu alto carga impõe.

O Ministro ficou a vontade frente aos repórteres internacionais para exibir toda a sua “autoridade”.  Falou como se todos poderes de comando político do país tivesse sob a sua batuta.   Desancou preferencialmente, como sempre  faz,  contra o poder legislativo e seus membros.

Barbosa tratou, na entrevista, o poder legislativo como uma instituição que lhe fosse subalterna e sujeita a seus ditames e preconceitos.  Falou como se fora hierarquicamente superior ao Congresso, cobrando-lhe comportamentos, censurando seus membros, invadindo as suas prerrogativas.     Olhem só estas palavras do nosso Presidente do Supremo Tribunal Federal, destacadas da entrevista:  

A sociedade está cansada dos políticos tradicionais, dos políticos profissionais.  Nós temos parlamentares aí que estão há 30, 40 anos no Congresso, ininterruptamente.  E aqui (ele estava falando para imprensa estrangeira) ninguém jamais pensou  estabelecer “term limit” (em português: limitar o número de mandatos)”.

Esta pequena, no entanto  significativa declaração deixa exposta a megalomania do Ministro Joaquim, afinal, ele censura o país por não fazer o que ele entende.

Ora, enquanto vigente a nossa Constituição que cabe a ele guardar e defender, o povo é que escolhe os seus representantes e, se tem mantido alguns por muito tempo no parlamento, o faz através do voto.   E, segundo esta mesma Constituição o povo é o titular do poder que exerce através de seus representantes eleitos, queira ou não, o Ministro.    A rigor o nosso Presidente do Supremo Tribunal Federal não parece concordar com isto; talvez - quem sabe? -  porque o povo não votou nele para o cargo que ocupa.

Por outra parte indaga-se: com que autoridade   ele invoca o nome da sociedade (ele não  fala do povo), dizendo-a cansada de determinados políticos? 

Além de expressar uma convicção  pessoal, revela uma censura aos eleitores como se eles não fossem a “sociedade” e não soubessem votar.  Alias, alguém menos entendido em matéria política, já disse isto e foi ridicularizado.    

Será que o nosso Ministro acha que a sociedade é politicamente diferente de povo?     Se pensa assim ele se revela, em última análise, contra o Estado Democrático de Direito.

Não parou aí a megalomania do nosso Presidente do Supremo Tribunal Federal  (inovador).       Ele investe contra os seus pares, os Juízes de todas as instâncias e níveis jurisdicionais.

Como um estranho “magister supremus” pôs-se a criticá-los por não condenarem os acusados, usando de uma virulência inusitada contra eles, culpando-os por suas decisões absolutórias e pretendendo interferir na sua liberdade de julgar segundo o entendimento deles, de sua consciência e de acordo com os ditames da lei penal.

O Ministro parece pretender que se generalize a triste lição do STF no julgamento da Ação Penal 470, ou seja, condenar sem prova, por meio de ilações deduções e conclusões hipotéticas.

Os Juizes reagiram e, em Nota de suas representativas  associações de magistrados publicada no dia 02/03/2013,  repeliram com veemência a descabida e pretensiosa intervenção do Ministro.

Olhem só:   

A íntegra da nota:


A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), entidades de classe de âmbito nacional da magistratura, a propósito de declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) em entrevista a jornalistas estrangeiros, na qual Sua Excelência faz ilações sobre a mentalidade dos magistrados brasileiros, vêm a público manifestar-se nos seguintes termos: 

1. Causa perplexidade aos juízes brasileiros a forma preconceituosa, generalista, superficial e, sobretudo, desrespeitosa com que o ministro Joaquim Barbosa enxerga os membros do Poder Judiciário brasileiro. 

2. Partindo de percepções preconcebidas, o ministro Joaquim Barbosa chega a conclusões que não se coadunam com a realidade vivida por milhares de magistrados brasileiros, especialmente aqueles que têm competência em matéria penal. 

3. A comparação entre as carreiras da magistratura e do Ministério Público, no que toca à “mentalidade”, é absolutamente incabível, considerando-se que o Ministério Público é parte no processo penal, encarregado da acusação, enquanto a magistratura —que não tem compromisso com a acusação nem com a defesa— tem a missão constitucional de ser imparcial, garantindo o processo penal justo.

4. A garantia do processo penal justo, pressuposto da atuação do magistrado na seara penal, é fundamental para a democracia, estando intimamente ligada à independência judicial, que o ministro Joaquim Barbosa, como presidente do STF, deveria defender. 

5. Se há impunidade no Brasil, isso decorre de causas mais complexas que a reducionista ideia de um problema de “mentalidade” dos magistrados. As distorções —que precisam ser corrigidas— decorrem, dentre outras coisas, da ausência de estrutura adequada dos órgãos de investigação policial; de uma legislação processual penal desatualizada, que permite inúmeras possibilidades de recursos e impugnações, sem se falar no sistema prisional, que é inadequado para as necessidades do país. 

6. As entidades de classe da magistratura, lamentavelmente, não têm sido ouvidas pelo presidente do STF. O seu isolacionismo, a parecer que parte do pressuposto de ser o único detentor da verdade e do conhecimento, denota prescindir do auxílio e da experiência de quem vivencia as angústias e as vicissitudes dos aplicadores do direito no Brasil. 

7. A independência funcional da magistratura é corolário do Estado Democrático de Direito, cabendo aos juízes, por imperativo constitucional, motivar suas decisões de acordo com a convicção livremente formada a partir das provas regularmente produzidas. Por isso, não cabe a nenhum órgão administrativo, muito menos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a função de tutelar ou corrigir o pensamento e a convicção dos magistrados brasileiros. 

8. A violência simbólica das palavras do ministro Joaquim Barbosa acendem o aviso de alerta contra eventuais tentativas de se diminuírem a liberdade e a independência da magistratura brasileira. A sociedade não pode aceitar isso. Violar a independência da magistratura é violar a democracia. 

9. As entidades de classe não compactuam com o desvio de finalidade na condução de processos judiciais e são favoráveis à punição dos comportamentos ilícitos, quando devidamente provados dentro do devido processo legal, com garantia do contraditório e da ampla defesa. Todavia, não admitem que sejam lançadas dúvidas genéricas sobre a lisura e a integridade dos magistrados brasileiros. 

10. A Ajufe, a AMB e a Anamatra esperam do ministro Joaquim Barbosa comportamento compatível com o alto cargo que ocupa, bem como tratamento respeitoso aos magistrados brasileiros, qualquer que seja o grau de jurisdição.

Brasília, 2 de março de 2013. 

Nelson Calandra
Presidente da AMB

Nino Oliveira Toldo
Presidente da Ajufe

Renato Henry Sant’Anna
Presidente da Anamatra

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VHCarmo.