quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lula uma nova face do Brasil....

                                         A sabedoria não se adquire somente pelos meios formais, ela é muito mais rica quando adquirida na escola da vida e é fiel às suas origens.  Quem diria que o meio acadêmico do mundo ia laurear o Presidente Lula com tantos prêmios e tanto reconhecimento.
                                         Poucos homens públicos, intelectuais mesmo,  tiveram a grandeza de Lula que, com a sabedoria da vida, levou seu país a um novo plano, e o conduziu àquilo que o economista Delfim Neto denominou como  “um novo processo civilizatório”.

Oh gente como é bom ler isto:

Lula ovacionado por estudantes ao receber diploma na França.
27 de setembro de 2011 • 16h57 •

LÚCIA MÜZELL

Direto de Paris

Batucada na entrada, cenas de histeria na saída. Foi em um clima de ídolo juvenil que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira, em Paris, o título de doutor honoris causa da Sciences Po, uma das instituições de ensino mais importantes da França. Lula ainda teve o discurso interrompido diversas vezes por aplausos e, ao final da cerimônia, teve direito a uma homenagem com carregado sotaque francês: em português e com a letra nas mãos, os alunos entoaram "vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer", refrão da famosa música 'Para dizer que não falei de flores', de Geraldo Vandré.

Esta foi a primeira vez que a Sciences Po entregou um doutorado honoris causa a um latino-americano e o segundo título do gênero recebido pelo ex-presidente por instituições internacionais - o primeiro foi da Universidade de Coimbra, em Portugal. Lula se alongou por 40 minutos para agradecer ao título, em um auditório lotado por 500 pessoas, entre estudantes, jornalistas e acadêmicos destacados da universidade, como o respeitado sociólogo Alain Touraine, que é amigo do também ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso.

A sala era decorada por bandeiras do Brasil, erguidas pelos jovens que, ao encerramento do evento, gritavam o nome do ex-presidente, se empurravam para se aproximar dele, pediam autógrafos e até choravam ao conseguir uma foto ao lado de Lula. O petista não economizou beijos, abraços e poses junto aos estudantes quando tentava deixar a instituição.

"Embora eu tenha sido o único governante do Brasil que não tem diploma universitário, já sou o presidente que mais fez universidades na história do Brasil", disse, em um discurso recheado não apenas de dados favoráveis ao seu governo, como de brincadeiras que fizeram o público rir em diversas ocasiões. "Eu perdi muito, gente. Se vocês um dia quiserem conversar com um cara que perdeu muito, me procurem. Mas também fui o cara que quando ganhou, soube tirar lições das derrotas para ajudar a mudar a história do meu País."

O ex-sindicalista comentou a atual crise econômica mundial, para a qual vê apenas uma iniciativa política conjunta como solução. "Eu via tanta gente sabida na Europa e nos Estados Unidos, que dava tanto conselho econômico, que quando começou a crise, eu falei: os especialistas lá vão resolver a crise em três dias. Qual não foi a minha surpresa quando eles se esconderam. Ninguém sabia mais nada: o Banco Mundial não sabia mais nada, o FMI não sabia mais nada, a Comissão Europeia também não."

Lula também arrancou aplausos da plateia ao descrever o percurso da atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff, durante os anos da ditadura, e terminou de conquistar os últimos fãs franceses ao incitar os jovens a não desistirem da política - a Sciences Po forma a maioria dos governantes franceses. "Vocês ficam idealizando o político ideal. Pois olhem para vocês mesmos: esse político pode ser um de vocês."

O petista estava acompanhado de dois ex-ministros, José Dirceu e Márcio Thomaz Bastos, e do atual ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que estava em Paris para participar de uma reunião ministerial do G20, o grupo dos 20 países mais ricos do mundo. O ex-presidente preferiu não conversar com a imprensa após o evento. Ele fica na capital francesa até amanhã, quando deve se encontrar com o primeiro-secretário do Partido Socialista, Harlem Désir. Os líderes do partido estão em plena campanha para as primárias internas, que vão designar o candidato para as eleições presidenciais francesas em 2012, contra o atual presidente, Nicolas Sarkozy. Na segunda-feira, Lula encontrou-se com Sarkozy no palácio do Eliseu, a sede da presidência francesa, a convite do governante.
___________________________________________
 VHCarmo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PRONUNCIAMENTO IMPORTANTE DA PRESIDENTA...

                                           Passou um tanto desapercebida o pequeno e importante pronunciamento que a nossa Presdienta Dilam Roussef  fez em Nova Iorque sobre o problema da Grécia.  Não comporta comentários, pois é muito claro, irrefutável e é imperativo a gente ler.   O pronunciamento emana da importância que o Brasil assumiu perante os problemas mundiais.       Olhem só:

Dilma ironiza crise e diz que Grécia não pode vender ilhas para pagar dívida.
                                  A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quinta-feira (22) uma redução da dívida grega e a abertura de uma linha de financiamento para a Grécia, país gravemente afetado pela crise financeira.
                                Dilma defende linha de financiamento para a Grécia.
                             “Há que decidir o que se faz, em relação à Grécia. Ninguém aqui acredita que um pacote de US$ 8 bilhões resolva o problema”, disse, referindo-se à possível liberação de US$ 8 bilhões que a zona do euro decidirá no mês que vem se concede ao governo grego, como parte de um pacote de US$ 110 bilhões aprovado no ano passado.
                                 "Você tem que buscar a solução que seja politicamente consistente com o problema”, disse a presidente, em entrevista coletiva concedida em Nova York, Estados Unidos. “Eu não acredito numa saída para a Grécia que simplesmente obrigue a Grécia sistematicamente a fazer cortes de 20%, a cortar todo o seu funcionalismo público, vender o Parthenon. Além de vender o Parthenon, o que mais ela pode vender? As ilhas gregas? Eu não acho que essa solução seja correta”.“Acho que seria correto uma linha de financiamento para a Grécia, a redução da dívida grega, uma discussão séria entre os países de como é que a Grécia se resolverá, dentro da União Europeia. Eu não posso te convidar para uma festa de debutante e não deixar você comer o bolo”, acrescentou.
                                     Dilma Rousseff voltou a afirmar que o Brasil está disposto a colaborar com a busca de uma solução para a crise financeira com “recursos políticos”. “Nós estamos prontos a dar a nossa contribuição, desde que ela seja uma contribuição que faça parte de um processo de solução do problema macroeconômico”.
                                    “O governo brasileiro não acha que nós solucionaremos o problema europeu, por exemplo, colocando dinheiro das nossas reservas no Fundo de Estabilização, porque não é este o problema. Nós faremos qualquer medida que o mundo reparta entre si, desde que fique claro qual é o caminho que querem adotar. Nós não achamos que a questão – vou repetir – é falta de dinheiro. Nós achamos que a questão é falta de recursos políticos”.
                                     E alertou mais uma vez que não se pode sair da crise produzindo recessão. “Eu disse ontem que não é possível mais dar respostas antigas e velhas e ultrapassadas, e que é importante procurar respostas novas para problemas novos. Eu não acredito, de maneira alguma, que se saia da crise produzindo recessão”.                    
                   “Quando você reduz o crescimento, você reduz a capacidade da economia pagar suas dúvidas. Assim sendo, você aumenta o déficit. Assim sendo, você exige mais restrição. Assim sendo, você aumenta a dívida, aumenta o déficit e exige mais recessão. Essa é a típica espiral recessiva em que está imersa a Grécia”.
________________________________________________
 Observação: este humilde bloguinho teve conhecimento de textos produzidos e publicados pelos nossos jornalões em que, ao invés de  elogiar a atuação da Presidenta e a importância do Brasil na solução da crise, põe-se a ironizar a deixar escorrer o profundo complexo de inferioridade e a vocação neoliberal que, por sinal, o mundo todo vem abandonando,  como  a causa primeira dessa crise que parece levar a Europa à recessão.

VHCarmo.



domingo, 25 de setembro de 2011

Ilha do Petróleo...

                   Na sua pitoresca  e irônica linguagem o bravo jornalista Paulo Henrique Amorim produziu a coluna que este escriba reproduz abaixo com venias aos amigos paulistas cuja maior parte não compactua com certas "realizações" tucanas. 
                                            Olhem só:                        

Saiu no Estadão, pág. B15 (25.09.2011).

                        ‘Ilha do Petróleo’, no Rio, poderá ser o maior centro de pesquisa do mundo”
                          Complexo de 400 mil metros quadrados na Ilha do Fundão, a Ilha reúne laboratórios das 16 principais multinacionais de tecnologia do setor, com investimentos de US$ 500 milhões.
                          É possível que esse conjunto venha a se rivalizar com o de Houston, no Texas, EUA, hoje considerada “a capital do petróleo”.
                           As obras se dão em torno da Universidade Federal do Rio de Janeiro (que adota o ENEM) e do Cenpes, da Petrobrás, o maior centro de pesquisas da América do Sul. (E pensar que tudo isso seria da Chevron, se o Padim Pade Cerra ganhasse…).
                          45 mil metros quadrados já foram destinados à GE, que ali construirá seu maior centro de pesquisas no mundo (fora dos Estados Unidos) para desenvolver produtos ligados à Saúde (o SUS é seu maior cliente, esse SUS que, para o PiG (*) não presta); à geração de energia; em TI; e a motores de locomotivas (já que os PAC I e II vão construir muitas ferrovias).
                           O Cenpes está interligado às Redes Temáticas da Petrobrás – 
                            O engenheiro Carlos Thadeu Fraga, presidente do Cenpes, diz que a meta da companhia é eliminar as plataformas de superfície e colocar toda a tecnologia de separação de óleo de água em cápsulas submarinas.
                             Essa notícia não sai no jornal Globo, do Rio, que tem como característica essencial tentar destruir o Rio, enquanto Carlos Lacerda não voltar a ser governador. Como se sabe, o salário médio do trabalhador do Rio passou a ser sistematicamente maior do que o do trabalhador de São Paulo.
                           Também se sabe que o Rio e Minas passaram a atrair mais investimentos estrangeiros do que São Paulo.
                       Como se sabe, os tucanos e a elite administram São Paulo há 17 anos. E produzem obras primas como obrigar o trabalhador a levar 2h49m por dia, no trânsito.
                        Um dia, o eleitor de São Paulo dá a volta no PiG (*) e descobre como os tucanos são jeniais.
                          Este post é uma singela homenagem aos Urubólogos que insistem em dizer que o Brasil é uma Colônia tecnológica.
Em tempo: para um carioca, a “Ilha do Petróleo” tem um aspecto simbólico adicional. Ela fica embaixo da laje em que queimaram o jornalista Tim Lopes, no Complexo do Alemão
                               Paulo Henrique Amorim.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
___________________________________________
VHCarmo.

Isto provoca uma reflexão....

                                    É, sem dúvida, um tanto cansativo falar sobre a nossa mídia e sua maléfica atuação no atual contexto do crescimento do país. Na sua maioria esmagadora, mesmo nos núcleos de concessões do Estado, a mídia monopolizada se comporta como uma força de resistência contra o avanço social, econômico e político do Brasil.
                                 Por conseqüência de nossa evolução política, a mídia brasileira tem sido condutora de uma consciência de subalternidade, inicialmente, em seus primórdios, de sustentação ao colonialismo e evolutivamente se colocando como correia de transmissão dos interesses dos impérios econômicos externos, inicialmente com núcleo na Inglaterra e, após a segunda guerra mundial, nos USA., sem se desligar internamente das elites ultraconservadoras.
                                 Um breve escorço histórico da nossa imprensa revelaria que, em poucas oportunidades, ela se colocou na defesa da autonomia e da soberania do país. Até pelo contrário tem colaborado ativamente com os setores mais reacionários, comprometidos com os interesses econômicos e de dominação externos.
                                   É de notável permanência no tempo histórico dos laços mantidos pela mídia brasileira com os setores das forças armadas mais comprometidos com a ideologia de subserviência e com os interesses externos, provocando seguidas rupturas da legalidade e da democracia em favor daquelas forças.
                                  Para exemplificar basta lembrar que, em todos os períodos ditatoriais que o país atravessou, a mídia, sem constrangimento e até cooperativamente, se colocou ao lado da repressão e só tardiamente quando, atacada em seu monopólio, se juntou timidamente aos setores que lutam pela democracia e pela liberdade.
                                 Este preâmbulo é para a gente compreender o tratamento que a grande mídia - as Revistas, os Jornalões e a TVs, - deu à atuação de nossa Presidenta por ocasião da recente abertura da Seção da Assembleia da ONU, em Nova Iorque.    Enquanto os jornais e revistas de todo o mundo deram relevância à atuação da Presidenta Dilma e até mesmo a colocaram, em destaque, em suas capas e páginas especiais, a imprensa brasileira (a mídia em geral), quando não tentou ridicularizar a sua atuação até com comentários irônicos, simplesmente negaram a importância de sua atuação,evitando até notícias e comentários sobre o evento.
                                   O discurso de nossa representante que teve a singularidade de ser da primeira mulher a subir ao palco mais importante do mundo, comportou análise de todos os grandes problemas da atualidade, com particular defesa dos nossos valores políticos e nossa vocação para a paz. Foi direito ao ponto ao sugerir os remédios políticos para a superação da crise que assola os paises ditos desenvolvidos e atacou com contundência o recurso à força que as potências têm usado contra os paises mais fracos que, segundo a sua correta avaliação, tem resultado em incremento do terrorismo. Disse ela que a violação dos direitos humanos devem ser combatidos independentemente de suas origens, referindo-se,  naturalmente, aos promotores de  guerras e  assassinatos de populações civis, sob o pretexto de salvá-las.  
                                Dilma assumiu, mais uma vez, a defesa da presença na ONU de um Estado Palestino, dívida  não saldada desde 1967. Colocou, afinal à mesa a nossa legítima reivindicação a um posto permanente para o Brasil no Conselho de Segurança.
                                Foi relevante, também, a bela peroração inicial e final do discurso, em que pontificou a nossa alma latina e a nossa vocação poética e humanística. Dilma, enfim, dignificou a nossa  pátria!
                              Por fim, ocorre a todos brasileiros orgulhosos de seu país, principalmente nesse momento bom que vivemos, a indagação do porquê e qual a razão (oculta ou não) da resistência da mídia, não somente ao atual governo, mas ao país? Qual seria seu objetivo imediato e em longo prazo? O sociólogo Emir Sader recentemente respondeu a essa pergunta singelamente, dizendo que a mídia quer o controle do Estado para colocá-lo a seu serviço e dos setores comprometidos com interesses das elites ultraconservadoras e alienígenas.
                                      Isto provoca, sem dúvida, uma reflexão...
VHCarmo.

sábado, 24 de setembro de 2011

Um momento de poesia

ISMÁLIA 
Alphonsos de Guimaraães.


Quando Ismália enloqueceu,
pôs-se  na torre a sonhar...
viu uma lua no céu ,
viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
banhou-se toda em luar...
queria subir ao céu
queria descer ao mar...

E no desvario seu,
na torre pos-se a cantar...
estava perto do céu,
estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
as asas para voar...
queria a lua do céu,
queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
ruflaram de par em  par...
sua alma subiu ao céu,
seu corpo desceu ao mar...
--------------------------------------------------------------
VHCarmo.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O voto distrital é uma tentativa de sobrevida da direita sem diiscurso...

                                       O texto do sociólogo Marcos Coimbra que este escriba transcreve abaixo é altamente esclarecedor sobre o chamado “Voto Distrital” que, torna claro, ser uma tentativa de saída procurada pela direita e a oposição acuadas para sobreviver.   O articulista prima pela competência nessa área, pois, é diretor do Instituto de Pesquisas Vox Populi e o seu texto é sobretudo analítico das implicações fáticas  e das consequências desastrosas que podem gerar o voto por distritos no contexto do nosso país e, mais, o perigo que representa para a nossa democracia.

É de se ler:

                                          Os equívocos do voto distrital

Posted By Marcos Coimbra On 17 de setembro de 2011 (Rev. Carta Capital).

Vamos imaginar que, por qualquer razão, a campanha que a direita brasileira move por meio de seus jornais e revistas em favor do voto distrital dê certo. E que, com a mesma irresponsabilidade com que tem sido propagandeado, o Congresso resolva aprová-lo.

As pessoas que foram convencidas pelos argumentos de políticos, jornalistas e intelectuais conservadores se sentiriam bem. Para elas, com o fim do voto proporcional, teríamos dado um grande passo para consertar as deficiências de nossa democracia.

Estariam enganadas.

Acreditaram que ele não tinha contraindicações e que era simples implantá-lo. Mas a verdade é que o voto distrital traz vários problemas e é difícil adaptá-lo à nossa cultura.

A primeira pergunta é quantitativa: quantos distritos haveria no Brasil? Alguns dizem que seriam 513, o número de deputados federais existentes. Mas, nas eleições para as Assembleias, qual seria o número? Os deputados estaduais são 1.059 (incluídos os distritais). Haveria municípios agrupados na eleição para a Câmara, mas separados na estadual?

Teríamos, também, de concordar com o tamanho dos distritos. No ano passado, éramos 135,8 milhões de eleitores. Se fossem 513 distritos, a média seria de perto de 265 mil eleitores em cada um.

Nos países com voto distrital, a praxe é fazer essa conta, aplicando o princípio de “cada cabeça, um voto”. Quando são federativos (como os Estados Unidos), procura-se, no entanto, corrigir a eventual falta de representação dos estados pequenos, assegurando que tenham ao menos um distrito.

Aplicando o princípio e supondo que ficaríamos com 513 distritos (pois seria pouco provável que a sociedade apoiasse o aumento do número de deputados), todos os estados teriam sua representação diminuída, à exceção de São Paulo (onde ela quase dobraria).

Há que pensar no que são distritos com 265 mil eleitores. Como imaginar que neles haveria a propalada proximidade entre representantes e representados? Alguém pensa, a sério, que deputados eleitos com base em territórios tão complexos e heterogêneos estariam “perto” dos eleitores? Que aumentaria a possibilidade de serem cobrados?

E onde começariam e terminariam os distritos recém-criados? O bairro tal ficaria junto de quais outros? A cidade A seria do distrito X ou Y? As microrregiões hoje reconhecidas administrativamente seriam mantidas?

Essas perguntas estão na base do que os norte-americanos chamam de apportionment: a necessidade de calcular e, periodicamente, recalcular o número de distritos dos estados e a combinação de localidades dentro deles, de forma a que reflitam as mudanças demográficas.

É um processo cheio de complicações e possibilidades de manipulação. A ponto de terem inventado uma palavra para designar a procura de vantagens individuais ou partidárias ao fazê-lo. O nome é gerrymandering e ocorre com frequência por lá.

Se, então, o Congresso aprovasse o voto distrital no Brasil, o que teríamos de imediato seriam novos problemas. Em vez de consertar nossos males, criaríamos outros.

Tudo valeria a pena se houvesse certeza da superioridade do voto distrital em relação ao proporcional. Nos aborreceríamos até chegar a ele, mas o resultado compensaria.

Não é, no entanto, o caso.

Por várias razões, o voto distrital está longe de ser uma solução. Nele, é possível que quase a metade de uma região, estado ou do País fique sem representação. E é certo que, para as minorias étnicas, religiosas, culturais, de gênero ou opinião, entre outras, seria quase impossível eleger deputados.

A disputa de votos baseados na territorialidade faz com que o conteúdo político das candidaturas fique em plano secundário. O que predomina é a discussão dos “problemas concretos” e de quem tem “mais capacidade” de resolvê-los. O típico eleito é (e se orgulha disso) um “despachante de luxo”, um parlamentar paroquial que vai para Brasília com a ideia de que só deve explicações à sua região. Isso já existe hoje, e se generalizaria e se intensificaria.

No voto distrital, os candidatos não precisam de seu partido para se eleger. Só sua votação conta. Sentem-se, portanto, donos exclusivos de “seus” votos. Estar filiado a determinado partido chega a ser irrelevante.

Complicado, sujeito a manipulações, o voto distrital é ruim na representação de minorias, leva à falta de ideologia na política e enfraquece os partidos.

Talvez sejam seus problemas que atraiam a direita. Ou, então, ela só quer mesmo é posar de quem tem a solução para o Brasil (mesmo que saiba que é conversa fiada). •
______________________________ 
VHCarmo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Emocionante e notável o discurso da Presidenta na ONU...

                                  Hoje é um dia particularmente importante e emocionante para todos nós brasileiros. O discurso da nossa Presidenta DILMA na abeertura da Asssembléia da ONU, em Nova Iorque, além de uma peça incisiva de análise em relação ao momento por que passam os paises desenvolvidos, mergulhados numa crise sem precedentes que contamina os demais, o pronunciamento emociona, ainda, pela sensibilidade feminina que ela deixou patente em suas belas palavras.
                      A primeira mulher a discursar na abertura da Assembléia Geral, a Presidenta se mostrou a altura da importância que este fato se reveste.
                         Afinal, o discurso está a sustentar o momento que o Brasil atravessa: promovendo o resgate da pobreza, distribuindo renda, reconstruindo e promovendo o crescimento de nossa infraestrutura para fortalecer o mercado interno e manter a soberania e a independência.
                        Não cabe a este modesto escriba analisar o discurso que à simples leitura deixa tudo muito claro. Impõe a todos lê-lo na integra e deixar extravasar a emoção e o orgulho de ser brasileiro.

VHCarmo.
 
                 ( Vai abaixo um conto).

Um conto que relembra outro ...

                             Quem já leu o meu livrinho de contos (Complexo do Alemão e outros contos) há de se lembrar do “Meu afilhado”, mendigo que pedia esmolas ao pé da estátua levantada na Cinelândia em comemoração da independência. Chamava-se Roberto e viera, aos trancos e barrancos de Varginha –MG de onde fora expulso de um pequeno sítio no qual cultivava uma rocinha, para se abandonar à mendicância no Centro do Rio. Conservava, apesar de tudo, uma certa dignidade e revelava um singular conhecimento das coisas que aconteciam em volta dele, porém reivindicava o seu direto inalienável  de abandonar-se àquela miséria. Embora tenha sido um texto ficcional o personagem era real bem como a “estória” que aí vai neste conto  abaixo:
                                                                 
                                                                    A gente da rua.
                                                                           -E o meu afilhado ?

                         O Comprido estava lá. O meu afilhado já não aparecia fazia tempo. A mulher esquálida, que o Roberto apontava sempre como sua companheira, às vezes aparecia. Relutava em perguntar-lhes. Intimidade com mendigo é um negócio difícil. Não por eles; por nós mesmos. Eles que me dissessem o que havia com ele que, afinal, assumira comigo uma certa simpatia recíproca.
                         A mulherzinha mulata, olho de coruja, que faz intermináveis abdominais e parece ter coluna de seda, estava lá todo o dia ao cair da tarde, sempre no mesmo lugar, sentada sobre a grade do buraco do Metrô. Já lhes contei que, estranhamente, ela ora pedia, ora recusava esmola. Só não deixava de me olhar fixamente com aqueles olhos caídos e embaçados. Ela também não me disse nada.
                         Era imperativo perguntar pelo meu afilhado; me faltava coragem. A última vez que eu o vira estava semimorto, ferido no sobrolho; a boca dilacerada, espumando de cachaça. Não teve ânimo sequer de esboçar um riso. A catinga emanada do corpo escuro tornara-se mais insuportável, como se isto fosse possível.
                      - “Você está bem Roberto?

                        -“Que nada meu padrinho, tô fudido!. Fiquei uns dez dias, não sei bem quantos, internado no Souza Aguiar. Levei um tombo; foi a cachaça que me empurrou”. Falou e riu, seu sorriso desdentado.

                          -Tá melhor agora, cara?

“ Sei lá, padrinho; já não tenho forças pra pedir esmola, nem apetite pra comer”.

                          -Te cuida,  falei e fui andando, descendo as escadarias do Metrô, meio desconsertado.

                        Afinal, num belo dia  criei coragem. O Comprido estendia a mão à beira da calçada, junto da estátua do centenário da Independência. O cheiro de mijo, subia-lhe pelo corpo magro e penetrava pelo meu nariz inflado. Saquei uma moeda de um real e, enquanto a colocava na mão dele, fiz a pergunta havia tanto tempo engasgada:

                         -“E o Roberto, Comprido ?

                           “O seu afilhado?

                             - “É.. é.

                            “Ele tava bebão e tomou um tombo na rua, ali perto da Biblioteca; bateu com a cabeça no meio-fio e morreu, dois dias depois, no Souza Aguiar; foi recolhido e jogado na vala comum no Caju; este é o destino da gente que vive nas ruas”. Falava e ria: “já até fui lá botar uma vela no meio das outras na intenção dele”.
                            A morte do companheiro de miséria parecia ser, para o Comprido uma coisa corriqueira; não lhe vi nos olhos, nem na cara macerada qualquer sinal de emoção. E emendou:

                   - “É meu companheiro, seu afilhado se foi!”.

                           Até que não sou   lá muito sentimental,  mas não pude conter a emoção e o Comprido notou. Virou-se pra mim:
                  -“Meu amigo, não chore por ele, pode atrapalhar a subida da sua alma pro céu”.
                                         E tornou a rir seu riso sem dentes.

VHCarmo - (outubro de 2007).

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Roberto Jefferson:disse "não houve mensalão".

                                       Roberto Jefferson esta figura macabra da política brasileira que nada de útil fez para o país, embora tenha exercido vários mandados de deputado Federal, na oportunidade em que apresenta suas declarações finais no processo que responde no STF por aquilo que ele mesmo denominou  como “mensalão”, declara que tudo aquilo foi armação. Não houve dinheiro para compra de parlamentares com vista à aprovação de leis no Congresso.  O que, afinal, todas pessoas medianamente infiormadas já sabiam.
                                      O dinheiro que ele confessou ter recebido do PT como presidente do PTB, segundo suas próprias palavras, consistiu numa ação perfeitamente legal, como verba eleitoral, o que, segundo ele enfatiza, “não é crime” e está previamente autorizada em “Resoluções da Justiça Eleitoral”, ou seja, na Resolução 21.609 de 2004, em seu artigo 3 (terceiro), Parágrafo único e cita mais o permissivo da outra Resolução  a de n. 20.987 de 2002, no  seu artigo 10, inciso IV. Como partido aliado recebeu a verba para efeito eleitoral, acrescentou nas suas declarações finais.
                                         Quanto a origem do dinheiro que teria sido dado ao PTB pelo PT  disse que ele  não sabe de onde veio e testemunhou dessa forma no processo como testemunha, portanto,o que disse nada vale, nada prova. Bom lembrar que as ações de execução de alegados empréstimos bancários propostas contra o Partido dos Trabalhadores foram todas arquivadas por falta de documentos hábeis, ou seja, para provar a  sua liquidez, fato que a mídia escondeu.
                                           A mentira que tem pernas curtas, mas desta vez se alongaram até a última hora, ou melhor, até as últimas declarações do ex-deputado perante a Justiça.
                                        Voltando àquela época do mensalão – vésperas do pleito que levou Lula à reeleição – a gente pode lembrar que todos aqueles ataques desfechados contra o Governo e o PT visavam a um golpe de Estado contra Lula. O macabro Jefferson, ao atacar o governo, apontava para o Palácio do Planalto e gritava ao plenário “vem tudo de lá!”.
                                       A oposição, que jamais comungara com aquela figura tragicômica, partiu para o ataque e adotou o mentirosos  e o fez um santo, capaz de ajudá-la naquela missão de impedir a reeleição do presidente Lula.
                                    Houve, então, aquele triste epílogo: o recebimento da denuncia pelo Supremo Tribunal Federal - apesar de pessimamente formulada - que, segundo declarou um dos Ministros decidiu com a “faca no pescoço”. Serviu também como peça de propaganda contra o governo, usada pela TV Globo que deslocou suas câmeras para o plenário para transmitir imagens para todo o país, fato inédito de permissividade no Excelso Pretório e com o fim claro de pressionar os julgadores.
                                     Veja-se a que ponto chegamos! Aliás, em discurso proferido, naquela época em São Paulo, Fernando Henrique Cardoso clamava pelo golpe e lamentava-se pela falta de um Carlos Lacerda para articular o impedimento de Lula.

                                 Em que pese a tudo isso, o povo reelegeu Lula e frustrou os golpistas.

                                O Processo do “mensalão” como foi denunciado é uma peça de ficção, pois  o que houve, então, foi a repetição sistêmica do “Caixa Dois” que, infelizmente, sempre existiu na nossa política. É bom, no entanto lembrar que os poucos deputados do PT denunciados se beneficiaram para suas campanhas eleitorais de verbas vindas de fontes particulares e não de dinheiro público, fato que não ocorreu em relação ao pessoal da oposição, particularmente de Minas Gerais onde a fonte do “caixa 2” foi irrigada por empresas públicas estaduais. Aliás, os gestores originários do caixa dois  foram de Minas Gerais: um picareta chamado Valério e um conhecido  Senador do PSDB (MG).
                                 Na perspectiva do julgamento no STF é de se indagar: o Tribunal vai ter independência para julgar sob a pressão da imprensa golpista? Com a TV Globo usando câmeras no plenário? Os jornalões martelando nas manchetes?

                                                      Quem viver verá!

VHCarmo.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Quem ganhou a "Guerra contra o Terror?".

                                             REFLEXÃO SOBRE O 11 DE SETEMBRO DE 2001.

                              Este humilde bloguinho, em face de tanto que se escreveu nesses dias sobre o 11 de setembro de 2001, pretendendo não ser cansativo, se sente, também,  no dever de fazer uma reflexão juntamente com aqueles que têm a generosidade de o ler. Vejamos:

“Às vésperas do décimo aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001, a cotação média das ações nas bolsas dos Estados Unidos, segundo o índice S&P 500, é 39% inferior ao seu pico em 2000, descontada a inflação. A taxa de desemprego aumentou de 3,9% para 9,1%, enquanto o preço do barril de petróleo triplicou.N o mesmo período, a participação da economia estadunidense no produto mundial caiu de 30,8% para perto de 23,5%, seu endividamento bruto cresceu de 57%,6% para 96,8% e o líquido de 34,7% para 69%.

Pela primeira vez, os títulos da dívida de Tio Sam perderam sua classificação AAA. A Nasa que por 50 anos foi vitrine da liderança tecnológica dos EUA, encerrou seu programa de vôos tripulados e passou a depender da agência russa para enviar astronautas ao espaço. O serviço estadunidense de correios, outro tradicional símbolo de excelência, está a ponto de falir'.
                                              Este escriba tomou emprestado os dados acima, coletados em um trecho do magnífico artigo escrito pelo jornalista Antônio Luiz M.C. Costa na Revista Carta Capital desta semana de 10 de setembro de 2011.
                                    Há uma constatação irrefutável que se impõe neste momento, isto é, de que a chamada Guerra ao Terror, desencadeada a partir do 11 de setembro de 2001 vem sendo perdida pelos USA. De lá para cá se somaram as mais humilhantes derrotas no plano econômico e social que resultaram naqueles dados, acima elencados; sem contar o fiasco militar que está se  impondo com  a retirada das forças militares dos paises atacados.
                              Acrescente-se, ainda, àqueles esses dados ( que aí vão) , que se afiguram alarmantes com reflexos sobre o mundo:
“Nessa conta se deve debitar parte da disparada dos preços do petróleo, exacerbada pela insegurança no Oriente Médio e das despesas militares que sobrecarregaram os EEUU com déficits e dívidas trilionárias, Segundo um estudo do Eisenhower Research Project da Universidade de Brown, o custo total da “Guerra do Terror” (incluídas operações no Afeganistão, Iraque e Paquistão) é de 5,44 trilhões de dólares, considerando 2,66 trilhões já desembolsados, 1,33 trilhão em gastos com veteranos incapacitados até 2051, 453 bilhões projetados ( provavelmente subestimados) até 2022 e l trilhão com juros a pagar até 2020 por essas despesas. É bem mais que os gastos dos EUA com a Segunda Guerra Mundial, 4,1 trilhões em dinheiro de hoje”.
                 É de lamentar-se que a par dessas conseqüências para o povo americano, vitimado pela chamada Lei Patriótica, diploma legal que suprimiu garantias individuais e direitos, tornando, em tese, todo cidadão suspeito e passível de ser preso ou detido, sem flagrante e ordem judicial, as guerras promovidas sob pretextos altamente falso, vitimaram mais de 100 mil pessoas no Iraque (com sobras para o Paquistão), cerca de 50 mil no Afeganistão e alguns milhares de moços americanos.
                   Ao fim, debate-se a nação mais poderosa do mundo numa crise que, sem precedentes, abala a sua pretensão imperial desígnio, sem dúvida, que se escondia na proclamação da chamada Guerra contra o Terror.
                     A pretensão de impor a força o way of life americano, encontrou resistência que, provavelmente, seus próceres jamais esperaram. E são lastimáveis consequências: de um lado a desmoralização da ONU e de seu Conselho de Segurança e de outro o fato de ter arrastado a velha Europa pela ladeira abaixo, com a crise gerada, provocando a falência de vários paises e fazendo perigar a União Europeia e a zona do Euro.
Qual seria o vencedor, até aqui, da guerra ao Terror,  promovida pelos USA?
                                     O 11/09 mereceu, de certa forma, uma canhestra e estranha lembrança, ao estilo de “comemoração”, em que pontificaram a imprensa mundial e, praticamente, os seus maiores órgãos  de comunicação. Como sempre no Brasil as TVs e jornalões, basbaques, se fartaram, entupindo sua programação com a “comemoração”. 
                                      Os desígnios imperiais dos EUA não cessaram.. Envolvendo as Nações Unidas e usando para tal um antigo aliado de Kadaffi que lidera o “exército dos rebeldes” (Abdelhakim Belhad) romperam uma amizade de 8 anos com o “tirano” e arrasaram a infraestrutura da Líbia, assassinando milhares de civis inocentes. Substituíram, desse modo, o outrora amigo Kadaffi por aliados mais úteis e confiáveis. O comandante rebelde Belhad, em 2004 fora preso pela CIA e entregue ao ora “tirano” que o submeteu a torturas.
                                      Há, pois, mais razões para lamentar do que para “comemorar” a data de 11.09 e de não esquecer a atuação agressiva dos USA que é, sem dúvida, o maior Estado terrorista da história humana.
VHCarmo.

domingo, 11 de setembro de 2011

Um momento de poesia... (Soneto).

Nós.

                                                Guilherme de Almeida  (Príncipe dos poetas brasileiros).

O nosso ninho, a nossa casa, aquela
nossa despretenciosa água furtada,
tinha sempre gerânios na sacada
e cortinas de tule na janela.

Dentro, rendas, cristais, flores ..Em cada
canto, a mão da mulher amada e bela
punha com um riso de graça. Tagarela,
teu canário cantava à minha entrada.

Cantava...E eu te entrevia, à luz incerta,
braços cruzados, muito branca, ao fundo,
no quadro claro da janela aberta.

Vias-me..E então, num súbito tremor,
fechavas a janela para o mundo
e me abrias os braços para o amor. 
_________________________________________________
Do livro "Os mais belos sonetos que o amor inspirou" - Coletânea de J.G. de Araújo Jorge 

VHCarmo.

Celso Amorim ('Conversa com jovens diplomatas').

     O texto que a gente transcreve abaixo neste humilde bloguinho é de um jornalista que honra a profissão por sua comptência extraordinária, principalmente em política externa. Seus textos semanais na Revista Carta Capital deveriam ser lidos por todos os que se interessam pelo Brasil nessa caminhada para o pleno reconhecimento de sua suberania e independência, sustentadas pelo Itamaraty na gestão do grande embaixador Celso Amorim.  O jornalista Antônio Luiz comenta o livro "Celso Amorim - Conversas com jovens diplomatas":

                           A história na mão.


Antonio Luiz M. C. Costa

Carta Capital 10 de setembro de 2011 às 11:02h.

Celso Amorim relata momentos decisivos da diplomacia brasileira no governo Lula. 

                     A obra merece atenção, no mínimo, por expor algo do pensamento de alguém que o especialista em relações internacionais Daniel Rothkopf- classificou na Foreign Policy de outubro de 2009 como “o melhor chanceler do mundo”, continua influente nas relações exteriores brasileiras, é o atual ministro da Defesa e, provavelmente, virá a cumprir outros papéis intelectual e politicamente importantes. Mas, principalmente como testemunho em primeiríssima mão da estratégia e dos bastidores do Itamaraty em uma época decisiva para o Brasil e o mundo, na qual os países do Sul começaram a descobrir e usar sua força.
                       Em Conversas com Jovens Diplomatas (editora Benvirá, 616 págs., - R$ 64,90) Celso Amorim reúne 20 palestras a alunos do Instituto Rio Branco, de 2005 a 2010. Naturalmente, não poderia haver nelas nada de confidencial, mesmo na época em que foram proferidas, mas o quadro que delas emerge pode surpreender até quem acompanhou o processo.
                      O divisor de águas, ao qual Amorim frequentemente retorna em suas explicações – mas cuja importância esteve longe de ser óbvia na época – foi a Declaração de Brasília de 6 de junho de 2003, na qual foi criado o Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas). Em torno desse eixo, com apoio da China, articulou-se o G-20 que bloqueou as pretensões norte-americanas e europeias de concluir a seu gosto a Rodada de Doha das negociações da OMC na conferência de Cancún de setembro de 2003. Até então, as negociações eram polarizadas entre os EUA e a Europa, com os países periféricos colocando-se ao lado do primeiro (latino-americanos e países do sudeste Asiático, interessados na abertura dos mercados agrícolas) ou da segunda (africanos e Índia, mais protecionistas). A partir daí, passaram a ser triangulares.
                                                   Pouco depois, desmanchou-se no ar a Alca, projeto dos EUA que parecia sólido e inevitável. Seguiram-se iniciativas impensáveis no governo anterior: a articulação da União Sul-Americana (Unasul), a formalização do grupo BRICS e a ação diplomática independente do Brasil em Honduras e no Oriente Médio, ao mesmo tempo que o comércio exterior brasileiro, antes focado no Norte, passou a se dirigir cada vez mais a países do Sul, notadamente África, América do Sul e China.
                                                  Além da importância dessa virada, outro motivo condutor é o que se expressa no título do terceiro capítulo: “O perigo de ficarmos só voltados para o ideal é a irrelevância. O de estarmos totalmente voltados para o realismo é a inação”. Há diferentes formulações e aplicações dessa tese, mas está presente o tempo todo. O “ideal”, nesse contexto, é o ponto de vista da utopia, o voluntarismo de quem exige uma política externa incondicionalmente moldada por valores revolucionários ou humanistas, sem levar em conta o estado- do mundo. O “realismo” é a aceitação igualmente incondicional da realidade tal como se apresenta, o pragmatismo cínico que vê nos diplomatas meros -representantes comerciais dos -produtos brasileiros.
                               Amorim vê sua estratégia como uma permantente busca de equilíbrio entre a análise da realidade e o desejo político de realizar. Mesmo que sua política tenha parecido "utopia", do ponto de vista de editorialistas e colunistas que desde os anos 90 menosprezam as relações com o Sul, pontificam que a prioridade do Brasil devia ser apreender a se comportar como província do Império e montar um loby em Washington para melhor competir com os argentinos ou mexicanos e veem nos diplomatas nada mais que representantes comerciais de produtos brasileiros.
                                           Esse equilíbrio passa quase sempre, na visão do ex-chanceler, pela criação e fortalecimento das instituições internacionais. É nesses termos que se explica a contínua dedicação à OMC e ao Conselho de Segurança da ONU, apesar dos poucos resultados, tanto quanto ao Mercosul e Unasul, mais bem-sucedidos. E igual defesa da existência da OEA como fórum entre América Latina, Estados Unidos e Canadá, apesar da crescente autonomia das articulações latino-americanas – e de Lula, depois da V Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, de 2009, ter dito que “a próxima incluirá Cuba ou não existirá”.
                                       Para Amorim, a consolidação de regras e organizações é a única forma de defender os interesses dos fracos ante os mais fortes. Sem entidades como a OMC, a ONU ou a OEA, nada impediria as potências de impor sua vontade diretamente aos países menores, nem esses teriam a quem recorrer contra seus abusos. Desde que as regras de fato tenham algo a oferecer aos mais fracos, é claro: foi ele mesmo quem impôs à Rodada de Doha da OMC e à Alca condições e exigências que os países ricos não aceitaram. No primeiro caso, aparentemente Amorim lamenta, pois acredita que ao ser suspensa em 2008, ao fim do mandato de Bush júnior, a negociação chegava a um acordo aceitável e benéfico para o Brasil e para a maioria dos países do G-20.
                                               Já no caso da Alca, a história é outra. A Amorim chegou a parecer impossível não tê-la e ser preciso buscar o melhor acordo possível dentro desse projeto: o Itamaraty estava quase sozinho, tanto no cenário político interno quanto no do Mercosul. Tentou ganhar tempo e “desentortá-la”, como diz, mas parece ter ficado mais satisfeito com seu abandono aparentemente definitivo. Segundo ele, o principal objetivo dos setores que a defendiam nunca foi abrir mercados dos EUA a tais ou quais produtos brasileiros, mas sim “travar” (lock in), petrificar, tornar irreversíveis pelos compromissos externos a abertura do mercado e as reformas neoliberais, de forma muito mais extrema que a exigida pela OMC: ausência de política industrial, privilégios ao investimento estrangeiro e aceitação das normas estadunidenses de propriedade intelectual.
                                            Esse misto de pragmatismo, legalismo e vontade política foi proveitoso. Hoje estaria fora de lugar a arrogância dos EUA de 2003, quando Robert Zoellick dizia que o Brasil, se não entrasse na Alca, teria de “exportar para a Antártida”. Mas agora em 2011, com o Brasil e o G-20 já em posições de maior força, qual será o equilíbrio correto entre a nova realidade e a utopia? Certamente, estará em ousar ainda mais e não em se acomodar ou recuar.
_______________________________________________
VHCarmo.

sábado, 10 de setembro de 2011

Correção.

Leia-se no  texto anterior::  CONSERVADORISMO e não consevatorismo.      VHCarmo.

O perigo da volta dos neoliberais...(cansaram de quê ? )

                                  É sumamente difícil penetrar a consciência daqueles que continuam a lutar, até por meios criminosos, em favor do neoliberalismo. Nem mesmo a crise que assola os paises ricos que adotaram o breviário neoliberal contém essa gente.
                                  Os US enfrentam a maior crise desde a Depressão dos anos 30 do século passado. A União Europeia vê seus membros se debaterem para evitar a falência e os seus povos nas ruas a protestar contra a retirada de seus direitos e conquistas centenárias, lançados ao cruel desemprego.
                                   Tudo isto causado pela supremacia daquilo que mal se define como “mercado”. Este que iria promover a felicidade de todos: se desregulado e se deixado às suas próprias leis; se privatizados os bens públicos; se deixados os pobres à sua triste sorte e ao desemprego.
                                 Pois bem, da débâcle se salvaram da crise provocada pelos paises ricos,  aqueles paises que não embarcaram no neoliberalismo. O Brasil se salvou ao descartar o Consenso de Washington e ao fugir da ALCA, contrariando os neoliberais encastelados no PSDB e os eternos “especialistas” de plantão na mídia, também conhecidos como urubolinos.
                                   A política neoliberal tucana deixou cicatrizes na nossas economia e soberania ao retardar o crescimento do país e ao alienar empresas públicas estratégicas. Ainda bem que foi possível salvar algumas como o Banco do Brasil e a Petrobrás, esta, porém, mutilada com a alienação de suas subsidiárias.
                                Para a gente sentir o que representaram essas idéias neoliberais  nos USA e ainda defendidas pelas correntes políticas da oposição no Brasil, transcreve-se um pequeno trecho do livro “O Mundo em queda livre” do economista americano Joseph E. Stiglitz, sob o subtítulo

                                    “Segurança e direitos”

“Uma dimensão importante do bem-estar-social é a segurança. O padrão de vida da maioria dos americanos, sua sensação de bem-estar, baixou mais do que as estatísticas da renda nacional (renda familiar mediana) parecem indicar até certo ponto por causa do aumento da insegurança. Os americanos se sentem menos seguros a respeito do trabalho, sabendo que se perderem o emprego, perderão também o seguro de saúde. Com a forte subida dos custos educacionais, sentem-se menos seguros a respeito da capacidade de dar aos filhos uma educação compatível com as aspirações. Com a poupança para a aposentadoria minguando, sentem-se menos seguros de ter tranquilidade na velhice. Hoje grande parcela dos americanos também não consegue conservar suas casas....                              Ao longo dessa recessão, 2,4 milhões de pessoas perderam seu seguro de saúde por ter perdido o emprego. Para esses americanos é como viver a beira do precipício”.
                                Quem não se lembra como a gente vivia, aqui no Brasil, à época do governo do FHC, o príncipe dos sociólogos?   Era o desemprego em alta, os salários congelados, o salário mínimo minguando, os funcionários públicos, que perderam a estabilidade, perseguidos e estimulados a se aposentar mesmo sem tempo; as empresas públicas esvaziadas e preparadas para alienação, o Estado mínimo e, em resumo, pior no nosso país do que hoje Stiglitz aponta nos USA: era a insegurança.
                                O “mercado” tão decantado só fez mergulhar o país na pobreza e suportar a sua maior dívida externa e a desorganização da economia interna.
                               Neste momento no qual recrudescem os ataques contra o governo federal e contra o Partido dos Trabalhadores, impõe advertir sobre o perigo da ressurgência da ideologia neoliberal que, cada vez mais, utiliza a mídia golpista e seus métodos criminosos para captar adeptos, na sua maioria inocentes úteis da classe média..


VHCarmo.

Um momento de poesia...

             Neste momento no qual se mata na Líbia em nome da vida. Se destroi em nome da construção. Se enlutece os lares com a morte das crianças.  Em que a ONU e seu Conselho de Segurança criados para promover a paz, faz a guerra, lembrar o poeta Vinícius de Morais consola.

A rosa de Hiroxima.

Pensesem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não seesqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
__________________________________
VHCarmo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Reflexões sobre as raízes do consevatorismo das elites; o dia da pátria.

                        Reflexões sobre as raízes do conservadorismo das elites brasileiras; o dia da pátria e o orgulho de ser brasileiro.

                                 Neste dia, 7 de setembro, é bom a gente fazer uma retrospectiva da nossa história, como país, para encarar este momento em que comemoramos a nossa independência.

                                 O caminho histórico do país, iniciado em sua Independência, tem sido complexo e, apesar de conservar aspectos gerais do colonialismo na sua evolução a partir do descobrimento, nos três últimos séculos, encerra características muito especiais, advindas, especificamente, da colonização portuguesa. A nossa colonização teve características especiais que a distinguiram até mesmo de outras colônias portuguesa na África e na Ásia.
                                 O projeto exploratório de Portugal no Brasil foi, de início puramente extrativista – verdadeiro saqueio – que passou depois ao cultivo de plantas tropicais e em particular a cana de açúcar, cujo processamento em engenhos exigiu a mão de obra escrava com a transferência para o país continente de grandes contingentes de negros, que serviram, também, na mineração que se estendeu ao território interior. Tudo voltado ao mercado externo.
                                A presença dos nativos, índios em estado primitivo ainda na idade da pedra, inabilitados ao trabalho e encontrados, espalhados pelo território não teve pequena influência na formação étnica da população.  As incursões ao interior das Bandeiras e a relativa importância racial dos bandeirantes no cruzamento com as índias, não desfigurou a matriz miscigenada inicial de europeus brancos e negros que afinal prevaleceu.
                               A independência encontrou o país em formação, iniciada com a vinda da família real, em 1808, que transferiu para o Rio de Janeiro a sede do imenso império português.
                               A liberação do jugo português, com a independência, implicou em relativa autonomia sendo substituída a dominação externa explícita e de pólo político interior pela presença externa da Inglaterra então potência colonial e motora da primeira fase mundial da industrialização.
                               A classe dominante no Brasil, após a independência, continuou sendo agente da cultura e economia externo/conservadoras e manteve a sociedade civil nascente fora da gestão do país. Surtos de liberação foram violentamente eliminados, após a independência.
                              Os primeiros estudiosos do período que se seguiu à independência, principalmente escritores e historiadores do segundo império, sustentam teorias nitidamente colonialistas, a justificar o predomínio de classe, assentadas nos interesses externos e no patrimonialismo interno dos grandes proprietários de terra e senhores de engenho escravocratas (Casa Grande & Senzala).
                             A República proclamada à revelia do povo e como corolário da queda do império, pouco alterou o quadro, eis que, não foi aproveitada, após a abolição da escravatura, a mão de obra negra, substituída pela desordenada onda imigratória que resultou na marginalização dos negros e mestiços e do povo pobre, chaga histórica de difícil cicatrização até nossos dias.
                              A imigração, após a proclamação da República, introduziu núcleos distintos vindos, então, da Europa, fora de Portugal, e da Ásia, principalmente para os Estados do Sul e Sudeste.
                             Após o império e a República Velha, a classe dominante, aliada às forças militares (criadas ao fim do Império) , apoiou a interrupção da democracia nascente, patrocinando golpes de Estado e alienando a riqueza dos país e/ou dela se apropriando, fazendo aumentar o nível da pobreza geral do povo.
                            Este pequeno retrospecto enseja analisar as raízes do nosso conservadorismo e a tendência que prevalece até nossos dias da ideologia de vezo colonialista. A elite brasileira branca, passado tanto tempo da independência, resiste a implementar e apoiar um processo de autonomia nacional e inclusão social.
                            A adesão  à política neoliberal por nossas elites induzida pelas potências hegemônicas do capitalismo, tem, inelutavelmente, o caráter neocolonialista.
                           Nos momentos decisivos de impasses históricos, a classe dominante convidada a arbitrar entre assumir a autonomia do país e sua direção ou impedir a inclusão das classes mais pobres, ela tem optado pela segunda alternativa. Foi assim na independência, na República e, especialmente, na crise de 1963/1964, quando optou pela ditadura militar, rejeitando as “reformas de base”, propostas e então necessárias ao desenvolvimento do país.
                          A ideologia neocolonial  das elites brasileiras está entranhada no nosso processo histórico e a sua resistência tem dificultado o avanço do Brasil como país soberano e tolhido o exercício pleno da democracia, como fator de integração de seu povo.
                          A atuação das elites na quadra histórica em que vivemos atrualmente não desmente o seu passado. A resistência que vem sendo oposta aos governos voltados para o país e seu povo é  difícil de ser superada, principalmente porque elas detém o controle dos meios de comunicação e os partidarisa em seu favor.
                        Os governos do Partido dos Trabalhadores, retomando a política autônoma e desenvolvimentista de Getúlio Vargas – cuja memória  aquelas forças tentam suprimir -- têm promovido a gradativa integração do povo brasileiro à economia do país, por força de seus programas sociais e pelas obras da infraestrutura. Para tanto, porém, trava um combate sistêmico contra as tentativas de golpe de Estado e medidas que visam a impedir a sua atuação plena.
                         Por outro lado e apesar de tudo, pode-se constatar que, atualmente, a resistência das elites não tem conseguido frear o avanço das conquistas do país, nem no plano interno, nem internacionalmente onde o Brasil começa aparecer como figurante importante. A luta pela remoção dessa resistência tem sido a motivação principal dos governos do Partido dos Trabalhadores, de seus militantes e simpatizantes o que lhe tem valido crescer como opção política dos setores progressistas da nação.
                         É inquestionável o êxito das opções políticas do partido e de sua direção. O PT , ao contrário dos demais partidos, nasceu de baixo para cima; do povo para a sua estruturação em busca do poder político para usá-lo, enfim, em benéfico do país.
                            Neste momento em que a imprensa neoliberal e desonesta usa até de meios criminosos para atacar o governo federal e impedir a governança, direcionando seus fogos contra o Partido dos Trabalhadores, torna-se vital a defesa desse que é hoje o maior partido popular do Brasil que elegeu Lula e Dilma e tem o apoio majoritário do povo.
                          No dia da pátria, que hoje celebramos com todos os brasileiros de boa-fé, ressalta o orgulho e a satisfação de ver nossa pátria numa situação invejável, caminhando para o pleno emprego e promovendo a gradativa e segura erradicação da pobreza.

                      É hora de dar vivas ao Brasil.

VHCarmo.

sábado, 3 de setembro de 2011

UM MOMENTO DE POESIA...

DESASSOMBRAMENTO.
Carmen Cinira.

Que me aguarde, por pena,o mais triste dos fados,
e clamores hostis me sigam pela vida,
que floresçam vulcões nos montes sossegados
e trema de revolta a Terra adormecida...

Que se ergam contra mim os seres indignados
como um quadro dantesco em fúria demedida,
e que,na própria altura, os astros deslocados
rolem numa sinistra e tremenda descida...

Hei de ser tua um dia e ofertar-te, sem pejo
vibrante,ébria de amor, a chama de teu beijo,
esta alma virginal que há tanto assim te espera...

E então hei de sentir vaidosa, intensamente
desabrochar em mim, num delírio crescente,
o instinto de mulher em ânsias de pantera!

______________________
Camen Cinira do Carmo Bordini Cardoso - Rio de Janeiro (1905/1933)
Do livro "Os mais belos sonetos que o amor inspirou"- Coletânea de J.G. de Araujo Jorge.