sábado, 31 de agosto de 2013

Cid recusa a apoiar Eduardo..Deu na Folha.



30/08/2013-17h49

É difícil do ponto de vista político entender as razões do Eduardo Campos. O seu partido apóia o governo federal, fazendo parte importante da base aliada, inclusive tendo Ministros e cargos importantes no Executivo.  Encontrar-se com Aécio: vá lá, mas juntar-se a ele para invectivar contra o governo que seu partido apóia  não dá pra entender. 

Olhem só:

Cid Gomes reage a encontro entre Aécio e Eduardo Campos, presidente de seu partido. AGUIRRE TALENTO de  FORTALEZA


Ouvir o texto
O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), afirmou se sentir "extremamente desconfortável" diante de eventual aliança entre seu partido e o PSDB, sinalizada pelo encontro da noite desta quinta-feira (29) entre Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), presidentes nacionais das siglas.
Cid é, no PSB, o principal nome de oposição à candidatura de Campos à Presidência no próximo ano e defende que o partido apoie a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Ele afirmou à Folha nesta sexta-feira (30) considerar "natural" o encontro entre homens públicos, mas disse se preocupar com o simbolismo da reunião.
"O PSDB é um partido de oposição a um governo de que nós fazemos parte. Confraternizar com isso é sinalizar que talvez se cogite essa possibilidade de o PSB ser linha auxiliar do PSDB [em 2014] e isso me preocupa. Eu sinceramente fico extremamente desconfortável com essa possibilidade", disse.
O governador critica a possibilidade de os dois partidos dividirem palanque em 2014.
"Duplo palanque é coisa de quem não tem posição. Quem tem duas posições, não tem nenhuma", comentou.
Cid tornou públicas as críticas ao encontro ainda na manhã desta sexta-feira, quando publicou uma mensagem nas redes sociais: "Linha auxiliar do PSDB. Será esse o papel do PSB em 2014?".
O governador cearense se mantém irredutível na posição contrária à candidatura própria e não dá sinais de que possa apoiar Campos.
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VHCarmo.
 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um momento de poesia no bloguinho...


Este escriba nasceu na pequena cidade de Palma-MG que fica bem pertinho da divisa do Estado do Rio de Janeiro e viveu ali até o início de sua juventude.
A sua família tem origem nos estratos mais pobres da antiga Vila do Capivara que era o nome da cidade à época do Império.  Suas origens étnicas  têm raízes  na mestiçagem dos Puris, cuja língua e povo era da Nação Guarani. 
Seus antepassados estão lá sepultados no bucólico  Cemitério do Mato Dentro, único do lugar. 
A cidade está num vale muito bonito e jamais  deixou de ser objeto de seu amor e carinho.
Sem filiação à qualquer corrente literária esse blogueiro deu-se à "mania" de versejar e sua terra sempre foi um mote. 
 Vai aí mais um pequeno poema - feito há  algum tempo - em  lembrança à minha Palma.

                                     PALMA.

Minha terra de tão grande não cabia
nos meus olhos de menino.

Condensou-se em mim.
fundiu-se  em sonhos
intensa, imensa.

Eram caminhos longos de pó,
de árvores frondosas,
pastos nus.

Passos de homens rudes
chegados de longe
e estranhos.

Caminhantes ciganos
vindos - e indo -  de outras latitudes...

Uma esparsa esperança,
  sem futuro.

Minha terra é saudade, em mim,
sem meus olhos de menino.
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Maio de 2001.         

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A legenda da Marina Silva...

Este texto do grande jornalista e sociólogo Marcos Coimbra publicado no número desta semana (25.08.2013) da Revista Carta Capital é imperdível, pelo seu sempre elogiável caráter de equilíbrio e propriedade.  
Olhem só: 
Política

Eleições

A legenda de Marina Silva

A ex-senadora se oferece como opção para quem acredita no personalismo pueril e nos estereótipos antipartidos arraigados
por Marcos Coimbra — publicado 26/08/2013 08:19
José Cruz/ABr











Um dos traços mais problemáticos de nossa cultura politica reside no fato de a vasta maioria da população tender , nas escolhas eleitorais, a dar mais valor aos candidatos do que os partidos.

Nas pesquisa, quando se a pergunta ao eleitor o que ele leva em consideração na hora de definir seu voto, mais de 80% costumam responder: “A pessoa do candidato”. Menos de 10% apontam o partido.
Por mais extraordinário, o mais grave não são os números. Pior é vê-los como naturais. No Brasil, ninguém estranha o discurso da primazia da dimensão pessoal. Todos acreditam ser normal pensar assim. Não é. Ao contrário, é sintoma de subdesenvolvimento político. Nas democracias maduras, acontece o inverso. Nelas, não faz sentido achar secundário o partido ao qual pertence um candidato.
Dá para imaginar um eleitor norte-americano não interessado em saber se um candidato, especialmente ao cargo de presidente, é democrata ou republicano? Que prefere fantasiar a respeito de sua “pessoa”?
Atribuir importância decisiva a essa dimensão pessoal é pueril, para dizer o mínimo, até por ser impossível conhecer “no íntimo” os candidatos. Ou alguém se considera capaz de “conhecer” um candidato ou candidata depois de vê-lo ou vê-la de vez em quando na televisão? Como se sua imagem televisiva, construída por meio de alta tecnologia e altíssimos custos, fosse sua “essência”.
Quando o assunto é provocado em pesquisas qualitativas, vemos o esforço do eleitor comum para insistir na tese. Inventa a capacidade de enxergar a “verdade interior” dos candidatos, olhando-os “nos olhos”. Que “sente” quando pode confiar em alguém. Que consegue discernir as “pessoas de bem”.
E assim escolhe. Para que se preocupar com os partidos, se imagina possuir uma espécie de comunicação transcendental com os postulantes?
Essa ficção ingênua e despropositada tem raízes em nossa experiência. Não se mexe impunemente com a estrutura partidária de um país tantas vezes quanto aquelas ocorridas aqui. Sempre há sequelas. O que os militares fizeram em 1966 ao extinguir partidos que mal tinham 20 anos de vida e ao impor um bipartidarismo artificial, repercutiu em todos os acontecimentos da vida política depois da volta das eleições diretas.
Por termos criado tantos partidos e estabelecido uma legislação tão instável a seu respeito, é compreensível que muitos eleitores fiquem confusos e procurem se refugiar no personalismo como critério. Por mais infantil que seja a argumentação.
Agora, depois das manifestações de junho e sua ojeriza aos partidos, o personalismo encontra ambiente ainda mais propício. Aumentou em muito a proporção daqueles que partilham da velha ilusão de que a melhor maneira de escolher candidatos é procurar sua “alma”.
Como se as campanhas fossem uma espécie de concurso de Miss Brasil, os candidatos e candidatas desfilam diante dos eleitores, que definem seu preferido ou preferida pelas virtudes exibidas: quem tem “os mais belos sentimentos”, quem é o “mais sincero ou sincera”, o “mais humano ou humana”, o portador da biografia mais bonita, o que “emociona mais”.
Dos candidatos em campo, a grande beneficiária desse estado de coisas é Marina Silva, ainda mais por adotar uma estratégia política que reforça os estereótipos antipartido presentes em nossa cultura. Ela se oferece como opção para aqueles que acreditam na puerilidade personalista.  


Com sua Rede Sustentabilidade, a ex-senadora não constrói partido algum. Basta ver: quase sete meses depois de fundá-la, nem sequer conseguiu a metade das assinaturas necessárias para solicitar o registro da legenda na Justiça Eleitoral. E apesar de contar com milhares de simpatizantes na juventude de classe média, tão fácil de ser mobilizada. Talvez lhe falte empenho para resolver uma questão tão burocrática quanto institucionalizar o seu partido.
Para os conhecedores da política, isso não seria muito grave, pois Marina poderia se candidatar por outra agremiação. Quem sabe o PV? No fundo, ela e seus seguidores parecem estar apenas a escrever um novo capítulo na história dos partidos personalistas no Brasil. Ademar de Barros não criou o PSP para fazer carreira? Fernando Collor não lançou o PRN para ser candidato? E Enéas Carneiro, com seu Prona?
É a vez do partido da Marina. Para quem não acredita nas legendas políticas, trata-se de um prato cheio.
registrado em: 

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Dois tópicos.



                                    Dois tópicos.

Duas questões atuais se impõem à reflexão.
Às vezes ocorre na vida social e política do nosso país algo que o senso comum não explica.

Primeira: é a questão da contratação de médicos estrangeiros.

A segunda: é a tentativa, por uma minoria, de mudar uma decisão tomada regularmente, mediante voto, no parlamento municipal do Rio de Janeiro.

Vamos por parte: é meridianamente claro que a posição de vários órgãos representativos dos médicos contra a vinda de facultativos estrangeiros para trabalhar no Brasil não apresenta argumentos razoáveis.

Em resumo o que pretendem é ter uma reserva de mercado para médicos brasileiros. Propósito que não explicitam e que, afinal, chega ser cruel, pois privaria os mais pobres da assistência médica nos municípios menores.

Em, praticamente todos os países onde há necessidade ou carência de profissionais médicos, se contratam estrangeiros.

Significativamente os países do chamado primeiro-mundo contratam médicos de fora, como é o caso dos EEUU e do Reino Unido, em proporção considerável em relação aos profissionais nacionais.

A alegação de que os médicos estrangeiros não estariam preparados para exercer aqui a medicina é deveras um argumento que não merece séria consideração uma vez que se propõe testá-los em Universidades brasileiras e serão submetidos a treinamento específico para medicar no SUS e nos municípios carentes de médicos e para os quais os médicos brasileiros não se arriscam a ir e a seleção provou isso.

A pretensão manifestada sobre a provável incompetência de médicos importados é deveras cediça.

Ninguém duvida, em princípio, da competência profissional dos médicos brasileiros, mas não consta que tenhamos excelência neste quesito. Temos também, é claro, médicos com formação deficiente, por sua vez muitos saídos de faculdades que não têm boa reputação e estão sempre sujeitas à seguidas fiscalizações do Ministério da Educação ( e da Saúde).

Por outro lado, a procedência da maior parte dos médicos que aqui vêm do estrangeiro não sofre maiores restrições em todo mundo.

A afirmação veiculada de que os médicos cubanos teriam formação deficiente não condiz com a verdade, pois eles têm sido direcionados com sucesso para várias partes do mundo e por órgãos ligados à ONU, forma pela qual virão ao nosso país.

Os médicos cubanos não prestarão trabalho escravo, como chegam a afirmar maldosamente alguns interessados. A boa fama da medicina cubana é inquestionável e 

Cuba, apesar de ser um país pequeno e pobre, registra os mais baixos índices de mortalidade infantil e os mais altos de saúde pública.

Sem a mais mínima intenção de criar polêmica, a gente ousaria chamar a atenção para a hipótese de os nossos médicos serem submetidos à um prévio exame de seus conhecimentos e prática: todos seriam julgados aptos? em que proporção? Teriam condições de medicar em outro país?

A excelência médica no Brasil reside tão somente num pequeno núcleo de elite sustentado por especialidades e recursos limitados.
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A segunda questão: parece a alguém, de boa-fé, razoável que uma minoria pretenda modificar o resultado de uma votação feita regularmente no plenário da Câmara Municipal, e inviabilizar a composição de parlamentares para exercer os trabalhos de uma Comissão Parlamentar de Inquérito? Considerando-se que foi respeitada a maioria?

Admitem-se protestos pacíficos, mas em nenhuma hipótese é admissível a violência bem como as agressões promovidos por aqueles que passaram a residir em barracas em frente ao palácio e a impedir o livre curso do trânsito de pessoas e veículos.

Esses grupos passaram a atirar objetos – até sapatos – ovos e ir até a vias de fato contra os parlamentares. Este é um caminho perigoso, inclusive, podendo levar a consequências imprevisíveis.
Afinal, esses vereadores agredidos foram eleitos pelo povo, muitos deles por vários mandados.....

A rigor nem o poder Judiciário teria prerrogativa de interferir na formação de uma CPI, posto que isto lhe vedado pelo princípio constitucional da independência e autonomia dos poderes municipais.


Fiscalizar o andamento da CPI é preciso, mas violentar seus membros não é legal. 
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VHCarmo.

domingo, 18 de agosto de 2013

CHICANA ...MAIS UM DESTEMPERO DO JB.


Este blogueiro já se manifestou aqui sobre a falta de educação e o complexo de inferioridade  do Ministro Joaquim Barbosa. Não se sabe até onde ele vai parar, principalmente agora que se afigura possibilidade jurídica de corrigir erros e ofensas à lei penal e aos direitos fundamentais no julgamento da Ação Penal 470, que foi um verdadeiro julgamento de exceção. 

Os embargos de declaração podem, em alguns casos, modificar a decisão condenatória quando apontar nela a ocorrência  de erro, contradição e obscuridade  consistentes em condição ou fato essenciais não considerados no julgamento que conduzam à correção da pena aplicada ou mesmo à modificação da decisão, para absolver.

De outra forma seriam totalmente inócuos os embargos de declaração. 

Se  o crime ocorreu sob o império da lei mais branda, ou seja, de cominação de pena menor, é esta que terá que ser aplicada e não a advinda após, que venha a aumentar a pena. Qualquer dado que tenha escapado no contraditório e apontado nos embargos de declaração terá que ser examinado para verificar que, se considerado, não teria efeito modificativo, em face da lei aplicada  na condenação.

Não se justificaram a alegação do Ministro J.B e sua agressão verbal ao Revisor que, cumprindo a sua obrigação legal, na ocasião, analisava a ocorrência, ou não, da correta aplicação da lei penal vigente à época do crime.

   Ao acusar o Revisor de estar fazendo chicana o Relator comete uma grave e intempestiva agressão.

  É incrível como essa triste figura de Ministro do qual se tem dito ser portador de notável saber jurídico se expresse não só de forma mal educada e sem compostura, mas emitindo conceito jurídico equivocado quanto aos efeitos dos  embargos de declaração.

Os embargos infringentes que podem levar à absolvição de réu condenado por maioria em que a minoria tenha tido no mínimo 4 votos vão ser examinados pelo plenário do STF.   Esta é uma outra história e tais embargos têm seu cabimento discutido pela mídia e, como não poderia deixar de ser, pelo nosso Sultão, embora  estejam contemplados na legislação e já tenham sido adotados na jurisprudência da Corte.

Novos embates se darão e  as pressões se exercerão.  Espera-se que os Ministros se mostrem dignos e resistam a tais pressões para, quem sabe, restabelecer um pouco a dignidade do Supremo Tribunal Federal.
                      É  o que licitamente se espera!
VHCarmo. 



quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Inexistência de dinheiro público (mais provas).


A inexistência comprovada de dinheiro público na engenhosa construção no Julgamento da Ação Penal 470 no STF, leva a gente indagar como ficam os Ministros no exame dos recursos a serem julgados agora?

O crime de Peculato -- para cuja caracterização a lei penal exige a  natureza pública dos valores e de seus desvios --  não se sustenta e, em cadeia, não se sustentam os demais crimes correlatos.

Segundo o que constou das decisões condenatórias, praticamente toda a engrenagem criminosa teria passado por uma hipotética ilegalidade na passagem de recursos públicos para o chamado “apoio político”  usados pelos acusados e  pela lavagem do dinheiro.

A prova da inexistência da origem pública e do desvios dos recursos, ora confirmada, já se encontra nos autos desde a época que, por força de um estranho fatiamento,  o julgamento deixou sem exame a materialidade dos delitos. Esta inexplicável omissão  foi objeto de pronunciamentos dos mais ilustres “expert” da área jurídica do país. Julgaram-se os réus sem o exame da prova da materialidade dos delitos a eles atribuídos. 

Cabe ao Supremo Tribunal Federal  resgatar não só a sua história como também a suas seriedade e dignidade.
Ficam os Ministros entre a Justiça e o medo da mídia. Quem viver verá o que  vai acontecer.  

Novas provas foram coletadas e devem ser apresentadas aos Julgadores.   

Olhem só:   

14.08.2013
Publicado no Correio Brasiliense: 
Laudo comprova legalidade de verba repassada à DNA Propaganda pela Visanet

A análise da documentação foi feita após as condenações de sócios pelo Supremo Tribunal Federal no escândalo do mensalão


Publicação: 14/08/2013 10:54 Atualização:

Laudo pericial, divulgado ontem pelo escritório Simonaggio Perícias, em São Paulo, atesta que 85,34% dos R$ 73,8 milhões repassados à DNA Propaganda pela Visanet, nos anos de 2003 e 2004, foram efetivamente empregados no pagamento de fornecedores para divulgação dos produtos do Banco do Brasil, como os cartões de débito e crédito com a bandeira Visa. A conclusão foi possível com base na análise de 80% de toda a documentação, referente às transações, que foi recolhida pelos ex-sócios da DNA, por meio da Graffite Participações Ltda., Cristiano de Mello Paz e Ramon Hollerbach Cardoso, depois de suas condenações pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no escândalo do mensalão.

De acordo com o laudo, o restante do valor referente a 15% do total do repasse não foi examinado porque depende da análise de outras centenas de documentos de posse da empresa Cielo, do Banco do Brasil e do Instituto de Criminalística Nacional. Ontem, Cristiano Paz e Ramon Rollerbach informaram que já requisitaram o restante da papelada e esperam concluir e comprovar a lisura total das transações na próxima semana. Os publicitários, ao lado do advogado Sílvio Simonaggio, explicaram que o esforço é para tentar convencer o Supremo de que não houve desvio de recurso para pagamento de políticos da base aliada do governo em troca de apoio a projetos de seu interesse, conforme descrito na Ação Penal 470.


No processo, Cristiano Paz está condenado a 25 anos e seis meses de prisão e multa de R$ 2,5 milhões. Ramon, foi sentenciado em 29 anos e oito meses de prisão e multa de R$ 2,8 milhões. Para comprovar a licitude da aplicação da verba, eles pretendem também convocar todos os fornecedores que se beneficiaram dos recursos para demonstrarem publicamente que aplicaram os recursos em benefício da Visanet.


Financeiro



Para elaborar o laudo, o advogado Sílvio Simonaggio explicou que não se deteve na análise contábil da DNA Propaganda, considerada inidônea em laudo da Polícia Federal. Diz que a análise foi financeira, identificando a “origem dos recursos da Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (CBMP) — Visanet repassados pelo Banco do Brasil como fonte de pagamento e os pagamentos realizados pela DNA com base em autorizações do BB e em documentos emitidos pelos prestadores de serviço e fornecedores de bens”.




Dessa análise, se verificou que R$ 32 milhões, ou seja, 54,6% foram para pagamento de divulgação na mídia, e outros R$ 16,8 milhões destinados aos mais diversos patrocínios, entre eles de atletas, como o nadador César Cielo, o tenista Gustavo Kuerten e a jogadora de vôlei Shelda, além de patrocinar também encontro de magistrados em Salvador (BA) no valor de R$ 1,2 milhão, em 2004. Por ironia do destino, o evento foi aberto pelo então presidente do STF.



“Houve utilização adequada dos recursos pertencentes à CBPM e repassados à DNA, com base no limite dos documentos apresentados a exame. O somatório dos desembolsos comprovados e das receitas realizadas pela DNA por ordem do Banco do Brasil, com base em documentos comprovam pagamentos efetuados pela DNA a prestadores de serviços de propaganda e publicidade”, atesta o documento. Em outro trecho, a perícia atesta também que havia vinculação entre os documentos analisados e as operações para fomento e divulgação de produtos da bandeira Visa.



Tanto Cristiano Paz quanto Ramon não conhecem os efeitos práticos que a conclusão da perícia possa causar no entendimento dos ministros do Supremo, que inicia hoje a análise dos embargos apresentados no processo do mensalão. No entanto, eles afirmam que tudo será encaminhado a seus advogados para estudo da melhor forma de uso das conclusões. Todo o levantamento da documentação foi feito pelos publicitários que foram pessoalmente em busca de arquivo morto da DNA Propaganda, hoje extinta, e de ex-funcionários, entre os meses de janeiro até maio, quando o conjunto de documentos foi entregue à consultoria.


Os números:



Repasses Valor (em R$)



Nota técnica de 5 de maio de 2003 23,3 milhões
Nota técnica de 3 de novembro de 2003 6,4 milhões
Nota técnica de 20 de janeiro de 2004 35 milhões
Nota técnica de 11 de maio de 2004 9 milhões
Total 73,8 milhões



Valores desembolsados pela DNA (em R$)



Prestador/fornecedor 55,7 milhões
Impostos retidos 1,8 milhão
Comissão a outras agências 1,2 milhão
Total 58,7 milhões



Valores de receitas realizadas pela DNA (em R$)



Comissão de agência 2,8 milhões
Bônus de volume 1,3 milhão
Total 4,2 milhões




Trecho do laudo pericial: O somatório dos desembolsos comprovados e das receitas realizadas pela DNA por ordem do Banco do Brasil, com base em documentos, comprovam pagamentos efetuados pela DNA a prestadores de serviços de propaganda e publicidade.
Tags: dna perícia

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VHCarmo. Nova foto: o blogueiro na ilha de Marajó.

sábado, 10 de agosto de 2013

Um momento de poesia no bloguinho...

Por acabada ou quase finda aquela espécie de volúpia do modernismo dos anos vinte do século passado, a poesia  brasileira volta, em parte, ao leito lírico e ao encontro das íntimas sensações do ser. O verso invade a música e o povo o canta; há um retorno dialético aos sentidos lusitanos, vindos de antes do surto modernista.  Poetas notáveis pontificaram então após os anos trinta do século XX estendendo aos sessenta já apontando algo que veio ao século XXI neste atual curto tempo literário.
Cecília Meireles, Vinícius, Drumond, Mário Quintana e tantos mais que a quantidade só  fez ressaltar a qualidade da poética pátria.  Este blogueiro reproduz aqui  pequeno poema do grande poeta Murilo Mendes exemplar daquele tempo que permanece.

Estudo para uma ondina.
Murilo Mendes
Esta manhã o mar acumula ao teu pé rosas de areia,
Balançando as conchas de seus quadris.
Ele te chama para longas navegações:
Tua boca, tuas pernas teu sexo teus olhos escutaram.

Só teus ouvidos é que não escutaram, ondina.
Minha mão lúcida sacode a floresta do teu maiô.
Ao longe ouço a trompa da caçada às sereias
E  um peixe vermelho  faz todo o oceano tremer.

Tens quinze anos  porque já tens  vinte e sete,
Tens um ano apenas...
Agora mesmo nasceste da espuma,

E na incisão do ar líquido alcanças o amor dos elementos.
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VHCarmo.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Ainda uma vez as pesquisas ....

Mais uma vez  questionam-se as pesquisas políticas. As recentes manifestações que trouxeram às ruas milhares de jovens e propiciaram também a chegada, à sua ilharga, de pequenos, mas ferozes predadores  e ativistas da extrema direita, ensejaram, por sua vez, o aparecimento de números e opiniões um tanto imprevisíveis nas  pesquisas.

Há, em relação, às pesquisas em geral  uma fé quase religiosa pelo que não se consideram  seus erros.  No entanto, as suas conclusões  muitas vezes apresentam um coeficiente muito alto de erros, contrariando a mais intuitiva lógica  e a  real previsibilidade.

Isso tem ocorrido pela natural falta de uniformidade das técnicas adotadas e pelos diversos Institutos de Pesquisas  e interesses que não escapam às suas tendências ideológicas e políticas.

 Por outro lado, a escolha seletiva de pessoas e locais da pesquisa seria essencial para sua autenticidade maior. No caso sob análise – pesquisas no curso das manifestações - não se colheram a opinião da zona rural e nem a dos pequenos Municípios de menos de trinta mil habitantes do país.   Este público traduziria em termos gerais 40% dos índices de opinião a serem apurados. 
Sob este aspecto já se manifestaram vários especialistas  na matéria. 

Em que pese ao afirmado não se pode negar a utilidade das pesquisas que mesmo sob influências notórias, tendem a não perder de todo a sua credibilidade. 

Não a toa que os maiores acertos das pesquisas eleitorais são aqueles que se  publicam muito próximo das eleições, contrariando, muitas vezes,  os resultados de  um longo curso de  pesquisas anteriores.

Dois exemplos recentes foram constatados nas eleições da Presidente Dilma e de  Fernando Haddad.   Este último até bem perto do pleito – a dois meses se tanto -  tinha números em torno de 3% dos votos e veio vencer as eleições. Dilma estaria empatada com Serra (Data-folha) havia, então, pouco mais de um mês para o pleito  e ele era apontado na pesquisa da Folha como provável vencedor.

Afronta, de certa forma, a lógica do observador isento que também em pouco menos de um mês, sob os efeitos das passeatas, a cotação pessoal da Presidente Dilma tenha despencado 26 pontos percentuais, mesmo porque, os protestos se disseminaram com diversas pletoras e poucas invectivas pessoais.

As justificativas não mereceram credibilidade, não só em relação à Presidenta até mesmo aos demais pré-candidatos. Tais buscas de opinião restaram duvidosas.    A ver. O futuro se encarregará disto.

Sobre o assunto a gente transcreve abaixo as abalizadas análises do Sociólogo e Pesquisador  Marcos Coimbra, na Revista Carta Capital, produzidas logo após a publicação das pesquisas em foco. 

 

Olhem só:

As pesquisas pós-manifestações

Tudo considerado, Dilma mantém-se favorita. Ela caiu, mas seus adversários efetivos não subiram
por Marcos Coimbra  publicado 28/07/2013 10:08 identificava de Dilma Rousseff foi intensificado e acelerado pelas manifestações de junho.
Na recente safra de pesquisas uma única coisa interessa: o que dizem a respeito da sucessão presidencial. O demais é secundário. Ou melhor, só é relevante por seus efeitos sobre essa questão fundamental.
Se não tivéssemos uma eleição daqui a pouco mais de um ano e se a presidenta não fosse candidata, perguntas sobre a avaliação do governo e de políticas seriam de relevância menor.
Todas concordam que Dilma Rousseff caiu do patamar onde estava até o início de junho. Naquelas, obtinha, no voto espontâneo, perto de 25%. Nas novas, minguou para 15%.
No chamado voto estimulado, ficava entre 50% e 58%, a depender dos adversários. Nas de agora, mal chega a 35% nas simulações de primeiro turno e vai, no máximo, a 42% naquelas de segundo.
É preciso lembrar que a predisposição a votar na presidenta estava em queda de março para junho. No voto espontâneo, fora de 35% para 25%, e caíra de 60% para 50% na estimulada. Ou seja, suas chances de vitória tinham se reduzido, apesar de permanecerem elevadas.
Nas atuais, a queda foi bem mais expressiva. O desgaste que se identificava foi intensificado e acelerado pelas manifestações de junho.
O que parece é que Dilma sofreu uma perda considerável de intenção de voto pelo fato de os cidadãos terem ido às ruas se manifestar e não pela preexistência de uma elevada insatisfação com ela ou com seu governo. Em outras palavras, as manifestações foram causa e não consequência do tamanho e do tipo de descontentamento retratados hoje pelas pesquisas (e que se reflete no despencar de suas chances, para usar a palavra que tanto alegra a “grande mídia”).
De um lado, o fato de elas eclodirem e receberem imensa (e favorável) cobertura dos meios de comunicação fez com que tivessem o que a sociologia chama de “efeito demonstração”. Mesmo quem tinha uma insatisfação “aceitável” passou a achar que devia “indignar-se”, ainda que não soubesse exatamente contra o quê.
Mas a razão primordial para as manifestações cumprirem esse papel foi o seu impacto na elevação da sensação de insegurança dos brasileiros comuns. E o que a provocou foi a visualização da violência em estado bruto nas principais cidades do País.
Nenhum governo resiste à repetição diária de cenas de mortes, sangue, tiros, quebra-quebras, depredações, incêndios. Durante três semanas, exatamente entre as pesquisas de junho e julho, foi ao que a sociedade brasileira assistiu na televisão, viu na internet, ouviu no rádio, leu em jornais e revistas.
Em outras palavras, o que de fato atingiu a avaliação do governo (com um consequente impacto na intenção de voto em Dilma) não foi o “lado bom” das manifestações, tão louvado pela mídia, das moças e rapazes a cantar o Hino Nacional enrolados na bandeira, mas seu “lado negro”, dos “baderneiros” e “arruaceiros”. Em relação xifópaga, um usou o outro.
Mas, se é verdade que Dilma desceu, é também verdade que nenhum de seus adversários efetivos subiu. Apenas Marina Silva teve desempenho positivo.
Ao comparar a performance de Aécio Neves e Eduardo Campos nas pesquisas de junho e julho, vemos que no voto espontâneo ambos permaneceram estacionados: o tucano em 4% e o pernambucano em 1%. No estimulado, Aécio tinha 14% e lá ficou. Eduardo obtinha 3% e passou a 4%.
Cresceram Marina (turbinada pela simpatia dos ricos) e o não voto, o agregado daqueles que disseram branco, nulo, nenhum ou não saber. Quando se considera apenas a indecisão, os resultados de julho foram iguais àqueles de junho, com 5%. O que poderia ser considerado voto de rejeição, a soma de brancos e nulos, dobrou, ainda que ficasse em menos de 20%.
Tudo considerado, Dilma mantém-se favorita, até pelo fato de essas pesquisas a flagrarem no que deve ter sido seu pior momento. Permanece à frente, tem a seu favor o tempo, a inércia da reeleição e, como mostram as pesquisas qualitativas recentes, continua a contar com a torcida de muitos que acham cedo para julgá-la.
E a única candidatura que cresceu foi de alguém que a maioria da população vê com simpatia, mas sem condições de se sentar na cadeira de presidente. Muita gente admira Marina, mas poucos ficam confortáveis ao imaginá-la no cargo.
Quanto a fabricar alguém de última hora, a chance é pequena, mas não pode ser descartada. Em 1989, por exemplo, a um mês da eleição, a direita inventou a candidatura de Silvio Santos.
Terá outra na algibeira para 2014?
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VHCarmo.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Os Ministros do STF entre o medo e a lei...

O ímpeto condenatório com que a maioria dos Ministros se lançou ao julgamento da Ação Penal 470, impelida pela exposição do STF à mídia em geral e, especialmente, às  telas das televisões, deixou exposta a fraqueza humana do indivíduo sob pressão por mais relevantes que sejam suas posições no jogo político e institucional.


Ficou evidente que os julgadores procederam ao comando da mídia, produzindo um “julgamento de exceção” como reconhecido pelo mundo jurídico.


Antes do início do julgamento ninguém poderia sequer supor que os Ministros do STF iriam se deixar levar pela pressão midiática e cometer tantos erros grosseiros em matéria de direito penal, erros  que macularam a própria história da Instituição.

 

Passado aquele momento de certa irracionalidade, há notícias – agora anunciadas pelos jornalões – de que vários dos  Ministros se encontram entre os erros cometidos e o medo de corrigi-los e, com isso,  incorrerem na maldosa exposição distorcida dos meios de comunicação que pressionam pela rejeição dos Recursos.

 

O grande jornalista Paulo Moreira Leite (texto abaixo) coloca bem o problema.  Assistiremos no julgamento dos recursos, a ser iniciado dia 14 de agosto,  até onde a honestidade pessoal superará o medo da mídia  e fará com que Ministros corrijam seus grosseiros erros no malfadado Mentirão e se redimam perante  o país.

 

Olhem só:

Paulo Moreira Leite: Os ministros do STF vão se render ao medo?

publicado em 3 de agosto de 2013 às 12:30
por Paulo Moreira Leite, em seu blog na IstoÉ

Após quatro meses de espetáculo pela TV, a notícia é que alguns ministros do STF estão com medo de rever seus votos no julgamento do mensalão
Às vésperas da retomada do julgamento da Ação Penal 470, quando o STF irá examinar os recursos dos 25 condenados, o ambiente no tribunal é descrito da seguinte forma por Felipe Recondo e Debora Bergamasco, repórteres do Estado de S. Paulo, com trânsito entre os ministros:
“(…) há ministros que se mostram ‘arrependidos de seus votos’ por admitirem que algumas falhas apontadas pelos advogados de defesa fazem sentido. O problema (…) é que esses mesmos ministros não veem nenhuma brecha para um recuo neste momento. O dilema entre os que acham que foram duros demais nas sentenças é encontrar um meio termo entre rever parte do voto sem correr o risco de sofrer desgaste com a opinião pública.”
Pois é, meus amigos.
Após quatro meses de espetáculo pela TV, a notícia é que alguns ministros do STF estão com medo. Não sabem como “encontrar um meio termo entre rever parte de seu voto sem correr o risco de sofrer desgaste com a opinião pública.”
É preocupante e escandaloso.
Não faltam motivos muito razoáveis para um exame atento de recursos. Sabe-se hoje que provas que poderiam ajudar os réus não foram exibidas ao plenário em tempo certo. Alguns acusados foram condenados pela nova lei de combate à corrupção, que sequer estava em vigor quando os fatos ocorreram – o que é um despropósito jurídico.
Em nome de uma jurisprudência lançada à última hora num tribunal brasileiro, considerou-se que era razoável “flexibilizar as provas” para confirmar condenações, atropelando o direito à ampla defesa, indispensável em Direito. Centenas de supressões realizadas pelos ministros no momento em que colocavam seus votos no papel, longe das câmaras de TV, mostram que há diferença entre o que se disse e o que se escreveu.
O próprio Joaquim Barbosa suprimiu silenciosamente uma denúncia de propina que formulou de viva voz, informação errada que ajudou a reforçar a condenação de um dos réus, sendo acolhida e reapresentada por outros ministros.
Eu pergunto se é justo, razoável – e mesmo decente – sufocar esse debate. Claro que não é.
É perigoso e antidemocrático, embora seja possível encher a boca e dizer que tudo o que os réus pretendem é ganhar tempo, fazer chicana. Numa palavra, garantir a própria impunidade.
Na verdade estamos assistindo ao processo em que o feitiço se volta contra o feiticeiro. E aí é preciso perguntar pelo papel daquelas instituições responsáveis pela comunicação entre os poderes públicos e a sociedade – os jornais, revistas, a TV.
O tratamento parcial dos meios de comunicação, que jamais se deram ao trabalho de fazer um exame isento de provas e argumentos da acusação e da defesa, ajudou a criar um clima de agressividade e intolerância contra toda dissidência e toda pergunta inconveniente.
Os réus foram criminalizados previamente, como parte de uma campanha geral para criminalizar o regime democrático depois que nos últimos anos ele passou a ser utilizado pelos mais pobres, pelos eternamente excluídos, pelos que pareciam danados pela Terra, para conseguir alguns benefícios – modestos, mas reais — que sempre foram negados e eram vistos como utopia e sonho infantil.
(A prova de que se queria criminalizar o sistema, e não corrigir seus defeitos, foi confirmada pelo esforço recente para sufocar toda iniciativa de reforma política, vamos combinar.)
No mundo inteiro, os tribunais de exceção consistem, justamente, num espetáculo onde a mobilização é usada para condicionar a decisão dos ministros.
“Morte aos cães!”, berravam os promotores dos processos de Moscou, empregados por Stalin para eliminar adversários e dissidentes.
Em 1792, no Terror da Revolução Francesa, os acusados eram condenados sumariamente e guilhotinados em seguida, abrindo uma etapa histórica conhecida como Termidor, que levou à redução de direitos democráticos e restauração da monarquia.
No Brasil de 2013, a pergunta é se os ministros vão se render ao medo
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VHCarmo.