quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ONDE ESTARIA O BRASIL HOJE?

                                  A  "Carta Maior" publicou, ontem dia 28.08.2012,  o texto abaixo subscrito pelo douto blogueiro Saul Leblon que vai ao cerne da questão do discurso neoliberal sustentado pelo "Príncipe dos Sociólogos" e companheiros do PSDB.   Vê-se que cada vez fica mais difícil sustentar a tese neoliberal até mediante malabarismos verbais, pois os próceres da doutrina no nível mundial já desertaram da idéia e andam admitindo como imprescindível a regulação a ser imposta ao sitema financeiro que, embora combatida pela oposição e a mídia brasileiras, vai sendo  colocada em destaque com a exemplar condução da economia brasileira pelo nosso governo.
                                As palavras de FHC e comparsas  soam completamente fora do contexto atual da política econômica mundial que vai se impondo como salvação  de todos os paises mergulhados na crise  que foi  gerada no âmago das idéias neoliberais e na desregulação do sistema finaceiro.         O texto do Saul Leblon é altamente esclarecedor e imperdível.

Olhem só:

Blog das Frases

Copyleft
28/08/2012

Fala FHC: como seria o Brasil em mãos tucanas?

Um grande banco de São Paulo reuniu nesta 3ª feira três vigas chamuscadas do incêndio neoliberal que ainda arde no planeta: Clinton, Blair e FHC. Que um banco tenha promovido um megaevento com esses personagens a essa altura do rescaldo diz o bastante sobre a natureza do setor e da ingenuidade dos que acreditam em cooptar o seu 'empenho' na travessia para um novo modelo de desenvolvimento. Passemos.
As verdades às vezes escapam das bocas mais inesperadas. Clinton e Blair jogaram a toalha no sarau anacrônico do dinheiro com seus porta-vozes. Coube ao ex-presidente norte-americano sintetizar um reconhecimento explícito: 'Olhando de fora, o Brasil está muito bem. Se tivesse que apostar num país, seria o Brasil'.
Isso, repita-se, vindo de um ex-presidente gringo que consolidou a marcha da insensatez financeira em 1999, com a revogação da lei de Glass-Steagall.
Promulgada em junho de 1933, três meses depois da Lei de Emergência Bancária, que marcou a posse de Roosevelt, destinava-se a enquadrar o dinheiro sem lei, cujas estripulias conduziram o mundo à Depressão de 29.
A legislação revogada por Clinton submetia os bancos ao rígido poder regulador do Estado. Legitimado pela crise, Roosevelt rebaixou os banqueiros à condição de concessionários de um serviço sagrado de interesse público: o fornecimento de crédito e o financiamento da produção. Enquanto vigorou, a Glass Steagall reprimiu o advento do supermercado financeiro, o labirinto de vasos comunicantes dos gigantes financeiros em que bancos comerciais agem como caixa preta de investimento especulativo, com o dinheiro de correntistas.
O democrata que jogou a pá de cal nas salvaguardas do New Deal elogiou o Brasil, quase pedindo desculpas por pisotear o ego ao lado do grande amigo de consensos em Washington e de corridas de emergência ao guichê FMI.
Mas FHC é um intelectual afiado nas adversidades.
A popularidade contagiante do tucano, reflexo, como se sabe, de seu governo, poupa-o da presença física nos palanques do PSDB, preferindo seus pares deixá-lo no anonimato ocioso para a necessária à defesa do legado estratégico da sigla.
É o que tem feito, nem sempre dissimulando certo ressentimento, como nessa 3ª feira mais uma vez.
Falando com desenvoltura sobre um tema, como se sabe, de seu pleno domínio sociológico, ele emparedou Clinton, Hair e tantos quantos atestem a superioridade macroeconômica atual em relação à arquitetura dos anos 90.
Num tartamudear de íngreme compreensão aos não iniciados, o especialista em dependência - acadêmica e programática - criticou a atual liderança dos bancos públicos na expansão do crédito, recado oportuno, diga-se, em se tratando de palestra paga pelo banco Itau; levantou a suspeição sobre as mudanças que vem sendo feitas - 'sem muito barulho'' - na política econômica ("meu medo é que essa falta de preocupação com o rigor fiscal termine por criar problemas para a economia”) e fez ressalvas ao " DNA" das licitações - que não reconhece, ao contrário de parte da esquerda, como filhas egressas da boa cepa modelada em seu governo.
Ao finalizar, num gesto de deferência ao patrocinador, depois de conceder que a queda dos juros é desejável fuzilou: 'houve muita pressão para isso'.
O cuidado tucano com os interesses financeiros nos governos petistas não é novo.
Há exatamente um ano, em 31 de agosto de 2011, quando o governo Dilma, ancorado na correta percepção do quadro mundial, cortou a taxa de juro pela primeira vez em seu mandato, então em obscenos 12,5%, o dispositivo midiático-tucano reagiu indignado. A pedra angular da civilização fora removida por mãos imprevidentes e arestosas aos mercados.
O contrafogo midiático rentista perdurou por semanas.
Em 28 de setembro, Fernando Henrique Cardoso deu ordem unida à tropa e sentenciou em declaração ao jornal ‘Valor Econômico’: a decisão do BC fora 'precipitada'.
Era a senha.
Expoentes menores, mas igualmente aplicados na defesa dos mercados autorreguláveis, credo que inspirou Clinton a deixar as coisas por conta das tesourarias espertas, replicaram a percepção tucana do mundo:"não há indícios de que a crise econômica global de 2011 seja tão grave quanto a de 2008", sentenciou, por exemplo o economista de banco Alexandre Schwartzman,indo para o sacrifício em nome da causa.
Nesta 4ª feira, o BC brasileiro completa um ano de cortes sucessivos na Selic com um esperado novo recuo de meio ponto na taxa, trazendo-a para 7,5% (cerca de 2,5% reais).
Ainda é um patamar elevado num cenário de crise sistêmica, quando EUA e países do euro praticam juros negativos e mesmo assim a economia rasteja.
Uma pergunta nunca suficientemente explorada pela mídia, que professa a mesma fé nas virtudes do laissez-faire, quase grita na mesa: 'Onde estaria o Brasil hoje se a condução do país na crise tivesse sido obra dos sábios tucanos?'
As ressalvas feitas por FHC no evento de banqueiros desta 3ª feira deixa a inquietante pista de que seríamos agora um grande Portugal, ou uma gigantesca Espanha - um superlativo depósito de desemprego, ruína fiscal e sepultura de direitos sociais, com bancos e acionistas solidamente abrigados na sala VIP do Estado mínimo para os pobres.
Em tempos de eleições, quando candidatos de bico longo prometem fazer tudo o que nunca fizeram, a fala de FHC enseja oportuna reflexão.
Postado por Saul Leblon.
__________________________________________ VHCarmo.

domingo, 26 de agosto de 2012

STF: os Ministros mostram sua cara...


Uma reflexão sobre o início do julgamento da ação penal 470.
O julgamento do chamado Mensalão expõe ao grande público as figuras dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.  A Corte  para o homem comum é, normalmente, algo distante que lhe merece um respeito reverencial.   Poucos conseguem,  no entanto, identificar os Ministros, ou seja, avaliar a sua personalidade e suas tendências.
Os requisitos legais para a indicação de alguém para assumir a função de tão alta  relevância têm que ser pesados principalmente pelo Presidente da República com o aval do Senado - quase sempre unânime.    Além do alto saber jurídico é exigida do indicado a moral ilibada.
De considerar que os critérios adotados na nomeação têm natural ligação com as idéias e pensamentos daquele que  indica e nas circunstâncias existentes no momento da indicação, mas não e, necessariamente, o Ministro, no exercício de seu mistér, deverá se pautar pelas posições políticas e ideológica daquele que o indicou.  No exercício de seu "munus", passa ter compromisso com a Constituição e com as leis do país.
Apesar disso, a atuação de cada Ministro é marcada pela sua origem social, suas implicações políticas e sobretudo pela capacidade de isenção e fidelidade à Lei e á Constituição.  É inescusável que as idéias e apreensão da realidade social por parte do Ministro permanecem a influenciar a sua atuação.
Como seres humanos, os Magistrados estão sempre sujeitos a falhas  no nosso sistema político, estes  lhes outorgam poderes demasiadamente amplos que os levam e ao STF a invadir a competência dos demais poderes da República, principalmente os do legislativo.
 Tem-se discutido, no parlamento, a evidente e indevida,  usurpação pelo Tribunal das funções legislativas.  Nada a  justifica, nem mesmo a invocação da morosidade , ou ausência, do parlamento. Esta invasão fere o Estado Democrático de Direito.
De outra parte, é inafastável a constatação de que o STF  - e a Justiça como um todo - tende a preservar a ideologia e as posições políticas das elites, às quais dispensa a aplicação de rigor nas interpretações constitucionais e nas condenações em matéria criminal.
Enquanto nas prisões permanecem as pessoas simples da população julgados e por julgar, os criminosos das elites gozam não só do beneplácito da efetivação tardia da justiça como a pouquíssima efetivação do cumprimento de pena.    Os habeas-corpus e mandados de segurança, acolhidos - às vezes pelas madrugadas - livram os poderosos. Conhecem-se muito poucos políticos influentes e homens ricos das elites  encarcerados por seus crimes.
No julgamento do Mensalão os ministros vêm mostrando - como nunca - a sua cara e sua tendência que são inseparáveis  de suas origens sociais em que pese o palavrório erudito que usam.
    A atuação do Ministro Joaquim Barbosa, no processo, ao exame por mais aligeirado e descomprometido revela uma pessoa irascível e   agressiva, deixando muita claro um certo complexo por suas origens humildes e de cor.    O Ministro se envolve seguidamente em discussões em que se nota - quase sempre -  um jogo de vaidades feridas de cunho  pessoal. 
Ainda mais, está sendo facilmente detectada na ação penal 470, a tendência condenatória do Ministro,  principalmente no entrevero  com o seu revisor, obscurecendo a sua necessárias imparcialidade e obediência às regras traçadas na lei penal e processual penal. O respeito à decisão de outro ministro votante é mesma que se deve dar ao seu voto; princípio que parece desconhecer Sua Excelência.
É sabido que em nosso país os negros - com passado de escravos - são vítimas de preconceitos e relegados à escala social das mais pobres e incultas.   Não a toa que Joaquim Barbosa é uma exceção  bem-vinda, daquilo que ainda permanece  não só na mais alta Corte, mas em toda a Justiça onde - em qualquer das Instâncias - são raríssimos os juízes negros. 
Há, por outro lado, alguém de boa-fé  que duvide da intenção do Presidente Lula ao indicá-lo como negro para quebrar uma insustentável tradição, conciliando, naturalmente, a sua negritude  com o seu inegável competente currículo e sua ilibada condição moral?.  Assim  cabe-lhe corresponder à árdua missão, ou seja, a de ser na Corte um Ministro da raça negra com todos os motivos de orgulhar-se dessa mesma missão.
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VHCarmo.

sábado, 25 de agosto de 2012

SERRA NÃO SE EMENDA (2).


                   Aqui neste nosso modesto bloguinho já tínhamos alertado que o José Serra, ao se ver ameaçado pela sua imensa rejeição dos paulistanos iria partir para a sua costumeira "baixaria"  na campanha eleitoral. Ele não se emenda e não demorou. Porém como um feiticeiro trapalhão ele se enrola e se envenena pelo próprio veneno e menospreza a inteligência do povão.  É um caso estranho, pois após o ridículo da "bolinha de papel" era para ele se "mancar", mas após sucessivos insucessos ele insiste nesses recursos condenáveis.  Este último é de "cabo de esquadra" e um novo insulto aos eleitores. Não é a toa que sua rejeição é cada vez  maior.  
                 A gente transcreve abaixo um texto editado por  Altamiro Borges (no seu Blog do Miro).

Olhem só:

Na primeira semana da propaganda eleitoral de rádio e tevê, o tucano José Serra já demonstrou que vai jogar sujo na campanha para a prefeitura da capital paulista. Alguém ainda tinha alguma ilusão com suas promessas – nunca cumpridas – de uma disputa de alto nível ? Em seu programa de rádio, o PSDB acusou o petista Fernando Haddad de propor o “bilhete mensaleiro”, forçando a relação entre a sua proposta de criação do bilhete único mensal para o transporte público com o escândalo do chamado “mensalão do PT”.
De imediato, Haddad reagiu contra o golpe baixo do tucano. “Isto releva certo descontrole. Eu já havia sido alertado pela presidente Dilma que a campanha de Serra assumiria esse tom, como em 2010”. O PT também já ingressou com pedido de direito de resposta na Justiça Eleitoral contra a propaganda de rádio do PSDB. “O Serra ficou desesperado e já partiu pra baixaria. Não tem jeito, ele é do mal”, atacou o líder da legenda na Câmara Federal, deputado Jilmar Tatto (SP).

Qual a melhor resposta às baixarias?

A reação petista, porém, não vai intimidar o comando tucano. As pesquisas recentes, que confirmam o declínio de Serra, o aumento da sua rejeição e o crescimento das candidaturas adversárias, só reforçam o instinto agressivo do eterno candidato. Como aponta Nelson de Sá, em sua coluna na Folha, o programa de rádio sinaliza que “o tucano está disposto a jogar pesado”. “Entrar tão cedo com ataque tão direto não é bom sinal para a campanha serrista. Avisa que, a depender do eco em suas pesquisas, ele se dispõe a recorrer ao mensalão, apesar de respingar em seus aliados, como o PR de Valdemar Costa Neto”.
A questão é como se comportará a campanha de Haddad. Nas eleições presidenciais de 2010, Serra abandonou rapidamente o figurino do candidato “paz e amor”, que daria continuidade à gestão de Lula, e partiu para o ataque contra Dilma Rousseff – explorando temas como o direito ao aborto e a união homossexual. A campanha de Dilma demorou a responder, o que levou a eleição para o segundo turno e quase causou um desastre. Será que o comando petista adotará a mesma tática de “não agressão”, “propositiva”?

Uma dica de leitura

Haddad já deve ter lido o livro “A privataria tucana”, do premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr.. Mais da metade das suas 343 páginas é de documentos que comprovam a lavagem de dinheiro em paraísos fiscais no processo de privatização das estatais no reinado de FHC. Serra, com os seus familiares, é o principal personagem do livro. Talvez fosse o caso do candidato petista reler esta obra indispensável para os próximos debates e programas na tevê. A eleição em São Paulo, pelo que significa no cenário nacional, não será civilizada.
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VHCarmo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A moral contraditória da TV Globo.


                              Nunca é demais a gente falar sobre os verdadeiros atentados à moral e aos bons costumes quando se assistem as novelas globais. Na atual - Avenida Brasil - se repetem, numa forma ainda mais atentatória,  os que  motivaram o comentário deste escriba reproduzido abaixo,  por oportuno.


Olhem só:                        "VALE A PENA LER DE NOVO"

A Globo e as novelas pornô...


                                   A rede globo de televisão se esmera em contradições. Se, a um tempo, pretende com suas mensagens de fim de ano suscitar emoções, congraçamentos familiares e altruísmos, por outro lado choca a sensibilidade das pessoas com suas novelas-pornô, exibidas num horário nobre, com o agravante de estarmos, atualmente, em pleno horário de verão.

                                   Longe deste escriba o moralismo preconceituoso. A gente tem ciência que os costumes permitem alguma extensão em razão mesmo dos tempos modernosos em que vivemos.

                                  O que choca, no entanto são as imagens, os diálogos e a exposição de cenas de sexo, erotismo e homossexualismo, este último exibido de forma caricata e grosseira, com nítido sentido de ridicularizar a opção sexual, numa época em que tanto se combate a homofobia. Personagens exibindo taras sexuais de todos os tipos, misturados com a violência, vão se tornando habituais nas novelas globais.

                                  Num mesmo capítulo, exibido nesta quinta-feira (15/12) na novela Fina Estampa, as cenas grosseiras de sexo, claras e insinuadas se repetiram por quatro vezes, num evidente exagero, sem contar cinco beijos prolongados. Aliás, um dos personagens ao fim do beijo – destes que não se exibe em público – revela que o cronometrou e ele teria durado cinco minutos.

                                  A grosseria com que é tratado o tema do  homossexualismo nesta novela das oito, atualmente em exibição, revela-se simplesmente um caso para ensejar um exame dos motivos ocultos que movem os autores e a emissora.          Um dos personagens (um serviçal da casa-mãe) se exibe em gestos e modos ridículos, assessorando uma mulher (personagem) portadora de taras sexuais, exibidas clara ou sob lençóis, tudo sob a atividade mafiosa de investigação de um casal homossexual feminino em busca de motivos para chantagens.

                                A atual novela das oito, como um todo, é um desfile de violência, crime,  maucaratismo, grosseria sexual e nenhuma mensagem ética.        Cabe, ainda, ressaltar a sua exibição explícita da violência contra a mulher perpetrada, seguidamente, por um homem violento que, afinal, se descobre que é mais um homossexual no infindável rosário novelesco.

                                   Entre taras e violência, nos intervalos comerciais da novela pornô, lá vem o apelo sentimental da plêiade de artistas globais para o “o novo dia e o futuro que já começou... a festa é nossa”, tudo um clima natalino e de fim de ano muito emotivo!.

 

A sociedade e as famílias (muitas delas cristãs) restam sem defesa contra tanta agressão aos costumes.

VHCarmo.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Será mesmo gratuito o HGPE ?




É oportuno  neste momento em que se inicia o Horário Eleitoral no Rádio e TV., ler as considerações (abaixo) do Jornalista e Professor Venício A. Lima, reconhecidamente uma grande “expert” em assuntos de comunicação e batalhador pela sua regulamentação como fator necessários à sua democratização no país.
Olhem só:
                       Verdades sobre o Horário Eleitoral

Publicado em 23-Ago-2012.

Venício A. de Lima.

O início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) evoca, regularmente, uma série de comentários críticos, preconceitos e reclamações das mais variadas origens, inclusive dos concessionários do serviço público de rádio e televisão.
Trata-se, portanto, de uma ocasião propícia para que algumas verdades sejam lembradas. Registro três.

1. Ao contrário do que o próprio nome indica, o HGPE nunca foi gratuito. A cada eleição, em cumprimento ao que determina a Constituição Federal (parágrafo 3º do artigo 17) e a Lei Eleitoral (9.504/1997, artigo 99), a Presidência da República faz conhecer, através de decreto, a regulamentação que normatiza a “compensação fiscal” que cada concessionário de radiodifusão terá pela “veiculação” da propaganda eleitoral. Este ano o decreto foi assinado no último dia 17 (7.791/2012).
É preciso que fique claro, portanto, que no HGPE o “gratuito” é o acesso de candidatos, partidos e coligações ao rádio e à televisão. Sua “veiculação”, ao contrário, não é gratuita.
Na verdade, a Receita Federal “compra” o horário das emissoras, permitindo que deduzam do imposto de renda em torno de 80% do que receberiam caso o período destinado ao HGPE fosse comercializado. O cálculo da “compensação fiscal” aos concessionários toma por base o valor de tabela para propaganda comercial nos horários utilizados. Pode-se afirmar com segurança que prejuízo não há, podendo haver até mesmo ganhos. De acordo com números divulgados em outubro de 2009, estimava-se que, em 2010, os custos para os cofres públicos dessa “compensação fiscal” chegariam a R$ 851,1 milhões.

2. O HGPE é certamente o que a legislação brasileira tem de mais próximo do chamado “direito de antena”. Vale dizer, o acesso gratuito ao serviço público de rádio e de televisão que devem ter – de acordo com sua relevância – partidos políticos e organizações sindicais, profissionais e representativas de atividades econômicas e outras organizações sociais. O “direito de antena” já é praticado, faz tempo, em países como Alemanha, França, Espanha, Portugal e Holanda.
O jurista Fábio Konder Comparato, no brilhante prefácio que escreveu para nosso Liberdade de Expressão vs. Liberdade da Imprensa (Publisher, 2ª edição, 2012), propõe: “Além dos partidos políticos, devem poder exercer o chamado direito de antena, já instituído nas Constituições da Espanha e de Portugal, as entidades privadas ou oficiais, reconhecidas de utilidade pública. Ou seja, elas devem poder fazer passar suas mensagens, de modo livre e gratuito, no rádio e na televisão, reservando-se, para tanto, um tempo mínimo nos respectivos veículos.”

3. Tendo em vista o enorme poder que o rádio e a televisão exercem em nossa sociedade como fonte de informação política e de persuasão, o tempo que partidos e candidatos dispõem no HGPE certamente ainda constitui (apesar da internet e de suas redes sociais) um fator determinante nos resultados eleitorais. Não é sem razão que alianças aparentemente paradoxais são feitas entre partidos políticos – antes das eleições – para garantir maior espaço no rádio e na televisão.

Infelizmente, muito do resultado positivo que determinado partido e/ou candidato alcança no HGPE se deve ao desempenho eficiente de profissionais de marketing, que “reduzem” o discurso político à linguagem comercial da grande mídia, despolitizando a própria política.
De qualquer maneira, o HGPE constitui momento decisivo no processo eleitoral, base da democracia representativa brasileira.
É sempre bom lembrar essas verdades.

Venício A. de Lima é jornalista, professor aposentado da UnB e autor de, entre outros livros, Política de Comunicações: um balanço dos Governos Lula
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VHCarmo.


domingo, 19 de agosto de 2012

UM MOMENTO DE POESIA (é algo mais).


Há um momento na poesia em que seu enquadramento crítico sucumbe a uma definição.  A análise hermética que busca limitar o  discurso poético a um determinado contexto artístico e temporal não expressa a forma especial que reveste o verso.  Nos versos do poeta Ricardo do Carmo há o que este escriba costuma rotular como uma "poesia urbana".  Não que seus versos se prendam a uma temática material na construção da urbes; não é bem assim.  A sua poética fincada no real se lança ao universalismo do sentimento e da emoção, abraçando a reflexão do discurso.
Reproduzo palavras de um seu crítico arguto:
 "Com uma linguagem contemporânea que incorpora os elementos do cotidiano na metaforização da vida, utiliza-se de inúmeros recursos poéticos como a livre associação de palavras, a enumeração, a interpenetração de imagens e o jogo de abstrato e concreto. (Marcus Vinicius Quiroga - crítico literário).
O poema que aí vai retrata bem o manejo emotivo e elegante e, às vezes,  contundente, dos versos do poeta.

Olhem só:
    A BAILARINA.

Sonâmbulos
os dedos procuram no escuro
o corpo alquebrado da bailarina
e qual tocassem lira
dedilham desejos na carne fina, sempre
disposta , sempre disponível.

Assim
animando o inanimado do quarto
em ondas de cachemire e topaze,
erguida em salto alto a bailarina
inicia o seu giro de amor: gravitando
no vestido branco herdado,
aprumando o ninho de prazeres
cedido em contrato para a fera faminta,
recém-chegada da caçada competitiva da vida.

Sob os auspícios
de duas luas depiladas, a lua-de-mel
e a lua das unhas esmaltadas, giram em taco encerado,
em chão vitrificado, em quintal desfolhado.
Se viram refletidos em fundo de panela areada.
Tingiram seus corpos na tinta da roupa enxaguada.

Flutuaram em bolha de sabão em pó,
dentro da caixinha de música (o lar da bailarina!).

Ela,
a escrava da Senzala à Casa Grande,
foi a profissional francesa,
foi a louca espanhola de cravo na orelha,
a primeira professora, a namorada inesquecível,
satisfazendo todos os caprichos masculinos.

E serenado
o último suspiro do macho,
no rosto de tantas faces
forjadas pela maquiagem,
rola uma lágrima furta-cor
feita de rímel, ruge, batom.

Frigidamente amanhece:
ele tranca a caixa
ele tranca a casa
levando no chaveiro
as chaves da música
e do corpo da bailarina.
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Ricardo do Carmo nasceu no Rio de Janeiro, onde vive. É professor de Educação Artística; ostenta vários títulos literários, principalmente na poesia com a publicação de dois livros. O poema acima foi extraído de seu recente livro "Amor de Consumo".(Editora RTC).
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VHCarmo.




sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CONCESSÃO NÃO "DOAÇÃO"..

                     Os políticos do PSDB e seus costumeiros porta-vozes - Sérgio Guerra e Fernando Henrique - têm evidentes problemas para justificar a privataria neoliberal que seu partido comandou nos oito anos de governo e os imensos prejuízos causados ao patrimônio do povo brasileiro.
                   Em face do novo programa do governo Dilma do PT, visando a acelerar o desenvolvimento do país com a cooperação do investimento privado, eles tentam enganar seus seguidores, falando em privatização. Eles sabem e têm plena ciência que são coisas diferentes, mas apoiados pelos jornalões de ontem anunciam que o governo atual os está imitando. Pura mistificação.
                     Qualquer pessoa medianamente informada sabe que uma coisa é privatizar, alienando os bens, outra é fazer concessão para o investimento sob o comando do governo e não a troco de dinheiro, mas com a execução da obra de infraestrutura que vai somar ao patrimônio do povo. Não há alienação de patrimônio como eles fizeram e não desistem.
                      Quando  as idéias neoliberais - que lançaram o mundo em uma das suas maiores crises - vão sendo abandonadas, os tucanos não desistem.  É de se indagar: a quem servem? 
                  A gente transcreve aqui dois pequenos pronunciamentos da Presidente Dilma sobre a questão, por sua meridiana clareza, no caso particular da infraestrutura ferroviária sucatada nos governos do PSDB e destrói a mistificação tucana e de seus porta-vozes.

                  Olhem só:

“Nós aqui não estamos nos desfazendo de patrimônio público para acumular caixa ou reduzir dívida. Estamos fazendo parceria para amplia a infraestrutura do país, beneficiar sua população e seu setor privado, saldar uma dívida de décadas de atraso em investimento em logística e, sobretudo, para assegurar o menor custo logístico possível, sem monopólios”.
“Hoje estou tentando consertar alguns equívocos cometidos na privatização das ferrovias. Estou estruturando um modelo no qual vamos ter o direito de passagem de tantos quantos precisarem transportar sua carga. Na verdade, é o resgate da participação do investimento privado em ferrovias, mas também o fortalecimento das estruturas de investimento e regulação.”
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VHCarmo.





quarta-feira, 15 de agosto de 2012

UM CONTO (É ALGO MAIS no bloguinh.

                       UMA ESTRANHA ESTÓRIA DE AVIÃO.
                                          ( conto)

Meu tio Nastácio, cujo nome inteiro, que ele não gosta muito de lembrar, é Anastácio Varela da Silva. Ele anda dizendo que eu só conto estória de mendigos. Ainda outro dia, em pleno Restaurante Árabe, na Travessa dos Poetas de Rua onde nas sextas-feiras, ao fim da tarde, vamos tomar alguma bebidinha, comer uns quibes e conversar fiado, ele me veio com essa conversa: 
- vê lá meu caro, não diga que me vai repetir uma daquelas estórias de mendigos? Bem me lembro aquela do cara que dormia ao pé da estátua da Cinelândia cheio de cachaça e morreu num tombo; a outra do mendigo que lia um caderno em Copacabana ou daquela que o cara queria ficar doido; não, meu sobrinho, de mendigo chega. Conta outra.

Eu lhe disse então:
- Tio Nastácio, eu não invento nada; tudo é estória verdadeira. Não nego que procuro enredar aquilo que lhe narro, para não ficar monótono e se tornar mais palatável, mas creia nunca fugi da realidade inteiramente. Embora sempre caiba uma ficçãozinha!

Meu tio fez uma cara de quem não ficara convencido com a minha explicação. Mas, vá lá! Àquela altura me pareceram irrelevantes as suas palavras, ainda mais que era justamente de um mendigo que lhe ia contar a estória.

- É velho, é mais uma de mendigo!

O tio, aguçado pela curiosidade foi curto:
- Vai! conta mais essa. Depois, vê se inventa outras.

O Gaúcho, não posso definir como outra coisa, é o clássico mendigo da Zona Sul da Cidade do Rio. Se há uma diferença com outros companheiros é que ele é branco (bem alvo) e tem olhos azuis. No mais é igual. Maltrapilho, fedorento, arrastando velhas sandálias, sempre com uma garrafinha de cachaça e um tanto enigmático. Para ser exato: ele tem um raio de caminhada – ia dizendo de ação – fica entre dois quarterões da Praia de Ipanema, entre as ruas Garcia Dávila e Maria Quitéria. O Gaúcho tem nome e teve família. Seu nome é Marcio Pereira de Carvalho. Sua família vive entre Florianópolis e Curitiba. Ele nasceu em Santa Catarina. O Gaúcho tornou-se meu confidente por acaso. Confesso que não tenho lá muito jeito para me aproximar de mendigos, mas o Gaúcho me abordava sempre quando por ele eu passava no meu passeio matinal.
- Ô piloto, o avião caiu com 154 passageiros!

- onde Gaúcho?

- no aeroporto em Brasília.

Ora tio Nastácio, você sabe que eu nunca fui piloto, mal consegui parar de ter medo de andar de avião e considero isto uma vitória pessoal importante. Não foi por falta de falar ao Gaúcho que eu não sou piloto. Desisti e aceitei como se fora um apelido. Daí pra frente uma moedinha na mão dele e uma história de avião acidentado. Vida que segue.
Hoje em dia não posso passar ao largo e a ele despercebido: me chama aos berros: “O piloto!”, Ô Piloto”!. Eu não tenho outro jeito e vou até ele.

- Tio, faço-lhe  uma confissão; eu fiquei gostando do jeito do gaúcho e achei que ele deveria ter uma “estória” para contar sobre aquilo que o teria feito se jogar na mendicância.
A primeira foi a mais indiscreta das perguntas:

- Márcio, você já me disse o seu nome, agora me diga você tem família, mulher, filhos?

Estávamos sentados então, lado a lado, num banco da praia no Posto nove. O cheiro de cachaça e a sujeira de seus trapos eram até suportáveis. A minha curiosidade parece que superou tudo. Pela primeira vez ele não me falou de acidente de aviação. Com o rosto barbado entre as mãos sujas,os olhos azuis acesos e molhados, fitou-me balançando a cabeça. Juro que naquele momento me arrependi de ter-lhe feito à pergunta. O Gaúcho se ajeitou no banco, depositou na calçada o frasco amarelo de cachaça:
- Sou como todo mundo Piloto, tive mulher e duas filhas. As meninas – Lígia e Lindaura – ficaram com a mãe em Londrina. A mulher, meu Piloto, aquela desgraçada, me corneou; nem digo o nome dela. Quando eu soube que ela andava com um amigo meu, me pus na estrada. Andei a pé de Londrina a Curitiba, dias e noites caminhando. Eu hoje sei que as minhas filhas, já mocinhas, andaram me procurando e eu m escondi delas envergonhado. Para encurtar a conversa meu Piloto, sumi no mundo. A cachaça foi sempre a minha grande aliada. Descobri que morar na rua não é lá tão difícil. Alguém me dá roupa; outros me dão dinheiro pra cachaça e restos de comida dos restaurantes. Não preciso mais do que isto. Já convenci àqueles que me querem levar para abrigo público que pra lá não vou.

-- De repente, meu tio Nastácio, o Gaúcho voltou a falar de acidentes de avião. Mas eu insisti:

- conta mais sobre suas filha seu Márcio?

- oh Piloto, me doe lembrar delas. Um dia, faz agora dois anos mais ou menos, elas vieram juntas me procurar aqui. Estava eu, num dia de verão, curtindo meu sono alcoólico, bem ali debaixo na sombra daquela amendoeira - e apontou pra lá - elas me apareceram. Tão bonitas Piloto! Fiquei aturdido. Elas me abraçaram – um tanto contrafeitas – apesar do meu estado. Todas duas bem vestidas, cheirosas - ele falava e ria ao se lembrar - e bonitas mesmo, repetia. Olha, fizeram tudo para me levar e me tirar da mendicância. Confesso que cheguei a ter dúvidas. Olhei de relance a minha garrafinha de cachaça pousada na calçada, a beleza daquele dia e lembrei, - por que não dizer? – a amargura da traição. Disse não às minhas filhas.  Piloto, não me arrependo e elas compreenderam. Nunca mais me procuraram. - Como elas estavam bonitas!
- Olha, soube da última Piloto? - Caiu um avião com 154 passageiros em Brasília é da Varig!.

. VHCarmo -  Agosto de 2012.













terça-feira, 14 de agosto de 2012

UM MOMENTO DE POESIA (é algo mais)...


A gente volta à poesia e, mais uma vez, ao soneto:  "Vinho da uva da vida, que se pisa/ a um só tempo, a taça em que se bebe/e o frasco em que a beleza se eterniza"(J. G. Araujo Jorge).
De novo uma mulher: outra vez o amor - e desta vez realizado - em toda a delicadeza feminina.  Lilinha Fernandes (Maria das Dores Fernandes Ribeiro da Silva), nasceu no Rio de Janeiro em 1891 e aqui viveu.

CONVICÇÃO

Sempre vivemos como namorados
que desconhecem a desesperança,
por isso sei que somos invejados
pelos casais de nossa vizinhança.

Juntos, os nossos dedos enlaçados,
falam por nós numa linguagem mansa...
Nas horas em que estamos separados
um, de pensar no outro, não se cansa.

Tanto nos une o amor e delícia
nossas almas; e ao teu, prende o meu peito,
numa corrente feita de carinho,

que havemos de morrer no mesmo dia,
pois não creio que a morte tenha jeito
de deixar um de nós aqui sozinho.

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       VHCarmo.                 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

E A VIAGEM CONTINUOU.....



Da belíssima e histórica São Petersburgo partimos por via férrea para Moscou.  Também num trem confortável, bonito e rápido, correndo cerca de 200 quilômetros horários. A viagem demorou três horas e meia.  A paisagem se alterou aos poucos, surgindo pequenas elevações, alguma cultura agrícola, vilas pequenas e  algumas cidades, até o ingresso nas cercanias da grande Metrópole e suas cidades satélites.
Como todos sabem: Moscou é uma das maiores e mais populosas cidade do planeta, vinda de distante antiguidade, reunindo um grande acervo antigo, medieval, moderno e contemporâneo.  Invadida e ocupada por povos tribais foi o grande ponto de fixação dos eslavos cujo Kremilin é o seu marco civilizatório inicial. Lá se encontra um museu cuja riqueza é incalculável.
A Igreja Ortodoxa e seus ritos incorporaram-se majoritariamente como religião da Rússia tendo em Moscou seu ponto máximo.  A cidade tem templos cristãos ortodoxos por toda a parte, sendo difícil mesmo conta-los em uma simples visita, tal a quantidade delas.   No Kremilin há uma pequena praça conhecida como Praça das Sete Catedrais, dentro e no meio da fortaleza histórica um dia ocupada por Napoleão Bonaparte.  A mais antiga Catedral da praça foi transformada em Panteon, onde estão os túmulos dos fundadores do antigo império e seus líderes religiosos.  As igrejas ortodoxas se destacam por sua beleza arquitetônica, sua riqueza interior e  seu acervo de arte sacra.
O povo russo é profundamente religioso e os templos estão sempre cheios de fiéis.
A cidade de Moscou é, sem favor, uma das mais belas cidades do mundo e aquela onde existe um incomparável sistema de transporte coletivo.      O Metrô, além de sua grande extensão, foi planejado de forma a atingir todos os pontos distantes da urbe, combinando a forma circular, com raios partidos do centro num engenhoso sistema.  Famosas e conhecidas são suas várias estações pelo que ostentam em arte, principalmente pinturas,  murais e estatuária de figuras dos primórdios da história russa até as iminentes personalidades e os símbolos da época do socialismo quando foram construídas todas as suas linhas.

Este blogueiro quando pela primeira vez, há mais de trinta anos, penetrou na Praça Vermelha se sentiu profundamente emocionado com sua majestade, beleza e sua importância cultural e histórica.   Desta vez não foi diferente.  A Praça Vermelha é local símbolo da história russa e um dos grandes monumentos da civilização humana.  A Praça é o Kremilin e este é a Praça.  De um lado a belíssima Catedral de São Basílio e do outro a vermelha biblioteca nacional.      O Gum, antigos armazéns da época do império, construção belíssima hoje é o centro ultramoderno de um comércio altamente sofisticado.   O templo de consumo capitalista está na praça em frente ao mausoléu de Lenin, incontestável figura histórica de seu povo e de seu recente passado socialista. A história, antiga e próxima, se conta ali como patrimônio da cultura do povo russo.  Nos muros do Kremilin, aos olhos do publico, estão os túmulos dos chefes de estado da época do socialismo, do pioneiro viajante espacial  Yuri Gagarin e a chama eterna do soldado desconhecido.

Os jardins de Alexandre III que rodeiam a fortaleza são belíssimos e ricos, ali uma árvore foi plantada pelo astronauta pioneiro e lá está, a beira do Rio Moscova.
          Destaca-se, a frente do monumental portão dos jardins, a majestosa estátua equestre do grande general ZUKOV herói russo da segunda-guerra mundial (a  Guerra Pátria). Sobre o cavalo esmaga os símbolos germânicos dos nazistas, vencidos pelos exércitos russos por ele comandado.
           Os palácios de Verão da Catarina (a grande) e de seu filho Paulo, com seus imensos parques e jardins, em Puskin a cerca de 40 quilômetros do centro de Moscou, que visitamos, são belíssimos e têm enorme acervo de obras artísticas (quadros, estátuas, móveis e decoração); são imperdíveis para quem chega até a capital.
             No mais a cidade de Moscou deixa a gente feliz de ter a oportunidade de visitá-la; pois alia a sua beleza ao seu patrimônio que dignificam o homem como produtor de sua história.

De Moscou voamos para Paris e daí retornamos ao Brasil, ao Rio Cidade Maravilhosa.  
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VHCarmo. 


sábado, 11 de agosto de 2012

REFLEXÃO SOBRE A ELEIÇÃO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO E O PSOL.



As eleições municipais no quadro geral de nossa política encerram certas especificidades essenciais para compreensão da posição partidária na oportunidade de definir o voto. Há, inicialmente, que distinguir as campanhas eleitorais nos grandes municípios mais populosos e nos pequenos.   Embora as questões ligadas à administração se assemelhem na aplicação dos recursos e propostas, nas cidades mais populosas se verifica, além disso, uma disputa ideológica com reflexos e consequências nacionais.
É comum e não causam estranheza as coligações em pequenos municípios reunindo forças políticas opostas no cenário federal. É do jogo e responde a posições partidárias ligadas a questões municipais que colocam em segundo plano as divergências politico-ideológicas em favor das questões locais. A disputa aí se coloca  mais ao nível  do habitante da cidade e de suas necessidades locais, dada a proximidade de seus mandatários.
Não é o que acontece nos grandes centros urbanos. Embora de caráter municipal é inescusável a sua repercussão na política federal. O discurso de cada partido em disputa não se atém a questões puramente administrativas  de aplicação de recursos e obras, o apelo ideológico, que em geral a mídia tenta pautar, se torna essencial à discussão.   Verifica-se, assim nessas eleições nesses populosos municípios, paralelamente à questão de propostas administrativas, um forte apelo a posições ideológicas.  É uma constatação empírica.   O voto de cada cidadão nos grandes centros é fortemente influenciado pela  ideologia e posições políticas do candidato e de seu partido. 
No Rio de Janeiro, confrontam-se os partidos da aliança de centro/esquerda capitaneados pelo PMDB e o PT, no poder, que se colocam no plano federal como base aliada do governo e, de outro lado, os partidos da direita comandados pelo PSDB, PPS,DEM e PSOL.
É possível estranhar-se,  nesta reflexão, a inclusão do PSOL na direita, pois é mesmo tido e se proclama como um partido de  esquerda, às vezes de extrema esquerda.   Acontece que suas posições, tanto no Estado, no Município e na esfera Federal, estão sempre alinhadas à direita e é pautado, igualmente, pela mídia, adotando o surrado discurso  udeno/moralista. A votação do PSOL no Congresso é, também, sistematicamente comandada pela direita e a ela alinhada.
A campanha encetada nas ruas pelos poucos adeptos da candidatura  do PSOL à prefeitura do Rio é dirigida só e exclusivamente a ataques à centro/esquerda (no poder) embora esta  se apóie - como se vê das pesquisas - na preferência do povo, em geral, apontando para uma vitória no primeiro turno.
O PSOL não traz à discussão propostas para a solução dos problemas do Município do Rio. Em seus santinhos, proclames, propaganda e no seu discurso em praça pública o que se vê são ataques sistemáticos contra o governo federal, usando os mesmos e surrados argumentos dos partidos da direita, sempre em consonância ao que há de mais reacionário em nossa imprensa.
De lembrar-se, em prol desta reflexão, que no segundo turno da última eleição presidencial, o PSOL simplesmente liberou seus filiados, sob  o argumento de que votar em  Dilma ou em  Serra era a mesma coisa.
Não se nega ao PSOL o direito de atuar como o faz, porém proclamar-se um  partido de esquerda é uma grande mistificação visando, naturalmente, àqueles que inadvertidamente acreditem em seu discurso,
Por fim, é de se ressaltar a estranheza que causa o fato de a imprensa golpista, que ataca sistematicamente o Partido dos Trabalhadores e seus candidatos,  demonstrar, no mínimo, uma suave tolerância com o PSOL e seus candidatos.   Lembrar, também, a velha lição marxista: "nada mais parecido com a direita do que a extrema esquerda".
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VHCarmo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

MAIS UM BALDE DE ÁGUA FRIA NOS URUBÓLOGOS ...


             Olhem isto:
                     o Ministro da Agricultura após reunir-se com  a Presidente Dilma declarou o seguinte:. 


            "Anunciar a maior safra da história é uma alegria para qualquer ministro da Agricultura. Eu tive essa alegria quando comuniquei à presidenta Dilma a maior safra da história brasileira — 165 milhões de toneladas — e isso é o reconhecimento do povo brasileiro à capacidade de produzir da agricultura brasileira”.  


                            Apesar da seca no Nordeste e no Sul e excesso de chuvas em outras regiões, a safra surtou.
Os urubólogos já previam inflação e outras desgraças.  Não deu!. Vão ter que inventar outras profecias furadas.
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VHCarmo.



REFLEXÃO SOBRE O CHAMADO MENSALÃO


         Reflexão sobre o “mensalão” - O Procurador Gurgel quer condenar  o PT.
         Todo o ato criminoso tem que estar devidamente configurado na descrição da lei penal; pois não há crime sem que exista uma lei anterior que o defina, preceitua a Constituição Federal. Este é mesmo é um jargão que todo mundo conhece.
         Por outro lado, a denominação de um determinado ato tido como criminoso, sem a sua devida caracterização legal, conduz à negação do direito. É o que se chama, em direito, de "tipicidade", ou seja,  é necessário que um ato para ser  tido como criminoso se enquadre, sem incertezas, na definição legal.
         Quando se apelidou o processo de “mensalão”, viu-se uma Nuvem e a tomaram por Juno.  Na própria  badalada entrevista do Roberto Jerfferson, que recentemente o confirmou em declaração à mídia,     não houve  menção de prestações mensais de quantias em dinheiro  para promover votação no Congresso a favor do governo.  A prova a sustentar tal assertiva teria de indicar cada um dos parlamentares, o dinheiro recebido por ele, mensalmente,  e como votou na oportunidade determinada e mais: se a sua bancada fechou ou não questão sobre a votação da matéria e neste caso o parlamentar tenha, ou não, desobedecido a questão fechada.
         Embora o Procurador Geral, em sua extensa fala,  tenha trocado o título de "mensalão" para esquema de sustentação, a partir daí, não se falou senão em  “mensalão”, nome que já se adjetivou, ou seja, mensalão do PT (o  preferido) o do PSDB e o mais recente, o mensalão do DEM, pouco importando determiná-los e analisá-los como pagamento mensal, caixa 2 ou mesmo como propina.          A confusão proposital favorece àqueles que  não se interessam por tomar conhecimento das  provas produzidas, na investigação promovida pela Polícia Federal e na instrução da ação penal.
         O fato de um determinado partido ter recebido dinheiro de outro para formar a base de uma sustentação no Congresso constitui-se numa generalidade cuja questão haveria  de ser apurada e julgada em outro procedimento judicial para a perquirição sobre a legitimidade, ou não, desses usuais financiamentos  interpartidários para  tal fim e a procedência do dinheiro usado.      Evidente que, por si só, a transferência de recursos entre partidos  aliados de uma mesma  base, visando atuação  política, por si só, não se constitui crime  e nem obriga um parlamentar votar desta ou daquela maneira, ou seja, violentar a sua própria convicção em cada matéria em discussão no parlamento.
         As generalidades  apontada pelo MP não se coadunam com as normas penais.  A alegação do Procurador Geral sobre a formação de quadrilha por sua imprecisão e apoio probatório revela, de modo claro, a pobreza de sua sustentação, pois nem assim ele apontou o resultado material  que teria sido alcançado pela ação que incriminou.
         Gurgel confessa, afinal,  a sua incapacidade de produzir prova material. Olhem só suas palavras: "Quando falei de crimes praticados entre quatro paredes, em muitas vezes falava das paredes da Casa Civil. (E confessa) Por isso é tão difícil conseguir provas de crimes praticados dentro do Palácio da Presidência da República". ..."Como quase sempre ocorre, os chefes das quadrilhas não aprecem na execução dos crimes,  É autor aquele que tem o domínio  final do fato".  No caso - referindo-se a José Dirceu - vê-se que  pretende sua condenação alegando uma presunção facilmente ilidível posto que sem apoio em qualquer fato provado.
         Num julgamento técnico jurídico, ao  STF impõe-se o exame da prova material de entrega de dinheiro mensalmente a um ou mais dos  legisladores acusados ou seja, nomeando-os e  a do doador (pessoa que repassou recursos) bem como o projeto de lei ou medida em votação  e o  voto daquele que teria recebido o dinheiro.    De forma suplementar s prova  da origem do dinheiro, ou seja, se  público. 
         Afirmando, como o fez  Procurador Geral em sua sustentação, que alguns pagamentos coincidiram com votações no Congresso, em época, que ele não precisou devidamente,  não é suficiente para inculpar o acusado, imporia ao acusador provar  como este votou e se a matéria  foi ou não aprovada e qual seria, em cada caso, o interesse do chamado esquema.     Esta imprecisão generalizada repugna à lei penal.              A condenação ou a absolvição dos acusados  deve estar adstrita às normas constitucionais e legais, afastada a atuação estranha da  mídia cujos interesses são nitidamente partidários.  Incríveis,  neste aspecto,   é a sequencia de manchetes e matérias, bradando pela condenação, nos jornalões e revistas que se opõem ao governo federal.
         Os efeitos pretendidos pela direita na arquitetura do chamado Mensalão foram superados pela consagração de Lula na sua reeleição e na eleição da Presidente Dilma. as pesquisas  anunciam, agora na mesma oportunidade do julgamento, um recorde da avaliação "ótima" da Presidente e Dilma e de seu governo, ela que foi indicação do ex-presidente Lula. O povão não está " nem aí", para o "mensalão" do Gurgel.
         O texto que  a gente transcreve abaixo, publicado  em fevereiro passado na Folha de São Paulo é atualíssimo e abrangente, dando ênfase ao princípio da presunção de inocência.

Olhem só:
Mito do caso
É irreal a propaganda para evitar prescrição do mensalão
Artigo originalmente publicado no jornal Folha de S.Paulo desta quinta-feira (16/2)