É significativo o
título do livro, recentemente reeditado com novas e preciosas análises, do notável economista norte americano Joseph E. Stiglitz: “O
Mundo em queda Livre”. Após a recessão americana iniciada em 2008, com a
explosão da bolha financeira e falência dos bancos até aqui, a crise não foi
debelada, sustenta o autor.
A preservação das
diretrizes do sistema financeiro e a salvação dos bancos, para continuar
operando, de pouco valeram. A crise sistêmica persiste e, dada a importância da
economia americana, permanece atingindo
toda a periferia, embora de modo diferente.
A Europa, com a crise
geral, viu agravada a crise do Euro, ou seja, a instabilidade instalada,
principalmente, nos países mediterrâneos e nos do Leste, de economias mais
vulneráveis.
A impossibilidade daqueles países, de economia
mais fraca no quadro europeu, de gerir o curso da moeda (valoriza-la o
desvaloriza-la), além de diminuir gravemente a sua soberania, impediu uma
gestão orçamental responsável e eficiente, produzindo, por sua vez,
a severa diminuição da ação regulatória do Estado para a finanças. Note-se que o Orçamento dos países da União
Europeia segue (ou deve seguir) as regras rígidas estabelecidas pela Troica e o
Banco Central Europeu, verdadeiros gestores e controladores da moeda comum,
fato que torna esses países sempre devedores, em graves crises orçamentais.
De
que forma um país como o Brasil é atingido pela crise? A sua inserção no mundo dos negócios e a
oscilação dos preços das comódes principal artigo de nossa exportação,
atingindo preços bem abaixo da média, implicou na queda do saldo da nossa balança
do comércio exterior. Fator negativo acrescido pela diminuição do volume
exportado e afetando a capacidade de importar. Assinale-se que já houve uma reação, nos
dois últimos trimestres, uma ligeira recuperação de preços e o aumento do
volume exportado ensejaram substanciais
saldos positivos. Estes fatos positivos foram acompanhados pelo forte ingresso
de investimentos diretos cujo destino brasileiro é o terceiro do mundo o que
demonstra a importância da nossa economia.
A crise do capitalismo,
como assinala J. Stiglitz, que teve o seu fulcro inicial nos EEUU, espera que a
recuperação do Império possa debelá-la, pelo menos, nos seus aspectos mais
graves. Isto, porém, não vem
acontecendo e o poderoso país vem registrando números alarmantes da progressão
da pobreza de seu povo e não conseguindo estabelecer a regulação do setor
financeiro. Os bancos lá socorridos pelo
Estado, continuam agindo da mesma forma que os levou à falência, sem que as
agências reguladoras passem a atuar e denunciar.
A crise que atinge o
Brasil, respeitada a inserção de cada um na economia mundial, atinge também praticamente
todos países até mesmo aqueles cujo regimes políticos se diferenciam.
A crise mundial vinha
sendo administrada no Brasil pelo Governo Dilma, sem maiores sacrifícios da
população. No seu segundo mandato, no
entanto, a mídia promoveu com os partidos políticos da oposição e o
Congresso um bloqueio legislativo das medidas visando ao crescimento e
até promovendo as chamadas “pautas bombas”, impedindo a continuação de uma
gestão eficiente da crise em claro benefício do setor financeiro e com seguida
ruptura da legalidade e dos princípios constitucionais. A Câmara, diga-se, era administrada por um dos maiores autores de crimes financeiros contra o país
Lá nos EEUU como aqui,
o setor financeiro se rebelou contra qualquer regulação e os órgãos
internacionais ligados à regulação atuam politicamente em favor do sistema
financeiro mundial e, visando auxiliar o movimento golpista, esses órgãos “reguladores”
passaram a rebaixar a nota do Brasil, sem que houvesse modificações consistentes
na gestão econômico/financeira, por fim se juntaram ao movimento.
O Brasil continuava, até o afastamento da
Presidenta, com todos os pressupostos
econômicos mantidos. Com uma nutrida reserva no Tesouro, sem crise cambial,
longe do FMI, do qual é credor; inflação em queda, mantendo em vigor todos os
seus programas sociais. Vê-se, pois, que a crise embora séria, estava aqui no Brasil sobre
controle.
Com o desenvolvimento
do Golpe, e a instalação desse governo provisório os seus promotores mostraram sua
cara e sua mente destruidora.
As divergências internas dos dirigentes
golpistas surgiram, movidas naturalmente pela cobrança de participação no butim, afloraram bem cedo mediante delações e grampos que vieram a público. Colocaram o rei nu. A miséria humana se revelou na sua mais
trágica versão.
Traidores traindo
outros traidores, cobrando-se, mutuamente, medidas prometidas para protege-los
contra a Justiça; especialmente trouxeram
ao público a imagem do chefe do governo provisório, do Traidor Temer, que a todo
momento – através dessas delações e grampos - mostra a
sua cara: além de traidor; é um corrupto reincidente. Revelaram-se,
enfim, os principais criminosos golpistas, cobrando dos parceiros no governo
provisório, a salvação prometida com o
afastamento da Presidenta que articularam. Onte, à noite, foi visto o Ministro do STF Gilmar Mendes, entrando na casa do Traidor. Para quê será?
Esperar
a volta da Presidente e promove-la pela luta constante, por todos os meios e modos, é o dever de todos nós.
Não
há dúvida: os grampos e as delações divulgados e as divergências
que se instalaram entre os golpistas fazem reascender a esperança que o Senado
caia na real e impeça um erro histórico,
em prejuízo do país e de suas instituições democráticas. Vamos ver!
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VHCarmo.