terça-feira, 31 de julho de 2012

                        O Serra não se emenda. Tenta por todos os meios – via de regra astuciosos e maliciosos – a atingir os seus competidores nas campanhas eleitorais. Falta-lhe sempre a ética. Recorre a meios reprováveis. O uso da religião ( que não pratica) a inserção de notícias falsas e dossiês inexistentes na imprensa. Claro que é facilitado pela mídia que o promove e esconde tudo aquilo que surge contra ele. Exemplo máximo é  a "pirataria tucana" que ele comandou e os jornalões esqueceram.
                      Agora, embora,  o Serra jurasse que desta vez ia ser leal, olhem só o que ele engendrou: quer censurar os blogs e apela para o TRE. Pede censura!  Só admite patrocínio de empresas públicas para a mídia que o apóia e ao tucanato. Quem é contra ele chama de nazistas (literalmente). Que coisa, ein!

O grande jornalista Mauro Santayana comenta, como sempre com sua brilhante argúcia, neste texto abaixo transcrito, mais esta do Serra. (No JB online).

Olhem só:

SERRA E A DEMOCRACIA DE DUAS ORELHAS.

(JB)- A verdade, diz um provérbio berbere, é como o camelo: tem duas orelhas. Você pode agarrá-la como lhe for mais conveniente, pela direita ou pela esquerda. Essa parece ser a postura do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, que prefere a direita. Para quem conheceu o jovem Serra de há quase 50 anos, é um desconsolo descobrir o que o tempo faz aos homens. Não só, como no poema de Drummond, ao abater com sua mão pesada, cobra os anos com “rugas, dentes, calva”, mas também costuma sulcar erosões nas idéias.

José Serra quer calar os blogueiros sujos, e usou o seu partido para isso. Dois nomes são mencionados, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. Não preciso expressar a minha solidariedade aos atingidos. O que está em questão – e os dois estarão de acordo com o raciocínio – é muito maior do que eles mesmos e todos os outros franco-atiradores da internet. O problema real são os limites que querem impor à democracia.

Ao que parece, há uma liberdade de imprensa para uns, e outra, para os demais. Os grandes veículos de comunicação combatem o governo e recebem dele vultosas verbas de publicidade, como é do conhecimento geral. Alguns poucos blogs, por convicção, defendem o governo federal, mas, conforme o PSDB, estão impedidos de receber verbas publicitárias das empresas estatais.

Nenhum jornalista brasileiro pode se dar o luxo de não contar, em sua remuneração, qualquer que ela seja, com parcelas, ainda que pequenas, de dinheiro público. O poder público é a base de toda a economia nacional. Ele contrata as empreiteiras, compra das grandes empresas industriais, além de subsidiá-las com incentivos fiscais, financia as atividades agropecuárias, paga pelos serviços, participa do custeio das grandes organizações patronais, entre elas a Fiesp, para ficar apenas em São Paulo. Assim, indiretamente, participa de todos os gastos com publicidade.

E mais, ainda: quem paga tudo, afinal, é a sociedade e, nela, os que realmente produzem, ou, seja, os trabalhadores. E são os trabalhadores, com parcela de seu suor, que mantêm o enganoso Fundo de Amparo ao Trabalhador que, administrado pelo Estado, por intermédio do BNDES, financiou as privatizações e continua a financiar empresas estrangeiras, como é o caso notório das companhias telefônicas, a começar pela controlada pelos espanhóis. Em suma, o trabalhador paga pela corda que o sufoca.

Serra, e os que pensam como ele, tentam, como Josué em Jericó, segurar o sol com as mãos, ou, melhor, impedir que a Terra continue rodando em torno de seu eixo e em torno da nossa estrela. A internet é indomável. E, apesar de suas terríveis distorções, como veículo que serve à difamação, à calúnia, à contrainformação, a difusão de atos de insânia – ampliando o que a televisão vinha fazendo – não há, no horizonte das idéias plausíveis, como amordaçar os bytes, imobilizar os elétrons, apagar as telas. Tudo isso poderá ocorrer com uma tempestade solar, mas nunca pela ação dos estados – a menos que, como tantos sonham, um governo fascista mundial destrua o sistema.

O candidato José Serra e seus correligionários se encontram alheios ao mundo que os cerca. Estão como um francês distraído que, em 10 de agosto de 1792, em um dos muitos cafés do Jardim das Tuileries, tomava placidamente uma baravoise – para os curiosos, mistura de café, conhaque e uma gema de ovo, segundo a receita do libertino Casanova. Enquanto isso, a multidão invadiu o Palácio Real – de onde, por pouco, escaparam Luis XVI e Maria Antonieta – e o saqueou. O desconhecido continuou a beber. Todos os que o cercavam fugiram esbaforidos. Na defesa do palácio, morreram seiscentos guardas suíços. O francês distraído estava alheio a tudo, em sua manhã de agosto. Cinco meses depois, o rei e a rainha encontrariam a lâmina da guilhotina.

José Serra e os seus estão pensando em seu outubro, embora estejamos, no mundo inteiro, em tempos semelhantes aos do francês sans souci. Como sempre, o que está em jogo é a mesma reivindicação dos sans culotte: igualdade, liberdade, fraternidade – ou, seja, a democracia real.
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VHCarmo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Os jornalões e as revistas bradam pela condenação ...


                 Os jornalões e as revistas VEJA (dos ítalo-argentinos Civitas) e a Época da Globo, nesta semana em que se inicia o julgamento do chamado mensalão, se esmeram no processo de pressão midiática em prol da condenação dos réus, procurando justificar por todos os meios a sua pretensão.
                 Como um julgamento técnico-jurídico do chamado esquema de cooptação de parlamentares, mediante pagamento, aponta para a sua inexistência, por falta de provas, pretendem um julgamento político se esgrimindo em argumentos, se colocando como arautos da moralidade e de um remoto e duvidoso anseio geral (?) pela condenação.
                 A manchete do Globo de hoje (30.07) é sintomática: “Há provas para a condenação dos réus”, no interior do jornal , porém, a matéria revela que esta é a opinião do Procurador Geral da República que apresentou a Denúncia. Ora, não havia qualquer possibilidade de aquele promotor se pronunciar de modo diferente como é óbvio. 
                  Mas, em letras garrafais o título, visa claramente mover a opinião pública em favor da condenação, tentando obscurecer os argumentos da defesa dos Réus que sustentam a negativa da existência de esquema criminoso.
                  Como é público e notório os jornalões exibem manchetes cujas matérias são lidas por muito poucos, pretendem com isto atingir àqueles muitos que só lêem manchetes nas bancas. É a técnica do “panfleto”.
                      As revistas vão à mesma direção, pressionam por uma condenação inapelável dos Réus e não por um julgamento justo e jurídico. As “capas” e títulos desta semana em cores berrantes (preferentemente vermelhas) bradam pela condenação e a sustentam como irrecusável. Torna-se, pois, evidente a intenção de pressionar os ministros do STF para assumir sua intenção condenatória.  
                     Esse processo penal, capciosamente chamado de “mensalão”, cuja instrução – para a produção de prova – foi longa e demorada, tem só e unicamente, natureza penal, ou seja, deverá ser julgado segundo as normas constitucionais que estabelecem a ampla defesa, o respeito pela dignidade da pessoa humana e o princípio de que não há crime sem lei que anteriormente o defina (artigos 1º. III e 5º. XXXIX), e, ainda, deve se pautar pelas regras do Código de Processo Penal e do próprio Código   
                  Significa dizer que o Supremo Tribunal terá, como missão constitucional e legal, condenar ou absolver os Réus com obediência  àquelas normas e com as provas produzidas, afastando o cunho político (partidário) que lhe querem imprimir os jornalões e aquelas revistas semanais. Demais, não se trata neste processo de crime eleitoral, cuja sede para julgamento não seria o STF e sim TSE.
                    No editorial de ontem da Folha de São Paulo, após o apelo à condenação sob vagos argumentos moralistas e finalidades políticas evidentes, o jornal  comete, na certa, "um ato falho" e afirma:                  
(…)
Evidências colhidas em sete anos de investigações, entretanto, não seriam suficientes, aos olhos de alguns especialistas, para caracterizar a ilicitude em duas questões centrais: a finalidade do esquema e a natureza dos recursos.
Não há nos autos elementos que sustentem de forma inequívoca a noção de que o objetivo do mensalão era comprar respaldo no Congresso. Sem a demonstração de que os pagamentos foram oferecidos em troca de apoio parlamentar, perdem alguma força as acusações de corrupção.
Quanto ao dinheiro, o STF precisará se pronunciar sobre sua origem, se pública ou privada. Comprovar o desvio de recursos públicos é pré-requisito para algumas acusações de lavagem de dinheiro, por exemplo.

(…)

As palavras do editorial falam por si ...

VHCarmo.


sábado, 28 de julho de 2012

REFLEXÃO NECESSÁRIA


          É um fato que merece ser destacado e sobre ele refletir.  A Revista Veja na sua sanha anti-governista e ante PT, envereda até pelo crime.  Vivemos, atualmente,  a estarrecedora investigação da Polícia Federal sobre as ligações da Revista  com o crime organizado, muito parecido, aliás, com as máfias italianas. O grupo Cachoeira, via Policarpo Júnior (diretor da Revista em Brasília) e do ex-senador Demóstenes Torres,  desencadeou uma série de denúncias falsas que resultaram na defecção de ministros  e um  clamor público.
                  Não a toa: o Senador foi cassado.
           Quando se aprofundam as investigações da CPIm, vão aparecendo as incríveis tramas dos criminosos, reveladas pela Polícia Federal, sempre com a participação da Revista.
             Embora a imprensa oculte a podridão subjacente, protegendo a atuação midiática da VEJA, é de pasmar o que vem sendo descoberto.
           A Revista Veja e seus indefectíveis Civitas (ítalos-argentinos) vão sendo acobertados e poupados pelo restante da mídia.  A rigor a CPIm deveria ter como foco principal a atuação da deletéria da Revista.
                 Mas a coisa vem de longe. 
               A Revista Carta Capital desta semana publica um texto do Jornalista Rodrigo Martins que revela o alto  grau  criminoso com que age a VEJA. Sob o título "Muita fumaça, pouco fogo", o jornalista penetra nos pormenores da investigação e do julgamento  de Erenice  Guerra, auxiliar dileta da  Presidente Dilma,  vítima de insidiosas denúncias da Revista que a levou a demitir-se de sua função na Casa Civil e ser alvo de humilhação e a lhe  ser atribuídos desvios financeiros, cobrança de propinas e jogo de influência. 
          Pois bem, acionada pelo Ministério Público a Polícia Federal, após investigação rigorosa, chegou à conclusão  que não houve e não há nenhuma prova contra a ex- ministra e tudo não passou "armação" da VEJA. O próprio MP pediu o arquivamento da denuncia ( do processo) o que foi decretado pelo Julgador, no juízo da10a. Vara Federal .
            Lendo-se o texto do jornalista a gente fica pasmo de como a Revista armou uma série de mentiras, envolvendo pessoas, para incriminar Erenice, sem qualquer escrúpulo, pois, como se vê, tudo não passou de armação, visando não só a ex-ministra como também, o governo.
              Este escriba sugere àqueles que se interessem pelos pormenores do caso, ler  o instigante texto do competente jornalista Rodrigo Martins.
          Indaga-se  e agora como fica?  Como reparar o mal causado e a interrupção da carreira, até então brilhante da Erenice?
              O Jornal Nacional da Globo que, à época, denegriu a imagem da Ministra, repercutindo a Revista, ontem, dia 27.07,  deu uma nota que se muito demorou, durou trina segundos, anunciando a improcedência da denúncia e a rejeição judicial da calúnia.
              É assim que age a  mídia.  Até quando a gente tem que esperar uma democratização da comunicação no Brasil ?   Por fim: o que move a  atuação criminosa da Revista e do restante da mídia que a repercute?
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VHCarmo.

  


quarta-feira, 25 de julho de 2012

ALGO MAIS É UM CONTO...

               Este conto que aí vai , como um exercício de reflexão um tanto pessimista   sobre  a vida, surgiu ao autor, (este blogueiro), após uma conversa com um velho e saudoso amigo, como se verá. Suas palavras que aparecem como ficção são, no entanto, um pouco da sensação que deixou de um  nosso último encontro.                     

Olhem só:
                                                    Um sentido para a vida.
                                                                             (conto)

A festa do aniversário de 85 anos do Everton foi linda. Parecia até festa de criança, com balões coloridos, mesa farta de salgados e doces, bebidas e, a animar, as músicas antigas de sua preferência. Um dos filhos, o Germano, fora, nos Sebos da cidade, velhos discos-vinil de Orlando Silva, Francisco Alves, Aracy de Almeida e de tantos outros que o velho sabia até de cor as letras das  suas músicas. Filhos, filhas, netos e bisnetos numa só algazarra festiva. O Everton iluminava-se num sorriso complacente, um misto de alegria e tristeza; melhor dizendo uma certa melancolia na expressão, por traz do riso.
Cantaram-se os parabéns, trocaram-se efusivos abraços, sufocando o velho de "cabelos cor de prata”, parafraseando a canção popular.             Repito: foi muita linda a festa.
O velho Everton fora meu primeiro chefe no meu primeiro emprego no Rio de Janeiro, na velha Rua do Costa, nos idos dos anos 40 do século passado. A amizade e a consideração pessoal, transcendendo à autoridade de chefe, nos uniram durante grande parte de nossas vidas. Estava ali presente na festa de seus 85 anos. Ele me intimara a comparecer sob o risco brincalhão de “acabar nossa amizade”.
Terminada a festa, esvaziada a sala, apagada parte das luzes, a casa voltou à costumeira intimidade. Meu velho amigo pedira para  que eu não saisse logo, queria me falar algo. Sentado na sua cadeira de balanço na penumbra das cortinas de um canto de janela, encetou um discurso que me calou de forma profunda. Diga-se, antes de narrá-lo, que o Everton fora sempre um homem cheio de vida, de muitos amigos, festeiro, carnavalesco e amante das belas mulheres. Apesar de estar bem para sua idade, me parecia portador de uma certa angústia como deixara transparecer no curso da festa. Mas vamos ao seu discurso.
Disse-me o velho amigo:
“Sempre se saúda efusivamente a idade das pessoas, principalmente quando chegam aos 80 anos, sobrevivendo. Você viu quanta alegria se espalhou por esta sala, mas a rigor, na mente de todos e de cada um há a certeza de que outras festas como esta, dentro em pouco, não mais se repetirão. Você há de me perguntar: como, se o amigo não tem certeza da morte, ou do fim ?. Digo-lhe: a única certeza que não tenho é da data; da proximidade, que é inexorável, não me posso livrar".

-Deixa disso Everton, espanta esta tristeza.
–“ Não é bem tristeza que tenho; é a angústia que me dá a exata dimensão da morte que, para mim, se afigura como uma derrota. Tive longos dias de felicidade, alguma tristeza e agora esta certeza da aproximação do fim. Os dias me parecem cada vez mais longos na minha solidão e a falência física, de que tenho consciência, me atormenta. Às vezes penso que a morte seria a verdade da vida, mas um recôndito desejo de viver me anima. Dos meus amigos, à volta, restam poucos; a grande maioria já se foi premiada, pois o viver lhes poupou a angústia da velhice. Amigo, a idade, para mim, significa uma perda e a consciência de não ter compreendido, apesar dos anos, o sentido da vida. Para terminar este desabafo que você tão pacientemente escutou digo-lhe que hoje compreendo aqueles que, por cansaço, se despediram voluntariamente da vida, admirando-lhes a coragem que me falta".
Terminado o discurso amargo do velho amigo, me despedi dele emocionado e andei vagando pelas ruas noturnas de Copacabana, não conseguindo sequer formar um juízo de tudo o que ouvira, tarefa que deixo para aqueles que ora me lêem.
                A madrugada fria me fez mergulhar também num sem sentido.
                Passados 5 anos e quatro festas de aniversário como aquela o velho amigo Everton se despediu da vida sem revelar o seu sentido.

VHCarmo ( Abril de 2008).

sábado, 21 de julho de 2012

UM MOMENTO DE POESIA (é algo mais).


                    Os generosos leitores deste humilde bloguinho já devem ter notado a preferência que ele tem pelo soneto como forma de poema.  Na certa será pela síntese  com que atinge o sentimento e pelo rebuscado do verso, sem gongorismos.  Será, também, que é pela forma na qual se libera, da alma, segredos e sentimentos em  cuja expressão se escoa tão singela?.  Pode ser!.
                           O soneto, ao seu tempo maior do fim do século  XIX ao meio do século XX, ensejou, como neste que aí  vai e em outros que aqui foram transcritos, a manifestação da paixão e do amor feminino,  rompendo o natural recato de um  tempo em que à mulher reservavam-se o lar e a família.


Da jovem poeta Carmen Cinira  (Cinira do Carmo Bordial Cardoso - Rio de Janeiro - (1905/1933).


     INCANSÁVEL

Velho sonho de amor que me fascina,
causa das mágoas que me tem pungido
que, entanto, conservo na retina
como fonte de um bem inatingido...

Flama velada, cântico em surdina
de um'alma triste, um coração ferido,
nem pode haver linguagem que defina
o que eu tenho, em silêncio, padecido!

Mas, ainda que mal recompensado
meu amor há de sempre desculpar-te
humilde, carinhoso, devotado...

Bendito seja o dia em que te vi,
pois não  há maior glória do que amar-te
nem melhor gozo que sofrer por ti!
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VHCarmo.   

quinta-feira, 19 de julho de 2012

URUBULOGIA EM BAIXA...


A notícia que este escriba transcreve abaixo é daquelas que convém espalhar para espancar o pessimismo que a mídia   transmite nos jornalões, revistas e TVs. com evidentes intenções eleitorais. De qualquer forma a urubulogia está em baixa.   Vale não esquecer que tudo isto de bom  se deu nos governos do Partido dos Trabalhadores.

Aumento do salário e programas de distribuição de renda fazem pobreza cair 36% no Brasil, diz OIT.
Estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) com diversos indicadores socioeconômicos compilados mostra que, entre 2003 e 2009, a pobreza no Brasil caiu 36,5%, o que significa que 27,9 milhões de pessoas saíram da condição nesse período. Segundo a OIT, são consideradas pobres aquelas pessoas cuja renda fica abaixo de meio salário mínimo mensal per capita.
 “A redução da pobreza entre os trabalhadores e trabalhadoras esteve diretamente associada ao aumento real dos rendimentos do trabalho, sobretudo do salário mínimo, à ampliação da cobertura dos programas de transferência de renda e de previdência e assistência social – que contribuíram para o aumento do rendimento domiciliar – e também pelo incremento da ocupação, principalmente do emprego formal”, diz o documento da OIT.
A OIT dedica especial atenção ao programa Bolsa Família, do governo federal. Segundo o organismo internacional, entre 2004 e 2011, a cobertura do Bolsa Família dobrou: passou de 6,5 milhões de famílias beneficiadas para 13,3 milhões, com o investimento de R$ 16,7 bilhões em recursos só em 2011.
De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda condicionada da América Latina em número de beneficiários – cerca de 52 milhões de pessoas, o correspondente a quase a metade das 113 milhões de pessoas beneficiadas na região.
Extrema pobreza
Apesar da redução geral da pobreza, o Brasil ainda tem 8,5% de sua população vivendo em condições de extrema pobreza – ou seja, com renda mensal per capita entre R$ 1 e R$ 70. O total de brasileiros nessa condição é de 16,27 milhões de pessoas, segundo estimativa elaborada pelo IBGE com base nos resultados preliminares do Censo 2010.
O documento mostra ainda que o Nordeste tem 9,61 milhões de pessoas extremamente pobres, ou seja, 59,1% do total nacional.
A incidência da extrema pobreza na região era de 18,1%, mais do que o dobro daquela correspondente ao conjunto do país (8,5%). A segunda região com maior incidência de extrema pobreza é a região Norte (16,8%). Por outro lado, a incidência da extrema pobreza era menor nas regiões Sul (2,6% da população), Sudeste (3,4%) e Centro-Oeste (4%).
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VHCarmo.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A viagem prosseguiu: São Petersburgo.

(Continuação).
                               De Helsing a São Petersburgo fomos de trem cujo conforto e pontualidade foram impecáveis. Velocidade média de 200 quilômetros horários atravessamos a fronteira da Rússia a cerca de duas horas e meia do percurso de 4 horas. Paisagem bucólica em que há muitos alagados e extensos bosques de pinho. Naqueles campos sem muita cultura agrícola visível do trem, de pinheiros e esparsas casas humildes de madeira se desenrolaram sangrentas batalhas na segunda guerra mundial, quando insuflados pelos nazistas a Finlândia atacou a União Soviética e acabou sofrendo uma humilhante derrota num inverno rigoroso.

Chegamos a São Petersburgo na velha e histórica Estação Finlândia, uma das sete estações ferroviárias da praça. Lá está ainda, frente ao jardim, à porta da Gare, a estátua de Lenin, monumento que celebra o seu retorno à Pátria para tornar-se chefe da Revolução de 1917.

Na antiga Leningrado a história está por toda parte. Cidade heróica que, na segunda guerra, resistiu ao cerco do poderoso exército alemão por 900 dias, sem se render, e teve 3/4 de seus prédios destruídos pelos bombardeios e cerca de dois milhões de mortos entre militares e civis; grande parte vitimada pela fome e doenças.
A cidade ficou por mais de dois anos sem luz, água encanada, transporte e outro qualquer serviço público. Os alimentos escassos vinham através do Lago Ladoga, enquanto este se matinha gelado no inverno, sendo sua única via precária de acesso ao resto da União Soviética invadida pelos exércitos alemães. A fome vitimava as pessoas nas ruas e os cadáveres ali ficavam insepultos a espera do degelo ou ao  fim do cerco. A cidade de Leningrado sobreviveu, virou São Petersburgo, nós pisamos o seu solo sagrado e ela continua bela. Deve a sua milagrosa resistência a disciplina e ao patriotismo de seus cidadãos.

Os valiosos tesouros da cidade de Pedro, "O Grande", foram retirados para a parte oriental da URSS,  a tempo, antes do cerco da cidade, mas os palácios de verão do Império Russo nas cercanias da cidade foram ocupados, saqueados e, ao fim,  incendiados pelos invasores alemães.

A restauração da cidade destruída é, sem dúvida, uma das maiores façanhas de um país no pós-guerra, pois cerca de 10 anos após o fim do conflito, São Petersburgo, restaurada, voltou a exibir, em sua plenitude, a sua reconhecida e merecida fama de uma das mais belas cidades do mundo.

Conhecida como a Veneza do Norte, a cidade fundada por Pedro e erguida em torno da Fortaleza Pedro e Paulo, Forte que é hoje monumento histórico em cuja igreja de São Jorge se guardam túmulos de heróis da Rússia Imperial e de seus imperadores.

Além dos muitos prédios em que se instala,  (um deles o antigo palácio de inverno),   às margens do Rio Neva  o Museu Hermitage é, inegavelmente, aquele  que tem um dos maiores acervos de pinacoteca e arte de todo o mundo; de clássicos a modernos e contemporâneos.
As igrejas ortodoxas com suas cúpulas douradas  e  interiores deslumbrantes, os monumentos erguidos aos seus heróis nas margens do rio Neva, as suas pontes decoradas, seus rios, canais, ancoradouros, lindamente decorados, encantam àqueles que, como nós, vimos de outra cultura.

A grande Avenida Neva cujas fachadas se estremam em filigranas, nessa artéria que vai do Almirantado, no Forte, até as imediações da belíssima Catedral de Santo Isac, de fato, atesta o alto grau da civilização eslava que, nem por isso, deixa de ser funcional e acolhedora.  Inegável, também,  a influência de artistas vindos do ocidente, convocados pelos Quizares.

A vitória do Império Russo na chamada Guerra do Norte consolidou a saída do império russo para o Mar Báltico.    Nos  jardins do suntuoso palácio de verão, ali erguido por Pedro “o Grande”, as fontes se ligam todas as manhãs em seus imensos espaços, sempre  às onze horas sob som de música orquestral.  Na fonte principal, em ouro, uma das mais de cem espalhadas pelos jardins,  a figura de um provável soldado  Russo, dominando um leão (símbolo da derrotada Suécia), jorram  altos esguichos de água ; tudo representado por estátuas gigantes e, como sempre, douradas.

Essas aligeiradas impressões pessoais não representam nenhuma novidade;é claro. Há narrativas melhores e mais detalhadas ao alcance do todos sobre São Petersburgo, porém o testemunho deste escriba, para aqueles que o lêem, pretende revelar, apenas, a sua emoção revivida após mais de trinta anos de sua primeira visita a, então, Leningrado.

Impressiona a bagagem cultural do povo russo que ali se manifesta, não só pela conservação dos monumentos mais antigos de sua longa história, mas igualmente os do seu passado recente, ou seja, da experiência dos anos do socialismo cuja  herança positiva é inegável.

Naquele solo que pisamos jorrou o sangue de um povo na luta heróica contra os alemães nazistas. O mundo todo deve gratidão eterna ao heroísmo daquela linda cidade.

Turistas brasileiros estão chegando em grande número, afastando a demonização da Russia  operada na “guerra fria” que, por tantos anos, nos privou , a todos nós, de conhecer aquela cultura.
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VHCarmo.




sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um momento de poesia (é algo mais).


                    Classificar e despender conceitos formais sobre a poesia  brasileira dos anos 30 a 60  do século XX,   ainda não é tarefa concluída pelos nossos críticos literários. A liberdade dos versos dos poetas de então, herdeiros do romantismo,  revelam uma poética que prima pela emoção. Ora uma expressão de  amor quase ingênuo;  outra de uma dor mesclada de paixão e  angústia: assim encantam.  São poemas que servem à oralidade e ao discurso por sua musicalidade a que emprestam.
                   Vinicius de Morais é exemplo brilhante.  Este  belo e conhecido poema na forma de soneto é uma síntese daquele saudoso tempo. 

Olhem só:

                      SONETO DA FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada momento
Em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim , quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
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VHCarmo.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Nova foto do blog.

O blogueiro em sua recente visita à Russia; em Puskin, frente aos palácios de Verão da Quizarina Catarina "a Grande".
VHCarmo.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O PSDB e o golpe no Paraguai.

                          O texto, abaixo, coloca em evidência a tendência golpista do tucanato e seu partido, o PSDB.  Em todos os casos de golpe na América Latina e alhures eles se manifestam a favor, alinhando-se ao intervencionismo dos Estados Unidos. Isto é particularmente grave, pois esse partido é líder da oposição ao governo federal e se respalda na nossa mídia conservadora, cujo golpismo tem raízes históricas.

Olhem só:


PSDB oficializa e documenta apoio ao golpe no Paraguai.

Publicado em 11-Jul-2012 - no BLOG DO ZÉ DIRCEU

No site, nota pró-golpismo e contra Venezuela no MERCOSUL...
Agora é oficial: o PSDB apoia o golpe no Paraguai. Para não deixar dúvidas, o partido colocou em seu site nota nesse sentido, assinada por seu presidente nacional, deputado Sérgio Guerra (PE). A nota só confirma o caráter oportunista do partido que defendeu as intervenções militares e politicas dos Estados Unidos pelo mundo. Ações que transformam em pó o príncipio da não intervenção em assuntos internos de outros países e o respeito a auto-determinação dos povos.
Fora o fato que o Paraguai é membro do MERCOSUL, da União das Nações da América do Sul (UNASUL) - agora suspenso de ambos - sem falar da Organização dos Estados Americanos (OEA) e das Nações Unidas. É signatário, portanto, de convenções regionais e internacionais que lhe obrigam a obedecer e a cumprir cláusulas democráticas.

O descumprimento desses compromissos, assumidos em documentos assinados, o sujeitam mesmo às sanções estabelecidas nas convenções e tratados que o país firmou e seu parlamento aprovou. Só o PSDB, o tucanato não reconhece isto.
Tucanos invocam argumentos falsos.
Assim o argumento tucano é falso. Como é falsa sua posição sempre defendendo a intervenção externa - dos EUA e de outros - nos assuntos de Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia, para ficar só nos atentados praticados contra a soberania dos povos em nosso continente.
Mas faz tempo que os tucanos dormem com o inimigo, com as ditaduras e a direita latino-americana. Basta lembrar suas relações com o ex-ditador do Peru, Alberto Fujimori - preso por corrupção, dentre outros delitos - condecorado pelo governo FHC.
Chama a atenção o fato de os tucanos estarem dando legitimidade e apoio a um golpe que levou de novo ao governo o Partido Colorado, o mesmo que governou o Paraguai por 61 anos - de 1947 até a eleição do presidente Lugo em 2008. Sustentou, inclusive a sanguinária ditadura do generalíssimo Alfredo Stroessner (1954-1989).

A volta do partido Colorado se dá via Parlamento, mas é golpe do mesmo jeito. Nada muda esse caráter antidemocrático, arbitrário e ilegítimo do impeachment e deposição do presidente constitucional do Paraguai, Fernando Lugo. E tudo tem agora o apoio oficializado do PSDB, do tucanato...
                                            Sinal dos tempos...
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VHCarmo.


sábado, 7 de julho de 2012

Sobrre o apoio do PP ao candidato do PT . Reflexão


                  Defrontam-se, mais uma vez, as questões sobre a ética subjetiva (pessoal) e política, ora em face da aliança do Partido Progressista com o Partido dos Trabalhadores na eleição para prefeito do Município de São Paulo.
                   A atuação de qualquer partido, no jogo político, tem como objetivo a conquista do poder em disputa, igualando-se todos quanto ao uso dos meios legais, políticos  lícitos para a sua consecução. 
                       O PP tem seus objetivos legítimos ao aderir à aliança e também os tem o PT.   Favorece a aliança o fato de o Partido Progressista já integrar a base aliada de apoio ao governo  federal, sem qualquer contestação.
                    Os interesses que movem esses dois partidos, ora aliados, têm também algo em comum na disputa pela prefeitura paulista, posto que, se não os tivesse, estariam desfigurados como partidos.  
                     O que, naturalmente, causa alguma perplexidade é que no Brasil estamos acostumados a exigir dos partidos da esquerda democrática que se subordinem politicamente a uma ética subjetiva, com laivos moralistas, que, no entanto, não o exigem dos partidos de direita e conservadores.
                      De logo, o “escândalo” se formou, na mídia até com a exploração de foto, em torno da presença de Paulo Maluf. Ora, ele não é o Partido Progressista, é apenas um de seus membros, em cujo quadro militam vários políticos respeitáveis de longa história e de diversas origens.    
                 Por outra parte, o Partido Progressista tem integrado alianças com outros partidos, inclusive, com o PSDB em várias ocasiões e lugares diferentes do país, sem que as invocassem como antiética pela presença de Maluf como integrante do PP.
                 Diga-se, a bem da verdade, que Paulo Maluf no seu partido e na política brasileira é uma questão complicada, pois apesar de tudo que pesa sobre a sua honorabilidade, continua imune a qualquer condenação, exercendo mandato popular e os “crimes” a ele atribuídos são relevados pela mídia que sobre eles silenciam.  Ele continua disputando eleições, enquanto outros são marginalizados sem maiores indagações.
                Isolar o Partido Progressista do jogo político, invocando as condições pessoais do deputado Paulo Maluf, evidentemente, seria uma afronta ao partido e ao próprio sistema partidário.  Os problemas pessoais dele  não o impedem de ser um dos maiores detentores do voto popular, em São Paulo e, até aqui,  não se conseguiu impedir a sua participação.
              O fato de o candidato do PT, Fernando  Haddad, ser apoiado pelo Partido Progressista, não altera as condições em que Maluf  milita na política paulista e nacional nem na atuação de seu partido que, ademais, como afirmado, mantém aliança com os mais variados partidos e em vários municípios e tem membros e militantes de reconhecida importância e respeito na política do pais.
                      De lembrar-se que na corrida eleitoral para o Planalto, em 2010, Maluf e o PP estavam ao lado de José Serra e contra Dilma, ou seja, contra o PT e,   então nenhuma violação da  ética foi invocada  pelas revistas e jornalões.  O PP seguiu, então, alinhado à oposição.
               Do ponto de vista do Partido dos Trabalhadores a situação atual é singela: sua meta é vencer as eleições para prefeitura de São Paulo, sendo esta uma meta legítima, e a sua vitória, além das implicações políticas positivas no âmbito federal, se conseguida, quebraria a hegemonia dos governos tucanos/demo (psd) que apresentam um retrospecto altamente negativo, inclusive nas pesquisas, sobre o seu desempenho no governo da maior cidade do país, principalmente pelos índices alarmantes da violência, no caos dos transportes urbanos, no trânsito caótico, na educação e na saúde.
          O objetivo de qualquer partido político, repita-se mais uma vez, é alcançar o poder para exercitar os seus projetos de governo  que defende  na campanha eleitoral; para tal são legítimos os movimentos de natureza política - como a aliança PP-PT -  celebrados dentro da ética própria e respeito à disciplina legal e eleitoral vigentes.
        Tanto as alianças das oposições ao governo do município de São Paulo, como as da situação, têm o mesmo direito de atuar, dentro da legalidade eleitoral democrática para chegar ao poder.   A mídia é que procura deslegitimar aquelas que não satisfazem seus desígnios e opções políticos.  
                 A vitória de Hadadd é o objetivo do PT e dos partidos aliados que lutam para mudar o quadro caótico da cidade governada pela aliança  tucanos/psd/dem. Isto é que importa.
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VHCarmo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ainda uma vez a democratização da comunicação.

                                O texto que este blogueiro transcreve abaixo é oportuno. A confusão proposital que a grande mídia brasileira propaga se situa entre a regulação dos meios de comunicação e a liberdade de expressão.
                                 A confusão é usada para impedir, de plano, qualquer pretensão de democratização dos meios de comunicação social. Detentora, praticamente, do monopólio da comunicação no Brasil, a grande mídia brasileira, incluída aí a televisão, impede a divulgação regular da comunicação social e até a própria existência de outras fontes alternativas de informação que não se coadunem com os seus interesses políticos, econômicos e partidários. Pratica, portanto, a censura que diz repudiar. As empresas exercem, por elas mesmas, uma verdadeira censura ao omitir, distorcer e veicular notícias no seu particular interesse.
                                  Demais disto, é notória a sua opção conservadora para o que chegam a usar meios condenáveis e criminosos como ora se vê no caso Carlinhos Cachoeira, em que a revista Veja atuava com Plicarpo Jr. e a Globo com a  revista Época   para promover denúncias infudadas e proteger interesses do grupo criminoso.  
                                 De lembrar, por fim, o  apoio decisivo da mídia aos golpes de Estado e aos governos militares ocorridos aqui e alhures.
                                 O texto discorre sobre a afirmação judicial da regulação nos Tribunais nos EEUU (Propriedade cruzada) e sua repercussão aqui no Brasil.

                                  O Professor Venício Lima é reconhecidamente uma das maiores autoridades no assunto em nosso país.

Olhem só:



Propriedade cruzada: Grande mídia perde mais uma na Justiça

Publicado em 04-Jul-2012.

O confronto emblemático em torno da legalidade de regras históricas da agência reguladora FCC (Federal Communications Commission), relativas à propriedade cruzada (cross ownership) dos meios de comunicação (jornais, emissoras de rádio e televisão) em mercados locais, teve seu lance mais recente na Suprema Corte dos Estados Unidos, na sexta feira (29/6).
Poderosos grupos de mídia como o Chicago Tribune, a Fox (News Corporation) e o Sinclair Broadcast Group (televisão), além da NAB (National Association of Broadcasters, a Abert de lá), mesmo quando favorecidos, têm reiteradas vezes contestado judicialmente decisões da FCC alegando que elas violam as garantias da Primeira Emenda da Constituição dos EUA – vale dizer, a liberdade de expressão e a liberdade da imprensa.
Quando presidida pelo republicano Kevin Martin (2005-2009), a FCC tomou decisões – coincidentes com os interesses da grande mídia – que“flexibilizariam” normas restringindo a propriedade cruzada, em vigor (à época) há mais de 35 anos.
Organizações da sociedade civil que lutam contra a concentração da propriedade na mídia recorreram ao Tribunal Federal da Filadélfia (U.S. Court of Appeals for the Third Circuit) contra a decisão e venceram a ação.
Não houve julgamento do mérito e a alegação básica foi de que a FCC ignorou os procedimentos legais devidos e não ouviu os grupos contrários à decisão que estava sendo tomada.
Os grandes grupos de mídia apelaram, então, à Suprema Corte que, agora, ratificou a decisão do Tribunal da Filadélfia.
Revisão das regras.

A decisão da Suprema Corte, coincidentemente, foi tomada quando a FCC está realizando audiências públicas para rever exatamente as regras sobre propriedade cruzada. Decisão legal determina que elas devam ser revisadas a cada quatro anos “para levar em conta as mudanças no ambiente competitivo”. E tudo indica que haverá nova tentativa da agencia reguladora – outra vez, no interesse expresso dos grandes grupos de mídia – de “flexibilizar” as normas.
E no Brasil

Registre-se, em primeiro lugar, que esse tipo de pauta não encontra espaço na cobertura jornalística da grande mídia brasileira. Nada encontrei sobre o assunto nos jornalões.
Aqui, como se sabe, não existe agência reguladora para a radiodifusão (nada sequer parecido com a FCC) e nem mesmo um órgão auxiliar do Congresso Nacional – o Conselho de Comunicação Social previsto no artigo 224 da CF88 – que poderia discutir (apenas, discutir) esse tipo de questão, funciona. Ademais, não há qualquer regra que regule e/ou limite diretamente a propriedade cruzada dos meios de comunicação. Ao contrário, nossos principais grupos de mídia, nacionais ou regionais, se consolidaram exatamente praticando a propriedade cruzada.
Recentemente tive a oportunidade de comentar a posição de grupos de mídia brasileiros que consideram o controle da propriedade cruzada superado pela “convergência de mídias”, além de “ranço ideológico”, “discurso radical que flertava com o autoritarismo”, “impasse ultrapassado” e “visão retrógrada” .

Nos EUA, a Suprema Corte tem historicamente ficado do lado da diversidade e da pluralidade de vozes.


A ver.

Venício A. de Lima é jornalista, professor aposentado da UnB e autor de, entre outros livros, Política de Comunicações: um balanço dos Governos Lula (2003-2010). Editora Publisher Brasil, 2012.
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VHCarmo.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A vigem continuou...


      Este escriba, sua mulher , filha e o genro voamos para Helsing, na Finlândia.  Cerca de três horas e meia de voo. Capital moderna, com poucos monumentos antigos dignos de nota, à exceção das poucas igrejas medievais.  Zona do Euro,  já dá sinais evidentes da crise que atinge  a Eurolândia.  O país passou  historicamente pela dominação de vários  vizinhos e na segunda guerra mundial foi ocupada por russos e alemães e suecos.   Tem um belíssimo porto para o Golfo da Finlândia. Devido encraves  linguísticos tem sido considerado país escandinavo, mesmo estando fora da península.Visitamos uma aldeia medieval, a uns cinquenta quilômetros, que parece parada no tempo, Povoo ( à margem, de uma pequena corrente d´água), tem uma população pequena que nos olhava com estranha curiosidade.  Extremante educados e receptivos. A   aldeia guarda impressionantes sinais das diversas  invasões que sofrera na contínua  mutação das raças que por ali passaram. A antiga catedral sede do bispado ortodoxo ficou nas terras russas, a atual é uma igreja, originalmente de madeira,   de pedra desde a idade média, no século XIV.

 Este escriba que passara por Helsing nos anos oitenta do século passado, chocou-se pela profunda mudança havida, principalmente pelos  sinais de consumo conspícuo do capitalismo neoliberal , ora em crise.  Grandes lojas e shoppings moderníssimos e uma invulgar movimentação.  A cidade perdeu parte de seu passado, talvez vitimada pelas guerras do séculos XIXX e XX.No terceiro dia, apos a chegada,  fomos à Estônia, pais báltico,  até a capital Talinn,  transportados por um e luxuoso barco de carreira. Talinn tem um belo centro histórico medieval.   Independente da antiga URSS quando de sua dissolução, a Estônia  aderiu à UE e à zona do euro.  A língua estoniana é falada por uma pequena parte da população que em sua maioria fala russo.   Assessorados por  uma brasileira (baiana) que  lá reside, pudemos nos sentir na idade média com as sua edificações,  igrejas góticas, tôrres e monumentos.  Povo orgulhoso de suas vitórias guerreiras, levantaram ao pé do centro  histórico um belo monumento à sua independência recente.Embora considerado o tempo exíguo de nossa visita, não vimos sinais de que a crise tenha atingido gravemente a Estônia o que se torna evidente, como nos informou a baiana, é a animosidade entre russos e estonianos.  Na verdade a maioria da população de Talinn é de origem russa cuja língua, sem ser a oficial, é a mais falada.  De notar é ótima qualidade da comida que ali servem seus antigos restaurantes.Essas impressões aligeiradas pretendem expressar um sentimento e uma descrição de cunho pessoal.  Claro que há, aqui mesmo na internet, algo mais detalhado.  No entanto, cabe sugerir àqueles  que se interessam pelo medievalismo e sua arte,  que guardam aspectos muito diferenciados naquelas nações bálticas, é interessante visitá-las.De volta a Helsing a gente se preparou: para no dia seguinte, cedo, partiríamos de trem para São Petersburgo, na Rússia.
 

VHCarmo.