sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Reflexão necessária -9


                         REFLEXÃO NECESSÁRIA-9

CRISE é a palavra mais frequente nos meios políticos.  Assim,  pura e simplesmente: CRISE.  O caráter e as origens da crise não são propriamente cogitados e explicitados; nem se indaga se estes fatores foram, ou não, determinantes, para a sua  eclosão.
 O que tem sido propagado é que estaríamos vivendo uma CRISE,  sem muitas explicações, e que teria como característica principal a sua gravidade. É o que  vaticinam os analistas políticos comprometidos.
 Nem a origem externa, nem o que foi vivido no  passado que a poderiam ter gerado entram na análise da Crise e muito menos se sustentam  meios e modos de sua  superação. O tempo presente (corrente), que é o que vale, não interessa aos analistas. O que tem sido imposto, numa palavra, é o pessimismo e a ocultação das verdadeiras causas da crise para usá-la polticamente.
 Os pressupostos normais para se caracterizar uma crise econômica, seriam, fora de dúvida, a perda pelo país, se em crise,  de suas bases consistentes de funcionamento do Estado;  de sua solidez econômico-financeira relativamente à suas dívidas (interna e externa), a perda do controle do câmbio (crise cambial) e,  por fim a sua dependência de financiamento externos (tipo FMI), que tolhessem a gestão e o exercício pleno da sua soberania. A face mais visível seria o desabastecimento. Nada disto  acontece no Brasil.
As causas externas são decisivas para criar e alimentar um processo de crise, mas o suporte interno de seus pressupostos básicos na economia são essenciais para o implemento de medidas para o Brasil sair dela.
  O Brasil é um dos mais importantes países capitalista do mundo - sua sétima economia - figurando no G20, sendo membro dos BRICs, está indissoluvelmente ligado a essas economias, de modo que a crise que vem sendo suportada por esses países centrais, desde 2007/2008, de algum modo, se refletem e influenciam em nossa economia.   Daí a crise? 
O país tem se portado de forma a não permitir que a crise gerada externamente atinja as  bases da economia e tem conseguido isto. O Governo vem mantendo todos os programas sociais, os níveis salariais e diminuindo a pobreza e a desigualdade como recentemente atestado pelos organismos da ONU.    A dívida externa sob rígido controle, sempre em dia e de longo prazo, se sustenta com o reservas recordes no Tesouro (cerca de 380 bilhões de dólares), sendo credor do FMI, preservando, portanto, a sua soberania. Aqui se fazem ajustes e não austeridade com sacrifício popular como na Europa mediterrânea.
A nossa dívida interna não chega a 50% do PIB, sendo a das menores do mundo capitalista.  Todos os grandes países capitalistas são grandes devedores e geram grandes  desiquilíbrios orçamentais. O problema é geral e tem sido a preocupação não só dos governantes como do povo e dos intelectuais que se debruçam sobre esse problema.
A necessidade da imposição de maior taxação de impostos sobre o Capital para a sustentação orçamentário dos Estados é matéria discutida em todos  os Foros mundiais e a sua promoção indicada como fator necessário à sobrevivência do Capitalismo Democrático com distribuição justa da renda e sustentação dos programas sociais.  (Nesta matéria  são particularmente relevantes as obras as recentes de Thomas Picketti:- Capital no Século XXI  e  Wolfgang Streek :- Tempo Comprado-Crise  Adiada do Capitalismo Democrático).
Fato positivo para a nossa economia, nessa conjuntura,  é que a totalidade da  dívida interna se expressa na nossa moeda corrente, ou seja , não é dolarizada com acontecia nos governos anteriores, o que permite o seu maior controle e ausência de crise cambial.
As obras de infraestrutura não se interromperam e vêm-se desenvolvendo, entre outras as mais importantes, ou seja, os portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrelétricas (energia limpa), transposição do Rio São Francisco.  O Brasil continua a investir para a superação das dificuldades. Não há desabastecimento e o nosso país é o segundo maior exportador e alimentos do mundo.
A Crise é, sobretudo, política  e  tem como  principais ativadores a mídia conservadora e a oposição golpistas. Esta última, tendo perdido a eleição para a presidência há um ano, vem tentando romper a legalidade, mediante golpe branco, desistindo da luta democrática.   É preocupante, pois essas elites atuam diretamente contra os maiores e mais importantes interesses do país.
Com efeito, a oposição e a mídia vêm espalhando o pessimismo, incentivando pautas- bomba contra o país no Congresso,  incrementando o “quanto pior melhor”, numa cruzada impatriótica que só faz impedir a rápida superação das transitórias dificuldades da economia na  esperança de tomar o poder à revelia do voto popular.  
A economia vive um momento de dificuldades - cuja origem  externa é evidente -  e necessita de um ajuste e este está sendo feito responsavelmente.  Nenhum direito foi subtraído aos mais pobres e os programas sociais permanecem intactos com os  benéficos efeitos conhecidos sobre  a distribuição de renda e a diminuição da desigualdade. Breve o Brasil retomará o crescimento...para tristeza dos golpistas frustrados.
VHCarmo.

 
 


 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O PT fala por seu Diretório ......

De volta da estada na Europa onde esteve por cerca de três semanas  esse humilde blog tem o prazer e o dever de publicar a Resolução do Diretório nacional do PT, que vai integralmente transcrito  aí  abaixo, dispensando, por sua clareza, qualquer comentário adicional. Olhem só:


A Resolução na íntegra:
O país permanece, um ano após a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, sob intensa ofensiva conservadora. As forças mais reacionárias, dentro e fora das instituições, ainda que sem coesão ou alternativa que as unifique, se empenham para sabotar e tentar derrotar o governo, se possível levando à sua derrubada através de expedientes golpistas.
Este contra-ataque do conservadorismo, embora esteja enraizado nas condições internas da disputa entre classes e projetos, espelha também a mudança de cenário na América Latina. As correntes progressistas, que desde a virada do século acumularam importantes vitórias eleitorais nos principais países do continente, encontram-se atualmente sob fogo cerrado das elites locais e sua tradicional aliança com os centros imperialistas.
O pano de fundo do aprofundamento dos conflitos políticos e sociais está no prolongamento da crise mundial do capitalismo. As distintas burguesias locais buscam, por todas as formas, reduzir custos de produção, manter e/ou aumentar suas margens de lucro. Trata-se, nesta lógica, de impor salários menores aos trabalhadores, cortar gastos sociais dos Estados, aliviar cargas tributárias das corporações e acionistas, ampliar espaços do capital através de novas privatizações, eliminar ou mitigar direitos públicos, disputar mercados, entre outras medidas.
Esta mesma dinâmica leva ao recrudescimento da pressão das grandes potências sobre países que se deslocam de sua órbita hegemônica ou transitam por experiências que constituam obstáculos às políticas de recuperação capitalista marcadas tanto pelo aumento da exploração direta e indireta do trabalho quanto pela limitação da soberania nacional.
Mesmo sem que os governos dirigidos pelo PT tenham reunido condições para reformas de caráter estrutural, que alterassem o sistema de produção e apropriação da riqueza, numerosas frações das classes dominantes brasileiras se deslocaram para uma empreitada que busca recuperar o controle do Poder Executivo para as mãos de seus principais agentes políticos, liderados pelo PSDB e os monopólios da mídia.
A escalada da direita representa o desejo de retomar as rédeas do Estado para implementar, sem mediação ou concessão, um programa que realinhe o país aos fundamentos neoliberais, anulando conquistas sociais que marcaram o processo brasileiro desde 2003. O governo liderado pela companheira Dilma é o anteparo que precisa ser removido para a consumação da política sustentada pelos setores mais retrógados.
Para além de impor seus interesses programáticos, as forças conservadoras desejam destruir a esquerda e os movimentos sociais, interditando o campo popular como alternativa de poder. Não é à toa que sua ofensiva incorpora manobras de criminalização, operando setores do aparato policial e judiciário com o objetivo de desestabilizar o governo, deslegitimar o PT e desgastar lideranças históricas como o ex-presidente Lula.
Denunciamos a campanha de perseguição política contra a esquerda, o PT e lideranças populares. Essa campanha visa eliminar da cena política brasileira e latino americana as vozes que defendem a igualdade, a liberdade e a superação do neoliberalismo. É por isso que agora Lula é vítima de perseguição da direita.
A legítima mas apertada vitória progressista nas eleições presidenciais de 2014, associada à ampliação da influência dos partidos de centro e direita no parlamento, animou o conservadorismo a confiar que poderia apostar suas fichas em uma rota de sabotagem e golpismo.
A queda de popularidade do governo acabou por dificultar a manutenção da base parlamentar depois da posse, criando clima mais favorável para a atração de segmentos centristas pela oposição de direita.
A situação congressual agravou-se também pela preponderância, dentro da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, de sua ala mais reacionária, capitaneada pelo deputado Eduardo Cunha. Depois de conquistada a presidência da casa, o parlamentar rapidamente pactuou com o bloco PSDB-DEM-PPS e assumiu a liderança de uma agenda para contrarreformas, além de flertar com o impeachment presidencial.
O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, nestas circunstâncias, considera que o principal objetivo tático é derrotar a escalada golpista, isolar a oposição de direita e recuperar as condições plenas de governabilidade. Este movimento tem mais chances de êxito se acompanhado por mudanças na política econômica que o PT vem sugerindo desde a realização do 5o.Congresso, em Salvador. Tais mudanças podem reagrupar as forças populares e democráticas ao redor de um programa de desenvolvimento sustentado pela expansão do mercado interno, pela ampliação dos investimentos estatais, pela defesa do emprego e a majoração contínua da renda dos trabalhadores.
A recuperação fiscal do Estado deve ser encaminhada, como tem reafirmado o PT, com medidas que aumentem a tributação sobre a renda, a riqueza e a propriedade dos extratos mais abastados, ao mesmo tempo em que o governo reduza seus gastos financeiros, através do rebaixamento paulatino da taxa de juros.
Cortes nos gastos sociais ou nos investimentos públicos, posição defendida pelos porta-vozes do capital financeiro, são incapazes de enfrentar o problema central dos cofres estatais e expressam interesses de setores rentistas em preservar margens de lucratividade, às custas de enormes transferências de recursos fiscais para os fundos privados de capital.
A oposição de direita, com importantes adesões ao centro conservador, busca pressionar o governo, por todos os lados, para enterrar o sistema de bem-estar social previsto na Constituição de 1988, cuja construção efetiva tem sido a principal conquista dos governos dirigidos pelo PT.
Faz parte da ofensiva conservadora, portanto, o acirramento da luta de classes, sob a forma de conflito distributivo, com o objetivo de reduzir drasticamente as despesas sociais e preservar os ganhos financeiros, sob a lógica de que essas garantias de rentabilidade seriam alavanca primordial para atração de investimentos, eventualmente complementada com privatizações e desregulamentações, em contraposição aos estímulos prioritários para o mercado interno e o fortalecimento do papel dirigente do Estado.
O Partido dos Trabalhadores refuta abertamente estas concepções e mobilizará todas as energias, ao lado de seus aliados dentro e fora das instituições, para impedir qualquer retrocesso aos tempos neoliberais e à agenda maldita que antecedeu o governo do presidente Lula.
O Diretório Nacional, neste sentido, considera extremamente positiva a proposta de reintrodução da CPMF, entre outras iniciativas governamentais que buscam reformar progressivamente o sistema de tributação e preservar os programas sociais estabelecidos desde 2003. Do mesmo modo, apoia a pauta de projetos apresentada pela nossa Bancada, que aponta soluções para o crescimento da arrecadação.
A direção partidária também saúda, por retomar a melhor tradição do debate econômico e colaborar para enfrentar a dominância do pensamento conservador, o documento “Por um Brasil Justo e Democrático”, elaborado por iniciativa da Fundação Perseu Abramo e das entidades: Brasil Debate, Fórum 21, Centro Internacional Celso Furtado, Plataforma Política Social, Le Monde Diplomatique e Rede Desenvolvimentista. As várias contribuições ali apresentadas podem servir de referencial para a formulação de uma nova agenda de desenvolvimento econômico sustentável, que deve presidir o conjunto das políticas macroeconômicas do país.
Neste sentido, consideramos fundamental a retomada do funcionamento pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República, que já se mostrou importante espaço de diálogo social e formulação de políticas para o crescimento econômico do país.
Nesse ambiente, é fundamental a criação de espaços de diálogos setoriais, para que trabalhadores, empresários e governo busquem o fortalecimento das cadeias produtivas, visando o crescimento do emprego, incentivando a inovação, agregando valor à produção com o aumento da qualidade e produtividade.
A afirmação deste rumo programático e a derrota do golpismo não podem se escorar apenas na atual política de alianças e nos atuais métodos de governabilidade. É fundamental construir uma governabilidade mais ampla, enraizada na sociedade. Contribui para isso, também, a intensificação das conferencias temáticas governamentais (Juventude, Mulheres, LGBT, Igualdade Racial, dentre outras), legitima aspiração de participação popular dos movimentos sociais e populares.
Por isso, o PT deve dar todo o apoio à consolidação de uma aliança orgânica dos movimentos sociais, partidos progressistas e defensores da democracia, atualmente encarnada na Frente Brasil Popular (FBP), que possa ser a força propulsora para a renovação do bloco histórico no qual se insere o petismo e demais correntes de esquerda.
Todos os militantes do PT devem se engajar plenamente, em suas cidades e estados, locais de trabalho, estudo ou moradia, para construírem a FBP como espaço organizativo e de mobilização contra o golpismo, por mudanças na política econômica e por um programa de reformas estruturais que permita novo ciclo de avanços para o povo brasileiro.
O Diretório Nacional igualmente conclama toda a militância petista e todos os democratas a defenderem o legado e o papel histórico do ex-presidente Lula, transformado em alvo prioritário de armações que se multiplicam em núcleos da Policia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário vinculados a operações supostamente anticorrupção.
Vazamentos seletivos, prisões abusivas, investigações plenas de atropelo e denúncias baseadas em delações arrancadas a forceps e sem provas comprobatórias, desrespeito ao devido processo legal , ao amplo direto de defesa dos acusados e prerrogativas no exercício profissional de seus defensores, entre outros eventos, revelam a apropriação de destacamentos repressivos e judiciais por grupos subordinadas ao antipetismo, que atuam com o intuito de extinguir o Partido dos Trabalhadores e difamar o maior líder popular da história brasileira.
O Partido dos Trabalhadores, por respeito às instituições republicanas, em defesa da Constituição, e com o intuito de combater efetivamente a corrupção, repele todos os procedimentos que ferem o devido processo legal, ofendem garantias democráticas e representam práticas de exceção. O PT considera essas situações como abomináveis e destinadas à sabotagem política, sempre em aberto conluio com grupos monopolistas de comunicação.
Ataques ao ex-presidente Lula fazem parte da escalada contra conquistas de nosso povo e devem ser rechaçados com o máximo vigor. O combate a estas incursões de ódio, intolerância e mentira, nas ruas e nas instituições, é componente essencial da resistência ao golpismo e ao retrocesso.