segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

ANTECIPAÇÃO ELEITORAL DA MÍDIA...


Antecipação da campanha eleitoral parece ser uma tática da mídia conservadora e, principalmente, dos Jornalões, visando a viabilizar o candidato do PSDB. Aécio Neves.

Ainda como tática política a mídia tenta atribuir ao PT e ao governo aquilo que promove, ou seja, a antecipação. Faz de conta que não foi a oposição (diga-se o PSDB) através de seus líderes maiores, inclusive o seu patrono FHC., que lançou o senador Aécio como candidato à presidência. Aliás, lançamento sem consulta interna no partido.

A abertura prematura da campanha presidencial, em princípio, parece não favorecer o senador mineiro, posto que se estabelece um contraditório em que o governo tem todos os trunfos para bloquear o seu discurso de vezo negativo já delineado nos primeiros pronunciamentos do candidato.

O senador Lindemberg Faria ao contraditar o neto de Tancredo Neves, na tribuna, ressaltou com propriedade que o “candidato” se omite das questões principais do país, para formular ataques ao PT e ao governo.

Como ressaltado, então, pelo senador do Rio de Janeiro, na fala senatorial do “candidato” Aécio, ele não usou sequer as palavras povo, emprego, combate a miséria e não fez alusão à ascensão de 40 milhões de pobres à classe média e nem ao resgate de milhões da miséria extrema. Resumiu: “Aécio não tem um discurso competitivo”. O seu objetivo é, mais uma vez, a negação da realidade em que o país e seu governo desfrutam atualmente: é o chamado discurso de desconstrução.

O vice-presidente do PSB, partido da base aliada do governo federal, Roberto Amaral, em texto abaixo transcrito, desmonta e coloca a nu a “tática” da mídia conservadora que, aliás, pode ser um tiro no próprio pé.

Olhem só:

Roberto Amaral

O PSB e a sucessão presidencial

A tarefa de hoje, como insiste Eduardo Campos, é em 2013 assegurar apoio à presidente. Discutir sucessão agora é um desserviço à democracia

O PSB não nasceu hoje. Herdeiro das lutas sociais que construíram nossa história surge em 1947 no bojo da esquerda democrática após a luta contra o Estado Novo.

Em toda a República de 1946, lutou pelo socialismo e pela democracia: defendeu a posse de JK, seu governo desenvolvimentista e a posse de Jango; participou de seu gabinete parlamentarista com João Mangabeira, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva; acolheu em seus quadros a saga de Francisco Julião e suas Ligas Camponesas; governou Recife com Pelópidas da Silveira; e presidiu a Petrobras com Francisco Mangabeira.

Com o Ato Institucional número 2, foi para a resistência inorgânica. Muitos de seus líderes passaram a atuar na grande frente que seria o MDB, enquanto outros militantes buscaram outras formas de resistência. Todos, porém, participaram da guerra sem quartel contra a ditadura.

Iniciada a transição para a democracia, logrou reorganizar-se em 1985. Foi uma longa e difícil caminhada. Fez oposição ao governo Sarney, denunciou a tortura em memorável programa de TV e atuou com destaque na constituinte. Defendeu o presidencialismo, o mandato de quatro anos, a penalização da tortura como crime inafiançável, o direito de greve, o turno de seis e a jornada de 40 horas, a unicidade sindical, a reforma agrária, o monopólio estatal do petróleo e dos minerais estratégicos.

Em 1989, seria um dos fundadores da Frente Brasil Popular, que levou Lula ao segundo turno. Opositor ferrenho do governo Collor, teve atuação destacada no seu impeachment, por meio dos senadores Jamil Haddad e José Paulo Bisol, e de Evandro Lins e Silva, um dos advogados da sociedade contra o presidente infrator.

Apoiou Lula em 1994 e 1998 e fez diuturna oposição aos governos FHC. Em 2002, lançou candidatura própria à Presidência para apoiar Lula no segundo turno, apoio que reiterou em 2006. Em 2010, alinhou-se desde cedo na campanha de Dilma Rousseff. Integra os governos de centro-esquerda desde seu primeiro dia.

Os presidentes nacionais do PSB, antes de mim e de Eduardo Campos, são o testemunho de sua vocação: Antônio Houaiss, Jamil Haddad e Miguel Arraes. Deles colhemos um compromisso que estamos sabendo honrar.

Sentimo-nos contribuintes nas vitórias eleitorais e corresponsáveis pelos governos de Lula e Dilma. Defendemos o aprofundamento das conquistas econômicas e a institucionalização dos avanços sociais.

Com nossos justos anseios de crescimento e conquista do poder, defendemos a continuidade do projeto de centro-esquerda, comprometido com a emergência das massas, a criação e distribuição de riquezas, a defesa da soberania nacional, o desenvolvimento econômico e a cidadania. Este projeto não é mais nosso nem do PT e dos demais partidos que compunham a Frente Brasil Popular. Pertence hoje à sociedade brasileira.

Esta história nos dá legitimidade para dizer que o PSB tem um espaço próprio na política brasileira. O partido é, do ponto de vista programático, político, ideológico, moral, histórico, existencial, contra tudo o que representa o neoliberalismo, como tese, e como experiência brasileira.

A tarefa de hoje, como insiste Eduardo Campos, é vencer 2013 e nele assegurar à presidente Dilma o apoio político e social de que carece para vencer a crise agravada. Por isso, discutir sucessão presidencial, sejam quais forem as motivações, desde nobres, mas equivocadas, àquelas movidas pela pequena política, é um desserviço à democracia e ao país.

Encurtar o mandato da presidente, como o faz o debate sobre sua sucessão, só pode render frutos a uma oposição anêmica, sem vigor, sem rumo, perdida em sua profunda e incurável mediocridade.

ROBERTO AMARAL, 65, advogado e cientista político, é vice-presidente do PSB.
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VHCarmo.


domingo, 24 de fevereiro de 2013

ALGO MAIS É UM CONTO NO BLOGUINHO DO HUGO.


 

                 Um conto de Fernando Sabino.

Os anos 60 do século XX, no Brasil, foram marcados por uma insurgência literária que teve no conto um singular canal de expansão. No auge da "guerra fria" e na ocorrência histórica de movimentos revolucionários fortemente combatidos pelo conservadorismo, muitos escritores se tornaram expoentes ao se servirem de uma linguagem metafórica contundente para contestar.  Calados pela violência apelaram para a linguagem falsamente simplória que expunha os contornos da  repressão e seu caráter  então vigentes. Tristes tempos.

Este conto do grande contista mineiro, Fernando Sabino, é exemplar e coteja o prestígio dos donos da violência permissiva.

Olhem só:

                               A mulher do vizinho

Na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático General de nosso Exército, morava (ou mora) também um sueco cuos filhos passam o dia jogando futebol com bola de meia.

   Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do General e um dia o General acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nos filhos do vizinho.

   O Delegado resolveu passar uma chamada no homem e intimou-o a comparecer à delegacia.

O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não aprecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele o era. Obedecendo à intimação recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha para dizer. O delegado tinha a lhe dizer o seguinte:

- O Senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer?  Nunca ouviu falar num troço chamado autoridades constituídas?   Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada Exército Brasileiro, que o senhor tem que respeitar?  Que negócio é esse? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse a casa da sogra?  Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali  no duro: "dura lex"!  Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o General, vai tudo em cana. Morou?m Sei como tratar gringos feito o senhor.Tudo isso com voz pausada , reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O vizinho do General pediu, com delicadeza. licença para se retirar.   Foi então que a mulher do vizinho do General interveio:

 - Era tudo o que o senhor tinha a dizer ao meu marido?

O delegado apenas olhou-a , espantado com o atrevimento.

  - Pois então fique sabendo que também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso importunaram o General, ele que viesse falar comigo,pois o senhor também está nos importunando.  E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de u filha de um  Major do Exército, sobrinha de um Coronel, e filha de um General!, Morou?

     Estarrecido, o delegado só teve força para engolir em seco e balbuciar humildimente;

  - Da ativa, minha senhora?

E ante a confirmação, voltou-se para o Escrivão, erguendo os braços desalentado:

- Da ativa Motinha, Sai dessa.

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sábado, 23 de fevereiro de 2013

YOANI SANCHES -Nem esquerda, nem direita...Oligopólio..


Este escriba estranha a tolerância que tem havido com a cubana  Yoani Sánches que vem ao nosso país e aqui passa a invectivar contra a sua pátria.  Por estranho que pareça os efeitos buscados aqui nada lhe podem servir em Cuba.   Esconder-se-iam os verdadeiros interessados?

 Afinal, o Brasil mantém relações diplomáticas regulares e até amistosas com Cuba, independentemente do regime que vigora naquele país. Além do mais, o nosso povo manifesta sempre uma inegável simpatia pelo povo cubano.

Quando interrogada sobre a pertinência da "ley de medios", para democratizar a comunicação social nos nossos paises da América Latina,  açulada pelos patrocinadores de sua visita ao Brasil e de modo um tanto acanhada acaba por reprová-la, sob o mesmo falso  pretexto conhecido e sustentado pelos representantes do monopólio midiático brasileiro: "a liberdade de expressão". Ela reproduz o refrão.

A indagação que o jornalista Leandro Fortes faz é inteiramente pertinente: quem financia a cubana?  doutra parte qual  seria o interesse, não tão oculto, da nossa mídia conservadora apoiá-la como o faz?   

O jornalista e sociólogo Leandro Fortes otimizou  o assunto em seu texto na Carta Capital.

Olhem só:

Cuba

19.02.2013 12:46

Yoani reloaded 

Primeiro de tudo: foi um erro dos manifestantes baianos impedir a exibição do documentário, ou seja lá o que for aquilo, do tal cineasta de Jequié, Dado Galvão, em Feira de Santana. Não que eu ache que dessa película poderia vir alguma coisa que preste, mas porque praticar sua arte – seja genial, banal ou medíocre – é um direito inalienável de qualquer cidadão brasileiro.

Ao impedir o documentário, os manifestantes estão ajudando a consolidar a tese adotada pela mídia de que os que são contra a blogueira Yoani Sánchez são, apenas, a favor da ditadura cubana. Fortalece, pois, esse reducionismo barato ao qual a direita latinoamericana sempre lança mão para discutir as circunstâncias de Cuba.

Minha crítica aos manifestantes, contudo, se encerra por aqui.

De minha parte, acho ótimo que tenha gente disposta a se manifestar contra Yoani Sánchez, uma oportunista que transformou dissidência em marketing pessoal. Não vi ainda nenhuma matéria que informe ao distinto público quem está pagando a turnê de Yoani por 12 (!) países – passagens aéreas, hospedagens, traslados, alimentação, lazer e banda larga.

Nem a Folha de S.Paulo, que até em batizado de boneca do PT pergunta quem pagou o vestido da Barbie, parece interessada nesse assunto. E eu desconfio por quê.
Yoani Sánchez é a mais nova porta-bandeira da liberdade de expressão em nome das grandes corporações de mídia e do capital rentista internacional. É a direita com cara de santa, candidata a mártir da intolerância dos defensores da cruel ditadura cubana, a pobre coitada que tentou, vejam vocês, 20 vezes sair de Cuba para ganhar o mundo, mas só agora, que a lei de migração foi reformada na ilha, pode viver esse sonho dourado. Mas continuo intrigado. Quem está pagando?

A mídia brasileira, horrorizada com as manifestações antidemocráticas em Pernambuco e na Bahia, não gosta de lembrar que a atormentada blogueira morou na Suíça, apesar de ter tentado sair de Cuba vinte vezes, nos últimos cinco anos. Vinte vezes!

Façamos as contas: Yoani pediu para sair de Cuba, portanto, quatro vezes por ano, de 2006 para cá. Uma vez a cada três meses. Mas, antes, conseguiu MORAR na Suíça. Essa ditadura cubana é muito louca mesmo.

Mas, por que então a blogueira dissidente e perseguida abandonou a civilizada terra dos chocolates finos e paisagens lúdicas de vaquinhas malhadas pastando em colinas verdejantes? Fácil: nos Alpes suíços, Yoani Sánchez poderia blogar à vontade, denunciar a polícia secreta dos Castros e contar ao mundo como é difícil comprar papel higiênico de qualidade em Havana – mas de nada serviria a seus financiadores na mídia, seja a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que lhe paga uma mesada, ou o Instituto Millenium, no Brasil, que a tem como “especialista”.

Então, é preciso fazer Yoani Sánchez andar pelo mundo. Fazê-la a frágil peregrina da liberdade de expressão, curiosamente, financiada pelos oligopólios de mídia que representam, sobretudo na América Latina, a interdição das opiniões, quando não a manipulação grosseira, antidemocrática e criminosa da atividade jornalística, em todos os aspectos.

É preciso vendê-la como produto “pró-Cuba”, nem de direita, nem de esquerda – aliás, velha lenga-lenga mais que manjada de direitistas envergonhados. Pena Yoani ter se atrasado nessa missa: Gilberto Kassab, com o PSD, e Marina Silva, com a Rede (Globo?), já se apropriaram, por aqui, dessa fantasia não-tem-direita-nem-esquerda-depois-da-queda-do-muro-de-Berlim.

No mais, se a antenada blogueira cubana tivesse ao menos feito um Google antes de embarcar para o Brasil, iria descobrir:

1) Dado Galvão, apesar de “colunista convidado” do Instituto Millenium, não é ninguém. Ela deveria ter colado em Arnaldo Jabor;
2) Eduardo Suplicy é a Yoani do PT;
3) Em Pernambuco não tem só frevo;
4) E na Bahia não tem só axé.
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VHCarmo.
 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MARINA SILVA - QUEM DIRIA!


              Este escriba transcreve, abaixo, integralmente, o texto de Helena Sthephanowitz que dispensa maiores comentários.  Lembrem-se, apenas, aqueles que podem se iludir com o discurso de Marina Silva que sua atuação política atual revela uma extrema vaidade pessoal de alguém cuja origem humilde parece esquecida. Dos elevados cargos no governo do PT lhe restaram, agora, o apoio de grupos financeiros tradicionais apoiadores dos partidos conservadores e da grande  mídia oposicionista.
    Lamenta-se que Marina tenha se apartado da ideologia que lhe promoveu o prestígio que ora vende por tão pouco.

Olhem só:



Publicado em 21/02/2013
Marina Silva, a porta-voz da rede matrix
contra a luta política
Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual


Partidários do ideário pregado por Marina Silva 'festejam' criação da legenda. E se afastam da luta diária e necessária (Copyleft/#Rede)
A ex-senadora Marina Silva criou seu partido, a Rede Sustentabilidade, para concorrer às eleições de 2014. Especificamente à Presidência da República. Porém, a iniciativa da ex-senadora é decepcionante. O novo partido nega a luta política dos mais fracos e prega o conformismo submisso aos mais fortes.
Éa "utopia do sonho" do Itaú, da Globo, do bilionário neoliberal dono da Natura, que foi candidato a vice-presidente em sua chapa de 2010. Éa sustentabilidade reacionária e conservadora. Os bilionários mandam, eles são os "sábios", conselheiros, orientadores e ideólogos de um hipotético governo, numa rede à qual Marina se encarregaria de manter conectados os brasileiros.
Cito o banco Itaú especificamente porque uma das principais caciques do partido de Marina é Maria Alice Setúbal, herdeira e acionista do império financeiro. Segundo o site da tal rede, sua função no partido é a de "mobilização de recursos". Não deixa de ser curioso que a cor predominante da legenda é o laranja, a cor de fundo usada nas placas e propagandas daquele banco.
Blog do Velho Mundo Na Rede Curta Essa Dica Megafone Blog da Helena Desafios Urbanos22/02/13 Marina Silva, a porta-voz da rede matrixcontra a luta política— Rede Brasil Atual – Portal de notícias de política, economia, trabalho, cidadania, ambi…
www.redebrasilatual.com.br/blog/helena/marina-silva-porta-voz-da-rede-matrix-contra-luta-politica 2/2
Irresistível não comparar com a dominação mostrada no filme Matrix (1999). Em fotos já espalhadas pela internet, vemos militantes se filiando ao partido, atendidos em guichês com placas laranjas, por atendentes vestindo blazer preto e camisa laranja (a cor do Itaú, de novo). Parece gente treinada para ser bons atendentes, plugando uma a uma das pessoas à dominação da matrix (do Itaú).
Muito além da comparação com o filme, o mais grave é querer esvaziar a luta política como instrumento dos cidadãos conquistarem melhorias de vida. O discurso de Marina é recheado de frases de efeito sempre puxando para um suposto "novo jeito de fazer política", "acima da esquerda e direita", "não é oposição, nem situação", "resgatar a ética", "não tem movimentos sociais por trás", "não fuma, nem bebe" e bla bla bla.
Éo discurso pensado para ser politicamente correto, agradar a todos e não desagradar ninguém. Luta política que é bom, a que obriga
a escolher lado, nada. Éo discurso que a Globo e o Itaú gostam: o da desconstrução e criminalização da luta política que bate de frente com seus interesses.
Éa fala que busca dominar a chamada nova classe média, buscando convencê-la a se desiludir com a luta política que a levou a
conquistar o que tem, e votar alienadamente, igual vota nos reality show s da vida, em quem acha mais bonzinho, mais simpático, mais
bonitinho.
Na luta política, do jeito que está, a Globo sabe que não vence mais, então o negócio é esvaziá-la. Eque tristeza ver Marina Silva
fazendo esse serviço. A matrix de Marina está mandando às favas a luta política do enfrentamento contra a má distribuição de riquezas
e a injustiça social.
Vamos falar um pouco do grande parceiro da ex-senadora. O Itaú fica mais "sustentável" quando a clientela faz tudo pela internet e
deixa de ir à agência, passa a imprimir menos papel. Mas esse ganho de produtividade, ao esvaziar as agências, o banco não
compartilha com seus trabalhadores, mesmo com lucros estratosféricos. Aliás, o setor bancário é o único que, quanto mais lucra, mais desemprega e é cada vez maior o número de denúncias de funcionários que ficam doentes devido às más condições de trabalho.
De nada adianta abraçar árvores, financiar ONGs, se a empresa joga pessoas no desemprego só para aumentar mais ainda os lucros
de acionistas. Esse egoísmo é uma forma de poluir a qualidade de vida na sociedade, com o empobrecimento de pessoas, a desestruturação de lares, de famílias, que o desemprego provoca, muitas vezes. Epara acabar com esse egoísmo é preciso luta política. Os partidos políticos são os instrumentos desta luta para mudar leis.
A boa luta política é brigar por leis que reduzam a jornada de trabalho em vez de demitir, se a empresa teve ganho de produtividade e tem lucros suficientes para manter a mão de obra. Ou pelo menos, quem pode mais e desemprega só para lucrar mais, tem que pagar mais impostos necessários a gerar novos empregos.
A grande luta no Brasil ainda é o combate à desigualdade para elevar brasileiros pobres para um padrão de vida de classe média. E essa rede matrix de bilionários em torno da Marina tem uma agenda pragmática oposta, como, por exemplo, lutam para pagar menos impostos, mesmo com lucros exorbitantes; condenam verbas para programas sociais; pregam arrocho de salários e aposentadorias para ter mais lucros se pagarem alíquotas menores para manter a Previdência; pregam cortar direitos trabalhistas para poder demitir mais facilmente e mais barato. Pregam a privatização e redução de serviços públicos, essenciais para quem não tem condições de pagar.
É luta contra tubarões, que enfrentamos e que produz baixas do nosso lado. Novidade na política é concluir o ciclo dessa luta e
conscientizar aqueles que estão plugados nas tentativas de dominação por parte da Globo e do Itaú a se libertarem das amarras.
___________________________________ 
VHCarmo.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O MITO DA DÍVIDA - Reflexão..


 A grande mídia brasileira tem-se esmerado em noticiar assuntos em que se torna clara a intenção de veicular informações e interpretações de fatos  que se afastam, propositadamente,  da realidade e da veracidade.  O seu noticiário, num determinado momento se volta para um assunto que visa nitidamente a comprometer a atuação do governo federal. Quase sempre esses meios da mídia  se servem dos chamados “especialistas” cujo conhecimento e honestidade de opinião restam sob suspeição. 
Para exemplificar: quem não sentiu isto quando, em uníssono, os jornalões e a grande imprensa, em face das medidas do governo para promover a diminuição do preço das tarifas de energia, passou a divulgar a falsa notícia da proximidade de apagões, racionamentos e sobre a impropriedade da medida?  

O mote atual é a dívida pública (dívida interna) que, afirmam, tornaria nulo orçamento do governo em prol dos bancos “rentistas”.   Os jornalões e as revistas simplesmente falam sobre os juros pagos aos bancos, mas se esquecem de explicar algo essencial em termos gerais, ou seja, o destino do produto da venda dos títulos públicos. 

A dívida pública é resultado de venda de títulos públicos a juros variáveis (em cada época), não só aos bancos, como a todos que os adquirem voluntariamente ou por mandamento legal (caso dos Fundos de Pensão e outros) ou ainda para ser vir como caução. 

 Numa definição simples: são recursos arrecadados como uma antecipação da arrecadação de impostos federais.  Com soe ocorrer com as empresas privadas e públicas, o governo toma, no caso mediante emissão de títulos públicos, fundos financeiros para mover a máquina administrativas e as chamadas “despesas estratégicas”, ligadas à políticas sociais  e da infraestrutura.  Tais tomadas de recursos, através dos títulos públicos (repita-se), permite o governo ter meios correntes mediante pagamento de juros e prazos previamente convencionados e  autorizados por lei,  para, inclusive, gerir a máquina do Estado.  

A dívida interna, obviamente, tem suas regras econômicas e serem respeitadas, principalmente quanto o seu nível que, via de regra, se mede em relação ao PIB e ao contexto estabelecido em lei (no caso brasileiro).   

O nosso endividamento se coloca, atualmente, em nível tido como normal, ou seja, em 35% do PIB, com prazos longos dos títulos e juros reais em torno de 2,5% aa  (Selic  7,5%).     Para se ter uma idéia os EEUU mantém o nível em 107% do PIB e o Japão em mais de 260%, a juros convenientes a paises em crise.  Aquilo que a mídia chama de Bancos rentistas tiveram que ser socorridos pelo Tesouro daqueles paises, “por serem grandes de mais para falir”.  

Impõe lembrar, por oportuno, o que ocorreu, sob o beneplácito e apoio da grande mídia no Governo FHC.   Simplesmente ultrapassou-se a relação com o PIB e, o que foi mais grave, dolarizou-se grande parte da dívida, num último recurso para  financiar as exportações, elevando-se a taxa de juros (a Selic chegou a  mais de 40% aa)., a dívida externa disparou e resultou na  intervenção do FMI na nossa economia com os estragos conhecidos.   

Ao governo do PT coube desdolarizar e trazer a dívida interna a números aceitáveis e a juros menores num processo evidentemente difícil e custoso. O Tesouro nutriu-se de reservas relevantes como todo  mundo sabe.  

  Hoje a grande mídia conservadora (e golpista) à falta de outros assuntos procura veicular interpretações espúrias quanto a este assunto.     É bom, pois, a gente refletir e não se deixar enganar. 

VHCarmo.

 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O GAUCHO E SEUS AVIÕES...(ALGO MAIS É UM CONTO)

     O Gaucho é um mendigo de Ipanema.  Homem branco, de barba espessa,  cabelos longos, de olhos muito azuis.    Sou para ele  "o piloto" que nunca fui.    Este conto é um pouco dele e de suas nebulosas memórias. Pouco importa se me contou a verdade, importa, isto sim, o texto fictício que aí vai para satisfazer o propósito deste  humilde bloguinho ( o algo mais...).                 


                Uma estranha “estória” da aviação.

                                                     ( CONTO)


Meu tio Nastácio, cujo nome inteiro, que ele não gosta muito de lembrar, é Anastácio Varela da Silva. Ele anda dizendo que eu só conto estória de mendigos. Ainda outro dia, em pleno Restaurante Árabe, na Travessa dos Poetas de Rua onde nas sextas-feiras, ao fim da tarde, vamos tomar alguma bebidinha, comer uns quibes e conversar fiado, ele me veio com essa conversa:


- "vê lá meu caro, não diga que me vai repetir uma daquelas estórias de mendigos? Bem me lembro aquela do cara que dormia ao pé da estátua da Cinelândia cheio de cachaça e morreu num tombo; a outra do mendigo que lia um caderno em Copacabana ou daquela que o cara queria ficar doido; não, meu sobrinho, de mendigo chega. Conta outra".

Eu lhe disse então:

 "Tio Nastácio, eu não invento nada; tudo é estória verdadeira. Não nego que procuro enredar aquilo que lhe narro, para não ficar monótono e se tornar mais palatável, mas creia nunca fugi da realidade inteiramente. Sempre cabe uma ficçãozinha!

Meu tio fez uma cara de quem não ficara convencido com a minha explicação. Mas, vá lá! Àquela altura me pareceram irrelevantes as suas palavras, ainda mais que era justamente de um mendigo que lhe ia contar a estória.
 
- É velho, é mais uma de mendigo!
 

O tio, aguçado pela curiosidade foi curto:

-Vai! conta mais essa. Depois, vê se inventa outras.

O Gaúcho, não posso definir como outra coisa, é o clássico mendigo da Zona Sul da Cidade do Rio. Se há uma diferença com outros companheiros é que ele é branco (bem alvo) e tem olhos azuis. No mais é igual. Maltrapilho, fedorento, arrastando velhas sandálias, sempre com uma garrafinha de cachaça e um tanto enigmático. Para ser exato: ele tem um raio de caminhada – ia dizendo de ação – fica entre dois quarterões da Praia de Ipanema, entre as ruas Garcia Dávila e Maria Quitéria. O Gaúcho tem nome e teve família. Seu nome é Marcio Pereira de Carvalho. Sua família vive entre Florianópolis e Curitiba. Ele nasceu em Santa Catarina. O Gaúcho tornou-se meu confidente por acaso. Confesso que não tenho lá muito jeito para me aproximar de mendigos, mas o Gaúcho me abordava sempre quando por ele eu passava no meu passeio matinal.

 "Oh piloto, o avião caiu com 154 passageiros!"

- onde Gaúcho?
- no aeroporto em Brasília.
 
- Ora tio Nastácio, você sabe que eu nunca fui piloto, mal consegui parar de ter medo de andar de avião e considero isto uma vitória pessoal importante. Não foi por falta de falar ao Gaúcho que eu não sou piloto. Desisti e aceitei como se fora um apelido. Daí pra frente uma moedinha na mão dele e uma história de avião acidentado. Vida que segue.    
 
Hoje em dia não posso passar ao largo e a ele despercebido: me chama aos berros: “O piloto!”, Ô Piloto”!. Eu não tenho outro jeito e vou até ele.

- Tio, faço-lhe mais uma confissão; eu fiquei gostando do jeito do gaúcho e achei que ele deveria ter uma “estória” para contar sobre aquilo que o teria feito se jogar na mendicância.
A primeira foi a mais indiscreta das perguntas:

- Márcio, você já me disse o seu nome, agora me diga você tem família, mulher, filhos?
Estávamos sentados então, lado a lado, num banco da praia no Posto nove. O cheiro de cachaça e a sujeira de seus trapos eram até suportáveis. A minha curiosidade superou tudo.

Pela primeira vez ele não me falou de acidente de aviação. Com o rosto barbado entre as mãos sujas, os olhos azuis acesos e molhados, fitou-me balançando a cabeça. Juro que naquele momento me arrependi de ter-lhe feito a pergunta. O Gaúcho se ajeitou no banco, depositou na calçada o frasco amarelo de cachaça:

- “sou como todo mundo Piloto, tive mulher e duas filhas. As meninas – Lígia e Lindaura – ficaram com a mãe em Londrina. A mulher, meu Piloto, aquela desgraçada, me corneou; nem digo o nome dela. Quando eu soube que ela andava com um amigo meu, me pus na estrada. Andei a pé de Londrina a Curitiba, dias e noites caminhando. Eu hoje sei que as minhas filhas, já mocinhas, andaram me procurando e eu me escondi delas envergonhado. Para encurtar a conversa meu Piloto, sumi no mundo. A cachaça foi sempre a minha grande aliada. Descobri que morar na rua não é lá tão difícil. Alguém me dá roupa; outros me dão dinheiro pra cachaça e restos de comida dos restaurantes. Não preciso mais do que isto. Já convenci àqueles que me querem levar para abrigo público que pra lá não vou”.


-- De repente, meu tio Nastácio, o Gaúcho voltou a falar de acidentes de avião.

Mas eu insistia: fala  mais sobre suas filhas seu Márcio!


- “oh Piloto, me doe lembrar delas. Um dia, faz agora dois anos mais ou menos, elas vieram juntas me procurar. Estava eu, num dia de verão, curtindo meu sono alcoólico, bem ali debaixo na sombra daquela amendoeira - e apontou pra lá - elas me apareceram. Tão bonitas Piloto! Fiquei aturdido. Elas me abraçaram – um tanto contrafeitas – apesar do meu estado. Todas duas bem vestidas, cheirosas - ele falava e ria ao se lembrar - e bonitas mesmo, repetia. Olha, fizeram tudo para me levar e me tirar da mendicância. Confesso que cheguei a ter dúvidas. Olhei de relance a minha garrafinha de cachaça pousada na calçada, a beleza daquele dia e lembrei, - por que não dizer? – a amargura da traição. Disse não às minhas filhas”.

 “Piloto, não me arrependo e elas compreenderam. Nunca mais me procuraram. - Como elas estavam bonitas!


- Olha, soube da última Piloto? - Caiu um avião com 154 passageiros em Brasília é da Varig!.

 VHCarmo













sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O NOSSO SULTÃO VOLTOU...


O nosso Sultão, o infalível, voltou às lides. Foi um retorno digno de sua majestade.  Subiu os pequenos degraus do Palácio e passou ao lado da estátua da Justiça que, de olhos vendados, não o percebeu.

Atrás do nosso Sultão, o magnânimo, seguiu o séquito midiático com seus jornalistas,  suas câmeras modernas, transmitindo em HD ( alta definição) para todo o mundo, particularmente para atingir de norte a sul e de leste a oeste todo o território da pátria brasileira.

O recesso teria feito um efeito benéfico ao nosso  Sultão, o indelével,  que pareceu mais  lépido,  sorrindo às câmeras, naturalmente livre das dores nos quadris que o faziam arrimar-se sob o espaldar do trono. Lembrou o "Joca" da mocidade.

Tendo penetrado o Palácio com o seu séquito, o nosso Sultão, o misericordioso, cuidou de distinguir a Rede Globo para passar mais uma lição de seu incomparável saber, para  edição do Jornal Nacional.

 Foi claro, "nada mais há acima do poder de minha Corte". Ensinou, também, que recursos de que falam os advogados e que estão na lei, na Constituição e  no Regimento Interno de seu reino,   não se aplicam no caso do mensalão.

Embora não seja algo próprio de um Sultão , com seus títulos, dar-se ao luxo de estar explicando estas questões,  não se furtou de completar: "ai daqueles que vierem a contrariar as ordens de sua majestade".   Disse essas palavras, apontando o dedo em direção aos palácios do outro lado da Praça.

Alguém mais afoito, com todas as vênias, lembrou ao nosso Sultão, o misericordioso, que contra as condenações com votos divergentes poderiam ser opostos os chamados  "embargos infringentes", abrindo a possibilidade de absolvição com um  simples empate.    O nosso Sultão, o magnânimo, esboçou um sorriso irônico, deixando contrastar a alvura de seus dentes com a cor  brilhosa de sua pele.   Foi taxativo:"isto é coisa dos chamados juristas; esta questão já está juridiscializada na minha Corte".  

Diga-se, a bem da verdade,  que não deu para entender bem a sábia afirmação do nosso Sultão, o incontestável.  Contudo, de sua cátedra não se diverge cumpre-se o preceito.

Enfastiado com o cerco midiático, nosso Sultão, o generoso, se despediu com um aceno de mão ao  seu numeroso séquito demonstrando, mais uma vez, a sua generosidade e segurança, medidas pela intensa publicidade de seus atos e por sua inquestionável popularidade.   Dirigiu-se, aplaudido, aos seus aposentos ao fundo da cena.

Houve alguém, entre os poucos pobres  mortais ali presentes,  que indagou:  "e se  os chamados  Embargos Infringentes e os Declaratórios forem admitidos?  se os novos príncipes e o novo relator de sua majestade admitirem os recursos? ".

 Apupado pelo séquito do nosso Sultão, o pobre homem tratou de fugir pela porta de serviço do Palácio.  

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VHCarmo.

 

 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

UM MOMENTO DE POESIA

O poeta Nilo Aparecido Pinto   foi ocasional amigo deste blogueiro. Tínhamos um endereço próximo no centro do Rio de Janeiro.  No espaço dele multiplcavam-se as estantes e livros, mas sobrava lugar  para sentarmos, ele, eu o saudoso Horácio da Silva Pinto, grande tribuno e tantos outros amigos que cultuavam a poesia para curti-la.  Nilo era amigo dileto de outro grande poeta, J. G. de Araújo Jorge.  De Nilo guardo um precioso presente: a coletânea de sonetos de Araujo Jorge "Os mais belos sonetos que o amor inspirou".      Nesse verdadeiro breviário de sonetos, talvez os mais lindos coletados até aqui, há três do poeta Nilo Aparecido.
 (Caratinga-MG. 1911).

Olhem só um deles:
MULHERES E ÁRVORES.
Aí da mulher que nunca foi beijada!
Ai daquela que amou, mas infeliz
não pode ter humilde e desprezada,
a existência gloriosa que ela quis!

Ai daquela que também sendo amada
desprezou seus impulsos feminis,
e que sozinha, ao termo da jornada,
ante o próprio destino se maldiz!

Elas são como as árvores doridas
que, exilando-se estéreis e esquecidas
na tristeza dos bosques incolores

vivem à sombra dos ramais hirsutos,
intimidadas por não terem flores
envergonhadas por darem frutos.
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VHCarmo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O PODER LEGISLATIVO TUTELADO...

Em matéria que este escriba já postou aqui ele  chamou atenção para o prigoso processo de judicialização da atividade legislativa.   O poder Legislativo vem sofrendo intervenção indevida do Judiciário que não mais decide, apenas, sobre a legalidade e a consitucionalidade das normas emanadas do Parlamento. Induzido pelo Ministério Público - que também exorbita de sua competência legal -  investe-se no papel de revisor e chancelador da matéria votada, passando por cima do complexo jogo democrático dos representantes do povo na elaboração das leis, para, indevidamente, mudar o que foi exaustivamente discutido e decidido na instância competente.     
 
 Em artigo na Folha de São Paulo a Senadora Kátia Abreu ressalta a questão, enfatizando a ação da PGR por onde se inicia esse perigoso procedimento que subverte a ordem democrática.

Olhem só:
Legalidade ou inconformismo?

Há iniciativas que, por ferirem o mais elementar senso comum, não conseguem ocultar sua origem e objetivos.
É o caso das três Adins (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) --tema do qual tratei aqui no sábado passado-- que a PGR (Procuradoria-Geral da República) encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o novo Código Florestal.
A PGR "descobriu" nada menos que 39 inconstitucionalidades no Código, enxergando o que nem os 594 congressistas (513 deputados e 81 senadores) e respectivos assessores técnicos, órgãos da sociedade civil e a própria Presidência da República conseguiram. Um fenômeno!
É sabido que todo e qualquer projeto cumpre rigoroso rito legislativo. Antes de ser votada na Câmara ou no Senado, a proposta é submetida, em cada Casa, ao crivo de uma Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), composta por parlamentares com formação jurídica, assessorados por técnicos, cuja missão é exatamente aferir a sua constitucionalidade.
Após a manifestação da CCJ, ela vai para uma comissão especializada. E propostas que envolvem mais de uma disciplina tramitam por mais de uma comissão técnica.
Novamente, deputados ou senadores, devidamente assessorados por especialistas, debruçam-se sobre a matéria.
Não raro, a submetem a audiências públicas, envolvendo, no debate, os segmentos da sociedade civil interessados no assunto.
Só depois de superadas essas etapas a proposição vai a plenário, ocasião em que partidos ou parlamentares podem reavaliá-la, propor emendas ou, até mesmo, apresentar um substitutivo.
Estabelece-se a controvérsia e, onde não há consenso, decide-se no voto. Após toda essa complexa liturgia, a proposta segue à sanção presidencial, onde, mais uma vez, se submete a especialistas que podem recomendar vetos à chefia do governo.
E todo veto tem que passar pelo Congresso, que pode ou não acatá-lo. Há, pois, todo um universo, com representatividade popular, cuidando de cada tema que chega ao Legislativo, quer pelo ângulo técnico-jurídico, quer pelo ângulo político.
Pode-se reclamar de uma opção política. Tecnicamente, porém, a probabilidade de uma falha, embora possível, é rara.
Mas 39 falhas é simplesmente inacreditável, sobretudo para uma proposta, como a do Código, que tramitou uma década, com diversas audiências públicas. Nada foi mais visto, revisto e discutido que seus dispositivos.
O interessante é que as "inconstitucionalidades" apontadas são exatamente as que geraram controvérsias com as ONGs ambientalistas, que conspiram contra a produção agrícola do país --e perderam no voto. Coincidência?
Vejamos: o Ministério Público questiona, entre outras coisas, as áreas de preservação permanente; a recomposição de reserva legal por pequenos proprietários; a inexistente "anistia" aos desmatadores (na verdade, restauração do que foi ilegalmente desmatado); a compensação da reserva legal por arrendamento ou por doação de área dentro da unidade de conservação a órgão do poder público. Etc., etc.
A procuradora-geral em exercício, Sandra Cureau, considera "inconstitucionalidade e retrocesso" a redução e a extinção de áreas que eram protegidas por legislações anteriores. Ora, se a lei mudou, mudam os critérios e os conceitos antes vigentes.
Mas ela desce a detalhes técnicos que definitivamente não lhe cabem, ao sustentar, em uma das ações, que é preciso "preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais".
Que sabe a PGR sobre "processos ecológicos essenciais"? Trata-se de matéria técnica, exaustivamente discutida em âmbito próprio. Não é questão afeta à Procuradoria.
É claro que, no espaço de um artigo, é impossível descer aos detalhes de três Adins e refutar cada objeção. Terei oportunidade de fazê-lo da tribuna do Senado e na CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Lembro apenas que o Ministério Público não é instância de militância política e não pode levar, ao tapetão, questões já resolvidas no campo próprio da disputa, isto é, o Congresso. Isso, sim, é inconstitucional.

Kátia Abreu
Kátia Abreu é senadora (PSD-TO) e a principal líder da bancada ruralista no Congresso. Formada em psicologia, preside a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
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Observação do blog: O STF, na maioria dos casos, aceita a indevida  gestão da PGR e intervem, indevidamente, modificando muitas vezes  o que foi votado pelos legítimos representantes do povo, subvertendo o processo democrático. 
  • VHCarmo.