segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ferrovias (desmentida a farsa do Fantástico).


O Fantástico da Rede Globo de Televisão mentiu descaradamente sobre as ferrovias e os portos.  O governo, pelos Ministérios competentes desmentiu.  Como sempre a TV Globo ficou na "moita".    A Nota abaixo transcrita revela a que ponto chegam as inverdades propagadas por um órgão concedido pelo Estado.  Até quando a gente pode acreditar na mídia?  Qual seria o seu objetivo de veicular mentiras?
Bom não esquecer que o discurso da oposição  é pautada pelas mentiras da Rede GLOBO.  
Olhem só:
Nota à imprensa

Ferrovia Norte-Sul e Porto de Santos
Brasília, 22/04/2013 – A respeito da matéria “Deficiência estrutural nas ferrovias e portos faz Brasil desperdiçar bilhões”, exibida no programa Fantástico de 21/04/13, os Ministérios do Planejamento e Transportes, Secretaria de Portos e Valec Engenharia, Construções e Ferrovias SA esclarecem:

1. A ferrovia Norte-Sul, com 2.255 quilômetros de extensão, se encontra em três diferentes estágios:
a. Trecho Palmas/Açailândia: 719 quilômetros em operação
b. Trecho Palmas/Anápolis: 855 quilômetros em finalização de obras (90% de execução)
c. Trecho Anápolis/Estrela d’Oeste: 681 em obras (35% de execução)

2. A reportagem se concentrou no trecho entre as cidades de Palmas (TO) e Anápolis (GO) cujas obras estão sendo finalizadas e, de fato, não estão concluídas.

3. Quatro novos contratos, realizados pelo Regime Diferenciado de Contratação Pública (RDC), farão os serviços necessários para colocar o trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), em operação, tais como: taludes, brita para sustentação dos dormentes, desvios e pátios de manobra. Esses contratos somam R$ 400 milhões: dois já estão com contratos assinados e dois em fase final de licitação.

4. Os 10% restantes de obras, entre o trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), serão realizados até o final de 2013 e o segmento entrará em operação em 2014.

5. Em relação ao trecho Anápolis/Estrela d’Oeste, não é verdadeira a informação de que não há projeto para pontes e passagens. Todos os projetos executivos das 69 pontes ou passagens estão finalizados. 60 deles estão aprovados e os nove restantes, em fase final de análise. A previsão de conclusão de obras nesse trecho é julho de 2014.

6. Não é verdadeira também a informação sobre a dragagem do Porto de Santos. Ao contrário do que diz a matéria, recentemente foi concluída a primeira fase da dragagem de aprofundamento do canal de acesso e bacias de evolução do Porto. Essa dragagem amplia o acesso de grandes navios e eleva a capacidade de transporte de carga. Também foi concluída a implosão das pedras de Itapema e Teffé, além da retirada do navio Ais Georgis, que contribui para melhorar a movimentação de grandes embarcações.


7. No Porto de Santos, de 2002 a 2012, a movimentação de cargas aumentou em 97% e a quantidade de navios atracados, em 40%.

8. A reportagem não aborda os benefícios já gerados pelos trechos em operação da Ferrovia Norte-Sul e omite parte de sua história:

a. De 1987 a 2002 foram realizados 215 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul. A partir de 2003, foram concluídos 504 quilômetros entre Aguiarnópolis (TO) e Palmas (TO).
b. De 2008 até junho de 2012 já foram transportados quase 9 milhões de toneladas de grãos, minério de ferro e areia na Ferrovia Norte-Sul.
c. Em 2014, a Ferrovia Norte-Sul terá 2.255 quilômetro em operação: de Açailândia (MA) até Estrela D´Oeste (SP).
d. Em complemento, serão leiloados no segundo semestre de 2013 a concessão para construção e operação dos segmentos entre Açailândia (MA) e Vila do Conde (PA), fazendo a ligação da ferrovia ao norte para o Porto de Vila do Conde (PA); e entre Estrela D´Oeste (SP) – Panorama (SP) – Maracaju (MS) – Paranaguá (PR), complementando a ligação da ferrovia com portos do sul do país.
e. O PAC marca a retomada do modal ferroviário no transporte de cargas no Brasil, que manteve sua malha estagnada até meados de 1996.
f. O PAC representará uma ampliação da malha ferroviária de 5.050 quilômetros até 2016, muito superior aos 719 quilômetros de expansão da malha nos 20 anos que o antecederam. Além da Norte-Sul, destacam-se grandes obras como:
114 quilômetros em operação da Ferronorte, entre Alto Araguaia (MT) e Itiquira (MT).
146 quilômetros da Ferronorte, em fase final de obras: Itiquira (MT) e Rondonópolis (MT)
Ferrovia Transnordestina – 1.728 km
Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) – Ilhéus (BA) – Barreiras (BA) – 1.022 km
g. Além disso, o Governo Federal lançou em agosto de 2012 o Plano de Investimentos em Logística (PIL), que prevê a ampliação da malha ferroviária nacional em mais de 10 mil km. Os leilões de concessão desses novos segmentos ferroviários estão previstos para o 2º semestre de 2013.
h. O planejamento de expansão da malha ferroviária pelo Governo Federal, somando PAC e as concessões permitirão a sua ampliação em mais de 15 mil km, mais de 50% da malha hoje existente, 28.700.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
Ministério dos Transportes
Secretaria de Portos
Valec Engenharia, Construções e Ferrovias SA
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VHCarmo.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Petrobrás vitoriosa...


 

O texto que aí vai abaixo transcrito é amplamente elucidativo e vale ser lido nesta oportunidade em que as baterias da mídia entreguista se voltam contra a Petrobrás.   Desfazem-se as levianas afirmações dos jornalões que pregam  - pasmem! – o abandono do pré-sal.     Gabrielli foi presidente da empresa e entusiasta das conquistas da estatal que a todos  bons brasileiros orgulha.

Olhem só:

José Sérgio Gabrielli de Azevedo: Pré-sal, Petrobras e o futuro do Brasil

Tendências / DebatesMuito mais rápido do que outras experiências internacionais, o desenvolvimento da produção do pré-sal é a prova da pujança, capacidade operacional, experiência e liderança da Petrobras. Sete anos após a descoberta, já são extraídos mais de 300 mil barris/dia e ela terá sete novas unidades de produção ainda em 2013.
Até 2020, apenas nas áreas já concedidas e da cessão onerosa, serão 2,1 milhões de barris/dia --marca que já supera toda a produção nacional atual.
Só para comparar, para alcançar a marca dos 300 mil barris/dia, foram necessários 17 anos na porção americana do golfo do México e nove anos no mar do Norte.
Os números superlativos do pré-sal só foram possíveis graças à experiência acumulada pela Petrobras na bacia de Campos, pelo extensivo conhecimento geológico das nossas bacias sedimentares e pela sua capacidade de utilizar as mais avançadas soluções tecnológicas em situações tão difíceis como no pré-sal.
O desafio agora é desenvolver mais eficientemente a capacidade de produção, apropriar-se socialmente de seus benefícios, minimizar os impactos negativos e gerar fluxos que permitam criar mais empregos e estimular outras áreas da economia.
O investimento na cadeia produtiva de serviços, materiais e equipamentos de petróleo e derivados é parte fundamental para a expansão. Aí também o tamanho da Petrobras é fator decisivo.
Hoje praticamente tudo é desenvolvido no Brasil --reafirmando a indústria nacional-- e não existe mais limites de tecnologia. A empresa está pronta e atuando na plenitude do que uma petrolífera pode fazer, sempre priorizando o Brasil: 98% dos investimentos e 95% da produção da companhia estão no país.
Somente a Petrobras pode apresentar um plano com a instalação de 38 plataformas de 2013 a 2020 e US$ 107 bilhões em desenvolvimento da produção. Só ela tem 69 sondas flutuantes de perfuração em operação para a construção e manutenção de seus poços.
Somente a Petrobras tem ainda força de trabalho treinada e capaz de dar respostas rápidas aos desafios do pré-sal. A empresa construiu nos últimos dez anos parcerias com mais de 120 universidades e centros de pesquisa no Brasil. Sem alta tecnologia --e uma rede com milhares de especialistas espalhada por todo o país--, não seria possível produzir com tamanha eficiência.
O novo marco regulatório também dá à Petrobras um papel estratégico fundamental: será a operadora única, investindo um mínimo de 30% dos novos campos do pré-sal e ficando responsável pela formulação dos projetos, gestão de implantação, operação dos empreendimentos e proposta de soluções técnicas.
Investimentos, conhecimento e capacidade produtiva que se traduzem em resultados financeiros para seus acionistas nos últimos dez anos. O valor de mercado da companhia, mesmo depois da crise global de 2008 e a queda do preço internacional do barril de petróleo, é hoje mais de dez vezes maior se comparado com 2003.
O marco regulatório também foi sábio na utilização das parcelas de lucro-óleo que o governo receberá com o modelo de partilha. Os recursos serão alocados em um fundo social que investirá em projetos nas áreas de educação, cultura, ciência e tecnologia e ambiente.
As novas regras foram aprovadas pelo Congresso depois de um amplo debate na sociedade. Foi objeto de grande resistência por parte daqueles que se beneficiavam do modelo das concessões. Agora esses interesses se reaglutinam e formam a base do ataque atual à empresa.
Dizem que a Petrobras não terá condições de ser operadora única no pré-sal. Querem desacreditar a liderança da companhia em conduzir o desenvolvimento da produção e fazem um feroz ataque político à companhia e à sua gestão nos últimos dez anos.
É um claro sinal de miopia e defesa do interesse de poucos. Além de negar a realidade, em uma falsa transmutação de uma empresa pujante em uma empresa em crise, colocam em segundo plano o potencial que os 30 bilhões de barris descobertos até aqui representam para nossa sociedade: a capacidade de ajudar na melhoria da vida do brasileiro, o que tanto incomoda a oposição e a coloca em alerta com a proximidade das eleições de 2014.
JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI DE AZEVEDO, 63, ex-presidente da Petrobras (2005-2012), é secretário de Planejamento da Bahia
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VHCarmo. 

domingo, 21 de abril de 2013

UM POEMA É ALGO MAIS NO BLOGUINHO....

O "Modernismo" de 1922, como é de geral sabença, representou uma guinada marcante na poesia brasileira.  Como um acontecimento insólito os poetas se desamarraram da hermética dos versos presos às rimas, tradições românticas e  do lusitanismo e se lançaram no berço da linguagem e das  expressões da língua de matriz popular brasileira em sua forma e sentido.
Pontificaram  Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Olavo Bilac  e muitos outros ilustres vates.

De Manuel Bandeira o poema que este escriba transceve abaixo sintetiza bem o que representou , então, a revolução modernista.

Olhem só:

                 VOU-ME EMBORA PARA PASSÁRGADA
Vou-me embora pra Passárgada
Lá sou amigo do rei.
Lá tem a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada.
Vou-me embora pra Passárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Venha ser contrraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Aandarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banho de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chmar a mãe-d'água
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Passárgada
Em Passárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide a vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a  gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
-Lá sou amigo do rei-
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Passárgada.
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VHCarmo.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Eduardo Campos abraça a direita ...

Este blogueiro não resistiu ao ler o texto abaixo, principalmente por ser publicado no Diário de Pernambuco, um dos  mais importantes jornais do Estado e o  transcreve abaixo para os amigos.  

A articulação do neto do Arraes com José Serra  e Roberto Freire é mesmo de estarrecer, pois espanca qualquer  dúvida que possa haver, até  aqui, sobre o lado para o qual se inclinou o Governador de Pernambuco. Vai para a direita do espectro político e vai mal acompanhado. 

Com  esse seu entendimento político com com  José Serra e Roberto Freire, eles  "apunhalam o Aécio pelas  costas" como afirma com perspicácia Paulo Henrique Amorim em seu blog "Conversa Afiada".


O governador do Ceará, Cid Gomes, abriu, sem peias, uma forte oposição ao Governador de Pernambuco, no seio do PSB seu partido comum, nisto  acompanhado por seu irmão Ciro.   Ambos não apoiam e julgam prematura a candidatura do neto do Arraes e reprovam abertamente os ataques gratuitos do Eduardo Campos contra a Dilma e contra o Governo que seu partido integra.

Olhem só:

EDUARDO CAMPOS E JOSÉ SERRA REALIZAM MAIS UM “ENCONTRO SECRETO”


Tércio Amaral
Publicação: 18/04/2013  

Pela segunda vez neste ano, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) encontrou-se secretamente com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). A reunião aconteceu nesta quarta-feira (17), em Brasília, quando ambos, ao lado do deputado federal Roberto Freire, presidente nacional do PPS, acertaram detalhes da entrada do tucano no novo partido em formação, o Mobilização Democrática (MD). A legenda é fruto da fusão entre o PPS e o PMN, e pode ser fortalecida por políticos saídos do PDT e até do PSOL. As informações sobre o encontro são do portal Brasil247.

No jantar dos aliados, o cardápio foi “recheado” de pratos políticos. Na conversa, Eduardo Campos e Roberto Freire darão garantias de que Serra poderá ser candidato ao governo de São Paulo nas eleições de 2014 pelo novo partido. A “missão” de Serra, por outro lado, é de coligar-se, para efeito de palanques e acréscimo de tempo de televisão, ao projeto presidencial de Campos na próxima campanha. Apesar da movimentação ser abafada pela cúpula tucana, a saída de José Serra do partido é quase certa e o PSDB deve encarar seu ex-filiado na disputa pela sucessão do governo tucano de Geraldo Alckmin. 

Além de Serra, que tem no currículo várias disputas à Presidência da República, o MD deverá ter em suas primeiras fichas de fundação as assinaturas de senadores como Cristovam Buarque (PDT), Randolfe Rodrigues (PSOL) e Pedro Taques (PDT). Buarque, inclusive, é cotado como um eventual vice na chapa de Eduardo Campos nas eleições de 2014. O senador trabalhista enfrenta um problema interno no PDT e que deve motivar a sua saída: não sabe se o partido irá para oposição ou continua no governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
Informações de bastidores dão conta que o governador Eduardo Campos saiu do “jantar político” mais do que satisfeito com os resultados das articulações apresentadas pelo pernambucano Roberto Freire. O governador José Serra, que vem sendo minado das decisões da cúpula do PSDB, já vinha sendo cogitado como um novo integrante do PPS e deverá ser, então, um dos primeiros filiados ao MD. O baralho da sucessão presidencial acaba de ganhar uma nova carta e jogadores poderosos.   
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VHCarmo.


domingo, 14 de abril de 2013

A MÍDIA E O TOMATE,,,,


Do "Observatório da Imprensa" este blogueiro traz o texto abaixo que é sugestivo quanto a ofensiva da imprensa e da mídia em geral para forçar uma situação de pânico envolvendo uma possível aceleração da inflação que os números da economia  desmentem.  É difícil entender  até onde vai a irresponsabilidade desse meios e mesmo a sua falta de patriotismo.
 
 
Olhem só:

 

JORNALISMO ECONÔMICO

Ao perdedor, os tomates

Por Luciano Martins Costa em 13/04/2013 na edição 741

Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 12/4/2013

 

Os principais jornais de circulação nacional demonstram um entusiasmo quase triunfal pelas notícias sobre aumentos pontuais dos preços de certos gêneros alimentícios. Os índices anunciados no último mês realmente mostram um descompasso nos valores de alguns produtos, com especial destaque para o tomate, que se tornou até mesmo tema de anedotas nas redes sociais.

O movimento de alta produz sua consequência natural em qualquer economia: a queda nas vendas do varejo. A imprensa adora citar aquela frase famosa do estrategista do ex-presidente americano Bill Clinton, James Carville, anotada num quadro da sede da campanha eleitoral de 1992: “É a economia, estúpido”.

Na sexta-feira (12/04), porém, a reação natural dos consumidores faz os editores se esquecerem da lição contida na frase, justamente para fazer uso político de seu significado. O Globo e a Folha de S.Paulo pareceram ter combinado. Com variação sutil, os dois diários anunciam em suas manchetes: “Alta de alimentos derruba vendas de supermercados”, disse a Folha; “Alta dos preços já derruba vendas em supermercados”, anunciou o Globo.

A análise da intencionalidade de uma frase, no caso das manchetes de jornais, virou brincadeira de criança, tamanha a falta de sutileza do texto jornalístico. Observem a leitora e o leitor, por exemplo, o uso do verbo “derrubar” em contexto que induz a certa dramaticidade, e, no caso do Globo, a inserção do advérbio “já”, de intensidade, que denota uma suposta antecipação da queda nas vendas do varejo, apresentada como fato incontornável.

Estado de S.Paulo, que apesar dos pesares ainda preserva um texto mais elaborado, principalmente no noticiário econômico e no internacional, colocou o tema como anexo da manchete sobre custo da energia, mas repete o verbo impactante: “Alta de preços derruba vendas no varejo”.

Valor Econômico, o principal jornal brasileiro de economia e negócios, posicionou o tema em contexto intermediário na primeira página, preferindo anunciar na manchete que o governo vai mudar regra de leilões no setor de energia. De qualquer modo, o jornal especializado faz uma abordagem mais serena da questão dos preços e, até por sua especialização, oferece uma leitura menos emocional dos fatos econômicos, anotando que a inflação deve desacelerar dos 0,47% em março para 0,45% em abril, caindo para 0,32% em maio.

A oferta e a procura

Por que, então, a histeria nos jornais chamados de genéricos, que compõem o “núcleo duro” da imprensa tradicional? Cada leitor dará uma sentença, conforme suas crenças e sua ideologia, mas podem-se fazer apostas baseadas na análise do discurso jornalístico.

Os três diários se concentram no fato de que houve uma retração anual nas vendas em fevereiro deste ano, comparando com o mesmo mês de 2012, mas destacam também a queda de 0,4% no comparativo mensal, entre janeiro e fevereiro deste ano, embora o bom jornalismo recomende evitar ponderações entre dados de contextos diferentes, que são influenciados por questões como sazonalidade, férias etc.

Seria aborrecido, complicado e inócuo fazer a releitura crítica de todos os textos, mas o leitor e a leitora atentos podem notar, em detalhes e no quadro geral, que a mídia tradicional parece festejar os números negativos da economia.

A imprensa brasileira, literalmente, “pisa no tomate”. Difícil é afirmar ou justificar suas razões. Mas há ocorrências que extrapolam até mesmo o senso básico, como no caso da pequena reportagem publicada pelo Estadão, na qual o repórter, a propósito de consolidar a ideia de uma carestia, apresenta o seguinte título: “Oferecer churrasco? Só para quem pode” – e segue uma tentativa de quantificar quão mais caro ficaria fazer um típico almoço brasileiro nestes tempos.

A reportagem, quase em tom de blague, começa afirmando que, “tirando a carne, que, em 12 meses, subiu 3,1%, bem menos que os 6,6% da inflação oficial...” e por aí vai. Ora, se o item predominante no churrasco é a carne, e o preço da carne subiu bem menos que a inflação, a reportagem morreu aí: na verdade, o churrasco está mais barato hoje do que no ano passado – os demais itens alinhados no texto, como o tomate, a farinha, o vinagre e outros ingredientes secundários, dos quais se usa pouca quantidade no churrasco, tiveram aumento de preços, mas seu peso no custo do almoço será relativo. Ou alguém pensou em fazer churrasco de tomate?

Pode-se, então, concluir que o interesse principal do conjunto noticioso, desde a manchete até essa reportagem, está viciado pela intenção de origem: apostar na deterioração da economia brasileira.

Aliás, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) avisa que os preços de alimentos subiram no mês passado em todo o mundo, mais que o dobro do que no Brasil, por conta de problemas climáticos, mas a tendência é melhorar ao longo deste ano.

Além disso, é de se perguntar o que há de tão insólito: se as mudanças climáticas afetam a agricultura, ou se a indústria de agrotóxicos quer vender novas drogas, se não houve investimento, ou seja lá qual for a causa do aumento de preços do tomate, trata-se da velha lei da oferta e da procura. Numa sociedade saudável, a reação natural é essa mesmo: ficou caro, não se compra.

Cai-se, então, na tentação de repetir a frase que a imprensa adora: “É a economia, estúpido!”
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VHCarmo.
 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A BALELA DO JURO (2).


                        
A balela do juro (2).

Os jornalões A Folha de São Paulo, O Globo e O Estado, encetaram uma campanha midiática em favor da elevação do juro (SELIC) e para tanto atrelaram tal elevação como necessária ao combate de um imaginável surto inflacionário.
A Folha, na edição de hoje, 11.04.2013, sem declaração conhecida de Dilma que a autorize, afirma que a presidenta já admite elevação na taxa de juros de forma imediata para evitar a subida da inflação.  

É deveras instigante que os jornalões - em uníssono - batam na mesma tecla sem, contudo, explicar ao público  qual seria  a relação entre a elevação do juro e a inflação.

 O economista Antônio Delfim Neto, cujo mérito como mestre em matéria econômica é indiscutível, simplesmente não vê tal relação como existente e até aponta a elevação do juro como danosa à economia, podendo, isto sim, provocar desemprego e queda no investimento das empresas.  O economista chama os especuladores que veiculam essa pretensão de “vendedores de vento”.

Diz o economista:

“A redução permanente da taxa de inflação no Brasil para limites civilizados está longe de poder ser resolvida pela elevação da taxa de juros, simplesmente com a manipulação da Selic”.   (...)  “Especuladores muito ansiosos defendem sem constrangimento a conveniência de promover a elevação do juro real “para gerar logo algum desemprego e, assim, reduzir a taxa de  inflação que tenta se aproximar do limite superior da meta”.  O Copom tem de estar preparado, para “se e quando for necessária”, como disse Tombini (BC), mas não pode e não deve se apressar.  É nesse contexto que deve ser entendida a declaração da Presidente Dilma, motivo de reações um tanto histéricas nos mercados, ao afirmar que o seu governo “não aceita embarcar em políticas que reduzam o crescimento para combater a inflação”. (Carta Capital - 10.04.2013).

Ocorreu que se registrou em março passado um recuo significativo da inflação, em resposta às medidas tomadas pelo Governo.  Os jornalões preferem enfatizar a chamada “visão de retrovisor”, buscando os 12 meses passados. 

Em um texto com o sugestivo título “Tombini e o rentismo”, o economista André Barrocal, na mesma Carta Capital, observa:

 “A tarefa do BC de administrar um problema concreto, com a atual inflação, ganhou um complicador com a tentativa de uma porção do mercado de aproveitar a situação para reaver lucros perdidos com Dilma, que tirou o Brasil o título de campeão mundial do juro. Economistas defensores da visão e dos interesses do mercado têm disseminado críticas e propagado um pessimismo que influência quem fixa os preços, os empresários”  (...) “A tropa do juro alto tem à frente ex-dirigentes do Banco Central. Um trio se destaca : Gustavo Loyola, Ilann Goldfajn e Alexandre Schwartsman, o barítono da opera dos desastre”.

 Acrescente-se, ainda, que o passado não convalida as previsões atuais dos jornalões a serviço da especulação, posto que a manutenção do juro alto por largo tempo - tendo atingido 45% na era FHC – jamais impediu a elevação da inflação. Conviveram ambas em favor dos especuladores.    Por outro lado, àquela época, registrou-se elevada taxa de desemprego, desvalorização acentuada dos salários e queda do investimento das empresas. Em resumo: uma sucessão de crises.

Esta questão do juro coloca mais uma vez a oportunidade de se verificar que a mídia conservadora, sem o menor constrangimento, promove interesses contrários à economia do país e especialmente às camadas mais pobres da população.
 Não há dúvida, no entanto, que, disfarçada ou não, há, também, uma motivação política que  move os barões da mídia conservadora, pois a discussão equivocada sobre o juro, se torna arma que a aposição ao governo acolhe para nutrir seu  pobre discurso.
O aumento do preço do tomate, da cenoura, do açaí, da batata e dos legumes com o pano de fundo dos salários das empregadas domésticas (que ainda não foram pagos) é usado como instrumento de alarme geral pela imprensa.    Talvez ela expresse um desejo de que se prolonguem indefinidamente as intempéries e eventos sazonais contra as hortas, granjas e provoque desemprego das domésticas.  Plagiando o jornalista  Maurício Dias: “quanto melhor pior”.

O povo parece, felizmente, estar vacinado contra tanto alarmismo.  
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VHCarmo.
   

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Um conto no bloguinho...



Algo mais é um conto extraído do livrinho de contos “Complexo do Alemão & Outros contos” deste humilde blogueiro.

 Olhem só:

                                            A VEDETE

A Praça Tiradentes era o centro do lazer noturno do Rio de Janeiro naqueles idos dos anos 40 do século passado e eu, vindo do interior profundo de Minas Gerais, era espectador deslumbrado daquelas noites de
teatro, de cabarés e da vida que fluíam, assim meio inocentes, aos meus desejos e sonhos de jovem. No Teatro Carlos Gomes encenavam-se as revistas de Walter Costa, Chianca Garcia e dos chamados reis da noite.

 Os maiôs cheios de brilhos das lantejoulas, de arminhos, prateados, dourados, azuis, vermelhos, desenhando os corpos graciosos e sensuais das vedetes sob os holofotes de luzes cambiantes; pernas e coxas desenhadas em contornos sensuais. As piruetas e danças com os bailarinos e palhaços;
era tudo muito festivo.

Desejo despertado e ilusões desfiladas nos sonhos das noites de fins de semana. Ali Dalila Escarlete desfilava e, entre todas, ela é que merecia a minha admiração especial e alimentava os meus desejos não só românticos, mas sensuais, devo confessar. O acaso fez aproximar-me dela. O acaso, do qual já nem me lembro, quando e como se deu. O importante, agora que escrevo estas linhas, é lembrar que um dia nos encontramos, quando ela saía dos camarins pelos fundos do velho teatro. Era talvez mais bela, aos meus sentidos, sem a maquiagem, as luzes e o brilho do palco. Um sorriso nervoso, um murmúrio de palavras desencontradas e a sua admiração da minha ousadia por aproximar-me. Os olhos de Dalila Escarlete, de um profundo negror, tinham um brilho que iluminava as suas feições morenas e os seus cabelos castanhos caiam ligeiramente sobre os ombros, esvoaçando. O sorriso dela era, a um tempo, ingênuo e maldoso; o seu corpo de vedete buscava, e quase atingia, a perfeição.

Eu não perdia um espetáculo sequer em que Dalila figurava, dançando, em requebros sensuais, as marchas e sambas excitantes das revistas da Praça Tiradentes. Terminados os espetáculos, lá ia eu esperá-la ao sair dos camarins. Era um tonto de paixão juvenil que ela esnobava com aquele sorriso cheio de negaças e fingidas esperanças.
Durante muito tempo eu abordava Dalila ao fim dos espetáculos, mas a aproximação, desejada, não se deu. Ela, mulher inteira e madura em seus 22 anos e eu um jovem ingênuo aos 18; não tinha mesmo chance.

Depois, como não se apresentasse mais nos espetáculos do Carlos Gomes, perdi Escarlete de vista, embora ela permanecesse na minha mente e nos meus desejos.
Procurei a vedete por onde pensei poder encontrá-la; em outros palcos e na noite de Copacabana que então começava a abrir-se à boêmia carioca; e nada. Soube, depois, por um dos porteiros do teatro, que a musa tinha ido exibir-se nos palcos de São Paulo e se casado com um homem rico. A paixão frustrada que se instalara em mim se desvaneceu aos poucos.

Nada como o tempo para apagar paixões e a minha, inexoravelmente, passou, e a lembrança da Dalila Escarlete se esfumou.
O tempo, do qual ora falo, se contava, então, em mais de trinta anos. A minha juventude já se fora. A lida diária e a luta pela vida enrugaram-me o rosto e pratearam os meus poucos cabelos.
Eu passava, então,quase diariamente, pelo grande saguão do Palácio da Educação, me dirigindo ao trabalho.  Aquele edifício, erguido nos moldes da arte moderna, por Le Corbusier assessorado pelo imortal Oscar Niemeyer, fora pioneiro daquela corrente arquitetônica na cidade. Os ladrilhos de Portinari,cobrindo as paredes em doces curvas, enchiam-me os olhos e a mente e eu fazia questão de por ali passar para me revitalizar com aquela beleza e a vista dos jardins, em meandros, de Burle Marx, redesenhando as fontes e passarelas de pedras portuguesas.

Numa manhã de primavera dessas em que a luminosidade da cidade do Rio se mostra cristalina, vi, sentada em um dos bancos do jardim do Palácio, uma mulher já velha. Aproximei-me e, do recôndito de minha cansada memória, reconheci aquela figura: era Dalila Escarlete. Fixou em mim aqueles mesmos olhos escuros, mas já sem o brilho de outrora. Seus cabelos castanhos empastados de alguma brilhantina vagabunda já não mais esvoaçavam. O seu semblante, cravado de uma profunda tristeza, denotava a alienação em que vivia. Olhou-me, apertando os olhos como que tentando estimular a memória, depois sorriu o riso dos dementes. Seu corpo descarnado, vestido de trapos de estampados colorido, já não tendia à perfeição das noites do teatro. As belas pernas que rodopiavam nos palcos da minha juventude estriavam-se de varizes azuis. Foi muito triste aquela visão da antiga diva. Ao lado, no banco em que se sentava, algum dinheiro se espalhava, lançado por transeuntes;eram moedas e notas que pareciam não interessar a ela. Dalila continuava a apertar os olhos negros a mirar-me e a sorrir o riso dos alienados. Não me reconheceu e nem podia, pois, além do tempo, fugira-lhe a mente.

Confesso aos que me lêem que uma profunda tristeza me invadiu por inteiro. Não sabia o que fazer. Pensei juntar, ao dinheiro espalhado, mais algum, porém não o fiz. Instintivamente sentei-me ao lado de Dalila Escarlete.  Foi então que notei, pendente de seu pescoço por um fio, sobre o colo murcho, havia um pequeno envelope plástico transparente e ali se podia ler:
Quem encontrar esta senhora perdida, comunique, por favor, ao
Retiro dos Artistas.”

Saí caminhando, meio tonto, pela Rua Araújo Porto-Alegre e no primeiro telefone público, que encontrei, liguei para o Retiro cujo número também constava do plástico.

Fiquei ali por longo tempo ao lado da Dalila até que chegou a ambulância que a levaria. Ainda sorrindo, com aquele riso triste e alienado, foi conduzida delicadamente ao veículo por duas enfermeiras, vestidas de branco imaculado; o dinheiro se espalhou sobre as pedras portuguesas.

Antes de entrar na ambulância, Dalila Escarlete virou-se em minha direção, apertando ainda os olhos negros desbotados, sorriu, como que se despedindo.  Não consegui reter algumas lágrimas.
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VHCarmo. 

quinta-feira, 4 de abril de 2013

SOBRE A NOMEAÇÃO DOS MINISTROS DO STF.


   
O texto do Jornalista Pedro Serrano no Set da Revista Carta Capital (abaixo transcrito) alerta para a importante questão da nomeação de Ministros do STF em sua forma atual.  Não passando pelo crivo do voto popular e arrogando-se – de fato - o poder, de suplantar as normas da Constituição Federal - que não lhes é outorgado - os Ministros, via de regra, provenientes de setores conservadores da sociedade, criam uma barreira aos projetos de natureza progressista e uma antinomia em face dos outros poderes da República.    
Com efeito, desligados, em sua maioria, de qualquer projeto de avanço democrático, em favor das classes mais pobres promovido por governos trabalhista e de esquerda, os ministros, nomeados pelo sistema vigente, promovem obstáculos sérios de difícil remoção dadas as suas posições ideológicas majoritariamente conservadoras.  
Torna-se necessária uma modificação (PEC) no processo constitucional  de nomeação de Ministros do STF que possa conduzir à Corte magistrados que submetidos previamente ao voto popular, possam julgar em consonância com a realidade que se expressa na sociedade, posto que decidem sobre questões interpretativas do texto Constitucional, questões estas que brotam do natural conflito de interesses de classe.      É de se esperar - quem sabe! - que o nosso Congresso cuide desta questão tão importante.  
Olhem só:  

Será anunciado em breve, pela presidenta Dilma Rousseff, o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal que substituíra o recém-aposentado Carlos Ayres Brito.

O fato enseja a oportunidade do debate sobre o papel e o perfil que a Suprema Corte deve ter em nosso sistema.

Até o começo de nosso atual período democrático, com a exceção de breves períodos históricos, nossa Corte teve a tradição de comportar-se como quase um apêndice do Poder Executivo, o mais tíbio e menos relevante de nossos poderes. Nossa herança e cultura autoritária de organização estatal certamente contribuíram para isso.

Que ditadura ou ditador convive bem com uma jurisdição realmente livre e autônoma? Certamente nenhum.

Com o correr do período democrático, contudo, nossa Corte maior foi exercendo de forma cada vez mais plena e autônoma seu papel de intérprete e guardiã de nossa Constituição.

Mesmo setores progressistas de nossa vida política recebem com surpresa o exercício desta autonomia.

Estranham o papel protagonista do Judiciário no trato de grandes temas regulados por nossa Constituição, chegando a confundir com ativismo judiciário o que muitas vezes é meramente um exercício pleno da interpretação constitucional.

Novo por aqui, esse papel está mais do que consolidado nas democracias de primeiro mundo.

Provavelmente por conta do período ditatorial, quando Constituição e a Jurisdição eram apenas perfumarias de um regime autoritário, nossa esquerda democrática nunca promoveu análises e debate sobre as questões jurídicas, a jurisdição e mesmo à própria teoria do Estado.

São agora surpreendidos por fatos pelos quais não possuem a tradição de uso de instrumentos de analise adequados à sua compreensão. Mais que isso, em conjunto com a chamada “governabilidade’ e um certo “republicanismo” de fundo elitista e autoritário, essa falta de relevância dada às analises e propostas de esquerda ao tema são os fatores que levam a uma inusitada situação: passados 10 anos de gestão de esquerda democrática no Poder Executivo e realizadas numerosas nomeações para o STF, essa Corte continua com o perfil conservador que, de uma forma ou outra, sempre teve.

Erro estratégico da esquerda democrática, vitória de nossas elites conservadoras.

Um dos aspectos positivos dos debates havidos em torno do julgamento do “mensalão” foi a consolidação nas opiniões pública e publicada no papel político que o STF tem na conformação do Estado brasileiro.

Embora tenha tal papel político reivindicado como forma inconstitucional de flexibilizar-se a presunção de inocência num processo crime, a consequência é que fica inegável por esses mesmos interlocutores o papel de protagonismo político que a Corte tem no exercício da jurisdição constitucional, como no julgamento de grandes temas regulados por nossa Constituição diretamente, como foram o caso do uso indevido de algemas, a união estável gay, o aborto de anencéfalos  a regulação do mercado de comunicação social, etc.

Ao representar a garantia contra-majoritária dada aos direitos humanos fundamentais individuais e coletivos previstos em nossa Constituição, a Suprema Corte, no exercício de seu papel interpretativo da Constituição, conforma também de fato e nas situações concretas o papel da soberania popular em nosso sistema.

Ao julgar temas Constitucionais o STF determina onde, quando e em quais limites devem se dar as decisões adotadas pela maioria da população; e, uma vez adotadas, se são validas ou não e em qual extensão.

Num modelo estratégico de ação política democrática como o adotado por nossas forças trabalhistas, progressistas e de esquerda, em que a vontade eleitoral da maioria da população é o mecanismo de poder utilizado para conquistas de avanços no território da distribuição de riquezas e direitos sociais – e também como veículo de modernização de nosso capitalismo “feudal” e plutocrático – não ocupar espaço na Corte que define os limites dessa soberania popular é entregar nas mãos das elites a palavra final sobre a validade, real extensão e continuidade dessas conquistas obtidas pela maioria democrática.

Decisões estratégicas eventualmente adotadas por lei majoritária, como a aplicação das determinações constitucionais de fim do monopólio de meios de comunicação social e a chamada lei de meios, imposto sobre grandes fortunas e outras conquistas progressistas que podem se realizar dependerão sempre da decisão final de nossa Corte. O mesmo se diga com relação a conquistas já obtidas como o Prouni ou Bolsa Família.

Isso sem contar as tentativas judicionalizadas de desmonte político da imagem de lideres como o ex-presidente Lula, sempre engendradas por alianças não declaradas entre os veículos da mídia conservadoras e agentes estatais incumbidos e investigar e julgar.

O papel protagonista da Corte Suprema na definição dos limites da soberania popular é e será uma realidade enquanto houver no país um Estado democrático de Direito. Esse é seu mister como Judiciário democrático.

Cabe aos setores progressistas ter a coragem de trazer a público o debate sobre o perfil ideológico e político de seus candidatos a ministros. Como, aliás, é fito na maioria das nações democráticas do mundo.

Este é um debate que deve sair dos corredores palacianos e chegar às ruas. É no debate público que mora a transformação e a justiça real e é nele que a democracia se fortalece.

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VHCarmo.