quarta-feira, 21 de março de 2012

Será que o Serra vai enganar mais uma vez?

                                Por mais boa-vontade que a gente possa ter com o político José Serra, não se pode deixar de constatar a sua permanente desfaçatez e sua superficialidade ao tratar das coisas sérias da política. Homem que não tem em seu acervo sequer uma realização digna de nota e que se tornou dono de um partido (o PSDB) que ele usa em proveito próprio, hostilizando os que não o seguem, usando contra eles manobras espúrias.  Não é atoa que o partido está encolhendo.
                            Serra entra sempre no fim dos processos das escolhas eleitorais, desestabilizando o PSDB.
                          Quem não se lembra de suas negaças, para fugir das prévias pretendidas pelo então governador Aécio, até o último momento, na última eleição presidencial? E do candidato à “vice”, escolhido pelas madrugadas da véspera do prazo? Um Índio qualquer!

                       Quem não se lembra, também, da traição (em cima da hora) contra o seu “companheiro” Alkminn? Este mesmo Alkminn que ele agora pressiona para acabar com as “prévias” para prefeito?  Passou-se para o Kassab que de fenestrou o partido tucano.

                          Ele é o homem da “bolinha” de papel na cabeça que causou um trauma craniano. O homem que inventa falsos “dossiês” contra ele - em todas as eleições - e que nunca são materializados!  Ele que se finge de católico, comungando em Aparecida! Bradando contra o aborto para agradar os padres fascistas!.
 
                         Afinal, ele é a figura máxima do maior escândalo da República, ou seja, foi o gestor da Privataria Tucana, embora negativo, este é seu maior feito.

                          O Serra anda dizendo agora - quando é lembrado - que não falou nada a respeito de sua permanência na Prefeitura nos idos de 2004.
                          “Até quando abusarás da nossa paciência?!”, ou melhor, da paciência de seus eleitores paulistanos.
                             Mas, vejam o que foi publicado, em 14.09.2004 na Folha de São Paulo, tão amiga do tucanato:
         Serra diz que só deixaria prefeitura em 2006 se morresse.

FABIANA FUTEMA


CAIO JUNQUEIRA

da Folha Online – 14.09.2004.

O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, afirmou hoje durante sabatina da Folha que não deixará o cargo, se eleito, em 2006 para concorrer ao governo do Estado ou à Presidência da República.

“Só se Deus me tirar a vida. Só saio se houver uma desgraça que me envolva”, disse ele, ao responder uma pergunta sobre a possibilidade de deixar o cargo para seu candidato a vice, o deputado Gilberto Kassab (PFL).

O tucano assinou uma declaração –apresentada pelo colunista da Folha Gilberto Dimenstein e que será registrada em cartório– de que cumprirá, caso eleito, os quatro anos do mandato de prefeito e não deixará o cargo para concorrer a governador do Estado ou à Presidência da República em 2006.

Ele negou que esconda da biografia de Kassab o fato de ter sido secretário do ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000). Serra também negou irregularidades com o patrimônio de Kassab, que é investigado pelo Ministério Público.

“O Kassab apresentou elementos. Outros também tiveram aumento de patrimônio. O importante [para o aumento de patrimônio] é ter explicação. O problema é se foi de forma ilegal.”
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Extraído do blog. do PHA.

VHCarmo.

terça-feira, 20 de março de 2012

Basília de N.Sra. de Lourdes ( Lourdes - França)

  É a nova foto do Bloguinho.

VHCarmo.

A crise na Europa produz desemprego, pobreza e autoritarismos...

                                     Na Europa, e nos Estados Unidos, como é sabido até pelas pedras no caminho, a desregulação do sistema financeiro esteve na raiz da formação das chamadas “bolhas” financeiras que levaram os bancos à garra. O neoliberalismo ao atribuir ao mercado racionalidade e a função de promover, sem controle, o desenvolvimento e produzir riqueza acabou por atingir meta oposta, ou seja, levou à crise e ao empobrecimento, bem como aos alarmantes índices de desemprego, com graves conseqüências provocando políticas autoritárias e repressivas.  Veja-se o ressurgimento da repressão aos imigrantes e ás minorias raciais que  ora ocorrem, principalmente na França.  Há apelos a soluções fascistas.
                                      A tentativa de solução da crise, através de outros remédios financeiros como a da injeção de moeda nos bancos falidos, vêm produzindo efeitos terríveis do ponto de vista da produção e do emprego. Os governos dos paises periféricos da eurolândia se endividaram ao acompanhar a ciranda financeira que se instalou e suas populações (principalmente os trabalhadores) se tornaram alvos da crise ao perder a sua fonte de renda e devido, principalmente, à perda do emprego.
                                      Aquilo que parecia difícil de acontecer com a rica Alemanha acontece agora: a precarização da relação de emprego, com a perda das mais mínimas garantias de proteção social, revelando um desemprego potencial.
                                      Antes de transcrever o texto que vai abaixo, impõe, mais uma vez ressaltar a falência do capitalismo, nos moldes atuais, como promotor do emprego. Repete-se, historicamente, o recurso de jogar o ônus da “solução” das crises nos ombros dos trabalhadores, ou seja, daqueles que produzem a riqueza. Recurso, aliás, que se constitui no elemento gestor das crises e de sua natureza cíclica.

Olhem só:

Empregos parciais e precários já são 7,4 milhões na Alemanha.
Publicado em 19-Mar-2012 ( Blog do Zé Dirceu.)

O termo correto para descrever a situação é um só: precarização do trabalho. É o que as estatísticas da fundação Hans Böckler comprovam que está ocorrendo na Alemanha: em dezembro de 2011, apenas três meses atrás, dos 40 milhões de trabalhadores alemães, 7,4 milhões dispunham apenas de “minijobs”, ou seja empregos que pagam, no máximo, 400 euros e sobre os quais não incidem impostos.
Em 80% desses casos, os empregados em minijobs recebem muito menos do que os funcionários de período integral na mesma função. Diante desses números é de se perguntar: afinal, para onde caminha a Europa? E, notem, estamos falando da economia mais desenvolvida e mais avançada do continente.
Se os empregos são precários e não têm garantias, para que serve o crescimento econômico? O próprio sistema de produção desorganiza a rede de proteção social, reduz os salários e a participação do trabalho na renda nacional.
É aquilo de que já falei tantas vezes: o preço dessa crise está caindo nos ombros do trabalhador e exterminando o estado do bem estar social. E não é de agora. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica, com base em dados do Eurostat, revela que nos últimos dez anos a Alemanha teve um ganho de 40% das vagas parciais, enquanto 700 mil postos de trabalho de tempo integral foram subtraídos.
Mazela se espalha pelo continente.
No resto da União Europeia (UE) esse efeito também é perceptível: entre 2000 e 2010, a região registrou aumento de 26% no número de empregos de período parcial que, em geral, além de mal pagas não garantem os benefícios sociais. Cerca de 50% do crescimento dos níveis de emprego são atribuídos a essas vagas parciais e 27% desses trabalhadores acusam que as aceitaram por falta de oportunidades de período integral.
É hora de repensar o modelo de produção e de sociedade europeia e mundial. Está na hora da retomada da construção de uma alternativa, de um capitalismo do século XXI, em detrimento deste capitalismo real que coloca em risco não apenas o bem estar dos trabalhadores, mas o meio ambiente e a vida na terra.
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VHCarmo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Algo mais é Vinicius e a Pátria...

   PÁTRIA MINHA.
Vinicius de Morais 

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo, dormir meu filho
Choro de saudades da minha pátria.

Se me perguntarem o que é minha pátria, direi:
Não sei. De fato não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de  beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
Da minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!
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Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura:a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
“Pátria minha, saudades de quem te ama...
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Algo mais:::  é esse lindo poema, lembrando Vinicius que amou a pátria e a beleza. 
VHCarmo.







segunda-feira, 12 de março de 2012

"TSUNAMI DE LIQUIDEZ"

                                        O economista Delfim Netto tem sido um dos intérpretes e críticos dos mais lúcidos sobre a economia mundial que ora se debate numa das mais severas crises da história. As medidas defensivas dos paises emergentes, como Brasil, se tornam necessárias e urgentes, sem contudo deixarem de obedecer a certas regras de prudência na sua adoção, ligadas ao tempo de sua maturação e o resultados recorrentes de sua aplicação. O competente Delfim escreveu o texto abaixo que é um belo resumo, não só da percepção correta dos fatos como dos remédios defensivos aplicáveis.  É  leitura recomendável.

Olhem só:                          
 
                                  DEFESA LEGÍTIMA

Antônio Delfim Netto.  

 Não restou dúvida que Dilma Rousseff soube aproveitar a oportunidade de sua visita à feira de ciências em Hannover e as conversas com a chanceler alemã, Angela Merkel, para sustentar com clareza que o Brasil não vai deixar de usar todo o arsenal de medidas que julgar adequado para defender sua economia dos danos colaterais causados pelo aumento de liquidez decidido pelos países desenvolvidos para livrar do sufoco suas combalidas economias.

Em entrevista à mídia internacional, a presidenta disse que manifestou diretamente a Merkel sua preocupação com a expansão monetária (o tsunami de liquidez) que ajuda a resolver problemas internos dos sistemas financeiros na Europa e também nos Estados Unidos, mas que resulta na desvalorização das moedas, com efeitos adversos para o comércio exterior brasileiro e de muitos outros países emergentes. A chanceler alemã já fizera circular que ia dizer a Dilma Rousseff que ela tem razão, explicando que as megaoperações de liquidez são para dar tempo aos países do euro de realizarem suas reformas. E que tais operações não mais se repetiriam.

O problema dramático é que a perspectiva do tempo para as reformas é de três anos no mínimo e o tsunami está aí e vai continuar produzindo destruição com o excesso de entrada dos dólares nos emergentes, dentre os quais o Brasil. Estamos recebendo muito mais capitais, a título de “investimento”, mas que na realidade são empréstimos intercompanhias ou pura especulação em busca de resultados pelo diferencial de juros. É certo que o processo de redução da Selic ajuda (a taxa caiu 0,75 na reunião do Copom da quarta-feira 7), mas ainda leva tempo para neutralizar a diferença.

Uma coisa é certa: o Brasil não tem outra saída a não ser se defender desse capital, porque a desvalorização do dólar tem um efeito prejudicial nas exportações de nossa indústria e afeta o emprego em todo o sistema produtivo. O Brasil precisa pensar em dar empregos de boa qualidade a 150 milhões de brasileiros em 2030 e não vai poder fazer isso com o atual sistema de exportação e sem expandir o setor de serviços. E não vai conseguir sem proteger a sofisticação da estrutura industrial que estamos permitindo ser destruída pela supervalorização cambial.

Um pouco disso é que eu penso que a presidenta Dilma foi dizer para Merkel: compreendemos os problemas europeus, o drama que vocês estão passando, mas os danos causados na indústria brasileira não são suportáveis. Então, não venha a Europa com essa história de que o Brasil toma medidas que violam as normas, as leis, a teoria… Eu estou simplesmente me defendendo dos efeitos de falsas teorias que vocês europeus desenvolvidos estão usando.

Aqui é preciso dizer sem receio que esse é um jogo de enorme cinismo: tanto os Estados Unidos quanto a Europa, esta com a cobertura do Banco Central Europeu, estão sim numa competição feroz para melhorar suas exportações. Os americanos pelo menos foram claros: o presidente Barack Obama, em campanha pela reeleição, disse aos trabalhadores que “estamos apoiando o setor exportador e pretendemos dobrar as exportações da indústria em cinco anos”, enquanto a Europa simplesmente está escondendo esse fato. O aumento das exportações da Grécia, da Itália, da Espanha e de Portugal é uma das poucas possibilidades de minorar o seu sofrimento dentro do euro.

Agora, exportar para onde? Para mercados de países emergentes, como o brasileiro. Não para a China, que está surfando a taxa de câmbio que deseja, ligada a um “dollar standard”, e não dá a menor atenção para reclamações, sem vergonha e sem remorso. Nós só estamos tentando levar o real para um nível que permita defender a indústria, que está sendo alvo de um processo de destruição por conta da sobrevalorização cambial. Não estamos fazendo nada errado, não estamos violando nenhuma regra do comércio internacional, estamos nos defendendo. Quero que alguém aponte alguma violação importante sob qualquer aspecto. Aliás, seis meses atrás, o FMI ainda insistia que não se devia fazer controle de capital. Hoje, o mesmo Fundo Monetário Internacional diz o seguinte: os países emergentes têm, sim, o direito de recorrer a medidas que limitem o ingresso de capitais que não estejam identificados com investimentos na produção, com a necessidade de crescimento…

O governo tenta separar aquilo que é investimento que vai aumentar a produção daquilo que é pura especulação. Não é uma coisa simples, mas ele está fazendo isso com cuidado, usando medidas milimétricas.
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Extraído da Revista Carta Capital de 14.03.2012.

VHCarmo.




sábado, 10 de março de 2012

Algo mais é um soneto...

                                          A poesia é algo mais... inseparável da sensibilidade neste recanto. O soneto é a forma de poesia que vai mais direto à alma da gente, como síntese da poética. Assim como o conto, o soneto ao seu início já acena para o seu fim, percorrendo o caminho de versos e estrofes contidas no espaço prévio concedido. Este soneto que aí vai evoca a saudade do berço natal de quem está longe. Saudade é palavra privilégio da língua portuguesa, nada mais hermético, nada tão extenso. Quem nunca a sentiu? quem a definiu?

                                                          Saudade.
                                                        Da Costa e Silva          

“Saudade ! Olhar de minha mãe rezando
e o pranto lento, deslizando em fio...
Saudade! Amor de minha terra ... O rio
catingas de águas claras soluçando.

Noites de junho .. O caboré com frio,
ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E ao vento as folhas lívidas cantando
a saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asas de dor do Pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas de névoa sobre a serra...

Saudade! O Capivara, - velho monge,
as barbas brancas alongando.. e, ao longe.
O mugido dos bois da minha terra.
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VHCarmo.


quinta-feira, 8 de março de 2012

Às mulheres todas as homenagens ....

                                      Permitam-me falar, inicialmente, na primeira pessoa do singular, pois o dia das mulheres, como eu o entendo, é o dia da humanidade, da geração e do amor. Tenho uma particular ternura e amor para com todas as mulheres na minha longa vida. Embora tenha perdido minha mãe na infância, delas me acerquei e com elas moldei o meu ser. O amor materno foi assumido por uma doce irmã que arrumava os meus terninhos, uniformes e roupinhas para seguir com lágrimas minha ida para o internato, tornando-se uma mãe prematura. Sozinho num trem-de-ferro frio, contemplando-a e ela sumindo, com o rodar do trem, na plataforma que ficava para trás. Tive três irmãs, três exemplos de vida, intelectuais e sensíveis,
                                     Eu e a minha companheira nos escolhemos e formamos uma parceria de comprometimento e amor. Tivemos sorte, o casamento nos deu três mulheres. Perdi uma filha pelo caminho, mas ela vive ainda em mim, em nós,  de uma forma saudosa e boa.
                                     A filha e a neta enfeitam a nossa velhice com o seu carinho feminino, ou seja, com amor pleno de cuidados. Foi bom termos duas filhas e uma neta; quem sabe virá uma bisneta.
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                                       Depois dessas considerações de natureza pessoal, a gente, já aqui em terceira pessoa, passa fazer algumas outras que se impõem neste dia de homenagem.
                                        No nosso país, com a eleição de uma mulher para a Presidência da República, cujo passado de lutas e competência enche a gente de orgulho, foram promovidas muitas delas à direção política e econômica do Brasil. Quebraram-se tabus ao promove-las para missões até então julgadas privilégio masculino. Elas se mostram à altura e imprimem o zelo e o amor, próprio do gênero, em suas atividades. A conquista desses postos deveu-se a sua luta pessoal, à militância política de cada uma delas, superando as barreiras de preconceitos.
                                          A nossa Presidenta foi considerada pela imprensa mundial como a terceira mulher mais poderosa do mundo e ela vem brilhando nos foros internacionais. Isto é um orgulho para todos nós. A avaliação de seu governo atinge níveis recordes nas pesquisas e a sua diretriz maior é voltada para os filhos mais pobres da nação. Está inscrito no dístico do seu governo: “Pais rico é país sem pobreza”.
                                            Falta ao Brasil, no entanto, uma maior participação das mulheres na vida política da qual são afastadas até mesmo pelos preconceitos e o atraso. De lembrar que o voto feminino é conquista historicamente recenteem nosso país.
                                           A militância política das mulheres, apesar de tudo, vem aumentando no Brasil.

                                           A atividade política, em geral, sofre de umenorme  preconceito veiculado pelos meios de comunicação social  que inibe a segui-la, não só as mulheres jovens, mas aos jovens em geral. Essa dificuldade necessita ser superada, pois somente pelo exercício e participação políticos de seu povo é que um país pode progredir. Aliás, a ausência dos jovens é uma forma indireta, porém negativa de participação política. Nada mais estranho do que ver e ouvir jovens, e até adultos,  a proclamar que não querem saber de política.
                                           Exemplar é a Presidenta Dilma que foi uma militante política contra a ditadura militar, torturada e presa e  ao ser libertada, depois de dois anos e oito meses de prisão, no dia seguinte, voltou à militância política e chegou à presidência.
                                          Por outro lado, a ascensão das mulheres brasileiras das classes mais pobres tem sido um fato altamente positivo nos últimos anos para o nosso país. Os programas sociais, como o bolsa-família, dirigidos diretamente às mulheres pobres, têm na educação dos filhos e no cuidado com a família, ampliado a sua participação social. A chegada de 40 milhões de brasileiros à classe C, se deve, majoritariamente, às mulheres e sua gestão das famílias.

A mulher não faz a guerra, sofre e chora por seus filhos mortos em combate.            A elas todas as homenagens.

VHCarmo.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Estados Unidos do Brasil ou Brasil dos Estados Unidos?"

                               O pré-candidato  tucano Zé Serra, à Prefeitura de São Paulo, é vendido à opinião pública, pelos Jornalões e Revistas, como o “mais competente”. Slogan que foi surrado e repetido na campanha presidencial.     Parece que os eleitores não acreditaram.
                               A recente entrevista dada pelo candidato ao jornalista Boris Casói, na TV Bandeirantes, levanta as mais sérias dúvidas sobre a competência do Serra, não só pelo ato falho, mas pela integra de suas observações e análises. O vídeo anda percorrendo o You Tube e dá para confirmar.
                            É deveras contundente o despreparo do Serra. A sua abordagem dos assuntos propostos - com evidente boa-vontade pelo entrevistador – revelou uma superficialidade, senão demagógica e populista, ser um desconhecimento alarmante da realidade política,social e econômica que envolve o Brasil e resto do mundo.
                           Serra, simplesmente, pretende, segundo suas palavras, mudar tudo que vem sendo feito no país, onde, ainda em suas palavras, está tudo errado. Afirma que será necessário um mudança radical do modo petista, mas não indica qual seria o caminho a seguir. Quando instado a particularizar a análise, discorre sobre generalidades e afirmações sem conteúdo.
                         Hábil em proferir palavreado vazio, dá a impressão que o candidato está se dirigindo a um povo ignorante.                        Qualquer pessoa medianamente informada sabe que o país enfrenta a grave crise econômica e política mundial, com medidas que vêm minimizando os seus efeitos internamente
Apesar da crisel – talvez a maior do capitalismo - nosso país consegue manter-se progredindo, graças sobretudo a uma política de expansão do investimento e do crédito, promovendo o consumo interno e a modernização da infraestrutura, mantendo índices elevados de emprego, e de programas sociais, a inflação sobre controle e o gradativo aumento do salário médio do trabalhador (o mais alto da história).
                                             Serra, desborda esses assuntos e afirma que vai, a partir da Prefeitura de São Paulo - à qual atribui uma questionável importância política -  como um Dom Quixote moderno, vencer todos os atrasos do País. Dá para imaginar-se que será uma missão formidável, pois com o PIB de 2011, embora modesto, nossa economia ultrapassou a do Reino Unido e da França, nos colocando em sexto lugar (ver FSP), talvez, então, com o sonho do tucano deixaríamos a China  para trás.
                                            Notícias de hoje (07.03), publicadas nos jornalões, infirmam que o Serra está “agindo nos bastidores para desmontar prévias do PSDB”. Indagado, o candidato revela a sua costumeira escapada: “não está agindo ou desagindo” e convoca o Alkiminn para o trabalho sujo. O pré-candidato José Aníbal, promete resistir.
                                           De tudo o que se disse aqui, resulta uma certa perplexidade, pois é difícil encontrar-se nos pronunciamentos e ações do Serra algo que o revele como o “mais competente” que a mídia promove. O ato falho dos Estados Unidos do Brasil ou do Brasil dos Estados Unidos, pode ser uma confusão mental que nutre o discurso (?) neoliberal do tucano.

VHCarmo.

sábado, 3 de março de 2012

Rio de Janeiro!.. parabens pra você....

                                   A cidade do Rio de Janeiro fez aniversário de sua fundação no dia 1º. deste mês de março e continua jovem aos 447 anos.
                                  Este escriba que não nasceu no Rio tem esta cidade, como sua cidade e nutre por ela verdadeira paixão; não só por ter construído aqui a sua vida, sua família e seu ideário, mas, sobretudo, pelo caráter popular da bela metrópole.
                                   O Rio nasceu racialmente negro. Na Colônia e no início do império chegou a ter mais de 80% de sua população de negros africanos e descendentes. O “Novo porto do Valongo” era um das três principais entradas de escravos, vindos da África. A negritude imprimiu nesta cidade um caráter dominantemente de cultura negra que, graças à miscigenação, produziu esta gente alegre, musical e afeita às artes com um jeito só seu, despojado.
                                   O Rio de Janeiro é diferente das outras metrópoles brasileiras e sua cultura é tão original e brasileira que daqui partem as maiores inovações culturais que se espalhram e se espalham pelo país. Por tanto tempo capital, tornou-se também uma referência externa sobre o nosso Brasil. O carioca teria tudo para ser bairrista, mas é, sem dúvida, brasileiro e universalista.
                                  O que emociona ao observador do povo carioca, de nascidos ou não aqui, é uma tendência inata ao gosto pela fruição da vida, pela busca da alegria nas suas manifestações, vindas desde os primórdios de sua história. Aos negros escravos, na Colônia, se permitiam promover suas festas tradicionais, nomear seus “reis”, desfilar suas bandeiras, participar nos “entrudos portugueses” e festas sincréticas do Divino, e penetrar nas casas dos Senhores com suas mucamas, os negros de ganho e os artesãos.
                                    Tudo isto deixou um saldo cultural diferenciado que, sem amenizar a crueza da escravidão, resultou num processo de convivência que tem similar no Brasil, apenas, em Salvador - Bahia.
                                   Aquilo que muitos dos que aqui não vivem estranham no Rio de Janeiro é a presença colorida e maciça dos afrodescendentes em todos os cantos da cidade, presença majoritária nas manifestações de todo o gênero inclusive políticas e culturais. Aqueles que habitam os morros pobres, os subúrbios mais distantes, povoam democraticamente as belas praias da cidade, desfilam nos blocos e condões carnavalescos e nas Escolas de Samba, vibram com seu futebol, sobretudo o fazem com uma verve especial e uma alegria contagiante. Como em toda metrópole há violência, há crimes, mas a sua existência não desfigura o caráter do seu povo.
                                        Os paises colonizadores, referindo o Brasil, pregavam o falso discurso de que uma civilização não tinha possibilidade vingar nos trópicos, não só pelo clima, mas e sobretudo, por ser um país de “mestiços’.As nossas elites, por algum tempo aderiram a essa heresia. A história destruiu o mito, também conhecido como“o mito do povo preguiçoso”. Amar a vida, gostar de desfrutá-la seria um mal, uma permissividade contrária ao progresso; bom seria: trabalhar, trabalhar... Tristes conceitos que o Brasil, com seu “povo novo”, como classificado pelo antropólogo Darcy Ribeiro, vem desmistificando. No Rio de Janeiro talvez se opere, mais do que em qualquer metrópole brasileira, a afirmação de um povo mestiço presente, trabalhador e que gosta de viver.
                                          Quanto à beleza da nossa cidade é desnecessário enfatizar. Este escriba, nesses últimos trinta anos, conheceu praticante todas as grandes metrópoles do mundo, a maior parte delas depositárias de grandes recursos culturais e históricos invejáveis, mas, em matéria de beleza paisagísticas, não há nenhuma delas que se compare ao Rio de Janeiro. Todas as pessoas, sem exceção, que visitaram o Rio desde seus primórdios, se extasiaram com sua beleza natural. Os depoimentos foram registrados por nossa história em vários livros.
                                            A lembrança que suscita essa data faz a gente gostar cada vez mais desta cidade com todas as suas maravilhas, seus sofrimentos e sua brasilidade sem bairrismos.

Viva Rio de Janeiro, cidade de São Sebastião.

VHCarmo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Algo mais é um conto...

Do livro de contos "Complexo do Alemão & outros contos", deste blogueiro.

                                             A vedete.
                                                   (conto)


 A Praça Tiradentes era o centro do lazer noturno do Rio de Janeiro naqueles idos dos anos 40 do século passado e eu, vindo do interior profundo de Minas Gerais, era espectador deslumbrado daquelas noites de teatro, de cabarés e da vida que fluíam, assim meio inocentes, aos meus desejos e sonhos de jovem. No Teatro Carlos Gomes encenavam-se as Revistas de Walter Costa, Chianca de Garcia e dos chamados reis da noite. Os maiôs cheios de brilhos das lantejoulas de arminhos, prateadas, douradas, azuis, vermelhas, desenhando os corpos graciosos e sensuais das vedetes sob os holofotes de luzes cambiantes; pernas e coxas desenhadas em contornos sensuais. As piruetas e danças com os bailarinos e palhaços; era tudo muito festivo. Desejo despertado e ilusões desfiladas nos sonhos das noites de fins de semana. Ali Dalila Escarlete desfilava e, entre todas, ela é quem merecia a minha admiração especial e alimentava os meus desejos não só românticos, mas sensuais, devo confessar. O acaso fez aproximar-me dela. O acaso, do qual já nem me lembro, quando e como se deu. O importante, agora que escrevo estas linhas, é lembrar que um dia nos encontramos, quando ela saía dos camarins pelos fundos do velho teatro. Era talvez mais bela, aos meus sentidos, sem a maquiagem, as luzes e o brilho do palco. Um sorriso nervoso, um murmúrio de palavras desencontradas e a sua admiração da minha ousadia por aproximar-me. Os olhos de Dalila Escarlete, de um profundo negror, tinham um brilho que iluminava as suas feições morenas e os seus cabelos castanhos caiam ligeiramente sobre os ombros, esvoaçando. O sorriso dela era, a um tempo, ingênuo e maldoso; o seu corpo de vedete buscava, e quase atingia, a perfeição. Eu não perdia um espetáculo sequer em que Dalila figurava, dançando, em requebros sensuais, as marchas e sambas excitantes das Revistas da Praça Tiradentes. Terminados os espetáculos, lá ia eu esperá-la ao sair dos camarins. Era um tonto de paixão juvenil que ela esnobava com aquele sorriso cheio de negaças e fingidas esperanças.
Durante muito tempo eu abordava Dalila ao fim dos espetáculos, mas a aproximação, desejada, não se deu. Ela, mulher inteira e madura em seus 22 anos e eu um jovem ingênuo aos 18; não tinha mesmo chance.
Depois, como não se apresentasse mais nos espetáculos do Carlos Gomes, perdi Escarlete de vista, embora ela permanecesse na minha mente e nos meus desejos. Procurei a vedete por onde pensei poder encontrá-la; em outros palcos e na noite de Copacabana que então começava a abrir-se à boemia carioca; e nada. Soube, depois, por um dos porteiros do Teatro, que a musa tinha ido exibir-se nos palcos de São Paulo e se casado com um homem rico. A paixão frustrada que se instalara em mim se desvaneceu aos poucos.

Nada como o tempo para apagar paixões e a minha, inexoravelmente, passou e a lembrança da Dalila Escarlete se esfumou.
O tempo, do qual ora falo, se contava, então, em mais de trinta anos. A minha juventude já se fora. A lida diária e a luta pela vida enrugaram-me o rosto e pratearam os meus poucos cabelos. Eu passava, então, quase diariamente, pelo grande saguão do Palácio da Educação, me dirigindo ao trabalho na Cinelândia. Aquele edifício, erguido nos moldes da arte moderna, por Le Corbisier assessorado pelo imortal Oscar Niemeyer, fora pioneiro daquela corrente arquitetônica na cidade. Os ladrilhos de Portinari, cobrindo as paredes em doces curvas, enchiam-me os olhos e a mente e eu fazia questão de por ali passar para me revitalizar com aquela beleza e a vista dos jardins, em meandros, de Burle Marx, redesenhando as fontes e passarelas de pedras portuguesas.
Numa manhã de primavera dessas em que a luminosidade da cidade do Rio se mostra cristalina, vi, sentada em um dos bancos do jardim do Palácio, uma mulher já velha. Aproximei-me e, do recôndito de minha cansada memória, reconheci aquela figura: era Dalila Escarlete. Fixou em mim aqueles mesmos olhos escuros, mas já sem o brilho de outrora. Seus cabelos castanhos empastados de alguma brilhantina vagabunda já não mais esvoaçavam. O seu semblante, cravado de uma profunda tristeza, denotava a alienação em que vivia. Olhou-me, apertando os olhos como que tentando estimular a memória, depois sorriu o riso dos dementes. Seu corpo descarnado, vestido de trapos de estampados colorido, já não tendia à perfeição das noites do teatro. As belas pernas que rodopiavam nos palcos da minha juventude estriavam-se de varizes azuis. Foi muito triste aquela visão da antiga diva. Ao lado, no banco em que se sentava, algum dinheiro se espalhava, lançado por transeuntes; eram moedas e notas que pareciam não interessar a ela. Dalila continuava a apertar os olhos negros a mirar-me e a sorrir o riso dos alienados. Não me reconheceu e nem podia reconhecer, pois, além do tempo, fugira-lhe a mente. Confesso aos que me lêem que uma profunda tristeza me invadiu por inteiro. Não sabia o que fazer. Pensei juntar, ao dinheiro espalhado, mais algum, porém não o fiz. Instintivamente sentei-me ao lado de Dalila Escarlete. Foi então que notei, pendente de seu pescoço por um fio, sobre o colo murcho, havia um pequeno envelope plástico transparente e ali se podia ler:

- Quem encontrar esta senhora perdida, comunique, por favor, ao Retiro dos Artistas.

Saí caminhando, meio tonto, pela Rua Araújo Porto Alegre e no primeiro telefone público, que encontrei, liguei para Retiro cujo telefone também constava do plástico.
Fiquei ali por longo tempo ao lado da Dalila até que chegou a ambulância que a levaria. Ainda sorrindo, com aquele riso triste e alienado, foi conduzida delicadamente ao veículo por duas enfermeiras, vestidas de branco imaculado; o dinheiro se espalhou sobre as pedras portuguesas.
Antes de entrar na ambulância, Dalila Escarlete virou-se em minha direção, apertando os olhos negros desbotados, sorriu, como que se despedindo.
VHCarmo.