domingo, 29 de janeiro de 2012

Os ciganos do Capivara...

         Este modesto escriba nasceu em Palma (MG), pequena vila fronteriça do Estado do Rio, lugar de muitas e histórias e violência política no passado. É um muncípio e comarca antigos que foram perdendo, aos poucos, os seus distritos, que ora se reduzem a três.  A cidade fica num belíssimo vale, cujas montanhas adjacentes ainda ostetam as corôas da extinta mata atlântica. Lugar bucólico onde dois riberões se crusam, formando o Capivara que vai desaguar no Rio Pomba, ainda no município, no distrito de Cisneiros. Foi lugar de plantação do Café, até o início do século XX, que era enviado ao porto do Rio de Janeiro, pela estrada de ferro extinta. Brejos auríferos ensaiaram a mineração que não foi longe, produzindo poucos ricos e muita desilusão. Hoje o município continua pobre mas querido por seus filhos que lhe dão vida.   Ir a Palma, ver aquele belo vale, visitar seus antepassados que jazem no campo santo do Mato Dentro e  sentir as suas montanhas por perto faz parte vital da vida desse blogueiro.      Este conto que aí vai, pretende deixar um testemunho da presença periódica dos ciganos na antiga Vila do Capivara. Olhem só:

                                             
                                       
                                   Os ciganos do Capivara.
                                                                Conto

A pequena cidade de Palma em Minas Gerais que fica bem junto à divisa do Estado do Rio, era ainda o Curato de Santa Rita da Meia-pataca da Diocese de Leopoldina no início do século XIX quando, nas margens do Ribeirão Capivara, já acampavam periodicamente os ciganos. Mal entrada a primavera eles chegavam.
Os meninos, e até mesmo os adultos do povoado, ao despontar as primeiras flores silvestres nas bordas do córrego e quando as folhas e galhos das árvores se punham a balançar ao vento agradável e morno que espantava o inverno, já se mostravam ansiosos esperando a chegada dos ciganos.
A expectativa dos habitantes da Vila era, assim, um misto de ansiedade e alegria que iria causar o colorido das vestes dos nômades, a difusão dos sons nos falatórios das mulheres, da algazarra dos meninos ciganos e a música de seus instrumentos rústicos. Com eles chegava também a preocupação sobre estórias e mitos correntes de males – nunca bem definidos - que eles ciganos poderiam trazer, embora nunca se tivessem notícias que os trouxera.
Os nômades vinham como numa uma procissão: os homens de calças largas de pano fino, blusas de seda com as cabeças envoltas em lenços vermelhos, dentes de ouro; as mulheres com suas saias e cabeleira longas e coloridas, as crianças com suas vestes multicores. Os carroções com as tralhas, os cavalos enfeitados com montarias de couro pintadas e encravadas de prata, puxados pelos cabrestos levantavam a poeira. Armavam suas tendas de pano grosso cor de barro e instalavam seus fogões, utensílios e cômodos íntimos, plantando uma pequena comunidade nas margens do Ribeirão Capivara que corria ali com suas águas limpas e cristalinas. Tudo sobre a sempre renovada curiosidade, meio distante, daquela gente da Vila.
Os ciganos traziam cavalos para vender e, exímios latoeiros, expunham à venda seus tachos, panelas, canecas e canecões que soldavam ali mesmo em fornos improvisados. Plantada a míni vila, se atiravam ao comércio: os homens a negociar os animais e os utensílios e as mulheres, acompanhadas dos filhos pequenos, a abordar as pessoas pelas ruas da Vila para lhes ler nas mãos a sorte e lhes prometer sempre a felicidade e, porém muitas vezes, as assustando sob velada ameaça de algum mal indefinido, se recusada a leitura e o seu ganho. Aos homens ciganos atribuíam-se maldades, traições e trapaceio nas transações. Propagava-se que, tão hábeis a enganar as pessoas, conseguiriam vender cavalos cegos aos mais incautos. O mais grave: veiculava-se até que eles seriam capazes de “roubar crianças”. Por isso as crianças da Vila tinham medo dos ciganos. Os meninos desciam até perto das tendas no Capivara e, ali um tanto distantes, ficavam a observar a movimentação do bando e, quando descobertos, fugiam em alarido.
Sob os lampiões de óleo a alumiar as tendas e ao redor da fogueira noturna no terreiro os ciganos dançavam ao som das sanfonas e entoavam remotas canções langorosas e ritmadas pelos chocalhos.
Aqueles nômades, segundo se acreditava, tinham origem na Europa medieval, provavelmente do leste magiar e teriam vindo ao Brasil e àquela região, através da Espanha. Falavam português com sotaque característico da língua de Servantes.
Mal finda a primavera e principiando o verão, os nômades partiam, seguindo a sua sina. Nunca se soube, ao certo, seu próximo pouso. Sumiam pela estrada que vai a direção ao Rio Pomba, no distrito de Cisneiros, naquela mesma procissão, arrastando as suas tralhas. Antes de sair limpavam o terreno que ocuparam e deixavam intactas as flores e as plantas silvestres das margens do Capivara.
Numa daquelas visitas dos nômades, dizia-se, que aconteceu um fato cujos detalhes, até hoje, correm de “boca em boca” na cidade de Palma. Acontecimento, transmitido por antigos habitantes, a sua veracidade não se atesta, mas há, sem dúvida, muita verossimilhança naquilo que se conta e permanece.
No final das ruas do povoado, num pequeno sítio no início do caminho que vai para a divisa da Vila com o Estado do Rio, veio morar, então, uma modesta família de agricultores. Nunca se soube exatamente de onde viera.  Eram os Mitri Occa, gente que passou a mourejar na roça desde o início do povoamento da Vila  Capivara, nome que o Curato de Santa Rita da Meia-pataca passou a ter quando o povoado foi elevado a Vila em 1860 e consagrado ao padroeiro São Francisco de Assis.
A família Mitri Occa, além dos pais, seu Epifânio e Dona Isabel, tinha três filhos; o mais velho era Juan Occa, que estava então com quinze anos e já trabalhava no eito e se alfabetizara na sala de visitas da Dona Nenzinha, que era a única escola da pequena Vila do Capivara.
Daí que, chegando então uma nova primavera e com ela os ciganos se instalando ali bem perto de onde os Occa mexiam com a terra, o jovem Juan os via com natural curiosidade. Aos poucos o rapaz foi se chegando ao bando; estranhamente não tinha receios de se aproximar. Ia de casa às tendas e voltava, a princípio por pouco tempo, tempo que se foi alongando. Num mesmo dia, indo pela manhã, chegou à casa, de volta, já era noite, preocupando os pais.
O verão se aproximava e era a hora de se irem os ciganos, como de costume.
No dia da partida, o rapaz falou aos pais que iria se despedir dos ciganos que desarmavam as tendas. Juan não voltou, foi-se com o bando. Foi visto, por várias pessoas ao atravessar o centro da Vila, na procissão dos ciganos.
Os velhos pais de Juan choraram a sua ausência, mas estranhamente não moveram um palha sequer para reclamá-lo. Nem a insistência do Delegado de Polícia os fez mover.
Passado alguns anos e, chegando uma nova primavera, aquele bando de ciganos voltou. Montou seu acampamento no local costumeiro nas margens floridas do Capivara.
Epifânio e Isabel foram caminhando até as tendas. Em meio ao tumulto da chegada do bando, um jovem cigano com o característico lenço vermelho envolvendo a cabeça, a blusa de seda e as calças largas, correu ao seus braços: era o filho.
Os pais do cigano Juan misturavam, ali naquele terno abraço, e num mesmo pranto, a alegria de reencontrar o filho e a remota saudade de sua origem nômade perdida no tempo.
VHCarmo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O JUDICIÁRIO RESISTE. NÃO ABRE MÃO DA IMPUNIDADE...

                                A resistência do Judiciário brasileiro a se tornar uma instituição democrática no sentido mais amplo, é deveras, incrível. Além de ser produtor de injustiças gritantes com desrespeito a lei e a Constituição, seus membros se aferram a privilégios moralmente inaceitáveis e pretendem pairar sobre o bem e o mal.
                               A cúpula do Judiciário brasileiro perdeu a compostura, a mínima decência e a chamada “majestade”. Envolve-se em enriquecimento ilícito e pretende que os seus “magistrados” sejam intangíveis à investigações pelos órgãos de transparência social e até pelo CNJ inserido na Constituição com essa finalidade.
                                Por outro lado, se até aqui a diferença de tratamento de ricos e pobres era disfarçada, hoje os magistrados até se vangloriam de dispensar proteção a “veneráveis bandidos”, distribuindo benesses e “hábeas corpus”, este remédio heróico, muitas vezes ditado pelas madrugadas com o EVENTUAL magnânimo prolator do  liberatório  vestido, ao invés da  toga, de pijamas, manifestando indignação contra aqueles que tentam investigar os "veneráveis   bandidos"e a ousadia de  perturbar-lhe o sono  àquela hora de repouso.
                         
                   O Tijolaço do Brizola Neto, publicado no dia 24 p.p. é atual e merece ser lido.             Este escriba transcreve e assina embaixo.  Sigam:
                                           Os flagelados do Judiciário.

                                     Acabo de ler e ver reportagens sobre dois assuntos, que não sei se são um só.

Uma, no Estadão, sobre as remunerações de até centenas de milhares de reais percebidas por juizes e desembargadores em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Outra, na Folha e no Viomundo, sobre a violência e o desrespeito aos pobres moradores expulsos do Pinheirinho.

Para quem, ainda criança, viu atearem fogo e lançarem cães contra os favelados da Praia do Pinto e do Morro da Catacumba, há 40 anos, é como descrer no progresso humano.

Ontem mesmo o Estadão publicava que os nobres desembargadores consideravam uma violência ser exposto ao público o fato de que alguns deles – nem se discute se com origem legal ou não – terem movimentações imensas em suas contas bancárias, embora nome algum tenha sido revelado, porque as investigações são feitas dentro da prudência da lei, que deve preservar a todos.

E quem preserva essa pobre gente e seus filhos? Crianças, que os senhores juízes, quando são seus filhos, cuidam com tanto empenho, com tantas babás, boas creches, escolas de qualidade e todos os mimos e carícias?

Suas Excelências, decerto, não são monstros e não deixam de saber que – não importa que ganhem muito bem por seu trabalho – do fundamento jurídico da igualdade humana e dos princípios constitucionais da proteção aos direitos humanos e, sobretudo, das crianças. Inclusive e, especialmente, das pobres, que não têm senão o Estado para tutelar seus direitos mais comezinhos.

O que ocorreu em Pinheirinho não se passou no interior de Rondônia, nas selvas do Pará, ou em outro lugar remoto do qual se pudesse dizer estar além das fronteiras da compreensão moderna da aplicação da lei como instrumento de proteção a direitos – e os sociais sempre se sobrepõem, do ponto de vista do Estado, aos individuais, embora não possam anula-los – e não a privilégios.

A Suprema Corte brasileira, que considerou relevante proteger os direitos do Sr. Daniel Dantas, para que este não fosse exposto com algemas nas mãos, acha correto disparar balas de borracha – nem falo das de verdade, que se disparou também – contra mulheres e crianças? A Justiça brasileira acha correto contribuir para o risco de promover outro Eldorado dos Carajás ali pertinho da maior metrópole do hemisfério Sul?Federal para conceder aumentos ao Judiciário, há declarações públicas, tratativas políticas o apelo ao bom funcionamento de uma instituição da República.

O que está acontecendo com o Direito e a Justiça deste país?

Quando se trata de pressionar o Governo

Quando se trata de defender seus mais frágeis jurisdicionados nem mesmo um apelo à moderação, à humanidade, ao bom-senso. Havia, na ordem mandatória do despejo, alguma determinação de que houvesse assistência social, preparação dos serviços públicos para encaminhar as pessoas a casas, as crianças a escolas, os carentes à assistência devida?

Ou apenas para enxotá-los, como se fossem cães?

Será que precisamos de um novo Sobral Pinto para constranger a Justiça brasileira, pedindo que se aplique aos seres humanos do Pinheirinho a lei de proteção aos animais?

O ovo da serpente, ao qual se referiu a Ministra Eliana Calmon, eclodiu em São José dos Campos. Um Judiciário – porque seria desonroso chamar a isso de Justiça – que é algo que já não se rege nem pela moralidade e nem mesmo pela humanidade.

Há um campo de refugiados em São José dos Campos. Lá estão os flagelados. Não da seca, não das chuvas.

Os flagelados do Judiciário brasileiro, que repete a olímpica indiferença de Maria Antonieta.

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Observação desse Blog:  - A execução da reintegração de posse do Pinheirinho incubida ao poder público ( Prefeitura e Estado de São Paulo)   deveria ter sido planejada em concordância com a Justiça e sob a supervisão do Juízo da Execução e a eles  caberia procedê-la de modo a assegurar os direitos e a integridade física dos ocupantes e de suas famílias.  O Estado de São Paulo acionou a Polícia Miliatar e procedeu à reintegração mediante violência ( via armata) como tem procedido, aliás, em todos os eventos sociais em São Paulo.    Por fim é de se indagar: quem foi o beneficiário dessa violência? Qual o interesse econômico imbutido na ação?  É dispensável dizer  o nome do reintegrado-beneficiário, todo mundo sabe:  ele é um "veneráveis bandidos".

VHCarmo.


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O QUE REPRESENTA A APROVAÇÃO RECORDE DA PRESIDENTA DILMA!

                           A aprovação da Presidenta Dilma em seu primeiro ano de governo é inédita. A pesquisa “Data-folha” é insuspeita
                         O que representa essa avaliação positiva de 59% dos consultados e o registro de apenas 6% daqueles que não a julgaram bem? E o significado do importante dado apurado segundo o qual num escala de notas de zero a 10: 7,2% foram positivas na avaliação do governo?
                         Sem dúvida, a primeira constatação que ocorre é a pouca validade que resultou dos ataques da grande mídia ao seu governo que consistiram, sobretudo, na distorção de notícias, na veiculação de fatos e dados adulterados, a busca insistente de escândalos e a omissão das informações sobre a ação positiva desenvolvida no governo em favor do país.
                         O povo brasileiro em geral e a classe média em ascensão que ora, segundo as pesquisas, atinge a 90 milhões de brasileiros não se deixaram  manipular.
                           O discurso udeno-moralista vem caindo no vazio e, felizmente, o golpismo vai sendo cultivado apenas por uma minoria, agasalhada pela oposição.  Talvez lhes falte, atualmente, a porta dos quartéis.
                    As vivandeiras tornaram-se carpideiras.

                              A revista VEJA que outra coisa não faz senão atacar, criar factóides, omitir notícias boas, poupar os malfeitos da oposição e dos grandes predadores dos bens públicos, acaba de oferecer gratuidade para assinantes a fim de que não debandem e vê sua venda nas bancas cair de forma assustadora. É o prêmio à mentira e ao crime que usam impunimente os ítalos/argentinos CIVITAS.

                                   A constatação seguinte é que com o êxito da presidenta e de seu governo a oposição prossegue se desmantelando ao se pautar pela mídia.
                                    As previsões mais otimistas sobre a manutenção do núcleo paulista do PSDB-DEM-PPS, na capital, vem se desmilinguindo. Até a obsessão doentia com o Zé Serra vai chegando ao seu limite, pois a sua rejeição numa eventual candidatura à prefeitura da cidade de São Paulo, segundo as recentes pesquisas, é das mais altas dos concorrentes conhecidos, ultrapassando 35% dos consultados. Depois de tantas promessas não cumpridas, de tantas campanhas eleitorais estranhas, de tantos mandatos abandonados pelo meio parece que os paulistanos se cansaram dele.
                                   A dificuldade maior da oposição consiste também em não ter argumentos para se contrapor ao fato incontestável - que já atingiu à compreensão da maioria dos brasileiros - ou seja,  que há , em curso, um processo de ascensão social do povo e do país. O discurso da oposição se tornou antiquado e a via golpista inaceitável.

VHCarmo,

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um soneto é "algo mais".

         SONETO FUTEBOLÍSTICO.

Glauco Mattoso.

Machismo é futebol e amor aos pés.
São machos adorando pé de macho.
e nesse mundo mágico me acho
em meio aos fãs de algum camisa dez.

Invejo os massagistas dos Pelés
nos lúdicos momentos  de relaxo,
servindo-lhes de chanca e capacho,
levando a língua ali, do chão no rés.

É lógico que um cego  como eu
não pode convocar o titular
dum time brasileiro ou europeu.

Contento-me em chupar o polegar
do pé de quem ainda  não venceu
sequer a mais local preliminar.
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VHCarmo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS - Justiça no STF...

                              O texto abaixo transcrito é de uma contundente verdade. Expõe as diferentes  formas como são julgados os pobres e os ricos, por nossos "riquíssimos" Ministros do Supremo Tribunal Federal. Não é por acaso que a Justiça brasileira está totalmente desacreditada por todos aqueles que amam a verdadeira JUSTIÇA.

                                         STF que soltou Daniel Dantas nega Habeas Corpus para José Rainha

17/1/2012 12:42, Por Redação, com Vermelho.org.br

STF indeferiu na segunda-feira o pedido de liminar para Habeas Corpus em favor do militante José Rainha.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, indeferiu na segunda-feira pedido de liminar para Habeas Corpus em favor de José Rainha e de dois outros militantes da reforma agrária que atuam no estado de São Paulo.
Os três estão presos numa decisão política e em favor do latifúndio, tomada por um juiz federal de Presidente Prudente. Pelos “crimes” apontados, percebesse bem qual o entendimento do magistrado sobre a luta pela reforma agrária.
O mais impressionante na decisão expedida pelo presidente do STF é que ele se fundamenta, para impedir a soltura dos militantes, em um precedente de negação de Habeas Corpus relatado pelo ministro Gilmar Mendes. Sim, ele mesmo, o Gilmar Dantas que mandou soltar Daniel Dantas duas vezes e o médico estuprador Roger Abdelmassih, que imediatamente fugiu do Brasil.
Peluso se reportou à decisão do juiz de Presidente Prudente, segundo o qual, mesmo após sua prisão, José Rainha e Antonio Carlos teriam ameaçado uma testemunha. Não levou em conta o argumento da defesa de que a suposta ameaça foi sustentada por uma denúncia anônima.
                                     Dois pesos…

Ou seja, para manter José Rainha preso, vale uma denúncia anônima de ameaça à testemunha. Mas para soltar Daniel Dantas, não vale uma mala com dois milhões de reais, entregue numa tentativa de suborno, filmada e exibida para milhões de pessoas no Jornal Nacional.
                                 A cada decisão do Supremo, comprova-see que aquele Tribunal é o retrato mais fiel de como ainda é injusto o Brasil. E cada vez mais descobrimos como são sábias as palavras da ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiça, que afirmou que existem “muitos bandidos de toga”.
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VHCarmo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

BBB um desrespeito ao publico e uma afronta à moral comum...

                             Há abordagens de certos fatos ou assuntos propagados na mídia e, particularmente, daqueles  ocorridos  nas TVs., que são de tal forma clara e bem formuladas que cumpre a gente, até por dever do amor à verdade,  propagar ao máximo.
                    Isto é que leva a este humilde blogueiro reproduzir o texto do jornalista Fernando Brito, extraído de seu TIJOLAÇO.       É, de fato, uma análise irretorquível do abuso absurdo a que estamos todos  sendo levados pela sujeira moral que TV Globo se acha no direito de espalhar com o BBB. 
Olhem só:
Saiu no Tijolaço, do incomparável Fernando Brito:

                                                 A Constituição é letra morta?

Ninguém tem nada a ver com o que fazem pessoas maiores em sua intimidade, de forma consentida, se isso não envolve violência.
Niguém tem nada a ver com o direito de pessoas expressarem opinião ou criação artística, independente de se considerar de bom ou mau gosto.
Outra coisa, bem diferente, é utilizar-se de concessões do poder público, como são os canais de televisão, sobretudo os abertos, para promover, induzir e explorar, com objetivo de lucro, atentados à dignidade da pessoa humana.
Não cabe qualquer discussão de natureza moral sobre a índole e o comportamento dos participantes. Isso deve ser tratado na esfera penal e queira Deus que, 30 anos depois, já se tenha superado a visão que vimos, os mais velhos, acontecer em casos como o de Raul “Doca” Street, onde o comportamento da vítima e não o ato criminoso ocupava o centro das discussões.
O que está em jogo, aqui, é o uso de um meio público de difusão, cujo uso é regido pela Constituição:

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;(…)
IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Não adianta dizer que um participante foi expulso por transgredir o regulamento do programa. Pois se o programa consiste em explorar a curiosidade pública sobre comportamentos-limite, então a transgressão destes limites é um risco assumido deliberadamente.

O que dois jovens, embriagados, possam ou não ter feito no “BBB” é infinitamente menos graves do que o fato de por razões empresariais, pessoas sóbrias e responsáveis pela administração de uma concessão pública fazem ali.
Assumido em razão de lucro pecuniário: só as cotas de patrocínio rendem à Globo mais de R$ 100 milhões. Com a exploração dos intervalos comerciais, pay-per-view, merchandising, este valor certamente se multiplica algumas vezes.
Será que um concessionário de linhas de ônibus teria o direito de criar “atrações” deste tipo aos passageiros, para lucrar?
Intependente da responsabilização daquele rapaz, que depende de prova, há algo evidente: a emissora assumiu o risco, ao promover a embriaguez, a exploração da sexualidade, o oferecimento de “quartos” para manifestação desta sexualidade, a atitude consciente de vulnerar seus participantes a atos não consentidos. É irrelevante a ausência de reação da jovem, ainda que não por embriaguez. Se a emissora provocou, por todos os meios e circunstâncias, a possibilidade de sexo não consentido, é dela a responsabilidade pelo que se passou, porque não adiante dizer que aquilo deveria parar “no limite da responsabilidade”.
Todos os que estão envolvidos, por farta remuneração, neste episódio – a começar pelo abjeto biógrafo de Roberto Marinho, que empresta o nome do jornalismo à mais vil exploração do ser humano – não podem fugir de suas responsabilidades.
Não basta que, num gesto de cinismo hipócrita, o sr. Pedro Bial venha dizer que o participante está eliminado por “infringir as regras do programa”. Se houve um delito, não é a Globo o tribunal que o julga. Não é uma transgressão contratual, é penal.
Que, além da responsabilização de seu autor, clama pela responsabilização de quem, deliberadamente, produziu todas as cirncunstâncias e meios para isso.
E que não venham a D. Judith Brito e a Abert falar em censura ou ataques à liberdade de expressão.
E depois não se reclame de que as demais emissoras façam o mesmo.
O cumprimento da Constituição é dever de todos os cidadãos e muito maior é o dever do Estado em zelar para que naquilo que é área pública concedida isso seja observado.
Do contrário, revoquemos a Constituição, as leis, a ideia de direito da mulher sobre seu corpo, das pessoas em geral quanto à sua intimidade e o conceito social de liberdade.
A Globo sentiu que está numa “fria” e vai fazer o que puder para reduzir o caso a um problema individual do rapaz e da moça envolvidos. Nem toca no assunto.
Tudo o que ela montou, induziu, provocou para lucrar não tem nada a ver com o episódio. Não é a custa de carícias íntimas, exposição física, exploração da sensualidade e favorecimento ao sexo público que ela ganha montanhas de dinheiro.
Como diz o “ministro” Pedro Bial ao emitir a “sentença” global : o espetáculo tem que continuar. E é o que acontecerá se nossas instituições se acovardarem diante das responsabilidades de quem promove o espetáculo.

Atirar só Daniel aos leões será o máximo da covardia para a inteligência e a justiça neste país..
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Obsservações finais deste Blog:  A luta que todos os brasileiros conscientes estão empreendendo para  que seja promovida, por lei, a regulamentação da mída e da comunicação, em geral, prevista na Constituição, encontra séria resistência de grupos poderosos, como a Rede Globo, que invocam, falsamente,  a vulneração da  liberdade de expressão, coisa que jamais esteve em cogitação.   O Brasil é o único pais democrático que não tem uma lei de imoprensa e de  comunicação, em vigor.  
VHCarmo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Um momento de reflexão sobre a crise neoliberal....

                           Este momento histórico que vivemos é, sem dúvida, uma incógnita para os indivíduos, como pessoas e agentes da promoção social. Vivemos, inquestionavelmente, um momento de virada. De perguntar-se para onde caminha a humanidade após a falsa certeza produzida pelo liberalismo ou, como se costuma dizer, pelo neoliberalismo do pós-guerra, acentuado, ainda mais, após a queda do muro de Berlim e o desmantelamento do socialismo real, tentado instalar-se a leste da Europa.
                             A globalização, inserida na idéia do neoliberalismo, reforçava, até aqui, a hegemonia – que se prometia eterna – dos centros decisórios dos paises centrais do capitalismo nos Estados Unidos e na Europa, sustentada nem sempre pela difusão pacífica dos princípios neoliberais e muitas vezes pelo emprego da força militar em guerras injustas e falsamente motivadas.
                               O mundo vinha vivendo - e de certa forma ainda vive - um falso processo civilizatório que ora se esfacela, ou melhor,  uma inversão de valores que se pretendeu disseminar, sem sucesso não só pela resistência oposta pela periferia como pela sua inadequação à promoção do desenvolvimento material, gerando, em conseqüência, o aumento dos níveis da pobreza em quase todo o mundo.
                                  As contradições internas provocadas pela hegemonia do setor financeiro, aos poucos, minadas pela a ausência do ser humano na sua realização como pessoa e agente do processo, tornaram obsoletos os mecanismo de promoção da integração entre o mundo real e o financeiro.
                                   O Sociólogo francês, Dany-Robert Dufour sintetiza, em poucas palavras, o que representou o mergulho do mundo no neoliberalismo no pós-guerra, ao definir:
“No século passado conhecemos dois grandes caminhos sem saída históricos: o nazismo e o stalinismo. De alguma maneira e entre aspas, depois da Segunda Guerra Mundial fomos liberados desses dois caminhos sem saída pelo liberalismo. Mas essa liberação terminou sendo uma nova alienação. Em suas formas atuais, ou seja, ultra e neoliberal, o liberalismo se plasma como um novo totalitarismo porque pretende gerir o conjunto das relações sociais. Nada deve escapar à ditadura dos mercados e isso converte o liberalismo em um novo totalitarismo que segue os dois anteriores. É então um novo caminho sem saída histórico. O liberalismo explorou o ser humano”.
                              A supremacia do chamado setor financeiro (o mercado) e seu progressivo distanciamento das verdadeiras fontes da produção de valor que, unicamente, se origina no processo produtivo e no trabalho, gradativamente foi inflando uma gigantesca bolha na qual a moeda assumiu uma condição “fetiche”. Daí as alavancagens e as projeções de ganhos futuros, escorados em títulos emitidos por fontes incapazes de sustentar o seu valor de lançamento, constituindo, afinal, um ambiente de severa crise, cuja saída se procura, adotando métodos restritivos na gestão da economia dos paises mais endividados, voltando-se para a supressão de direitos do povo trabalhador duramente conquistados, provocando o desemprego em massa e a pobreza.  Sintomático, também, é o drástico aumento da pobreza nos EEUU.
                           Volta-se, após essa pequena digressão, à pergunta inicial, ou seja, que homem, que pessoa, que indivíduo resultará da superação da crise do neoliberalismo?. Em quanto tempo isto se dará ?
                           No Brasil, cuja política econômica, em momento decisivo, afastou-se das práticas  neoliberais dos governos anteriores a Lula, em que pese à possibilidade, embora remota, de contaminação externa, caminha para solução de seus impasses com as medidas de integração de sua população ao consumo, à economia e na promoção da infraestrutura, gerando emprego e renda e a gradativa eliminação da pobreza.
                               Um novo homem há de surgir e essa é uma indagação universal nesse momento de crise, produzida pelo neoliberalismo e o indefinível “MERCADO”. Como será ?

VHCarmo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Algo mais é um conto...

               Este conto está no livro "Complexo do Alemão & Outros contos" deste humilde blogueiro. Vai aí para amenizar o entrevero das notícias e o martírio das enchentes. É o algo mais ...  


                                                 Loucura


                                                     (conto)

-Deixa disso Cara, esta de ficar maluco não está com nada.

-Tô falando sério, meu camarada. É a única forma de ser feliz. Sei que não é fácil ficar maluco. Mas rapá, eu vou conseguir.

O Zé Argolo que sempre fora um sujeito sério e trabalhador, compenetrado até demais para o meu gosto, andava cismando que queria ficar louco. Explicava: perseguira a vida toda aquilo que se convencionou chamar de “felicidade”, mas não teve sorte. Quando menino ia jogar bola na várzea, na Vila onde nascera, e quebrou uma perna. Passou dois meses engessado. Os companheiros diziam que “era bem feito”, pois ele não dava praquilo. “Futebol é pra quem sabe Zé!”.
Adolescente, todo mundo arranjava uma namoradinha, e ele não. Não se achava feio. E de fato não era. Não compreendia o porquê. Até o Adãozinho, caolha e manco e, por ser mulato escuro, sofria preconceito, andava namorando a Josélia que era até bem bonitinha. Acabou se casando com ela. Ele, Zé Argolo, terminou por ficar solteirão. Disto até que não se queixava tanto, pois muitos amigos dele, daquela época, se casaram e se separaram e lhe confessavam que, às vezes, tinham vontade de esganar a mulher. Sentia, sim, muito a falta de um filho. Chegou a tentar adotar um. Foi preterido duas vezes mesmo considerando que pretendia adotar um neguinho. Ele era solteiro e não conseguiu, desistiu.

-Mas Zé, você pensa que pra ficar maluco é só querer ?

-Não, meirmão, mas vou enfrentar essa parada. Olha que tem um cara lá no Vidiga, que o irmão dele era do tráfico e sumiu. O bicho ficou revoltado, era seu único irmão e companheiro; pai e mãe não tinha. Gritou aos quatro cantos que ia ficar maluco e ficou. Ontem mesmo eu vi o Luquinha lá no Arpoador, com a moçada do Cantagalo, – Lucas que a gente chamava Luquinha – andava e ia gritando coisas sem nexo, abanando uma camisa vermelha rota sobre a cabeça. Ia desfilando no calçadão; olhar vazio, com aquela cara meio iluminada: -“Ta lá -- apontando pro Vidigal -- o irmãozinho Tião! ele é danado, é do tráfico e não morre”.
- Você, meu chapa, precisava ver a cara de felicidade do Lucas! Não encarava ninguém, falava mirando lá pro Vidigal e bem lá pra dentro do mar. Pra falar a verdade, meirmão, eu acho até que vai ser fácil pra mim. Foi fácil pro Luquinha. É só eu me concentrar nesta vida merda que eu levo e nas porradas que tomo. Juro que eu tenho mais razões do que ele, pois a minha parada foi pior. Perdi em dois meses meu pai, que caiu duro num enfarto e minha mãe que vinha roendo um câncer de mama; Zizinho o caçula lá de casa era avião e teve vida curta na mão dos tiras. Fiquei sozinho no mundo, meirmãozinho; solito mesmo, pois nem amigos tenho mais; a maior parte caiu no tráfico, vida breve, e outros sumiram do Vidiga pra num morrer".

Eu até que admiti que o Zé pudesse largar tudo, até seu emprego no boteco, desconcentrar-se, mas maluco de vez; era demais. Não via como. Ele morava no Vidigal bem ali onde o Santo Papa deixou o anel, fazendo aquela demagogia para a pobreza. A Capela ainda está lá e o anel anda bem guardado por alguma autoridade, tão bem que nunca mais foi visto pela mulambada do morro.

Passei algum tempo sem ver o Zé. Já tinha até esquecido daquela estória da maluquice. Numa das minhas caminhadas matinais, em que eu subo pelo mirante do Leblon até o local onde fica o Hotel Sheraton, ali bem perto do Vidigal, gosto de caminhar mirando o mar a rebentar nas pedras, espumando. Foi numa destas que avistei um vulto estranho; vinha ao meu encontro. Barba grande a cair sobre o peito; cabelo longo esparramado pelos ombros, vestindo uma túnica branca; pés descalços. Aproximando, reconheci o Zé Argolo. Ele me olhou com um jeito distante.

- “E aí Zé ?’

Ele tornou a me olhar com aqueles olhos profundos, parecendo então me reconhecer.

- Oh meirmão, deixei aquela mania de ficar maluco; agora sou da Igreja Evangélica do Fim do Mundo. Faço a minha pregação.

- O que é que você prega Zé Argolo ?

- O Juízo Final. Tá vendo essa gente aí do morro ? – e apontava pro Vidigial - se não se converter vai tudo pro inferno. Vai arder nas chamas.

Sinceramente não posso afirmar que o Zé Argolo ficou maluco, mas me restaram algumas dúvidas.

VHCarmo. .

Tentativa de poltizar a tragédia ambiental...

             O problema das enchentes e secas; e dos desastres ambientais e humanos em geral, merecem um tratamento especial de todas as instância do poder de decisão; ou seja, das esferas federal, estadual e municipal.  Isto, lamentavelmente, não acontece.
               As medidas tomadas em face das ocorrências atuais não podem ter, também e somente, o caráter emergencial.       Há que haver, desde logo, a adoção de medidas preventivas e de alcance mais permanente que, sem dúvida, demandam a cooperação daquelas esferas de poder.
               Há evidentemente uma  exploração de ordem eleitoreira no momento da efetiva  implementação das medidas de emergência no socorro às populações vitimadas.
              Lamentavelmente, há setores políticos, incentivados pela mídia, que tentam politizar a tragédia, como se fosse algo novo e totalmente evitável.  Passam a estabelecer culpas com evidente  própósito político/partidários.      
                No Blog do Zé, o blogueiro José Dirceu produziu as considerações, abaixo, que a gente recomenda ler.

                                  Olhem só:

                        Resultados mostram eficácia da cooperação institucional para o país avançar.
                             Todas as medidas de emergência adotadas (como as colocadas em prática agora ante a tragédia das enchentes) são necessárias e justas, mas temos um problema grave no país e para resolvê-lo o primeiro passo é reconhecer sua existência. Questões como segurança pública, desastres naturais, drogas - como a proliferação do crack agora - saneamento básico em geral, do tratamento dos resíduos sólidos só podem ser enfrentadas com a cooperação dos três entes da federação, União, Estados e municípios. Disputas políticas, de egos, iniciativas isoladas como foi o caso da operação - desastrada até agora - na Cracolândia em São Paulo, influenciadas por necessidades eleitorais ou mesmo partidárias, não levam a nada. Pior, desmoralizam o poder público.
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VHCarmo.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O perigo do denuncismo "udenista" para a democracia...

                                Embora este escriba faça uma pequena restrição ao texto abaixo, quando ali o autor se refere à atuação do Partido dos Trabalhadores então na oposição ao governo FHC, impõe conhecer a sua interpretação dos fatos, sobretudo sobre o perigo atual do chamado “udenismo” de tão triste memória em nossa história política.
                              A restrição, que esse humilde bloguinho faz, reside na constatação de que em nenhum momento o PT, na oposição, enveredou pelo golpismo ou se baseou no denuncismo tipo udenista para alcançar o poder. Seu discurso jamais empolgaria setores conservadores à direita; nem setores extremados à esquerda.
                                 A chegada  do Partido dos Trabalhadores ao poder com Lula – como se viu -- se deu num longo período histórico de maturação de um discurso, liderado pelo partido, que propunha mudança dos padrões neoliberais até então vigentes e, sobretudo, com a conscientização política do povo pobre cuja inclusão se propunha, alcançado, a duras penas, no curso de três eleições perdidas para a presidência, enfrentando métodos antidemocráticos e até criminosos da mídia e da oposição.

                               Olhem só o bom artigo do Professor Paulo Ghiraldelli Jr.:

                                              TENDÊNCIAS/DEBATES

Frustração e ódio à democracia


Não é porque a classe média conservadora não tem porta de quartel para bater que ela não deve ser vista como fomentando algo perigoso

Lula repetiu Vargas, mas com mais sucesso. Nossa democracia atual imita um pouco a de 1945-1964, mas com menos melodrama. O elo entre elas é a oscilação do "udenismo". Eu explico.

Após 1945, segundo o figurino democrático, Vargas criou dois partidos: o PSD (Partido Social Democrático) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Com o primeiro, agarrou funcionários públicos e parte dos setores agrários. Com o segundo, acolheu os sindicalistas.

Na oposição, ficou a UDN (União Democrática Nacional), que de um ideário liberal inicial foi para uma bandeira única: o combate à corrupção. "Udenismo" e "moralismo" tornaram-se sinônimos.

Quando, nos anos 1980, o Brasil iniciou seu caminho sem volta para o fim do regime militar, as oposições ganharam espaço por meio do PMDB e do PT. Ainda que o PT tivesse uma série de propostas, o discurso ético e moral era o seu carro chefe. O PMDB dizia que aquilo não era política, apenas um "udenismo" com capa de esquerda.

Com o PT participando de cargos executivos, o discurso ético perdeu força. O termo já era cadáver quando, com o mensalão de 2005, o PT acabou com a possibilidade de apresentar qualquer discurso moral. O PT enterrou seu apelido de "udenista" do modo mais irônico possível.

Foi então que uma parte da classe média, de mentalidade conservadora, agarrou o discurso moralista, contra a corrupção. Não tendo nenhum partido próprio, foram ao PSDB. Atônito, o PSDB terminou por aceitá-los e, por isso mesmo, como havia ocorrido com a UDN, acabou se distanciando das parcelas mais amplas da população.

Afinal, após 2005, Lula recolheu os cacos do PT pós-mensalão e então realmente começou a governar. Com Mantega à frente, ele fez vingar o programas de bolsas, o PAC e toda uma política de ampliação do mercado interno, anulando a má herança do governo FHC e, ao mesmo tempo, sabendo aproveitar a estabilidade da moeda que o ex-presidente havia deixado.

Assim, Lula se tornou uma quase unanimidade nacional. Quase unanimidade porque o discurso moralista, o "udenismo", ainda que minoritário e completamente ideológico -talvez até hipócrita-, tem lá o seu fôlego. Quando começa a perder gás, a imprensa acha mais um naco podre no governo, pondo Dilma a dar vassouradas aqui e ali.

A classe média conservadora, vendo a sua impotência eleitoral ganhar clímax nos fracassos do PSDB, vai para a internet para "fazer política com as próprias mãos".

Despeja na rede toda a sua frustração e seu ódio à política democrática. Nesse tipo de onda, as pessoas começam a querer punições sem investigações acuradas, alimentando uma postura autoritária.

Para eles, a democracia passa a ser vista como algo ruim, uma vez que ela parece só dar vitórias ao Lula ou, digamos, aos setores populares. Aliás, esse tipo de ódio não está distante do que sempre existiu no interior do "udenismo". Eis a minha conclusão, em forma de alerta: não é porque esses setores não possuem porta de quartel para bater que eles não deveriam ser vistos como fomentando algo perigoso.

PAULO GHIRALDELLI JR., 54, filósofo e professor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), é autor de "A Filosofia como Medicina da Alma" (editora Manole)
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VHCarmo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A visão macabra de viciados do "crak", vagando por São Paulo ...

                                  Os doentes viciados do Crack, vagando sem rumo pelo centro da cidade de São Paulo, demonstram a desídia com que a Prefeitura e o Estado tratam a questão social. Numa época em que se evidenciam por todo o país ações concretas visando a resgatar a pobreza que, está também  na raiz do vício do consumo da droga, é interessante ler o que, sobre o assunto, escreve a Senadora Marta Suplicy ex-prefeita da grande metrópole no Jornal Folha de São Paulo:

Olhem só:


                                           Inócuo e perverso.
                                                  Marta Suplicy

O chargista Benett resumiu, na Folha de ontem, o drama ladeira abaixo dos dependentes de drogas: civilização, humanidade, sociedade, esquecimento, limbo, inferno. São pessoas que, por razões diversas, caíram no mais profundo desespero e degradação.

O problema das drogas no centro de São Paulo é antigo e agravado violentamente com o aumento do tráfico e do consumo de crack.

Qualquer ação séria, que pretendesse resultados, teria de começar pela articulação dos órgãos que atenderiam aos usuários: preparação de leitos para internação, serviço médico treinado e a postos, albergues, centro de convivência e assistentes sociais em número suficiente. Em resumo, uma ação preparatória e coordenada que antecedesse qualquer tipo de repressão.

A opção pela intervenção pirotécnica, semelhante, porém mais violenta que a de 2009, segue para o mesmo resultado: a falta de solução. Uma ação espalhafatosa com cunho nitidamente político para dar resposta a duas questões, como informou Catia Seabra ("Kassab e Alckmim temiam ação do governo federal", "Cotidiano", ontem). Pesquisa interna indicava cobrança da opinião pública na comparação entre ações do mesmo tipo no Rio, planejadas e bem-sucedidas, e em São Paulo.

Dilma lança programa nacional de combate ao crack, o ministro Padilha vai in loco se inteirar da situação na cracolândia. Em função disso, apressadamente, governo e prefeitura buscaram entendimento para ação conjunta.

Sem preocupação com o usuário, repete-se a mesma encenação, versão três etapas: arrasa e "limpa" a área (farta cobertura), visa prender traficantes (todos aplaudimos), apesar do comandante da PM na região central dizer de sua certeza de que não vai acabar com o tráfico no centro. Afirma-se que "a dor e o sofrimento" do usuário irão fazer com que ele procure ajuda (onde?). Última etapa: dispersão dos moradores de rua agrupados.

O que foi, de fato, preparado para resgatar e reinserir esse ser humano? O tratamento do dependente de crack é dos mais difíceis e custosos que existem. A Prefeitura de São Paulo tem orçamento de R$ 38,7 bi, disponibilidade para investimentos de R$ 5,2 bi e outros R$ 7,5 bi em caixa. Poderia, se a preocupação fosse verdadeira, elaborar com cuidado e competência um programa modelo, que seria até referência internacional de intervenção social em grandes metrópoles. Preferiram a farsa.

Daqui a alguns dias, outros assuntos tomarão as páginas de jornal e outros locais serão escolhidos pelos mesmos desesperados para se agruparem. E a prefeitura poderá mostrar sua intransigência contra traficantes e a cidade suja na campanha "Antes não tinha, agora tem".

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VHCarmo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

"A VIDA QUER É CORAGEM"...

                                  Uma coisa é a gente saber que a nossa Presidenta Dilma foi, e é , uma pessoa forte, uma mulher singular, com uma vida cheia de nuances, ora de sofrimentos, ora de glórias, outra coisa é seguir em detalhes a bela obra “A VIDA QUER É CORAGEM – A trajetória de Dilma Rousseff, A primeira presidenta do Brasil” livro escrito pelo jornalista Ricardo Batista Amaral.
                                  Não é uma simples biografia; não é não!. É uma descrição da luta pessoal de uma mulher brava; de uma lutadora a superar enormes obstáculos e chegar lutando, contra tudo, à presidência desse país que caminha para ser a quinta potência econômica do mundo. Aliás, essa mulher, como se vê do livro, contribuiu decisivamente para essa conquista.
                                    De logo, há, na obra, duas linhas paralelas a conferir entre Dilma e Lula que se encontram no infinito próximo de duas pessoas diferenciadas e notáveis. Uma que vem do universo dos pobres, do operariado e transforma um país e outra que vem do combate clandestino contra violência da ditadura militar. As linhas se convergem de modo impressionante no objetivo comum de construir uma nação e expurgar a pobreza.
                                     O autor do livro é detalhista e isto proporciona uma análise da coragem dessa mulher e daquilo que o título da obra não diz: a incrível eficiência das ações que ela empreende no curso de sua atuação política e administrativa, desde o início no Rio Grande do Sul, onde desembarca da prisão, até as ações que a aproximaram do poder e nele desenvolveram, abrindo seu caminho à presidência.
                                   O livro do escritor Ricardo Batista Amaral é daqueles que os melhores analistas não conseguem interpretar totalmente e que, portanto, só se pode avaliá-lo bem, lendo-o.
                                   Apesar disto, cumpre a esse escriba manifestar uma profunda admiração, a um tempo pela propriedade do título da obra e no outro pelo fato de o escritor ter trazido ao público o conhecimento das ações dessa mulher incrível, Dilam Rousseff,  que restaram, por tanto tempo, sem conhecimento geral e, sem dúvida, foram as razões que a levaram ao posto máximo que atingiu: a presidência da República, repita-se.
                                  Por fim, cabe dizer que o livro encerra uma descrição didática do encadeamento histórico que veio a produzir esse fenômeno, ou seja, a mudança radical da política brasileira, livrando-a das lideranças retrógradas do coronelismo e da  adesão ao neoliberalismo e de sua doutrina de subalternidade do nosso país, professada pelo governo anterior.
                                   O livro do escritor Ricardo Batista Amaral não pode deixar de ser lido por todos aqueles que amam a nossa pátria.

VHCarmo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A Globo e o "Conversa Afiada" do PHA.



                    Este escriba não pode se furtar de replicar aqui o humor (negro?) do ilustre Jornalista Paulo Henrique Amorim.  De fato, a Globo está exagerando. De um lado tenta provocar crises e de outro lado manipula notícias, as omite e propaga um verdadeiro terror midiático.  É bom ler, e quem sabe?, RIR...
                           
                            A Globo existiria na Rússia,
na Índia ou na China ?
Publicado em 06/01/2012

Não se faz omelete sem quebrar os ovos.

O Conversa Afiada reproduz alguns tuiters do ansioso blogueiro a propósito da crise da chuva que a Globo impõe ao Brasil.

O Conversa Afiada não esquece do “caosaéreo”, também uma imposição da Globo ao Brasil, quando se dizia que o Lula não ligou o transponder do Legacy nem puxou o freio do avião da TAM em Congonhas.
Segundo Lula, foi a maior crise que ele viveu no Governo.

Uma crise criada e ampliada pela Globo.

Agora tem a chuva: uma questão de Segurança Nacional:

6a. economia do mundo não tem instrumento para enfrentar a Globo;
se marte invadir o Brasil, Governo não tem como avisar em rede nacional;

se a 5a. Frota chupar o pré-sal, a Globo fica a favor e o Governo não tem como enfrentar;
a globo é uma questão de Segurança Nacional – não é, Celso Amorim ?
se houver uma catastrofe nacional, como o Governo chega ao cidadão – sem a Globo ?
o conselho de segurança nacional já pensou – e se os EUA invadirem e a Globo for a favor ?
Churchill só ganhou a guerra porque tinha a BBC para dar os discursos dele
com a globo, 6a. Economia não chega a 5a.;
se a globo decidir não dar mais noticia sobre o brasil ?
e se o slim comprar a globo ? como o Governo vai falar ao cidadão ?
o Chefe do Estado Maior gosta de ser refém da Globo ?
sem a bomba e com a Globo, o Brasil não chega lá
o pré-sal é nosso ! tem certeza ? a Globo concorda ?

Existiria uma Globo na Russia, na India ou na China, Bernardo ?

Paulo Henrique Amorim
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VHCarmo.




quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Um soneto de amor...

                                            O autor deste magnífico soneto "Que o amor inspirou", nasceu em Belém- PA., em 1872, onde faleceu. Por muito tempo foi declamado nos salões do início do século XX. Este é  um exemplar poema de uma época rica de nossos poetas românticos, cuja poética se revestia de uma certa dramaticidade, pontificando na forma de soneto. 
                                                Olhem só:
 Santa.
          Hermeto Lima.
Essa que passa por aí, senhores,
de olhos castanhos e fidalgo porte,
é a princesa ideal de meus amores
e a mais franzina pérola do Norte.

Contam que numa noite de espledores
a essa que esmaga o coração mais forte,
hinos cantaram e jogaram flores
às estrelas, em mágio transporte.

Acreditas talvez ser fantasia?
eu vos direi que não... Em certo dia
quando ela entrou na festival Capela

eu vi aVirgem mergulhada em pranto
e o Cristo de marfim fitá-la tanto
como se fosse apaixonado dela.
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VHCarmo.





terça-feira, 3 de janeiro de 2012

ONDE DEVIAM ESTAR OS GESTORES DA PRIVATARIA...

                               Para quem não viu e ouviu o discurso do jornalista Paulo Henrique Amorim, proferido no Instituto Barão de Itararé, este escriba transcreve, abaixo, a sua parte final que é, um quase resumo do que significa a impunidade daqueles que promoveram a roubalheira da Privataria Tucana e ora se pousam como vestais da democracia e se esmeram no denuncismo.

Olhem só:

                   O livro do Amaury é o couvert do que veremos na CPI do deputado federal Protógenes, e  descreve a maior roubalheira das privatizações que aconteceram na América Latina. O presidente mexicano Carlos Salinas de Gontário, que fez a privatização, entregou o México ao Carlos Slim, que se tornou o homem mais rico do mundo. O irmão do presidente foi preso, ele fugiu para a Irlanda, hoje vive num bunker na cidade do México, ninguém sabe onde é; o presidente da Bolívia, Gonzalo Sachez Lozada, fugiu para Miami sendo chamado de assassino; o presidente do Peru que fez a privatização, Alberto Fujimori, está preso; o presidente da Argentina que fez a privatização, que só não vendeu a Casa Rosada porque não deu tempo, teve que tomar emprestado um mandato de senador, para não ir em cana. E aqui o FHC cobra R$50.000,00 por palestra, aqui levam ele a sério.
Eles têm que responder, pelo que fizeram, diante do Congresso. A privatização do Brasil não é geneticamente diferente daquela que foi feita no México, na Bolívia, na Argentina e no Peru. Foi o mesmo processo de briberização (suborno) mencionado por Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia.
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Obs.: Todos envolvidos se tornaram bilionários e ainda ficam a vomitar criíticas e sugestões sobre políticas econômica e financeira do governo, usando os veiculos da mídia golpista que jamais denunciou as suas falcatruas. 

VHCarmo.

Retorno da Amazônia...

Amigos do humilde bloguinho, este escriba acaba de chegar da Amazônia (Manaus e adjacências). Foi uma viagem muito bonita. Com tempo a gente vai fazendo alguamas considerações e, sobretudo, relatar com o costumeiro entuasiamo que  lhe causa ver a nossa gente feliz e o nosso país progrdindo.  Retomando as  atividades, espera que os amigos continuem a prestigiar este humilde bloguinho.       Feliz ano novo para todos e viva! a nossa pátria e o nosso maravilhoso povo.

VHCarmo.