O
TRISTE FIM DE
UM MINISTRO DO SUPREMO.
O Ministro Ayres Brito
que se despede, compulsoriamente, do STF, ao sustentar o seu voto condenatório
na Ação Penal 470, talvez o último de sua magistratura, vaticinou uma
verdadeira heresia político/jurídica.
Sem qualquer sombra de
dúvida interpretativa de suas afirmações sustentou que as coligações de partidos para um fim comum,
ou seja no caso, para governar tem caráter criminoso. Ele até admite que para eleições os partidos poderiam
estabelecer alianças ou coalizões, mas para governar não podem.
Suas palavras: "Cada partido político é autônomo, goza de
autonomia política, administrativa e financeira em boa medida. Tem sua
identidade ideológica, ou polítco-filosófica, mas tudo isto é suspenso,
legitimamente suspenso, para formação de coligações durante o período eleitoral".
E prossegue: "Terminado o período eleitoral, as coligações se desfazem, de
direito".
O Eminente Ministro
então propõe que os partidos coligados para as eleições, quando propõem ao
eleitor um ideário comum, após a conquista do poder devem se desligar do
compromisso que os levou ao êxito, sob
pena de criminalizarem-se. Num simples
raciocínio linear o Douto Ministro
autorizaria os partidos a traírem seu
compromisso com o eleitor.
Ora, coligação e alianças
políticas se fazem com vistas à governança mediante conquista do poder e seus
meios políticos de implementar o ideário comum, ou seja, na ocupação de cargos do Executivo e na orientação Legislativa.
Esta é a regra democrática.
Até em países onde vige
o bipartidarismo ocorre, em certas situações de interesse maior da nação,
coligações para governar e usar seus meios, inclusive, legislativos. É o caso da Alemanha, Itália e Inglaterra apenas para citar os mais conhecidos.
A Constituição Federal estabelece a representação
do cidadão, como titular do poder, por
mandatários eleitos - como todos sabem - e o Congresso, por seus membros
eleitos, é o representante do cidadão na tarefa legislativa. A atuação
legislativa direta do cidadão se faz, em situações especiais estabelecidas na
Lei Maior.
Resta
claro, acredita-se até para o Eminente Ministro Ayres Brito, que as coligações
e as alianças devem ser efetivadas no sentido do compromisso assumido na eleição
com o cidadão representado, sob pena de traí-lo. O ajuste - para corrigir desvios - poderá ser
feito em uma nova eleição pelo leitor enganado. É do jogo democrático.
O Eminente Ministro não alcançou em seu pronunciamento que o
partido que se coliga e estabelece aliança com outro partido, o faz em função
de seus ideais (ideologia), mediante transação perfeitamente legais e
legítimas, com os do(s) partido(s), coligado(s).
Na hipótese de vitória da Coligação a ocupação do poder executivo se divide entre
eles, cada um ocupando o seu espaço, em constante negociação democrática e representatividade, bem como sua sustentação legislativa que se orientará, por óbvio, para a sustentação do ideário que se tornou
comum com a coligação. Onde estaria o crime
vislumbrado pelo Eminente Ayres Brito?
A levar em rigor o
pensamento do Ministro que se despede, o poder só poderia ser ocupado por um dos partidos coligados e seriam desprezados os
interesses legítimos dos outros. Isto
seria um verdadeiro absurdo e uma traição aos eleitores que elegeram a coligação. De notar que o exercício do poder e da
governança segundo a Constituição Federal se divide entre os dois poderes: o
executivo e o legislativo como já dito acima.
A afirmação, adotada
pelo douto Ministro, de que é reprovável (em tese) um determinado partido agir para a sua perpetuação
no poder, não tem o menor sentido pois, pelo
contrário: este deve ser o seu compromisso com seus eleitores, ou seja, manter-se no poder para atingir os seus objetivos adotados pelos cidadãos que legitimamente representa.
A sua substituição democrática no
poder será, normalmente, operada- repita-se à exaustão - nos termos constitucionais com as eleições periódicas nas quais o eleitor optar por outro partido ou outra coligação. Também é do jogo democrático.
Não é lícito supor que
o eleitor é tolo e será sempre enganado.
De
lembrar que, após 8 anos, o governo do PSDB e seus aliados, foi apeado do poder
pelo voto do povo, indo para a oposição.
QUE TRISTE FIM DE UM MINISTRO DO
STF.
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VHCarmo.
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