Nenhum poeta brasileiro foi mais parnasiano que Olavo Bilac, embora herdeiro do ultra-romantismo, então agonizante ao fim do século XIX, Bilac se internou naquilo que mais foi característico do parnasianismo: o cunho pessoal e subjetivista dos versos, a busca da perfeição formal e a delicada textura entre o drama íntimo e a natureza. A expressão maior da poesia de Olavo Bilac foi o soneto. Este escriba tem uma particular preferência por este soneto do mestre que aí vai transcrito.
NEL MEZZO DEL CAMIN...
Cheguei... Chegaste...Vinhas fatigada
e triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
e a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
da vida: longos anos presa à minha
a tua mão, a vista deslumbrada
tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo...Na partida
nem o pranto os teus olhos umedece,
nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face e tremo,
vendo o teu vulto que desaparece
na extrema curva do caminho extremo.
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Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac - Rio de Janeiro (1865/1918).
VHCarmo.
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