A renacionalização da das
ações da YPF, ato de soberania da Argentina,
coloca a nu, as consequências
desastrosas das privatizações da
época de Carlos Menen, ao comando das ideias neoliberais que dominaram o mundo,
principalmente, a América do Sul, em obediência
ao comando do chamado "Consenso de Washington". Lá com Menen, como cá, com FHC, talvez lá
mais do que aqui, as empresas públicas foram privatizadas, inclusive os
serviços públicos. Claro está que os
adquirentes não tinham, e não têm,
qualquer outro interesse senão auferir lucros, com um mínimo de despesas e
investimentos. Os lucros são remetidos
regularmente para suas matrizes fora do país, no caso de empresas
estrangeiras. As empresas alienadas
para grupos internos, sem compromisso social, minimizaram seus investimentos,
maximizaram seus lucros, gerando desemprego estrutural.
O caso da Repsol é exemplar,
detendo 57% das ações da YPF, adquiridas nos suspeitos leilões de privatização,
a empresa cuidou de produzir lucro com um mínimo de investimento. Com o aumento do consumo de petróleo e gás e
a queda do investimento e da exploração, a Argentina que fora auto-suficiente,
passou gradativamente de exportadora a grande importadora de petróleo e
gás. A Repsol cessou a abertura de novos
poços e "sentou-se" sobre as imensas reservas, principalmente do
gás de xisto, uma grande riqueza do
subsolo argentino. A oferta chegou a
cair 12%, enquanto o consumo de petróleo
e gás aumentou, respectivamente, e 38%
e 25%. Somente em 2010 a empresa lucrou 1,4 bilhão de euros e a produção recuou 5,5%.
É deveras estranho que uma
parte da mídia conservadora da Argentina, encabeçada pelo diário Clarin e a
maioria dos jornalões e revistas no Brasil, se colocam em posição contrária à
reestatização, veiculam opiniões de "especialistas" e apóiam a Espanha, vaticinando consequências
ameaçadoras para os argentinos e para o nosso
país, tentando intrigar o Brasil com a Argentina, passando, estranhamente, a
defender a Petrobrás à qual sempre
atacaram. Durma-se com um barulho
desses.
Impõe-se, com esse caso da Repsol, recuar aos tempos em
que o Brasil entrou no mesmo caminho trilhado por Menen. O livro do Amaury Ribeiro Jr. ( Privataria
Tucana) revela o que foram aqueles tristes tempos. Além da deslavada corrupção e manobras
espúrias dos leilões, com lavagem de dinheiro e outros crimes, o país perdeu
várias empresas estratégicas, viu serem alienados os bancos públicos estaduais
( que ora fazem tanta falta), entregarem-se valiosas subsidiárias da Petrobrás
e anulou-se o seu monopólio. A
resistência democrática impediu a alienação do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal (embora esvaziados) e
manteve a Petrobrás que já se pretendia,
transformando-a em Petroex, também alienar. Brasil e Argetina lideram o Mercosul e a
presidenta Cristina Kirchner já enviou emissário ao Brasil para informar a decisão e "tranqulizar"
os falsamente apreensivos.
Imagine-se o que seria do
nosso país se a Privataria Tucana continuasse e atingisse o que , afinal,
pretendia? Adeus auto-suficiência
energética; adeus Pré-sal; adeus benditas intervenções dos bancos públicos na
regulação do sistema financeiro, além das consequências contrárias à nossa soberania. O Brasil teria se curvado a um destino
de subalternidade (que era e é a
confnessada ideologia tucana), renunciando sua vocação natural de grande
potência econômica e social.
VHCarmo.
Quem sabe o Brasil tenha que reestatizar; não seria nada demais.
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