terça-feira, 24 de abril de 2012

Momento de poesia (é algo mais).

O último quarto do século passado cuja crueza se revela, principalmente nesta "pátria amada", trouxe à  poesia  canto novo sem dissonâncias como enfeite, sem voos emotivos já se moda. Ligando-os à  terra, despindo-os de adornos, nem por isso os versos deixaram de vergastar o tempo e a vida, buscando a "bruta mina onde o cascalho vela".
Olhem só        
                                                 O JANGADEIRO
Adriano Espínola.

Jangadas  amarelas, azuis, brancas,
logo invadem o verde do mar bravio,
o mesmo que Iracema, em arrepio
sentiu banhar de sonho as suas ancas.
Que importa a  lenda, ao longe, na história,
se elas cruzam, ligeiras, nesse instante,
o horizonte esticado da memória,
tornando o que se vê mito incessante?
As velas vão e voltam, incontidas,
sobre as ondas (do tempo). O jangadeiro
repete antigos gestos de outras  vidas
feitas de sal e sonho verdadeiro.
Qual  Ulisses, buscando, repentino,
a sua ilha, o seu rosto e o seu destino.
______________________________________________ 
VHCarmo.
   

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