quinta-feira, 12 de abril de 2012

REFLEXÃO SOBRE A ELEIÇÃO MUNICIPAL NO RIO DE JANEIRO...

                        Enquanto na campanha da eleição à Prefeitura da cidade de São Paulo se trava uma batalha importante no cenário político brasileiro com a candidatura de José Serra, tornada tábua de salvação da proposta neoliberal agonizante, no Rio de Janeiro desenha-se uma solução de consenso com a permanência do atual Prefeito Eduardo Paes, líder absoluto das pesquisas com a confortável percentual de 64% dos pesquisados, apoiado por ampla aliança de partidos.
                       Há, contudo, a repetição de uma situação muito comum, envolvendo os partidos de esquerda na Cidade Maravilhosa.   A unidade da esquerda nas eleições do município têm sido apenas um sonho sonhado e nunca alcançado.
                      Desde os ataques sofridos pelo Partido dos Trabalhadores, no episódio do chamado “mensalão” e a demonização de alguns de seus líderes pela mídia, formou-se com os precipitados retirantes da sigla uma corrente política tendente a posicionamentos de extrema esquerda, apoiada, principalmente, no PSOL, partido que se alicerça sobre parte da classe média intelectualizada e elitista e em outras siglas de menor expressão, inclusive o velho e esvaziado PCB.
                         A maior parte desses partidos são hoje constituídos de emigrados do PT, vindos naquela oportunidade do ataque ao Presidente Lula.
                        A definição de "utopia" de Eduardo Galeano é apropriada a essa situação, esses partidos pregam e defendem idéia utópica que, “como o horizonte, fica sempre distante embora se caminhe em sua direção”. É, também, conhecido o jargão que se lhe aplica com certa dose de acerto: “essa esquerda é a que a direita gosta”, por não ameaçar a sua hegemonia.
                         As duas últimas candidaturas presidenciais do PSOL o demonstram, pois, evidentemente, não visavam à conquista do poder, mas o seu discurso era contra a esquerda pragmática que, afinal, alcançou a presidência, usando a práxis política encabeçada pelo PT com seus aliados.
                          Marcelo Freixo, deputado estadual do PSOL e candidato do partido à prefeitura do Rio, ex-PT, desde logo afirma, sintomaticamente, que sua candidatura é lançada “contra a mesmice”.  Significa que ele não encara o pleito como uma disputa séria pelo poder municipal. Seria, para ele, um mero jogo ou, talvez, pretenda com essa afirmação ocultar a sua real e misteriosa intenção. Aliás, ele convocou um músico, artista sem antecedentes políticos, para ser seu vice e não consegue explicar mais e o porquê.
                O que fica absolutamente claro é que essa candidatura do PSOL, que teria teoricamente uma posição de esquerda, se coloca como um apoio às forças da direita na sua pretensão de levar o pleito para um segundo turno no qual ele, Freixo, obviamente, não estaria.  Aliás, parece uma tarefa muito difícil, diga-se de passagem.
                Outra afirmação veiculada pelo candidato, no mesmo sentido, é a de que não aceita o que ele chama de “coligações tradicionais” - sem explicar o que isto significa - e pretende uma “ligação direta com a sociedade”. Além de ser este um objetivo dificilmente alcançável por qualquer político, as pesquisas apontam uma possível ligação direta em outra direção?.
                    A sociedade - na democracia representativa – se mostra e atua, politicamente, através de seus representantes eleitos pelo povo e através dos partidos. Esta é a regra do jogo democrático.
                      Na hipótese, dificilmente realizável, ou seja, de Marcelo Freixo vir a se eleito, indaga-se:  como ele governaria sem alianças e sem partidos políticos?
                        Nos novos tempos em que vive o país, o povo vem mostrando a sua cara e não aceita mais projetos mirabolantes e utópicos, sustentados por discurso moralista em que apontam sempre para o tal horizonte distante inalcançável. O povo quer aqui e agora aquilo que busca.
                       O Partido dos Trabalhadores pretende unir-se em alianças partidárias e galgar o poder executivo, por si ou aliado, para aí participar e exercer em nome de seus eleitores e do povo do Rio um governo cujos ideais são claros, ou seja, no âmbito municipal, contribuir para a solução dos problemas e governar em favor dos mais pobres “unindo forças” com o Estado e a União.
                      O resto é um perigoso sonho utópico de conseqüências imprevisíveis; o passado o comprova.

VHCarmo.







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