terça-feira, 17 de abril de 2012

A presença policial que envergonha a cultura...

                             Há uma conexão evidente entre as políticas em curso e o ressurgimento, em São Paulo, do autoritarismo, da intolerância e da violência com que se reprimem os movimentos sociais.   
                               Os professores seguidamente são violentados nas ruas da capital em seus movimentos reivindicatórios e, inclusive naqueles de natureza mais ampla do que pletoras simplesmente econômicas; ou seja, contra o caos no ensino.
                           As autoridades do Estado e da Capital e o seu núcleo neoliberal jamais se dignam a dialogar com qualquer categoria profissional quando em movimentos pacíficos.   O diálogo pretendido é recusado e a sua contenção fica a cargo da polícia militar que é particularmente brutal.
                         A desocupação forçada do Pinheirinho e a expulsão dos pobres doentes da cracolândia se constituíram em atos de suma violência que rivalizam com aqueles do tempo da ditadura militar. Atos que a mídia tolera e que passam a ser logo esquecidos, perigosamente.
                       Nos níveis do Estado e na maior cidade do país, as camadas mais pobres da população são submetidas a um clima de violência repressiva e seguidos de estranhos incêndios de seu habitat.
                      Desenvolvem-se paralelamente o racismo e os movimentos contra os homosexuais e os nordestinos que afloram de maneira mais evidente nos períodos de campanha eleitoral.
                  A admissão, como sendo um fato natural, a ocupação policial/militar da maior universidade do Brasil, a USP, causa uma profunda preocupação em todos aqueles que amam a liberdade de pensamento e da pesquisa que não se coadunam com a presença militar, sombreando os intelectos e dando vazão a uma espécie de neofascismo.
                       Apoiada pela mídia, a repressão aos movimentos sociais e a ocupação militar da universidade são assimiladas perigosamente por certas camadas do povo paulista e paulistano que não raro procuram justificá-las sob o argumento de que seriam  medidas de segurança.
                         O policiamento armado na USP é manifestamente dirigido contra os alunos e professores e a segurança é um mero pretexto. 
                          Fato inédito que também somente ocorre na USP é a sistemática expulsão e eliminação de alunos; repetição lamentável da época da ditadura.
                                O “campus” da universidade com a presença policial fortemente armada, se transformou num local de intimidação, visando, naturalmente, a inibir qualquer manifestação contra a violência permanente emanada da reitoria. O próprio reitor, que se autodenomina “rei” e que manifesta um estranho saudosismo em relação àquilo que ele chama “de revolução de 31 de março” é o articulador da violência instalada no campus e que confunde exercício da liberdade do pensamento com rebeldia a ser combatida.
                            Seria este o exemplo a ser passado e imitado nos demais centros universitários do país?     Somente na USP os alunos se tornaram uma ameaça?    Já passou pela cabeça de qualquer pessoa ver instalada a polícia militar armada nas grandes universidade no mundo?
                           A presença militar na USP e a arrogância do Reitor envergonham a nossa cultura e a universidade brasileira.
                                  De lembrar que o Rei é egresso da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco de onde, como Diretor, foi expurgado como “persona non grata”, por unanimidade dos seus pares e dos alunos.
                                    Até quando durará a vexaminosa ocupação militar intimidatória e fascista do campus da nossa maior e prestigiosa universidade?
Que o digam o Governador, o Rei, Grandino Rodas (por sinal escolhido pelo Serra e repudiado pelos seus pares) e as demais autoridades?
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Este escriba sugere aos amigos a leitura sobre este assunto produzido por Cynara Menezes na Revista Carta Capital desta semana em que ela detalha a violência que ocorre na USP.  

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