sexta-feira, 20 de abril de 2012

O STF fica devendo...


  
Aquilo que o jornalão “O Globo” intitulou como “Tribunal Conflagrado”, ao  publicar uma entrevista do Ministro Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal, leva a gente a fazer uma reflexão sobre o que representa a atual composição do Supremo  e a  sua atuação. 
Há um certo consenso de que a composição atual dos seus membros  é das mais medíocres e sem brilho de toda a história do Tribunal.
Talvez o STF tenha sido superado pelas tempestuosas mudanças dos costumes políticos e  ideológicos  que vêm ocorrendo no país e no mundo. O nosso Supremo ainda não conseguiu acertar o passo com os fatos e vive num evidente descompasso com a realidade atual e tenta repetir o passado como guardião do conservadorismo
É evidente que o Supremo Tribunal se enveredou pelo caminho perigoso de legislar, fugindo de sua finalidade constitucional, passando a   editar normas e preceitos que seriam exclusivos do poder legislativo, a pretexto de julgar sua constitucionalidade. Essa grave distorção propicia a discussão reiterada sobre a constitucionalidade de leis sem qualquer fundamento, mais das vezes usada como instrumento de luta política  e para a satisfação daqueles que se julgam prejudicados pela norma.    O Tribunal tem se deixado usar.  
 Ao se tornar corriqueiro, o procedimento acaba dando dada a  última palavra ao Supremo, transformando-o virtualmente em legislador final ou um  carimbador de legitimidade.
 O Tribunal, por seu lado, tem aceitado este mister, sobrepondo-se ao poder legislativo. Há milhares de ações especiais, sobre os mais variados problemas e leis, aguardando no Supremo sua validação, o seu carimbo.
A  superexposição  dos Ministros do STF é algo recente no Brasil e, sem dúvida, isto se deve à atuação da mídia como força de pressão, principalmente quando se envolvem matérias políticas, econômica e de seu interesse patrimonial.
  Como a pauta política da grande imprensa é partidária, os membros do STF são fortemente pressionados através do que se alardeia como sendo “a opinião pública” o que é agitado pela mídia.
O vedetismo instalado no Supremo, tem transformado cada Ministro num ator, provocando internamente divergências pessoais e uma disputa de vaidades e egos inflados,  que é levada ao  grande público num triste espetáculo, muitas vezes transmitidos ao vivo.
 No passado  o STF era integrado por  grandes nomes do Direito e por figuras que deixaram seus nomes nos anais da República, primando pela discrição e  por seus  votos eruditos  e as súmulas emanadas então se tornavam guias seguros da jurisprudência.  
Examinando-se a  citada entrevista do Ministro Joaquim Barbosa, embora tenha sido provocada por  provocações pessoais do Ministro Peluso na Revista Eletrônica Consultor Jurídico que o teriam desagradado, revela uma lamentável falta de compostura que se espera de Ministros da  mais alta corte. Vir a tona brigas envolvendo vaidades pessoais e queixas estranhas ao ambiente jurisdicional, de qualquer forma diminui o respeito que deve ser observado à Corte.
A entrevista do Ministro   Joaquim Barbosa, prestada à jornalista, Carolina Brígido, sem que se penetre no mérito,  primam por um certa descompostura, uma certa vulgarização da  importância do seu cargo, e, sobretudo, um exaltação do seu currículo sem que nem porquê.
Sendo o único Ministro da raça negra no Supremo parece que quer, na entrevista, fazer ressaltar as sua múltipla formação intelectual, como se lhe fora contestada, deixando de lado a cor da sua pele.
 A sua negritude que deveria ser justamente exaltada por ele, parece envergonhá-lo ao reagir “com resposta dura” à qualquer insinuação. E é ele mesmo quem afirma isto ao ser indagado sobre  se “sofre preconceito?”.
É exemplar,  comparando a atitude  do Ministro, com a do metalúrgico Lula da Silva  que, chamado de analfabeto, ignorante e “nordestino” e sendo vítima de todos os preconceitos,  jamais deixou de perseguir seus ideais políticos e, no seu caminho, jamais atritou com aqueles que o infamaram, caluniaram e manifestaram preconceito.  Lula chegou onde chegou sem máguas.
O Ministro Joaquim Barbosa parece querer afastar, ou minimizar,  a evidência de que ele é o primeiro Ministro negro  do STF em nosso país onde o racismo contra os negros predomina e, principalmente, no poder judiciário.     Isto devia orgulhá-lo e não constrange-lo.  
O Ministro será sempre o Ministro negro e tal distinção, em nosso país, deve ser levada a crédito da luta contra o racismo, ponderando ainda que foi o Presidente Lula, vítima de todos os racismos, que o indicou, naturalmente considerando não só o seu saber jurídico incontestável mas,  também,  a sua cor e raça.  
O Ministro Joaquim Barbosa tem um compromisso moral com a raça negra e com suas pletoras que estão inseridas no texto constitucional e muito desrespeitadas,  mais do que qualquer outro ministro.             Aí reside a diferença que pode o dignificar. 
VHCarmo.

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