quarta-feira, 11 de abril de 2012

"A minha terra é a mais humilde e a mais querida ..."

                   AO REMOVER A IMAGEM DA ESTAÇÃO DE PALMA DO BLOGUINHO.

                                  Já foi a singela “Povoação de Santa Rita de Cássia da Meia Pataca”, depois foi “Vila do Capivara”, a beira do Ribeirão que lhe deu o nome.  Ao  fim o do século XVIII  era local de aguada das tropas com homens e mulas que, subindo a Serra do Mar, vindas dos Campos dos Goitacás demandavam os Campos dos Cataguá nos "'Caminhos de Minas Gerais".  Terra dos Puris, cafusos expulsos das montanhas que cercavam o povoado, tangidos por invasores do sul mineiro, ali chegados navegando pelo Rio Pomba.
                              Depois foi Palma, em 1891,  que ainda é, nem se sabe bem porque, mas caiu-lhe bem esse nome. Pode até não ser a imagem de uma planta. Diz-se até que lá não havia sequer uma palmeira.
                              Quem sabe o seu nome sugira uma palma de mão aberta, servindo amor, ternura e bravura. O padroeiro São Francisco de Assis cuidou de amainar os ânimos, afastando coronéis e jagunços. 
                              Este escriba jamais, em sua longa vida, se esqueceu da infância e da adolescência vivida em Palma e  ela é para sempre : a minha terra!. Propriedade, enraizada no seu peito, ninguém dele a arrebata.
                                Os versos  que aí vão foram escritos em 1988 por esse palmense.

                           Vejam só:



PALMA.

Palma sem palma.
Palma da mão
Palmatória da mestra
Das noites de festa
No alto da Igreja.

Palma sem alma
Das antigas fazendas.
Palma com alma
Das noites na rua
Dos versos pra lua

Madrugadas de bares
De ladeiras e cantares.

Mão em palma
Prazer da puberdade
Vivendo a liberdade
Da alma sem trauma.

Da mãe e do pai
Que a lembrança se esvai.

Palma violentada
De sicários cercada
Na noite
Da morte arrastada.

Palma de minha saudade
Nunca saciada.
Dos bandos ciganos
Dos doces filósofos
Das tardes encantadas
Mentiras: de casas assombradas
De almas penadas.

Palma,
Oh minha terra!
quando a vejo
sonho e desejo
no seu solo deitar
no meu sono eternal,
jamais acordar.
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VHCarmo -  junho -1988

Junho de 1988.

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