segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Um momento de poesia (é algo mais)


O poema de hoje é um brado que, se não retumba, reverbera nas críticas literárias comprometidas com o excesso novidadeiro que vem afastando a poesia do seu núcleo original, desviando-a para uma "prosa" formalmente cifrada e às vezes ininteligível. Impõe-se um movimento de restauração da poética que o jovem Ricardo do Carmo é um dos pioneiros a promover. Na linha de poetas urbanos, ele lembra Vinícios e Chico Buarque, este principalmente quando sua  poesia se expande na composição de um texto musicado. 

Olhem só:



        POEMAS SEM POESIA


São tantos os poemas sem poesia
que o coração romântico
não sabe mais o que é poesia.

Seria a palavra servida fria?

Salve nossos poetas heróicos
contra fungos e contra todos!
Salve nossos vates vagos,
nossos bravos bardos retumbantes!

Salve nossos bacharéis menestréis
que ninguém lê nem conhece
mas são motivo de tese!.

Viva o poema cerebral,
que a emoção asfixia!
Viva aos poetas da Academia,
seus pares e suas poesias!


Chegou o tempo confortável
de poetas sem poemas
de poemas sem poesia.

(Ricardo do Carmo – 2012)

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