A gente transcreve abaixo um texto que focaliza de maneira concisa e lúcida as perspectivas que se apresentam para a continuação do caminho iniciado com eleição do Presidente Lula a partir de 2003.
Não há a menor dúvida que a superação do atraso e das políticas neoliberais adotadas pelos governos anteriores não é tarefa fácil e demanda tempo. A eleição da Presidente Dilma, no entanto, é garantia da sua manutenção, ou seja, da busca dos objetivos traçados para superação do conservadorismo neoliberal.
Não foi a tôa que na sua principal peça de oratória, por ocasião da posse, a Presidente enfatizou tais obejtivos e deu ênfase, também, a um ponto essencial a promover, ou seja, a eliminação da pobreza absoluta. Tais objetivos estão interligados com o desenvolvimento econômico e social do país e consititui meio necessário a esse objetivo.
Além da disputa de
projetos.
Carlos Henrique Árabe, secretário
Nacional de Formação e diretor da
Escola Nacional de Formação do PT
A vitória de Dilma é a nossa terceira conquista presidencial consecutiva.
Não se trata de uma vitória apenas eleitoral, mas resultado de acúmulosprogressivos desde 2003.
Nos últimos oito anos interrompemos o projeto neoliberal e iniciamos uma alternativa de desenvolvimento nacional. Incompleta, com muitos desafios pela frente, mas uma alternativa que retirou milhões da miséria, que fortaleceu econômica e socialmente a classe trabalhadora, que reduziu a dependência externa do Brasil e vem permitindo que seu desdobramento seja disputado vitoriosamente pela esquerda.
Dilma venceu porque o Brasil está mais à esquerda. É importante assinalar uma quarta vitória estratégica contra o neoliberalismo no Brasil. Foi o enfrentamento da crise internacional de 2008-2009 com uma intensa atuação anticíclica do governo, que, podemos dizer, ultrapassou s limites do keynesianismo. A política de elevação do salário mínimo foi mantida, assim como as políticas sociais. Os bancos públicos foram fortalecidos e ganharam mais espaço face aos bancos privados. O BC, ainda que com enorme atraso,ficou menos autônomo. Com isso, o Brasil retomou o crescimento – e de forma menos dependente em relação à globalização neoliberal. Nesse contexto, a oposição liberal, Serra, perdeu antes das eleições.
Acabou adotando um mix de reacionarismo com demagogia que só aprofundou sua derrota. Isso não quer dizer que a direita seja fraca, ao contrário. Conquistou parcela expressiva do poder regional, mas não tem projeto nacional hoje. E é razoável supor que deverá passar por uma reorganização programática e partidária, para que volte a ter capacidade de disputa nacional.
O neoliberalismo, como longa hegemonia específica do capitalismo tardio, vem produzindo crises cada vez mais difíceis de administrar, especialmente nos chamados países centrais. Seu caráter terminal não vem significando, infelizmente, saídas à esquerda, mas um processo desigual (e pouco combinado, por enquanto) de um mundo mais caótico e com poucas expectativas.
O Brasil tem sido uma exceção. Mas não é razoável supor apenas um quadro de isolamento. Junto com as contradições do neoliberalismo surgem espaços e possibilidades, e uma delas continua sendo o esforço de unidade latino-americana.
No Brasil, com maior autonomia de desenvolvimento, cabe pensar mais radicalmente na superação do neoliberalismo em todas as suas dimensões. A mais significativa, porque tem um caráter estruturante, é a revolução democrática que deve orientar nosso programa.
Uma revolução democrática é a incorporação ativa do povo, e especialmente da classe trabalhadora, nos processos de decisão política. É a reforma política e eleitoral e a democracia participativa. É a mudança a favor dos trabalhadores nas relações de trabalho. É a emancipação das mulheres e a igualdade racial. É a questão ambiental sem subterfúgios.
O neoliberalismo só será plenamente derrotado com a construção de uma nova hegemonia. Esse é o momento histórico que temos epela frente.
(Extraído da Revista Teoria & Debate -n.90, pg. 39)
VHCarmo.
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