segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dois pronunciamentos em confronto...

                                             Uma entrevista publicada hoje, dia 21/02,  no jornal O Globo, José Serra, candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, ocorreu, no momento em que a Presidente Dilma faz um pronunciamento no seu encontro com os Governadores do Nordeste em Aracaju -SE.
                                          Esta coincidência de oportunidades, e os pronunciamentos de um e outro, proporcionam uma análise de confronto entre as duas mentalidades e a marcante diferença entre os posicionamentos e enfoques em face dos problemas brasileiros e da realidade que ora vive o país.  Vale a pena ler e comparar (ambas estão publicada na íntegra na imprensa).
                                   A entrevista assume um caráter acusatório, porém sem consistência, revelando, aquilo que a gente já comentou neste espaço: falta à oposição, particularmente ao PSDB, seu principal partido, um sentido programático no exercício oposicionista. Exercer a oposição tem sido, até aqui, uma tentativa de elidir aquilo que toda a sociedade sente, ou seja, que o país vive um bom momento tanto internamente, na sua economia, na inlusão social e no concerto internacional, por força dos dois últimos mandatos presidenciais.
                                 Em resumo: na entrevista Serra acena para uma próxima falência do país. Critica o corte orçamentário (fiscal) proposto pelo Governo, com argumentos sem substância analítica e base fática.                     Diz ele:
                         “O falso rigor esconde a falta de rigor. Por que não começam pelos cortes de cargos comissionados ou dos subsídios , como os que são entregues ao BNDES? São uns 3% do PIB, R$ 110 bilhões. O governo está inflando despesas de maneira enganosa ou vai falir o país em um ano”.
                          Esta declaração tenebrosa prima por uma contradição em seus próprios termos. Ora, a oposição tem insistido genericamente no corte  do gasto público e, segundo o “economista” estaria o governo a inflá-lo “de maneira enganosa”.
                         Então o que disse a Presidente,em tom otimista,  lá no nordeste, na mesma data em que circulavam as declarações do Serra:
                                     “Os nossos cortes orçamentários preservaram o investimento. Estamos, sim, fazendo uma consolidação fiscal. Não é igual ao que foi feito em 2003. Em 2003, o Brasil tinha uma taxa de inflação fora do controle, que não é o caso atualmente. Estamos dentro da margem estabelecida, de dois pontos acima dos 4,5% da meta. Nós não tínhamos US$ 300 bilhões de reserva, como temos hoje. Nem tampouco tínhamos um nível e um projeto de investimento em que todos mantiveram patamar de crescimento.
                                "Os nossos cortes orçamentários preservaram o investimento. Estamos, sim, fazendo uma consolidação fiscal”"
                            "- Temos perfeita consciência para que não haja, de fato, no Brasil pressões inflacionárias, que não deixaremos que aconteça, é importante que a oferta de bens e serviços, sobretudo, a taxa de investimento, cresça acima da demanda por bens e serviços. Daí porque nós mantemos integralmente os investimentos com o PAC, Minha Casa Minha Vida, Copa, o PAC 2, especialmente na parte social e urbana, e o PEF (Programa Emergencial de Financiamento), de 2011, que estamos mantendo"
                                 Qualquer analista por menos enfronhado que esteja na questão, comparando os dois discursos, nota sem maior esforço a superficialidade da crítica do Serra e a concisa colocação da Presidente que aprofunda a análise e foge da simplificação confusa e terrificante do ex-candidato.
                                 É de se observar que o seu discurso não desmente a sua tendência neoliberal. Nesse e pequeno trecho de suas declarações, ele prega por linhas não tão ocultas, o Estado Mínimo, com a demissão de pessoal (comissionados?) e ataca o BNDES por subsidiar a infraestrutura (subsídios).
                                          Por fim, Serra faz essa pérola de declaração:
                                “A realidade é que está tudo parado, a herança maldita deixada por Lula é gigantesca em razão do descontrole dos gastos (?), dos maiores juros do mundo, da desendustrialização”.
                              O ex-candidato, como se vê, ainda parece estar em plena campanha eleitoral, quando tentou induzir a platéia pelo palavrório vazio.         Para ele está tudo parado, mas não explica tal afirmação.               Por outro lado, só ele sabe da “herança maldita do Lula” e fala em desendustrialização sem citar qualquer dado.   Ora, a indústria registrou no último ano mais de 11,8% de incremento e aumentou a contratação de trabalhadores com carteira assinada, contribuindo para o atual recorde da taxa de desemprego no país.     Juros maiores do mundo, chegando à cerca de 46% Selic, fizeram parte da terrível herança, esta sim maldita, do governo FHC do qual o Serra fez parte até como Ministro do Planejamento.
                                      Conclusão: declarações como essas do Serra em nada contribuem para o país, para o seu avenço político, democrático e econômico/social.  Se mostraram até ridículas em confronto com a análise consistente da Presidente, baseada em dados reais.    
       Uma única coincidência: ambos falaram no mesmo dia.                 
                                O Brasil merece uma oposição de melhor qualidade.

VHCarmo.

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