domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mudar sem mudar..

                          A situação que se desenha no Oriente Médio não é  questão pura e simples de  derrubar  ditadores e instalar regimes ditos  democráticos, desde que dóceis aos interesses dos EEUU. A ditadura do Egito é, sem dúvida, das mais cruéis para com o seu povo e não respeita minimamente os direitos humanos e, particularmente, o direito das mulheres. O povo nas ruas clama por liberdade e democracia autênticas.  A Jordânia mantém um regime fechado e perpetra crimes contra os direitos humanos. A ditadura da Tunísia que acaba de entrar em colapso com a revolta popular, também, das mais cruéis.
                          Todas esses regimes  que constituem  força auxiliar da política hegemônica americana para o  Oriente Médio, sempre foram mantidos com assistência de dinheiro e armas pelos EEUU e a complacência da União Européia. Todas essas ditaduras apóiam a política agressiva de Israel, estado terrorista, que agride covardemente populações palestinas indefesas e matem as nações árabes sob a chantagem bélica.    Esses regimes  são poupados pela imprensa internacional.     Jamais se veicula  na mídia notícias sobre  os crimes contra os direitos humanos que ali são cometidos, inclusive pela grande aliada dos USA, a Arábia  Saudita.        
                            O vilão da história é o Irã que se rebela contra essa política agressiva e defende sua independência. República  Islâmica, o  seu regime de fundo religioso é uma escolha de seu  povo. Na última eleição o povo iraniano escolheu seus atuais dirigentes por uma maioria de 67%  do votos.  Apesar de não agredir os vizinhos, a imprensa internacional desfecha uma campanha violenta contra o Irã.   Sabe-se que vários paises do mundo mantém pena de morte, inclusive os USA que mata muito mais do que qualquer outro país, porém o Irã passou a sero grande  carrasco que, por sinal, acabou por  revogar a pena de morte da mulher que se tornou foco dos ataques àquele país.
                             A preocupação agora, face à insurgência dos povos árabes contra as ditaduras, é a transição daqueles regimes para a pretendida democracia que os EEUU, Israel e a EU, já tentam direcionar no sentido de manter seus interesses, seguramente, sem atender as legítimas reivindicações populares.   As potências ocidentais já manobram no sentido de fazer um acordo por cima e a revelia dos  legítimos interesses desses povos. Já se prega, para início dessa manobra e os jornais publicam  a “necessidade do ditador egípicio permanecer até uma eleição, pois seria ele o único capaz de gerenciar a transição”.  Veja-se a falácia da proposição!
              A gente transcreve abaixo um texto significativo sobre a transição das ditaduras do Oriente Médio, particularmente no Egito.
                                                    Mudar sem mudar
                               O que está em jogo no Egito não é a sobrevivência de Hosni Mubarack e de seu regime, mas a forma e o tempo da transição e, principalmente, que forças políticas e sociais a controlam e que governo virá depois da saída do ditador. Está claro que os Estados Unidos, o próprio regime, as forças conservadoras e ditatoriais na região, começando pela Arábia Saudita, querem uma transição por cima, lenta, segura e gradual. Assim, poderão controlar as reformas e evitar um governo que ponha fim ao quase protetorado que os Estados Unidos exercem sobre o Egito, particularmente sobre as Forças Armadas e a política externa, além de não permitir reformas econômicas e sociais que afetem seus interesses no país e na região.
                                A questão da Irmandade Muçulmana é apenas um pretexto, que os Estados Unidos e a mídia mundial super dimensionam para esconder seus reais objetivos, uma transição por cima, negociada, que mantenha o básico do regime de Mubarack, mudar sem mudar. Uma experiência que já vivemos no Brasil, quando da transição lenta, segura e gradual de Geisel e da campanha das diretas com seu desenlace no colégio eleitoral e não nas ruas e em eleições diretas para presidente e para uma constituinte exclusiva, como a imensa maioria do país reivindicava e desejava.
                               A oposição no Egito está diante do dilema de derrubar o regime nas ruas ou com uma greve geral insurrecional, se é que tem forças para isso; ou negociar uma transição que pode manter o básico do atual regime com eleições e democracia, uma democracia que dependerá das reformas política e eleitoral a serem negociadas.

Do blog do Zé Dirceu.

VHCarmo.

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