terça-feira, 23 de março de 2010

Patriotas americanos

Ainda mais uma vez a gente tem de destacar o caráter impatriótico assumido pela mídia na questão do Irã ( energia atômica)- Oriente Médio e Lula.   Na Folha de São Paulo desse Domingo (21.03) encontra-se com nitidez a posição da nossa imprensa sobre o caso Irã, em confronto com a imprensa de outros paises, até mesmo com a imprensa, americana e  com seus melhores pensadores. Enquanto aqui a imprensa e a midia em geral reprova o esforço da intervenção do Presidente Lula para conciliar e trilhar o caminho do entendimento, lá fora é, praticamente unanimidade, a aprovação do Presidente neste particular.  No artigo “Irã: Lula não deve ceder à pressão dos EUA” o intelectual americano Mark Weibrot do Centro de Políticas Econômicas em Washington termina seu texto dizendo  sobre a intervenção de Lula o seguinte:  “ O mundo precisa desse tipo de liderança - precisa seriamente dela”

                          Mark Weibrot  no referido texo contesta de modo veemente as afirmações do governador José Serra em artigo que fez publicar na Folha sob o título de “Visita Indesejável”, criticando o Presidente. Começa por contestar aquilo que Serra afirmou, ou seja que a eleição de Ahmadineijad foi “notoriamente fraudulenta”. A alegação, segundo o intelectual americano, é totalmente implausível, como sabe qualquer pessoa medianamente informada. A margem de vitória foi de 11 milhões de votos, confirmando as pesquisas anteriores e centenas de milhares de pessoas testemunharam a contagem. 
                                  À alegação de Serra que é governo do Irã é repressivo, segundo o intelectual,  não pode servir de base para o apoio aos EUA posto que os dos seus aliados no oriente médio, inclusive Israel, são tanto ou mais repressivos que o do Irã. Em resumo, diz ele: “Lula se reúne com todos os lados na disputa porque está tentando exercer um papel de mediador para impedir outra guerra desnecessária”.
                       Virando as páginas da mesma Folha de São Paulo se encontra o artigo subscrito pelo jornalista Jânio de Freitas, que desde o título ("Ambições presidenciais”), desenvolve argumentação diametralmente contrária ao do intelectual americano. Para o nosso jornalista, em resumo, a intervenção de Lula é inteiramente inócua e ele visa se promover. O que levou Lula a ir ao Oriente Médio, segundo Jânio, "nem foi uma idéia criativa que o ministro Celso Amorim cedo tratou de negar, nem foi a pretensão deslumbrada de projetar com sua lábia, efeitos racionais e humanitários no conflito”.O jornalista  desenvolve  argumentação no sentido de minimizar a intenção conciliatória de Lula, para atribuir-lhe a construção de sua ascensão pessoal. Chega a usar expressões pejorativas e chulas. Ataca em seguida a política externa do Brasil (do governo), evidentemente por ser ela independente. É a velha síndrome de vira-latas. Aliás, nossos jornalistas, salvo honrosas exceções, são mais patriotas americanos do que os próprios.

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