sábado, 6 de março de 2010

O homem virtual (poema ) - enviado por Ricardo do Carmo.

O homem virtual.


Como dentro do lar
Coubesse a terra toda,
navego um mar de arquivos
e mundos aparentes.

Sou de todos os lugares
menos de mim mesmo.

Eu não me concluo
e, fragmentado,
cada pedaço meu
é um inimigo.

Atravessando rios
que não molham,
chão que não piso
gente que não sinto
(lágrimas de cristal líquido),
vivo o que não vivo
como foda em fada.

E falando nisso
a minha namorada
é o meu computador.
o mause
a extensão do meu carinho.

São tantas opções de sexo
para uma masturbação perfeita
que, sobre o teclado,
minhas mãos queimam excitadas.

E gozo de vocês todos.
gozo desse mundo
que já não é tão grande assim
e cabe dentro do meu silêncio.

Navegando essa nau online
persigo meu artificial destino.
Como diriam antigos navegadores:
Navegar é preciso
Viver não é preciso.

                                   Ricardo do Carmo – poeta escritor.

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