sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

AS TROMBETAS DO APOCALIPSE...


              AS TROMBETAS DO APOCALIPSE NO STF.

As trombetas irromperam altissonantes na entrada do plenário, quando surgiu o Presidente do Supremo Tribunal Federal da República Federativa do Brasil.

O nosso Sultão, o infalível, entrou e sentou-se na cadeira de Presidente,  vazias as demais   dos outros Ministros já em recesso. O templo porém estava repleto de Câmeras de Televisão, de repórteres, jornalistas e alguns pobres mortais, todos mantidos à distância.

Nosso Sultão, o piedoso, se propôs a falar para a patuleia o seu sábio e sempre incontrastável discurso que, por acaso, poderia ser o último antes do "fim do mundo" anunciado.

Cessadas as trombetas, o alarido dos presentes e feito o silêncio respeitoso devido ao nosso Sultão, o incomparável, passou-se a ouvir suas sábias palavras.

Em primeiro lugar nosso Sultão, o misericordioso,  exaltou sua própria conduta  e a sua satisfação pelo desfecho condenatório da Ação Penal 470, embora alguns pares se atrevessem, então, a discordar de alguns veredictos. Coisa, para ele, desprezível.

Em segundo lugar nosso Sultão, no exercício de seu incontestável entendimento das leis e das Constituições, decretou a caducidade e a consequente inaplicabilidade do princípio geral do chamado "duplo grau de jurisdição", princípio que seria uma compensação indevida a criminosos  e isto o  Tribunal, sob sua presidência, não permitia.

Em terceiro e em consequência do decreto anterior o nosso Sultão, o misericordioso, aparentando um certo constrangimento decretou a inutilidade dos recursos previstos em lei e no Regimento Interno do STF. Para ele nada valem os Embargos declaratórios (sobre obscuridades, contradições e divergências no Acórdão a ser publicado) e , muito menos os Embargos Infringentes que, no entender no nosso piedoso  Sultão são meramente protelatórios, pois ele não admite modificar seus decretos condenatórios.

Finalmente, talvez tocado pela iminência do anunciado "fim do mundo" o nosso Sultão, o magnânimo, resolveu adiar por um dia a sua mais sábia e esperada decretação, ou seja, a ordem de  prisão imediata dos condenados daquela exemplar ação penal.

Ao terminar o discurso do Presidente, a plateia comandada pela mídia irrompeu em vibrantes aplausos enquanto nosso Sultão, expondo sua alva dentadura,   em contraste com a tez  negra de sua pele, com um sorriso condescendente se retirava majestaticamente. Ao fundo alguém gritou Barbosa pra Presidente! Foi só. 
Todos, inclusive  até este blogueiro, estamos aguardando o veredicto  esperado do nosso Sultão, o sábio e justo.
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Esta manhã (21.12,2012) este escriba acordou bem cedo e foi à janela espiar se o mundo continuava a existir.  Viu o céu clarear-se de azul com os raios solares, as montanhas do Rio de Janeiro com seu verde viçoso ao longe  e o barulho cadenciado das ondas do mar à distância, tocando a areia. 

Respirou fundo e pensou: que bom! o mundo não acabou, nosso Sultão, o incontrastável, vai mandar prender ou não? Se indagou.
Quem sabe usando a sua conhecida misericórdia e bondade vai deixar os criminosos passar o Natal em casa.

               Seja feita a vontade do nosso Sultão, o infalível!.  
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NOTA: - Ao início da tarde, confirmado que o mundo não acabou, saiu o decreto do nosso Sultão, o misericordioso, permitindo que os acusados passem o Natal com suas famílias. 
VHCarmo

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