AS TROMBETAS DO
APOCALIPSE NO STF.
As trombetas irromperam
altissonantes na entrada do plenário, quando surgiu o Presidente do Supremo
Tribunal Federal da República Federativa do Brasil.
O nosso Sultão, o
infalível, entrou e sentou-se na cadeira de Presidente, vazias as demais dos outros
Ministros já em recesso. O templo porém estava repleto de Câmeras de Televisão,
de repórteres, jornalistas e alguns pobres mortais, todos mantidos à distância.
Nosso Sultão, o piedoso, se propôs a falar para a patuleia o seu sábio e sempre incontrastável
discurso que, por acaso, poderia ser o último antes do "fim do mundo"
anunciado.
Cessadas as trombetas,
o alarido dos presentes e feito o silêncio respeitoso devido ao nosso Sultão, o
incomparável, passou-se a ouvir suas sábias palavras.
Em primeiro lugar nosso
Sultão, o misericordioso, exaltou sua própria
conduta e a sua satisfação pelo desfecho
condenatório da Ação Penal 470, embora alguns pares se atrevessem, então, a
discordar de alguns veredictos. Coisa, para ele, desprezível.
Em segundo lugar nosso
Sultão, no exercício de seu incontestável entendimento das leis e das Constituições,
decretou a caducidade e a consequente inaplicabilidade do princípio geral do
chamado "duplo grau de jurisdição", princípio que seria uma
compensação indevida a criminosos e isto o Tribunal, sob sua
presidência, não permitia.
Em terceiro e em consequência
do decreto anterior o nosso Sultão, o misericordioso, aparentando um certo constrangimento
decretou a inutilidade dos recursos previstos em lei e no Regimento Interno do
STF. Para ele nada valem os Embargos declaratórios (sobre obscuridades,
contradições e divergências no Acórdão a ser publicado) e , muito menos os
Embargos Infringentes que, no entender no nosso piedoso Sultão são meramente protelatórios, pois ele não
admite modificar seus decretos condenatórios.
Finalmente, talvez tocado
pela iminência do anunciado "fim do mundo" o nosso Sultão, o
magnânimo, resolveu adiar por um dia a sua mais sábia e esperada decretação, ou
seja, a ordem de prisão imediata dos
condenados daquela exemplar ação penal.
Ao terminar o discurso
do Presidente, a plateia comandada pela mídia irrompeu em vibrantes aplausos
enquanto nosso Sultão, expondo sua alva dentadura, em
contraste com a tez negra de sua pele, com um sorriso condescendente se retirava
majestaticamente. Ao fundo alguém gritou Barbosa pra Presidente! Foi só.
Todos, inclusive até este blogueiro, estamos aguardando o veredicto esperado
do nosso Sultão, o sábio e justo.
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Esta manhã (21.12,2012) este escriba
acordou bem cedo e foi à janela espiar se o mundo continuava a existir. Viu o céu clarear-se de azul com os raios
solares, as montanhas do Rio de Janeiro com seu verde viçoso ao longe e o barulho
cadenciado das ondas do mar à distância, tocando a areia.
Respirou fundo e pensou: que bom! o mundo não
acabou, nosso Sultão, o incontrastável, vai mandar prender ou não? Se indagou.
Quem sabe usando a sua conhecida misericórdia
e bondade vai deixar os criminosos passar o Natal em casa.
Seja feita a vontade do
nosso Sultão, o infalível!.
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NOTA: - Ao início da tarde, confirmado que o mundo não acabou, saiu o decreto do nosso Sultão, o misericordioso, permitindo que os acusados passem o Natal com suas famílias.
VHCarmo
VHCarmo
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