O texto, abaixo transcrito, do Miguel do Rosário no seu espirituoso e
inteligente blog “Cafezinho”, além de bem escrito ressalta a forma acurada com
que ele vê a mídia, suas fraquezas e vilanias.
O articulista aponta algo que às
vezes escapa aos críticos, ou seja, o valor que a mídia golpista empresta aos
bandidos quando quer produzir um escândalo contra o ex-presidente Lula e contra
o PT. É a mesma mídia do udenismo
moralista, conferindo fé aos criminosos e deles se servindo.
A coisa é repetitiva e a gente se deve lembrar dos episódios anteriores nos quais foram utilizados notórios
cafajestes que serviram à mídia para derrubar
ministros e políticos. Muitos foram crucificados,
os bandidos esquecidos e a mídia continua correndo atrás de novos golpes e de
outros cafajestes.
Olhem só:
O golpe tardio de Marcos Valério
Uma das características mais
interessantes do golpismo midiático é o endeusamento de bandidos. Desde que
estes se prestem a servir a “causa”, ganham ilimitado espaço nos grandes meios
de comunicação. Quem irá esquecer os oito minutos que o Jornal Nacional, às
vésperas de uma eleição presidencial, deu àquele bandidinho de segunda, que
havia acabado de sair da cadeia, Rubnei Quicoli, onde ele acusava a Casa Civil
de lhe ajudar a obter um empréstimo de 8 bilhões junto ao BNDES?
Não há santos em política.
Não é
preciso muita imaginação para supor a quantidade estonteante de chantagens,
pressões indevidas, tráficos de influência, subornos, caixa 2, ameaças, que
acontecem nos bastidores de Brasília. Se há poder envolvido, tem-se
necessariamente um jogo pesado.
Nem PT nem Lula escapam dessa lógica.
Eles não têm o poder mágico de remover a podridão humana, nem a alheia, nem a
própria.
Dito isto, qualquer acusação contra Lula
merece ser analisada com triplo cuidado, porque faz parte do jogo político,
desde priscas eras, acusar o adversário das piores felonias.
Hoje o Estadão volta com
uma acusação que ele
mesmo havia feito há alguns meses, mas acrescentando detalhes que implicariam a
pessoa do Lula.
A matéria informa que Valério diz que o
esquema pagou despesas pessoais de Lula, e que o presidente deu ok aos
empréstimos que o publicitário fez em nome do PT. A acusação, porém, tem as
seguintes falhas:
§
Como
sempre faltam provas. E, segundo o próprio Valério, não há provas de que o
dinheiro se destinou a pagar despesas pessoais de Lula, visto que não foi
depositado na conta do ex-presidente.
§
Lula
já era presidente, a maior parte de suas contas poderia ser paga, regularmente,
por seu gabinete. Não tem sentido esperar dinheiro de Marcos Valério. Se Valério
falasse que depositou milhões para Lula em conta no exterior, haveria sentido,
que era o enriquecimento ilícito. Mas pagar contas?
§
Quanto
ao aval sobre o empréstimo, aí é que não faz sentido mesmo. Em primeiro lugar,
foi um empréstimo, que o PT inclusive já quitou. O STF criminalizou um
empréstimo legal. Tentou-se, desde o início, pintar o PT como um partido
inadimplente e falido, o que é um contrasenso: o PT havia acabado de sair
vitorioso de uma eleição onde vencera em estados, além da vitória maior, a
presidência. Qualquer banco privado emprestaria ao PT por este motivo.
§
Marcos
Valério, obviamente, está desesperado com a possibilidade de ficar em cana por
décadas. Isso é motivo para, no mínimo, se desconfiar de suas intenções. Além
do mais, todo bandido brasileiro da área política já entendeu que basta dar
umas cacetadas no PT e, sobretudo, em Lula, para receber a solidariedade
inconteste e definitiva da grande mídia.
§
Quanto
às “ameaças
de morte” que teria recebido de Paulo Okamoto, pode-se tratar de uma
estratégia astuta para se pintar como vítima.
Felizmente,
o golpe em Lula, o milionésimo, chegou tarde. O ex-presidente teve tempo de
fazer o que tinha de fazer: melhorar a vida do brasileiro, sobretudo o mais
pobre. Para milhões de brasileiros, liberdade de expressão não é apenas poder
falar o que quiser, mas também obter as proteínas e a dignidade necessárias para
fazê-lo de cabeça erguida.
______________________________________
VHCarmo.
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