domingo, 26 de agosto de 2012

STF: os Ministros mostram sua cara...


Uma reflexão sobre o início do julgamento da ação penal 470.
O julgamento do chamado Mensalão expõe ao grande público as figuras dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.  A Corte  para o homem comum é, normalmente, algo distante que lhe merece um respeito reverencial.   Poucos conseguem,  no entanto, identificar os Ministros, ou seja, avaliar a sua personalidade e suas tendências.
Os requisitos legais para a indicação de alguém para assumir a função de tão alta  relevância têm que ser pesados principalmente pelo Presidente da República com o aval do Senado - quase sempre unânime.    Além do alto saber jurídico é exigida do indicado a moral ilibada.
De considerar que os critérios adotados na nomeação têm natural ligação com as idéias e pensamentos daquele que  indica e nas circunstâncias existentes no momento da indicação, mas não e, necessariamente, o Ministro, no exercício de seu mistér, deverá se pautar pelas posições políticas e ideológica daquele que o indicou.  No exercício de seu "munus", passa ter compromisso com a Constituição e com as leis do país.
Apesar disso, a atuação de cada Ministro é marcada pela sua origem social, suas implicações políticas e sobretudo pela capacidade de isenção e fidelidade à Lei e á Constituição.  É inescusável que as idéias e apreensão da realidade social por parte do Ministro permanecem a influenciar a sua atuação.
Como seres humanos, os Magistrados estão sempre sujeitos a falhas  no nosso sistema político, estes  lhes outorgam poderes demasiadamente amplos que os levam e ao STF a invadir a competência dos demais poderes da República, principalmente os do legislativo.
 Tem-se discutido, no parlamento, a evidente e indevida,  usurpação pelo Tribunal das funções legislativas.  Nada a  justifica, nem mesmo a invocação da morosidade , ou ausência, do parlamento. Esta invasão fere o Estado Democrático de Direito.
De outra parte, é inafastável a constatação de que o STF  - e a Justiça como um todo - tende a preservar a ideologia e as posições políticas das elites, às quais dispensa a aplicação de rigor nas interpretações constitucionais e nas condenações em matéria criminal.
Enquanto nas prisões permanecem as pessoas simples da população julgados e por julgar, os criminosos das elites gozam não só do beneplácito da efetivação tardia da justiça como a pouquíssima efetivação do cumprimento de pena.    Os habeas-corpus e mandados de segurança, acolhidos - às vezes pelas madrugadas - livram os poderosos. Conhecem-se muito poucos políticos influentes e homens ricos das elites  encarcerados por seus crimes.
No julgamento do Mensalão os ministros vêm mostrando - como nunca - a sua cara e sua tendência que são inseparáveis  de suas origens sociais em que pese o palavrório erudito que usam.
    A atuação do Ministro Joaquim Barbosa, no processo, ao exame por mais aligeirado e descomprometido revela uma pessoa irascível e   agressiva, deixando muita claro um certo complexo por suas origens humildes e de cor.    O Ministro se envolve seguidamente em discussões em que se nota - quase sempre -  um jogo de vaidades feridas de cunho  pessoal. 
Ainda mais, está sendo facilmente detectada na ação penal 470, a tendência condenatória do Ministro,  principalmente no entrevero  com o seu revisor, obscurecendo a sua necessárias imparcialidade e obediência às regras traçadas na lei penal e processual penal. O respeito à decisão de outro ministro votante é mesma que se deve dar ao seu voto; princípio que parece desconhecer Sua Excelência.
É sabido que em nosso país os negros - com passado de escravos - são vítimas de preconceitos e relegados à escala social das mais pobres e incultas.   Não a toa que Joaquim Barbosa é uma exceção  bem-vinda, daquilo que ainda permanece  não só na mais alta Corte, mas em toda a Justiça onde - em qualquer das Instâncias - são raríssimos os juízes negros. 
Há, por outro lado, alguém de boa-fé  que duvide da intenção do Presidente Lula ao indicá-lo como negro para quebrar uma insustentável tradição, conciliando, naturalmente, a sua negritude  com o seu inegável competente currículo e sua ilibada condição moral?.  Assim  cabe-lhe corresponder à árdua missão, ou seja, a de ser na Corte um Ministro da raça negra com todos os motivos de orgulhar-se dessa mesma missão.
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VHCarmo.

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