As
eleições municipais no quadro geral de nossa política encerram certas
especificidades essenciais para compreensão da posição partidária na
oportunidade de definir o voto. Há, inicialmente, que distinguir as campanhas
eleitorais nos grandes municípios mais populosos e nos pequenos. Embora as questões ligadas à administração
se assemelhem na aplicação dos recursos e propostas, nas cidades mais populosas
se verifica, além disso, uma disputa ideológica com reflexos e consequências
nacionais.
É
comum e não causam estranheza as coligações em pequenos municípios reunindo
forças políticas opostas no cenário federal. É do jogo e responde a posições partidárias
ligadas a questões municipais que colocam em segundo plano as divergências
politico-ideológicas em favor das questões locais. A disputa aí se coloca mais ao nível
do habitante da cidade e de suas necessidades locais, dada a proximidade
de seus mandatários.
Não
é o que acontece nos grandes centros urbanos. Embora de caráter municipal é
inescusável a sua repercussão na política federal. O discurso de cada partido
em disputa não se atém a questões puramente administrativas de aplicação de recursos e obras, o apelo
ideológico, que em geral a mídia tenta pautar, se torna essencial à
discussão. Verifica-se, assim nessas
eleições nesses populosos municípios, paralelamente à questão de propostas
administrativas, um forte apelo a posições ideológicas. É uma constatação empírica. O voto de cada cidadão nos grandes centros é
fortemente influenciado pela ideologia e
posições políticas do candidato e de seu partido.
No
Rio de Janeiro, confrontam-se os partidos da aliança de centro/esquerda
capitaneados pelo PMDB e o PT, no poder, que se colocam no plano federal como
base aliada do governo e, de outro lado, os partidos da direita comandados pelo
PSDB, PPS,DEM e PSOL.
É
possível estranhar-se, nesta reflexão, a
inclusão do PSOL na direita, pois é mesmo tido e se proclama como um partido
de esquerda, às vezes de extrema
esquerda. Acontece que suas posições, tanto no Estado,
no Município e na esfera Federal, estão sempre alinhadas à direita e é pautado,
igualmente, pela mídia, adotando o surrado discurso udeno/moralista. A votação do PSOL no
Congresso é, também, sistematicamente comandada pela direita e a ela alinhada.
A
campanha encetada nas ruas pelos poucos adeptos da candidatura do PSOL à prefeitura do Rio é dirigida só e exclusivamente
a ataques à centro/esquerda (no poder) embora esta se apóie - como se vê das pesquisas - na
preferência do povo, em geral, apontando para uma vitória no primeiro turno.
O
PSOL não traz à discussão propostas para a solução dos problemas do Município
do Rio. Em seus santinhos, proclames, propaganda e no seu discurso em praça
pública o que se vê são ataques sistemáticos contra o governo federal, usando
os mesmos e surrados argumentos dos partidos da direita, sempre em consonância
ao que há de mais reacionário em nossa imprensa.
De
lembrar-se, em prol desta reflexão, que no segundo turno da última eleição
presidencial, o PSOL simplesmente liberou seus filiados, sob o argumento de que votar em Dilma ou em
Serra era a mesma coisa.
Não
se nega ao PSOL o direito de atuar como o faz, porém proclamar-se um partido de esquerda é uma grande mistificação
visando, naturalmente, àqueles que inadvertidamente acreditem em seu discurso,
Por
fim, é de se ressaltar a estranheza que causa o fato de a imprensa golpista,
que ataca sistematicamente o Partido dos Trabalhadores e seus candidatos, demonstrar, no mínimo, uma suave tolerância
com o PSOL e seus candidatos. Lembrar,
também, a velha lição marxista: "nada mais parecido com a direita do que a
extrema esquerda".
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VHCarmo.
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