terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um momento de poesia....



Chico Mendes

Quem é que consegue dormir

com esse assassino rondando a pátria?

Só os ponteiros do relógio,

que em horas como 3 e 15,

4 e 20 e 5 para as 11,

o ponteiro de cima deita sobre o de baixo

no sexo anal-anual-secular dos relógios.

Quem é que consegue dormir

sabendo que o homem está marcado

numerado na conta mortal do latifúndio?

Lá fora premiado,

aqui, alvejado, e sua morte

comemorada com um churrasco.

Sua causa era a dos seringueiros

mas seu corpo não era de borracha.

E o mundo segue:

o trem fazendo piuí

o Brasil Piauí

e nós psiiii... Silêncio de hospital!


Não era um rio

não era um rei

era um exemplo.

Um sonho previsto

no manual de instrução

para gente e árvore.

Pena que não exista verde depois da morte

para o morto lutar pelo verde que já morreu!
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Do jovem poeta Ricardo do Carmo
de seu recente livro “Amor de Consumo”.



VHCarmo.




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