sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Um momento de poesia...

    Geração Paissandu.
Paulo Henrique Brito.

Vim, como todo mundo,
do quarto escuro da infância,
mundo de coisas e ânsias indecifráveis,
 de só desejo e repulsa.
Cresci com a pressa de sempre.

Fui jovem com a sede de todos,
em tempo de seco fascismo.
Por isso não tive pátria, só discos.
Amei, como todos pensam.
Troquei carícias cegas nos cinemas,
li todos os livros, acreditei
em quase tudo pelo menos um minuto,
provei do que pintou, adolesci.

Vi tudo que vi, entendi como pude.
Depois, como de direito,
endureci. Agora a minha boca
não arde tanto de sede.
As minhas mãos é que coçam -
vontade de destilar
depressa,  antes que esfrie,
esse caldo morno de vida.

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Esta linda poesia, como se vê, reflete a perplexidade de uma geração que, quando jovem, foi sufocada pela ausência de liberdade. São, caracteristicamente, versos dos "anos de chumbo" que  o poeta arranca de sua alma, de sua desesperança e de sua aguda sensibilidade. Por que não dizê-lo? torna-se um brado de advertência para os jovens de hoje.
VHCarmo.

Um comentário:

  1. meu querido amigo. Seu blog é minha leitura diária. E hoje tomei a liberdade de compartilhar o seu endereço com os meus amigos do facebook. Que eles possam ler e aprender com você. Um grande abraço

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