sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mais uma foi-se a presunção de inocência...

                        Impiedosamente a mídia sacrificou, sem a mais mínima prova, um homem honrado que vem se defendendo bravamente contra todas as acusações que lhe foram assacadas por dois marginais, condenados e que estão sendo até glorificados pelos Jornalões e Revistas com a costumeira repercussão nas TVs.
                        Estamos vivendo tempos de preocupação com a nossa Democracia que vê abalado um de seus pilares, ou seja, a inocência como presunção em favor daquele que é acusado e ônus da prova de quem acusa.
                        Há também uma quase unanimidade dos colunistas sabujos que não só já condenaram o ex-ministro como continuam a atirar lama contra ele. Servem de maneira submissa às diretivas da imprensa golpista.
                      Nesse momento lamentável para o regime democrático, ressurge também o velho anticomunismo e os corifeus da extinta guerra fria voltam a pregar.
                       O PCdoB foi contestado em toda sua longa existência, de mais 90 anos, por pregar o socialismo tão combatido pelas elites, mas jamais se conseguiu provar algo contra a sua honestidade ou qualquer seu envolvimento em algo desonesto em relação a bens públicos. Esteve, sempre com a bravura de seus militantes, na primeira linha da luta contra todas as ditaduras no país até contra aquelas que a mídia apoiou e.especialmente, contra a última que instalou em 1964 no país a maior corrupção sustentada pelas armas.
                       O partido militou na clandestinidade e foi fator relevante na redemocratização do país e viu muitos de seus membros torturados e assassinados pelos regimes ditatoriais.
                       Até por uma questão de respeito esses sabujos e jornalistas vendidos da imprensa golpista, deveriam se poupar de difamar o PCdoB. Preferem, no entanto, quem sabe, preservar as vis moedas pelo seu trabalho sujo.
                       O texto que aí vai do José Dirceu é um dos poucos escritos que aparecem na mídia defendendo o ex-ministro e o direito de proclamar a presunção da sua inocência.

28.10.2011

                                  A saída de Orlando Silva do governo.

Há um aspecto fundamental a se observar em todo o processo de fritura do ministro do Esporte, Orlando Silva, que culminou com seu pedido de demissão: as iniciativas de apuração dos fatos partiram do próprio acusado.
É possível que essa informação esteja escondida ou tenha sido negligenciada no noticiário, mas os pedidos de abertura de investigação à Polícia Federal e ao Ministério Público foram feitos pelo, agora, ex-ministro, que abriu seu sigilo telefônico, fiscal, bancário e de correspondência.
Como também foi o Ministério do Esporte que identificou as irregularidades nos convênios com as ONGs (Organizações Não-Governamentais), suspendeu esses contratos e busca resgatar as verbas usadas irregularmente.
Aliás, deve-se registrar que 91% dos 15 mil convênios do Ministério no programa Segundo Tempo são com o Poder Público e apenas 9% são com ONGs —o que não invalida a necessidade de apuração.
Diante da pressão e tentativa de desgaste do governo federal, faz todo o sentido, portanto, que Orlando Silva tenha pedido afastamento do cargo. Primeiro, como partícipe dos avanços da pasta e defensor do governo, para impedir que a crise “forçada” se alongue. Segundo, para que ele possa ter mais tempo para se defender.
Vale destacar que os dois acusadores do ex-ministro —o policial militar João Dias Ferreira, já preso, e o motorista Célio Soares— simplesmente não compareceram à Câmara dos Deputados para prestar depoimento, conforme anunciaram. Algo que só reforça as afirmações de Orlando Silva de que se trata de “dois criminosos que fugiram do Congresso Nacional porque não têm provas”.
Orlando Silva disse, com razão, que sofreu por 12 dias um linchamento público de sua honra. De fato, no Brasil, estamos nos acostumando à inversão do ônus da prova. Com o apoio da grande mídia, acusa-se e condena-se sem a necessidade de apresentação de provas e, não raro, a defesa fica em segundo plano.
Mesmo no caso do ex-ministro, que veio a público prestar esclarecimentos tão logo as suspeitas foram lançadas. Porque estamos nos acostumando a conviver com a máxima “culpado até que prove a inocência”, no lugar do “inocente até que se prove sua culpa”.
O ex-ministro deixa o governo afirmando que nenhuma prova contra ele surgiu e sequer surgirá. E um grande avanço conseguido na pasta — hoje, com maior visibilidade devido à Copa do Mundo -2014 e às Olimpíadas-2016, os dois maiores eventos esportivos do planeta.
Mas também é de se ressaltar que 40% da delegação que representa o Brasil nos Jogos Panamericanos de Guadalajara (México) são de bolsistas do Ministério, o que mostra que o esporte tem outro nível de tratamento.
Por todas essas razões, Orlando Silva deixa o governo de cabeça erguida. Resta, neste momento, torcer para que o caso não se esgote com sua demissão —que é o que pretendem os que querem desestabilizar o governo.
E, como pediu o ex-ministro, que “os profissionais da imprensa continuem acompanhando os fatos e dediquem as mesmas páginas e o mesmo espaço que dedicaram até agora para mostrar com quem está a verdade”.
José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT .
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VHCarmo.

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