quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A mídia e o espetáculo...


                         Fala-se de faxina no governo e a mídia prossegue a denunciar  sem menor respeito ao sagrado direito da presunção de inocência dos acusados e ao princípio de que a prova cabe a quem acusa.
                        Entre a pregação contra a corrupção que poderia comprometer, de qualquer forma mesmo indiretamente o governo federal, todo as outras evidências de irregularidades (reais ou não) que não o envolvam ou que possam, por outro lado, comprometer os governos e os partidos da oposição, estas ficam sem qualquer publicidade ou escondidas num canto de página dos jornalões. É a discriminação no noticiário.
                        O espetáculo da prisão de 35 pessoas ligadas ao Ministério dos Transportes, movido pelo M.P.F e a Polícia Federal foi, claramente, uma tentativa de desestabilizar o governo Dilma, pois, até aqui, não há evidência de que os presos tenham, de fato, violado a lei, sendo, pelo menos também até aqui, apenas investigados.          A espetaculosidade de tal operação não encontra paralelo recente em outras diligências policiais. Seguiu-se mais moderadamente a publicidade das investigações no Ministério do Turismo. Na Câmara e no Senado a oposição se alegrou e, pautada como sempre pela mídia, ensaiou logo uma crise e uma CPI. mas não obteve sucesso, embora não desanime.
                                        A Presidente Dilma afirmou que não tem qualquer compromisso com a corrupção, mas “não pode se pautar pela mídia”. Nisso assiste a ela plena razão. Indagada na sua entrevista à Revista Carta Capital dessa semana ela analisou claramente a situação:

“O que acho complicado no Brasil é que os problemas reais perdem espaço para os acessórios, ou para os que não são reais. Isso é muito ruim, pois há uma tendência de as pessoas se importarem mais com o espetáculo do que com a realidade cotidiana das coisas. É normal, talvez por isso, inclusive, que todos gostemos de folhetins. Agora, essa relação com a mídia, não sei se ela é assim em todos os governos...”. “Nem na história dos Transportes, nem da Agricultura ou de qualquer outro caso que porventura ocorra, não temos o princípio de ficar julgando as pessoas, fazendo com que elas provem que não são culpadas. Somos a favor daquele princípio da Revolução Francesa, muito civilizado, que cabe a quem acusa provar a culpa de quem é acusado...”.
                 Acrescente-se que, passado o espetáculo, a culpa dos investigados já não mais importa e, mesmo quando absolvidos das acusações,  não se lhes oferece reparação proprocional; mais das vezes nehuma.
                A gente disse, aí acima, que o espetáculo tem as suas condicionantes, pois poupa da publicidade irresponsável as irregularidades e a corrupção dos agentes da oposição. Olha vejamos:
                              A revista Carta Capital que é uma exceção na mídia, nesse particular, e cuja leitura não atinge o grande público, trouxe à baila o caso da DERSA – Desenvolvimento Rodoviários SA, empresa pública do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Transportes, que obedecendo ao comando do governo, transferiu para a iniciativa privada as estrada estaduais no Programa Estadual de Estatização (?) e acumula um prejuízo inacreditável de 8,32 bilhões de reais.
                           “No fim do ano passado, se a empresa tivesse que fechar, o seu patrimônio não seria suficiente para quitar os débitos. Faltariam 967,2 milhões de reais para honrar os compromisso” (Rodrigo Martins - C.C.).
                      As empresas beneficiadas com as privatizações das estradas vão muitíssimo bem, obrigado!
                      Indaga-se: se esse problema é tão grave e vem de tão longe por que a mídia jamais promoveu o espetáculo? Os nomes dos responsáveis nunca vieram à tona; será por que ? Dois pesos e duas medidas?
                       Outro caso: há alguns dias prisões foram feitas, ao comando da Receita Federal e da PF, de ricos fraudadores da Fazenda. Não se publicou nem o nome dos presos, nem das empresas envolvidas. Não houve imagem nem algemas. Por que será ?
                        Então, constata-se, o espetáculo tem objetivos próprios e inconfessáveis.

                      Por fim, há um aspecto estranho no comportamento da oposição e da mídia no caso dos Transportes, elas passaram a enfatizar a existência de uma nova crise: o PR vai sair da base aliada do governo, proclamam!.    Mas, ora, se as suas denuncias fossem verídicas como afirmam, a mídia devia lamentar tal afastamento do partido, posto que presume apoio aos que teriam errado; mas não, ela o louva e como que torce para que ele, o partido, vá para oposição. Seria um porto seguro para fugir das denuncias, verdadeiras ou não?  Durma-se com esse barulho!.

VHCarmo.















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