sábado, 20 de novembro de 2010

Zumbi e Tiradentes são herois da pátria...

                      “É IMPOSSÍVEL O BRASIL SER DEMOCRÁTICO SEM SUPERAR O RACISMO”.
                           (Zulu Araújo - arquiteto, professore emérito e Presidente da Fundação Palmares).

                            A nossa verdadeira herança maldita foi a escravidão negra que durou mais de 400 anos no Brasil. As suas seqüelas perduram e devem, infelizmente, perdurar por algum tempo.
                            A integração do negro na sociedade e na economia, bem como aos bens de consumo materiais e culturais têm sido muito lentos, pois todos os movimentos no sentido da sua integração social  têm sido barrados pelas nossas  elites atrasadas.
                             A gente não pode responsabilizar totalmente os brancos de hoje, mas também não pode esquecer que muitos deles cultuam, ainda que de forma disfarçada, preconceitos inaceitáveis, dificultando o processo de inclusão dos negros.
                             A abolição da escravatura não propiciou aos negros um caminho de realização pessoal e familiar ( com famílais desmembradas pelos senhores). O país, então, os abandonandonou à sua própria sorte, encaminhando-os aos guetos, tornou-os integrantes maiores da pobreza e do lupem.
                              Todos os movimentos no sentido da integração do negro na sociedade  foram sempre recebidos com reserva e mesmo tachados de insurgência e,  até,  combatidos com violência.
                               Ao a serem livrados compulsoriamente  da escravatura, os negros foram substituídos, no trabalho, por imigrantes europeus e asiáticos pobres, mas que aqui mereceram outro tratamento como trabalhadores livres, lhes sendo propiciada as condições de  ascensão social, negada ao negro.
                              É emblemática a questão das cotas nas universidades e, sobre isto, a gente transcreve a pertinente observação do Professor Zulu Araújo:
                           “A presença dos negros nas faculdades brasileiras sempre foi ínfima. Com as Cotas Raciais e o Pro-Uni, que existem desde 2003, houve entrada de mais negros no ensino superior do que no período entre 1808 a 2002”. “Não acho que a população seja contra as cotas.
Numa pesquisa 68% das pessoas são favoráveis às cotas. Mas um articulista da Folha de São Paulo, disse ao comentar a pesquisa: “ainda temos tempo de mudar essa situação” (ou seja: acabar com as cotas)                            “Apesar de haver um bombardeio nos últimos anos de todos os grandes órgãos da imprensa contra as cotas, neste ano (2010) a pesquisa deu que 66,5% das pessoas continuam favoráveis a elas. Isto não é divulgado. A população não é contra as cotas. Quem é contra é uma classe média e uma classe alta que se consideram herdeiras divinas dos privilégios e da melhor parte da sociedade”.
                                        Acrescentem-se a isto que vários mitos foram destruídos, ou seja: aquele de que as cotas iriam reduzir a meritocracia nas universidades: restou comprovado que a maioria absoluta dos alunos cotistas é superior ou igual à média; a evasão escolar é menor, mesmo vindo da base mais frágil do que as do não cotistas; não houve caso conhecido de tensão racial nas faculdades.                Nada daquilo que previam aconteceu, portanto.
                                            "Há dados relevantes a considerar, ou seja, há atualmente aproximadamente 400 mil negros no ensino superior, ou seja, daqui a 4 anos teremos esse pessoal disputando o mercado de trabalho em iguais condições com os demais".
                                          É preciso lembrar que a inclusão social dos negros é um imperativo para o país prosseguir no seu caminho de crescimento com o respeito à democracia, pois o contingente de negros, mesmo sem aumento vegetativo da população negra nos últimos 10 anos, aumentou para 52%. A sua integração impulsionará o crescimento em benefício de todos.
                                          O Brasil, como vaticinou o prestigiado antropólogo Darcy Ribeiro, tornar-se-á, então, um país de um “povo novo”, cujas características são inéditas no mundo e cuja mestiçagem o tornará exemplar como uma civilização moderna, multirracial e multicultural nos trópicos.
                                 Neste dia em que se celebram Zumbi dos Palmares e a Consciência Negra, cabe-nos, a todos, pretos, brancos, mestiços  evocar o exemplo do Zumbi, aquele negro que enfrentou a violência branca colonial e viu martirizarem-se cerca de 20 mil negros, num verdadeiro holocausto, para a época e, por isso mesmo, nos deixou o exemplo de amor à liberdade.
                    “Ou a questão étnica é resolvida do ponto de vista cultural e social, ou ela explode de maneira trágica, como na África”(são palavras do arquiteto e emérito professor negro Zulu Araújo).
                               
                                  Juntamente com Tiradentes, Zumbi é o personagem mais importante da vocação libertária do nosso povo.
                      Hoje também é  para comemorar o "DIA DA PÁTRIA".
VHCarmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário