quinta-feira, 4 de novembro de 2010

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA PÓS-ELEIÇÃO...


                                      A tendência, agora, após a eleição é a gente esquecer o que se passou na campanha e olhar para frente. Tudo bem, mas é imperativo também verificar o que se pode tirar de proveito desse embate eleitoral. Um escorço analítico – o mais isento possível - representa um didatismo necessário para o aprendizado e o aperfeiçoamento do exercício democrático.
                                     Houve, nessa eleição, um nítido confronto entre duas posições antagônicas em relação ao projeto para o país, embora, num determinado momento da campanha, como tática, a oposição pretendeu minimizar esse enfoque. De um lado era a proposta de continuação do atual governo e do outro o retorno neoliberal do governo anterior do FHC.
                                     Era, desde o início, inequívoca a vantagem da candidata do governo que é, como do conhecimento geral, muito bem avaliado pela população. O confronto daria, então, em princípio, vantagem eleitoral à candidata do governo.
                                    Um relativo desequilíbrio foi ocasionado com o ingresso da candidata do PV, que ensejou, provocando o segundo turno, um pleito plebicitário entre as duas correntes.
                                    O fenômeno Marina – o chamado voto errático - se revelou como linha auxiliar para as pretensões oposicionistas, evitando a decisão em primeiro turno que chegou a ser prevista.
                                    A Candidata do PV, por outro lado, não chegou a propiciar à oposição vantagens decisivas no segundo turno, pois o Partido Verde, com sua característica transversal (que vai da extrema direita à extrema esquerda), não foi capaz de carrear votos ideológicos para sua própria representação no parlamento. Vê-se que, mesmo tendo a candidata somado cerca de 20 por cento dos votos, o seu partido praticamente não se beneficiou disso, A sua representação nas casas legislativas não progrediu.
                                    O que impõe como análise, também relevante, foram os métodos adotados pela oposição que, com o auxílio prestimoso da mídia, maculou o processo, introduzindo temas marginais à eleição, na tentativa de ganhar votos. Foi lastimável, ainda, a oposição ter usado, através da internet, rádio e celulares, a disseminação de ódio religioso e regional; este último ultrajando o povo nordestino e sugerindo confronto até de natureza separatista no país. Foi muito grave: o candidato, como disse o Presidente Lula,“saiu menor”, dessa eleição.
                                   O tema religioso pontuou, afinal, quando aquele velho moralismo udenista e a propagação de cizânia regional não produziram os resultados esperados.       Aquilo que foi desde logo entendido como “baixaria’ da oposição deixou, de forma inequívoca, uma mancha suja e indelével nessa campanha eleitoral.
                                    A vitória da candidata do governo acabou tendo um caráter de repulsa do povo aos métodos usados pela oposição. Não é a toa que um dos slogans cantados em prosa verso e música pelos adeptos da candidata era; “a verdade vai vencer o ódio e a mentira”.
                                    De qualquer forma foi altamente reprovável a conduta do candidato e ela há de marcá-lo. Estranha, também, foi a sua súbita religiosidade – nunca antes conhecida – e o golpe final, que não resultou eficaz, de usar o Papa a três dias do pleito para recomendar o voto na oposição. Aliás, essa interferência indevida do Santo Padre no processo eleitoral calou muito mal, inclusive entre os próprios católicos, pois o nosso Estado é laico e respeita rigorosamente as liberdades religiosas, mantendo relações diplomáticas normais com o Estado Vaticano o que parece não ter sido considerado pelo Papado.
                                   A nódoa que manchou, por parte da oposição, essa campanha eleitoral não poderá ser apagada da memória coletiva e deverá representar uma lição para o futuro, pois a prática democrática não pode e nem deve comportar esse chamado “jogo sujo”.
                                   A mídia que, de certa forma, patrocinou os baixos níveis morais da campanha da oposição, agora tende a esquecê-los. Este é um perigo real para os nossos costumes políticos.

                              É imprescindível moralizar as campanhas eleitorais no Brasil que são essenciais ao exercício da vida democrática, à manutenção e ao fortalecimento de nossa ainda jovem democracia.
VHCarmo.
                                  

Um comentário:

  1. Victor. Continue, até mesmo fora da política, prestigiando a imprensa brasileira com seus notíciários diários on-line. Não haverá melhor passatempo para você e para os seus leitores. A propósito,visando a maior ampliação da rede de divulgação para seus escritos, transcrevo a seguir o site da rádio penedense: www.aquiacontece.com.br

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