domingo, 28 de novembro de 2010

2 TÓPICOS - DROGAS E MARINA...

                       A violência, provocada pelo tráfico de drogas em algumas regiões da cidade do Rio de Janeiro, impõe uma reflexão sobre o problema das drogas, buscando suas raízes próximas e remotas.
                        A gente sabe que o problema da droga é mundial e integra paises produtores, paises de trânsito e consumo e de paises consumidores. Há uma íntima conexão entre os agentes criminosos nos três estágios. Pode-se afirmar que se não houvesse consumo as demais raízes do tráfico deixariam de existir. O que é óbvio. A produção visa ao consumidor e os meios de a droga chegar a eles.
                          O combate às drogas, como se vê, é muito complexo, pois o simples combate aos pontos de fornecimento e venda  ao consumidor não tendem a resolver o problema de forma definitiva, dada a mobilidade dos agentes que distribuem o produto, a continuidade do abastecimento da droga e a persistência dos níveis de consumo.    Claro está que o combate à distribuição é essencial à manutenção de níveis aceitáveis da ação criminosa, mas não o suficiente para extingui-lo.
                           Indaga-se: como os grandes estoques de drogas e armas chegam aos pontos de distribuição? Quem viabiliza o transito desses estoques até os pontos de oferta aos consumidores? Quais os caminhos utilizados? Como os consumidores chegam até os pontos de venda?
                             As áreas urbanas mais vulneráveis são, naturalmente, as mais pobres e carentes de infraestrutura e, no caso do Rio de Janeiro, as favelas que se situam, em grande parte nos morros ou em suas adjacências, facilitando aos agentes distribuidores a defesa do território, entrincheirados nas elevações.
                             Na ponta inicial, o fornecimento, se situam agentes poderosos que escapam da vigilância social e policial, pertencendo a poderosas redes internacionais. Os caminhos que percorrem os estoques, apesar do combate internacional, levam os agentes criminosos a atingir os pontos de distribuição nos mais remotos destinos, onde se servem dos extratos mais pobres das populações das favelas, no caso do Rio, onde promovem “chefes” aos quais se subordinam os chamados “aviões”, que por sua vez, praticam o comércio de varejo das drogas e, ao mesmo tempo, servem de soldados (fortemente armados) no enfretamento das autoridades policiais. Esses pseudos chefes, muitas vezes até presos, conseguem manter sua autoridade em face dos que os servem, homens jovens em sua maioria, miserávies, maltrapilhos, descalços, portando, estrnhamente,  armas caras e importadas.
                                 Nessas regiões se formam núcleos que tendem, na ausência da autoridade do Estado, a gerir a vida comunitária, dominando o território, mediante força e ameaças.
                              Assim se completa o ciclo, mantendo as origens da droga, quase sempre , fora do questionamento.
                               O combate ao fornecimento e aos veículos do trânsito das drogas, têm se mostrado insuficientes e envolvem políticas antidrogas internacionais e forças policiais externas e internas (nossas Polícia Federal e Estaduais, etc.).
                               O aperfeiçoamento e a maior eficiência desse combate deveriam resultar, à evidência, numa melhoria geral do problema o que até aqui não acontece. Os exemplos do México e da Colômbia são particularmente exemplares, pois esse tipo de enfrentamento não vem dando melhores resultados, causando um número exagerado de mortes de pessoas inocentes não envolvidas no processo.
                                  Resta o combate, que ora se trava no Rio,  contra a ocupação do território de venda e distribuição da droga e a extinção da dominação dos agentes criminosos nas respectivas comunidades.
                                O que se questiona, neste momento, é se a retomada do território de dominação e distribuição da droga, pelos criminosos, por si só, determinará o fim do problema. É uma questão instigante.
                              É claro que a retomada não resolverá definitivamente a questão, mas é essencial na medida em que restabelece a autoridade do Estado comprometida, retirando os marginais de sua base territorial e promovendo ali a volta da cidadania dos moradores.
                              A alegria manifestada pelas comunidades livradas da presença dos criminosos traficantes é significativa da importância das ações atualmente promovidas pelo Estado e o Governo Federal (através das forças armadas) e devem, de fato, ser comemoradas por todos. Essencial, porém,  é o prosseguimento da instalação das UPPs nas comunidades pobres, mantendo fora do controle dos  marginais.
                             Mas, de qualquer forma, a questão das drogas continua sendo um mal terrível que atinge a sociedade humana de uma forma inédita e grave desafiando a capacidade de todos paises para solucioná-la.

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                                   E A MARINA SILVA ?                                     
                     Passados, agora, mais de vinte dias da eleição presidencial, ainda causa uma certa perplexidade o que repreentou a candidatura da ex-Ministra Marina Silva.
                      A gente estranhava, já naquela época aqui nesse espaço, que a sua candidatura era apoiada , em vários Estados, por políticos do PSDB e do DEM que sempre foram conhecidos por apoiarem os setores mais reacionários dos ruralistas, inclusive a Senado Kátia Abreu e també conhecidos desmatadores.
                       O discurso ecológico permaneceu, na campanha, como algo que não se discutiu a fundo, embora o PV o tivesse  como o ponto mais relevante de seu programa.    A chamada onda verde - que a rigor jamais aconteceu - foi um simples pretexto que acabou levando a eleição ao segundo-turno e aí,  naquela oportunidade, a candidata, acossada, pela direita, não teve a coragem de se definir, permanecendo num incômodo “em cima do muro”.
                              Depois de usada, a candidata foi “esquecida” e jogada fora.
                             Segundo se sabe agora (notícia do deputado Chico Alencar –PSOL-RJ), na prestação de contas da campanha da Marina perante o TSE, se encontraram grandes “contribuições de empresas conhecidas pelo impacto ambiental que provocam: fertilizantes, sementes transegênicas, mineradoras, papeleiras e construtoras”.
                               Fica absolutamente claro que a Marina (pobrezinha!) foi usada pela direita na tentativa de barrar a candidata do governo.
                              Seria por ignorância ? Seria por ingenuidade? Seria por ter renunciado à sua ideologia ambiental ? Sei lá!
                              Por fim, indaga-se ainda: aquela gente que se serviu dela vai lhe dar algum cargo; alguma compensação?
                     Marina cometeu um suicídio político, levada pela sua imensa vaidade.

VHCarmo.


Um comentário:

  1. Victor. Excelente, sem restrições, esta sua apreciação sobre a candidatura Marina.Concordo agora com o projeto da oposição, não o de elegê-la e sim o de levar o Serra para o segundo turno, o que representou mais uma fragorosa e bem merecida derrota. Portanto, muito bem posta a sua avaliação. Parabéns mais uma vez.

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