O texto publicado
hoje no Estadão (abaixo transcrito) coloca em evidência o destempero e o despreparo
do Ministro Joaquim Barbosa para o exercício do alto cargo a que foi conduzido.
A perigosa
generalização de críticas contra as instituições do Estado de Direito Democrático,
como assinalado no texto, se reveste de suma gravidade e cria um indesejável
clima de antagonismos entre os poderes da República. Haja à vista a reação despertada ao seu pronunciamento por seus pares e pelos advogados acusados genericamente de celebrarem conluios.
É inegável que a principal causa das seguidas e improprias declarações do Ministro - na sua maior parte também inconvenientes
- foi a sua excessiva exposição por ocasião do julgamento da Ação Penal 470 que a mídia usou para fins nitidamente políticos contra o Partido
dos Trabalhadores e o governo.
Assim, inflado pela mídia
e mordido pela “mosca azul”, J. Barbosa passou a acreditar piamente numa importância política
que ele não tem efetivamente e uma popularidade duvidosa com que a própria mídia lhe acena.
Quando os jornalões
acenaram para o Ministro com a possibilidade de ele se candidatar a Presidência da República - seriamente ou por interesses outros - isto lhe serviu
como uma senha que lhe permitiu ultrapassar perigosamente os limites da
legalidade e da Constituição Federal em suas aparições nos palcos em que se tornaram os nossos Tribunais.
Agora ficou difícil de
controla-lo.
A análise do texto transcrito deixa perceber que o Estadão já
toma as suas precauções.
Olhem só:
Juízes
e advogados se unem em crítica a presidente do STF
Em reação à cobrança do presidente do CNJ, AMB,
OAB e Ajufe dizem que generalizações atacam a Justiça inteira
21 de março de 2013 | 2h 05
VANNILDO MENDES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo.
Acusados
de "conluio" nas relações em torno dos processos judiciais, juízes e
advogados se uniram ontem na sede da Ordem dos Advogados do Brasil para um
repúdio conjunto às declarações feitas no dia anterior pelo presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. Em entrevista
coletiva, integrantes das entidades alertaram que as declarações de Barbosa
afetam a credibilidade do Judiciário e o Estado de Direito democrático e
remetem o País ao tempo da barbárie.
A Associação de
Magistrados do Brasil (AMB), a Associação de Juízes Federais e a OAB informaram
que vão pedir audiência a Barbosa para alertá-lo de que suas generalizações são
um desserviço à Justiça e uma ameaça à própria democracia. "Não podemos
jamais fazer um discurso que possa retomar uma época de ditadura no nosso país,
em que não havia respeito às garantias do magistrado, à liberdade de imprensa
ou à liberdade profissional do advogado", disse o presidente do conselho
federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado.
Ele estendeu sua crítica
aos rompantes temperamentais de Barbosa, que tem investido não só contra
desvios de colegas mas também tem atacado a imprensa e a classe política.
Recentemente ele mandou um repórter do Estado ir "chafurdar no lixo".
Furtado chamou a atenção, sobretudo, para o dano coletivo que o descrédito da
Justiça pode causar. "As pessoas necessitam do Estado julgador para
resolver os litígios, senão iremos voltar à barbárie, a um tempo antigo em que
não havia Justiça", disse.
Para o presidente da
Associação dos Juízes Federais, Nino Toldo, o pior da crítica de Barbosa é a
generalização que ele faz quando insinua que o conluio entre juízes e advogados
é rotina.
Durante sessão do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), anteontem, o ministro disse que há muitos
juízes a serem punidos com expulsão e que o conluio com advogados é "o que
há de mais pernicioso". Disse mais: "Nós sabemos que há decisões
graciosas, condescendentes, absolutamente fora das regras."
Indignada. "A
magistratura está bastante indignada com atitudes assim, que não são muito
sensatas, vindas de um presidente do STF", criticou o vice-presidente da
AMB, Raduan Miguel Filho. Ele disse que há problemas na Justiça, mas os casos
pontuais devem ser levados às corregedorias e ao CNJ. "Mas não concordamos
com colocações que põem em dúvida a lisura da magistratura, a idoneidade e a
dignidade de todos os magistrados, de uma forma em que se generaliza assunto
tão delicado."
O presidente da OAB de
São Paulo, Marcos da Costa, destacou que "advogados e magistrados têm o
dever de urbanidade e de convívio baseado na cordialidade e no respeito
mútuo". Ele anotou que "há instrumentos processuais que têm por fim
impedir influências indevidas sobre o convencimento do magistrado, incluindo
impedimentos e suspeições, além do controle que a própria parte faz, por meio
de recursos de decisões que entender equivocadas".
O Movimento de Defesa
da Advocacia (MDA) divulgou nota pública em que classifica de
"inadequadas" as afirmações de Barbosa. A entidade, que atua pela
valorização da profissão dos advogados, manifestou "séria preocupação com
a repercussão que tais termos possam repercutir perante a sociedade
brasileira".
"Os atos ilegais
devem, após a devida investigação, ser rigorosamente punidos", afirma a
nota. "Entretanto, não se pode silenciosamente aceitar como corretas
manifestações generalistas." / COLABOROU FAUSTO MACEDO
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VHCarmo.
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