sábado, 2 de março de 2013

A OUTRA HISTÓRIA DO MENSALÃO (livro indispensável),


                   É estarrecedor!:  este escriba não corre o risco de usar indevidamente esta expressão, pois é mesmo estarrecedor  o  que ocorreu no julgamento da Ação Penal 470, no Supremo  Tribunal Federal. 
A nossa Justiça se tornou menor e vai ficar enodoada em sua história.   Mesmo  em um país como o nosso, vindo historicamente de um regime escravocrata e que, a duras penas,   conseguiu erguer-se como um lugar civilizado, a atuação do STF neste processo é algo estarrecedor como um atraso e o retorno à lei da selva, a lei do, eventual,  mais forte.
Voltamos aos primórdios da civilização nos quais os julgamentos judiciais obedeciam aos humores dos donos do poder ou de líderes religiosos.  Montou-se uma espécie de fogueira medieval para queimar  os indiciados na inquisição promovida pela mídia conservadora e golpista.  Ou, ainda,   os modernos  agentes  da Casa Grande julgaram a Senzala, sem regras, promovendo  um raivoso corretivo no pelourinho da Corte maior.  
Ao ler, num só fôlego, o livro "A outra história do mensalão"do brilhante  jornalista Paulo Moreira Leite (editora Geração), este humilde blogueiro se sente envergonhado pelo que nossa Justiça exibiu, pois jamais se poderia acreditar que o Supremo Tribunal chegasse ao baixo  nível que chegou no julgamento do apelidado mensalão.
Borrou-se a história de  uma Corte que, apesar dos pesares, jamais chegara a nível tão baixo e que registrou, em sua história, a passagem de grandes e reconhecidos juristas e homens públicos.
É incrível.  Em primeiro lugar tornou-se evidente a intenção de condenar a qualquer preço  e o desprezo das regras elementares do direito para fazê-lo, ao ajustar, de início, o calendário do julgamento e moldá-lo aos interesses políticos das facções interessadas na condenação.
  Em seguida deu-se uma afronta à opinião pública, adotando procedimentos claramente lesivos ao direito da defesa dos denunciados cujo o exame foi sistematicamente afastado e nem sequer levado em conta.   No pronunciamento esdrúxulo de um dos ministros a prova já estava previamente feita.
Ministros, com "m" minúsculo, alguns desses julgadores movidos por um desígnio vingativo, ordenaram o processo obedecendo aquilo que denominaram "fatiamento do julgamento" de forma a facilitar a condenação de cada um dos acusados, postergando o exame prévio da acusação principal - a compra de votos de parlamentares -  partindo do pressuposto  da sua existência sem submetê-la ao crivo de um exame prévio minimamente legal,  racional e honesto na Corte.  A prova robusta da sua inexistência foi descartada.
Passou-se do particular para o geral, nesse inédito fatiamento como lembra Paulo Moreira Leite, comprometendo irremediàvelmente o  direito constitucional  da ampla defesa exigível no processo penal.
Cada réu, no entender da Corte,  passou a ser agente e integrante de um grupo criminoso não definido cuja existência não foi provada e  autor de um crime/fim específico cuja prova de existência fática, também, o Tribunal dispensou previamente de examinar. 
Este texto aqui postado  tem como finalidade principal  de propagar o estudo mais sério até aqui produzido em livro, pelo grande jornalista Paulo Moreira Leite, enfocando essa barbaridade que foi o julgamento da  ação Penal 470 nos seus aspectos mais importantes. A  leitura do livro, além de causar espanto pela exposição da trágica comédia midiática promovida no STF para condenar adversários políticos  num julgamento de exceção, desce a aspectos inéditos e reveladores.
O livro é imperdível para todos aqueles que procuram a verdade dessa trágica comédia em que se envolveu o STF que teria compromisso com a lei  e a Constituição e perpetrou a sua mais espantosa violação.
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VHCarmo.

 

 

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