segunda-feira, 18 de março de 2013

EDUARDO CAMPOS e um dilema.




Este escriba, aqui neste humilde bloguinho (abaixo), já especulou sobre as intenções e posições que sustentam a ambição política do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que se atira com tudo, na prematura campanha eleitoral de 2014, lançada pelo  ex Presidente Fernando Henrique Cardoso ao indicar solenemente o candidato Aécio Neves (o neto de Tancredo).

Repete-se a indagação recorrente: o neto de Miguel Arraes se lançaria como candidato da situação ou da oposição?    Ou,  como de uma terceira-via ?   

Ressalvadas as considerações de que ele possa estar sendo usado como uma nova Marina Silva, com a finalidade de levar a eleição presidencial para um hipotético segundo turno, desenha-se no espectro político uma situação estranha posto que o seus discursos iniciais indicam uma invasão no terreno da nova  sustentação do candidato do PSDB, Aécio Neves.

Presumindo-se – ao que parece pelas manobras recentes – os tucanos pretendem abandonar a tática ineficaz até aqui de ataques éticos e apelos religiosos contra o governo e passar a promover a figura e os feitos do FHC (seu patrono), com isto configurar-se-ia uma possibilidade real de colisão dos discursos do PSB com os da área ocupada pela oposição tucana.

O neto do saudoso ex-governador Miguel Arraes, de logo, se lançou em busca de apoio dos empresários em São Paulo (núcleo tucano) e saiu à porta da reunião a dar entrevista aos jornalões prometendo aperfeiçoar a gestão do país, repetindo o novo slogan programático  do PSDB (do Aécio). 

Como observa bem o sociólogo Marcos Coimbra no texto transcrito abaixo (publicado na Revista Carta Capital desta semana), na equação proposta pelos promotores da candidatura, neto de Miguel Arraes, não consta o dado principal, ou seja, a hipótese da reeleição da Presidente Dilma que, se apresenta até aqui imbatível se considerados os números de todas as pesquisas.    

Em resumo, isso torna instigante a pergunta: - o Governador de Pernambuco quer ser uma alternativa à reeleição de Dilma, apropriando-se do discurso que vinha sustentando até aqui como aliado dela, ou rompe com ela e se atira aos braços da oposição já ocupada por Aécio?

A alternativa da terceira-via seria repetir Marina Silva e tornar-se-ia linha auxiliar dos tucanos, apoiado pela Direita conservadora. Seria esta última a opção preferencial do jovem neto de Miguel Arraes?   

Olhem só as judiciosas observações de Marcos Coimbra.   
 
  POLÍTICA

As Especulações sobre a Próxima Eleição

Marcos Coimbra, Carta Capital
As eleições de 2014 ainda estão, para a vasta maioria da população, a uma distância colossal. Nas pesquisas, é só depois de algum esforço que as pessoas se recordam que elas ocorrem daqui a um ano e meio. Enquanto isso, nos meios políticos e na “grande imprensa”, é como se fossem acontecer amanhã.
Será nossa terceira eleição nacional em que o presidente em exercício é candidato. Antes de Dilma, Fernando Henrique, em 1998, e Lula, em 2006, passaram pela experiência. Ambos tiveram sucesso, mas de maneiras diferentes.
A que temos no horizonte se assemelha à do tucano. Nada indica que Dilma terá que lidar com turbulências tão fortes quanto as que atingiram Lula, seu governo e o PT em 2005 e 2006. Nem o mais exaltado oposicionista imagina que ela venha a enfrentar situação análoga à que seu antecessor viveu no meses de auge das denúncias contra o “mensalão”.
Como FHC, Dilma deve disputar seu novo mandato em momento mais marcado pela normalidade que pela excepcionalidade: sem crises agudas na economia, na política ou no cotidiano da sociedade. Não que o País estivesse no melhor dos mundos em 1998, como vimos imediatamente após as eleições, mas nada que impedisse a vitória relativamente tranquila do então presidente.
Apesar dessa semelhança, é grande o contraste entre o ambiente de opinião que vivíamos em 1997 e o de agora.
A partir de junho daquele ano, quando foi promulgada a emenda que permitiu a Fernando Henrique concorrer a um novo mandato, entramos em período de calmaria. O escândalo da compra de votos para aprovar a mudança constitucional havia amainado, a tropa de choque governista impedira a constituição de qualquer Comissão Parlamentar de Inquérito e a Procuradoria-Geral da União, dirigida por alguém escalado para tudo engavetar, mantinha-se inerte. Os ministros da Suprema Corte preferiam se entreter com outras coisas.
Nesse clima de tranquilidade, ninguém se pôs a especular a respeito de nomes e cenários. Dir-se-ia que, uma vez estabelecido que FHC seria candidato - independentemente dos meios utilizados -, os comentaristas e analistas ficaram satisfeitos com a perspectiva de que ele viesse a vencer as eleições seguintes. É como se achassem que não era somente natural, mas desejável que o peessedebista permanecesse no Planalto por mais quatro anos.
Bom sintoma dessa pasmaceira é que sequer se fizeram pesquisas sobre a eleição até o final de 1997, pelo menos que fossem divulgadas. Apenas uma foi publicada, já em novembro. Ninguém se mostrava ansioso a respeito de quem tinha condições de ganhá-la.O jogo havia sido jogado e o PSDB parecia imbatível.
A vantagem de FHC sobre seus oponentes era, no entanto, muito menor que a de Dilma hoje. Naquela pesquisa de novembro de 1997, realizada pelo Ibope, obtinha 41%, seguido por Lula com 16% e Sarney com 9%.
Sua liderança permaneceu modesta nos primeiros meses de 1998: em março, segundo o Datafolha, repetiu os 41% (com Lula alcançando 25% e sem Sarney). Caiu a pouco mais de 30% entre abril e junho, e voltou aos 40% daí em diante. Na véspera da eleição, atingiu o pico, com 49%.
Nas muitas pesquisas sobre a próxima eleição feitas ao longo de 2012, Dilma nunca obteve menos que 55% e muitas vezes chegou aos 60%. Mesmo quando se colocaram na lista nomes apenas para fazer barulho, como o de Joaquim Barbosa.
Quem achou, em 1997, que FHC iria ganhar com seus 40%, não errou. Um presidente bem avaliado, em um momento em que o País vai bem (ou parece andar bem), tem tudo para vencer.De onde, então, tiram os analistas da “grande imprensa” seu ceticismo em relação às chances de reeleição de Dilma? De onde vem seu afã em identificar os “formidáveis adversários” que poderiam derrotá-la?



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