Após a ruptura provocada pelo "Modernismo"
e entrados os anos 60 do século XX, houve como que uma exaustão daquela fase
inegavelmente brilhante da poesia pátria.
Resurge então a velha e nunca esquecida poesia de forte conteúdo
amoroso, emotiva, sentimental - evocando sofrimento, nostalgia de um passado
idealizado e a angústia da finitude humana, retornando, por vezes, às abandonadas
rima e métrica.
Poetas daquela fase ficaram na história de nossa literatura, muitas vezes
enriquecendo a música popular e que replicaram o lirismo de remotas origens lusitanas.
Daquela época, olhem só!, o belo poema ( não por acaso um Soneto) do
consagrado Mário de Andrade.
SONETO
Aceitarás
o amor como eu o encaro?...
...Azul
bem leve, um nimbo suavemente
Guarda-te
a imagem, como um anteparo
Contra
estes móveis de banal presente.
Tudo
que há de melhor e de mais raro
Vive
em teu corpo nu de adolescente,
A
perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar
preso no meu, perdidamente.
Não
exijas mais nada. Não desejo
Também
mais nada, só te olhar, enquanto
A
realidade é simples, e isto apenas.
Que
grandeza...A evasão total do pejo
Que
nasce das imperfeições. O encanto
Que
nasce das adorações serenas.
___________________________________
VHCarmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário