quarta-feira, 13 de março de 2013

MOMENTO DE POESIA (é algo mais no blog).


              Após a ruptura provocada  pelo    "Modernismo" e entrados os anos 60 do século XX, houve como que uma exaustão daquela fase inegavelmente brilhante da poesia pátria.  Resurge então a velha e nunca esquecida poesia de forte conteúdo amoroso, emotiva, sentimental - evocando sofrimento, nostalgia de um passado idealizado e a angústia da finitude humana, retornando, por vezes, às abandonadas rima e métrica.
              Poetas daquela fase ficaram na história de nossa literatura, muitas vezes enriquecendo a música popular e que replicaram o lirismo de remotas origens lusitanas.

                Daquela época, olhem só!,  o belo poema ( não por acaso um Soneto) do consagrado Mário de Andrade.
 

SONETO

Aceitarás o amor como eu  o encaro?...
...Azul bem leve, um nimbo suavemente
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente. 

Tudo que há de melhor e de mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente. 

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
A realidade é simples, e isto apenas. 

Que grandeza...A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
Que nasce das adorações  serenas.
___________________________________
VHCarmo.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário