O CANTO DE SEREIA!
Pinçada na Revista Carta Maior pelo famoso
blog “Conversa Afiada” do jornalista Paulo Henrique Amorim, a gente transcreve,
abaixo, o texto de Saul Leblon, que deixa claramente consignado um alerta ao
Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que pode, por sua juventude e
açodamento, ser induzido a cair numa esparrela armada pela mídia e setores da Direita.
A Direita neoliberal pretende, usando de todas as
formas possíveis, voltar ao poder. Tem usado com o auxílio da mídia - até com
uma certa sabedoria mas sem escrúpulos - a vaidade humana e a ansiedade de postulantes
à presidência da República para abrir o seu caminho: até aqui sem sucesso.
A mais recente tentativa foi o lançamento
da então Senadora Marina Silva de longa militância petista. Antes, a Direita midiática havia usado uma outra senadora
por Alagoas que, afinal, veio a ser uma simples e quase desconhecida vereadora em Maceió.
Marina
Silva, foi usada pela Direita através da sigla do Partido Verde, partido
transversal – que na afirmação de U. Bobbio
vai, em sua militância internacional, de um ao outro extremo ideológico - e tornou-se ao fim do pleito eleitoral, um verdadeiro
“bagaço de laranja” chupada e jogado fora, sem partido.
Seu sonho de grandeza a afastou
gradativamente de seus antigos seguidores e companheiros que ela agora tenta reunir em um novo partido sob a sua direção. Parece que o seu desejo é ser um símbolo; ser a dona de uma "rede".
De Senadora e Ministra, que foi, passou a
criadora de uma estranha “Rede”, sigla de uma “nova ideologia (que ela afirma não ser nem
de esquerda, nem de direita, nem de centro)”.
Como tudo indica e bem lembra o jornalista
Saul Leblon, qual seria o destino da promissora carreira do neto do saudoso
Governador Miguel Arraes caso ele ouvisse o canto de sereia da mídia, dos
jornalões e das Revistas que, até bem pouco, o ignoravam e até o combatiam?
É de se indagar ainda: o Governador Eduardo
Campos vai acreditar que a mídia conservadora e golpista pretende mesmo leva-lo
ao Planalto? Ou usa-lo, para os seus fins inconfessáveis, e
depois descarta-lo?
Seria lamentável, no entanto, a sua deserção
do campo progressista e popular que lhe abriu amplas perspectivas na sua
promissora carreira. Um passo em falso
poderá comprometer seu futuro político. Seu avô, onde estiver, vai lamentar!
Será que Eduardo Campos vai seguir o triste exemplo
da Heloisa Helena e da Marina Silva? Se esquecerá dos exemplos dignos de Arraes e Furtado?
Quem viver verá!
Olhem
só:
O artigo de Saul Leblon, extraído da Carta Maior:
Imediatamente após o golpe 1964, os militares tentaram
cooptar grandes nomes da política brasileira, cuja credibilidade pudesse
mitigar a violência cometida contra a democracia.
Ao então
governador de Pernambuco, Miguel Arraes, avô do atual ocupante do cargo,
Eduardo Campos, foi dada a opção seca: adesão com renúncia ‘espontânea’, ou
prisão.
Cercado no
Palácio das Princesas, o sertanejo Miguel Arraes honrou a fibra que lhe dera
fama.
‘Não
vou trair a vontade dos que me elegeram’, mandou dizer aos emissários
do Exército.
Foi preso
imediatamente. Sobral Pinto, famoso jurista da época, conseguiu-lhe um habeas
corpus, cujo relator foi Evandro Lins e Silva.
Em 1965, Arraes exilou-se na Argélia. Em 1967
foi condenado à revelia a 23 anos de prisão.
Voltou ao país com a abertura, em 1979. A coerência que o
transformara em legenda, impulsionou a retomada da carreira política.
Arraes
elegeu-se governador mais duas vezes em Pernabuco, em 1986 e 1994.
Outro
exemplo de retidão sertaneja foi o paraibano de Pombal, Celso Furtado.
Decano dos
economistas brasileiros, Furtado dirigia a Sudene, em Recife.
No dia do
golpe, esvaziava gavetas quando sua sala foi invadida por um grupo de oficiais
de alta patente.
A exemplo de
Arraes, foi chantageado pelos que buscavam aliados vistosos.
Sua resposta
não foi menos enfática:
‘Sou
um servidor da República, não me peçam para trair minha pátria’, disparou sobre seus
interlocutores.
Cassado,
Furtado exilou-se na França.
O governador
Eduardo Campos conhece essas histórias, conviveu com seus personagens.
O
governador tem recebido emissários frequentes das mesmas forças e interesses
que em 1964 acossaram seu avô e perseguiram reservas morais da Nação, a exemplo
de Furtado.
O
governador deve em boa parte a sua carreira política aos que souberam dizer não
aos emissários da traição e do golpismo.
A
ver.
_______________________________________
VHCarmo.
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